terça-feira, outubro 31, 2006

A farsa da FRELIMO e a terceira
independência de Moçambique

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, considerou hoje que a assinatura do acordo de transferência da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) entre Portugal e Moçambique "remove o último reduto, marco da dominação colonial". E tem razão. Agora parece estar a começar uma nova dominação colonial, a da FRELIMO.

"Este acto remove do nosso solo pátrio o último reduto, marco da dominação estrangeira de 500 anos. Este protocolo simboliza, assim, o rompimento com o passado e o alvorar de uma nova era nas relações entre os dois países, impregnados de esperança e expectativas", disse Armando Guebuza, durante a cerimónia de assinatura do acordo, em Maputo.

Para quem quer começar uma nova era atirando à cara de Portugal com o “último marco da dominação estrangeira de 500 anos”, não está nada mal.

O chefe de Estado moçambicano adiantou que, com a passagem de gestão do empreendimento, Moçambique alcançou "a segunda independência nacional", considerando tratar-se de um "acto histórico" para os moçambicanos.

Sem dúvida que é um acto histórico. Falta é saber se, com a dominação total que a FRELIMO de Guebuza impõe ao país, Moçambique não precisa de uma terceira independência.

O enviado do Notícias Lusófonas a Moçambique, Jorge Eurico, escrevia um dias destes que “a subserviência, o medo crescente em relação ao «camarada presidente», à disciplina partidária, o unanimismo imposto e o receio de perder o tacho ou as benesses vão marcar o próximo congresso da FRELIMO, que, nos próximos dias, terá lugar em Quelimane”.

“De duas coisas tem-se a certeza: a (re)eleição de Armando Guebuza para o cargo de presidente da FRELIMO e o facto de os congressistas contribuírem para o congresso de forma muda e calada, votando na continuidade, o que vai caucionar a situação que se vive em Moçambique”, escreveu Jorge Eurico, acrescentando que “a tudo isto poder-se-ia dar vários títulos, mas nenhum como este que lhe assenta como uma luva: A farsa de Quelimane!”

Por mim, fazendo minhas as palavras de Guebuza, diria que Moçambique precisa urgentemente da terceira independência.

Dito pela Igreja Católica de Angola
talvez passe a ser uma verdade...

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) defendeu hoje a necessidade de se acabar, em Angola, com o "paradoxo da abundância", alegando que os rendimentos da exploração dos recursos naturais angolanos devem ser usados no combate à pobreza. Há anos que digo a mesma coisa. Há anos que os defensores do Poder me atacam por isso. Afinal não estou só. Ainda bem.

"Os abundantes rendimentos colhidos através dos recursos naturais que Deus outorgou ao povo angolano devem ser universalmente utilizados no combate à pobreza e à miséria de tantos irmãos, acabando com o escândalo do paradoxo da abundância", refere a Mensagem Pastoral divulgada no final da II Assembleia Anual da CEAST.

Nesse sentido, a mensagem, apresentada pelo Bispo do Uíge, D. Francisco da Mata Mourisca, defende que "os recursos públicos devem ser aplicados de maneira equitativa, eficaz e transparente, observando as regras estritas da sua aplicação".

"Além dos sectores da educação, saúde e agricultura, as províncias e as famílias devem ser particularmente beneficiadas, através do Orçamento Geral do Estado, no projecto insubstituível do bem comum", acrescenta a mensagem pastoral.

Para atingir esse objectivo, os bispos católicos sugerem um controlo social de todos os investimentos e despesas públicas, para que as distribuições orçamentais sejam "mais eficazmente" concretizadas.

"A gestão da economia deve ser cada vez mais aberta, transparente e participativa, tanto nos sectores extractivos como no processo orçamental", salienta a mensagem dos bispos angolanos, defendendo a necessidade de se "descentralizar e desburocratizar a economia, tendo em conta o princípio da subsidiariedade".

Neste contexto, a CEAST considera que as empresas petrolíferas "devem partilhar da responsabilidade da transparência, publicando em Angola ou nos países de origem, não só os pagamentos que fazem ao governo, mas também as condições dos contratos que regulam as suas actividades".

segunda-feira, outubro 30, 2006

Do enfermeiro Oliveira ao Lucas Lukamba

A história, bem verdadeira e sentida, passa-se na então cidade de Nova Lisboa, em Angola, no fim da década de 60. O meu pai trabalhava na fábrica de cervejas da Cuca e era lá que eu ia ao médico, na altura o dr. Fonseca Santos. De quando em vez tinha de apanhar umas injecções. Até aqui nada de novo.

A enfermaria da Cuca era chefiada pelo Oliveira, já na altura em velhote que aliava o seu ar (era apenas isso) de poucos amigos a uma postura do estilo «aqui quem manda sou eu». E era mesmo ele que mandava.

Recordo-me que tinha pelo menos dois fillhos. Um era médico, de seu nome Freitas de Oliveira, que gozava de alguma fama em Angola, nem sempre pelos grandes sucessos clínicos. O outro era um conhecido “criador” de cães especiais. Especiais porque às vezes até os pintava para serem diferentes.

Mas, voltemos ao velho emfermeiro Oliveira.

Eu, enquanto paciente e na altura talvez com 13 ou 14 anos de idade, não gostava que fosse ele a dar-me as injecções. Já era difícil aceitar a espetadela, quanto mais ser feita por aquele rezingão de bata branca.

Uma dez vezes, e a partir daí foi remédio santo, disse-lhe perante o ar preocupado do meu pai:

- Não quero que seja você a dar-me a injecção. Quero que seja o Lucas.

O Lucas era um enfermeiro preto que, em tudo, era o oposto do Oliveira. Simpático, cordial e sempre disponível para aceitar as birras dos putos com uma enorme dose de paciência.

- Porquê o Lucas? Perguntou o Oliveira com um ar ainda mais tempestuoso do que o habitual. Antes que respondesse, acrescentou: Sabes que quem quem ensinou o Lucas a dar injecções fui eu?

- Sei, respondi.

- Então? Interrogou o Oliveira com um ar triunfal.

- Pois. O meu pai também me ensinou a jogar as damas e agora perde comigo, respondi com a lata inconsciente de quem diz o que pensa.

Daí para a frente, e não foram tão poucas quanto isso, passei a ter um enfermeiro privativo: o Lucas Lukamba.

RD Congo apela à calma a propósito
das eleições angolanas de domingo...

O governo da República Democrática do Congo felicitou hoje Angola pelo "elevado grau de civismo" demonstrado pelos eleitores na segunda volta das presidenciais e pediu respeito pelos resultados eleitorais.

Em comunicado divulgado em Kinshasa, o Ministério das Relações Exteriores considera que o acto eleitoral encerra "um longo período de transição e de instabilidade política", o que permite "iniciar uma nova fase na regularização das instituições de soberania".

No documento lê-se que o acto eleitoral representa um "passo importante para a reconciliação nacional" em Angola, mas também para a instauração da democracia naquele país vizinho da RD Congo.

Para atingir esse objectivo, o governo congolês apela aos políticos angolanos para que "respeitem os resultados" eleitorais, considerando que eles traduzem "a vontade do povo angolano expressa nas urnas".

"Caberá às novas autoridades eleitas respeitar e fazer respeitar a Constituição do país, criar as condições necessárias para o estabelecimento e a manutenção da ordem pública e para a extensão da autoridade central do Estado a todo o território nacional", acrescenta o comunicado.

No comunicado divulgado em Kinshasa, o governo congolês afirma que pretende manter "relações cordiais e de cooperação" com as autoridades congolesas, frisando que "respeitará todos os instrumentos jurídicos bilaterais assinados".

Nota: Onde se lê República Democrática do Congo deve ler-se Angola e vice-versa, pois a notícia (embora real) foi reconstruída como se as eleições fossem em Angola (era bom, era!) e o comunicado fosse emitido pelo governo de Kinhsasa.

Bissau põe o dedo na ferida da CPLP

Às vezes (também mal fora!) o governo da Guiné-Bissau tem razão. Foi isso que se passou quando defendeu que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem de ser "mais pragmática" a nível da Cultura. É claro que além da Cultura há muito mais. Há, digamos, quase tudo.

Em declarações aos jornalistas, no final dos trabalhos da V Reunião de Ministros da Cultura da CPLP, o ministro da Cultura da Guiné Bissau, Mário Martins, adiantou que, no passado, grande parte dos projectos ficaram "aquém do desejado".

É exactamente isso que eu, bem como muitos outros entre os quais é da mais elementar justiça salientar Eugénio Costa Almeida, tenho dito ao longo dos tempos.

"Na reunião de Bissau, chegou-se a um ponto mais concreto: criar, no Brasil, um secretariado que possa dar seguimento aos projectos em curso e a desenvolver", sublinhou o governante guineense, considerando "positivo" o balanço dos trabalhos de Bissau.

"Queremos que esta comunidade seja mais pragmática. De uma forma geral, todas as decisões que têm sido tomadas nas últimas reuniões têm ficado aquém do desejado", acrescentou Mário Martins. O governante guineense, anfitrião do evento, lembrou as "grandes dificuldades" quer logísticas quer financeiras para preparar a reunião de Bissau e agradeceu o reconhecimento dos restantes participantes em relação à organização da reunião.

Bissau, à semelhança da VI Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, realizada em Julho, acolheu no fim-de-semana a V Reunião dos Ministros da Cultura da CPLP, em que estiveram presentes seis dos oito Estados membros da organização lusófona.

Além da Guiné-Bissau, através do secretário de Estado da Cultura, Portugal, Angola e Moçambique enviaram a Bissau os ministros, enquanto Brasil e Cabo Verde enviaram representações e São Tomé e Príncipe e Timor-Leste não marcaram presença.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Deixem Eduardo dos Santos e o MPLA em paz!

O Fundo Monetário Internacional, uma organização sem credibilidade e certamente afecta à UNITA e financiada durante anos por Jonas Savimbi, estimou que no final dos anos 90 e no início desta década eram desviados anualmente cerca de um bilião de dólares norte-americanos das receitas petrolíferas do país.


Porque será que ninguém deixa o Presidente José Eduardo dos Santos e o MPLA em paz?

De acordo com o Semanário Angolense, dez angolanos têm fortunas superiores a 100 milhões de dólares, enquanto outros 49 têm fortunas avaliadas em mais de 50 milhões de dólares.

Porque será que ninguém deixa o Presidente José Eduardo dos Santos e o MPLA em paz?

O Presidente José Eduardo dos Santos foi considerado o mais rico, seguido de um deputado, dois membros do gabinete presidencial, um embaixador, um ex-chefe de gabinete presidencial e o ministro das Obras Públicas. Os sete angolanos mais ricos estavam todos no Governo.

Porque será que ninguém deixa o Presidente José Eduardo dos Santos e o MPLA em paz?

Em Angola, o fosso entre ricos e pobres está a aumentar, de acordo com um relatório patrocinado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Porque será que ninguém deixa o Presidente José Eduardo dos Santos e o MPLA em paz?

Angola é considerada pela Transparência Internacional, organização não governamental contra a corrupção, como o 151º país mais corrupto numa lista de 158 países.

Porque será que ninguém deixa o Presidente José Eduardo dos Santos e o MPLA em paz?

O Departamento de Estado norte-americano afirmou que a riqueza do país está “concentrada nas mãos de uma pequena elite, que usa muitas vezes as posições governamentais para enriquecimento pessoal.”

Porque será que ninguém deixa o Presidente José Eduardo dos Santos e o MPLA em paz?

Francamente...

quinta-feira, outubro 26, 2006

Prepotência e preocupante cegueira política
ou norma censória e de discutível utilidade?

Os privados não percebem nada de cultura, tal como os políticos eleitos que – apesar disso – defendem ideias privadas. Cultura é sinónimo de Estado. Como diz a rapaziada do costume (bem como aquela que susbcreveu o abaixo-assinado de suposta defesa do Rivoli, no Porto) todos os que pensam de maneira diferente devem ser acusados «de prepotência e preocupante cegueira política».

Espero que os privados se lembrem, sobretudo quando os que não são prepotentes nem cegos políticos lhes baterem à porta a pedir apoio para qualquer coisa, que a «inteligência, motor de conhecimento e criatividade, capaz de ajudar a caracterizar o Porto como cidade cosmopolita, como uma das grandes cidades europeias» só pode ser obra do Estado.

É claro que os privados não podem, como fez Rui Rio em relação ao apoio a produtoras cinematográficas, dizer que não aceitam que cuspam no prato onde servem a comida. É que se o fizeram, correm o risco de aparecer o meu amigo Manuel Pizarro, deputado do PS e vereador da Câmara do Porto, a dizer que “tal norma é antidemocrática, censória e de discutível utilidade”.

Conjugando a tese dos supostos amigos do Rivoli e a do meu amigo Manuel Pizarro (que, aliás, subscreveu o abaixo-assinado), concluo que para não haver «prepotência e preocupante cegueira política», só o Estado nos pode gerir.

Embora, como diz o líder socialista no Porto, Francisco Assis – igualmente subscritor do mesmo abaixo-assinado - , “não se impõe a ninguém a obrigação de agradecer” (claro que não, ou não fosse isso uma “norma antidemocrática, censória e de discutível utilidade”), voluntariamente agradeço o favor que fizeram aos portugueses os amigos do Rivoli ao defenderem que só as minorias são inteligentes.

O Povo, esse que vê teatro há dezenas de anos na precária sala do 26 de Janeiro, em Ramalde, por exemplo, vai lembrar-se de tudo isto e, neste caso infelizmente, dar a vitória a um candidato qualquer de muito fraco nível, como é o caso de Manuel Maio.

É só calúnias contra Eduardo dos Santos (II)

O jornal suíço ‘Le Temps’ desmentiu uma notícia publicada no passado dia 11 que afirmava serem do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, os 21 milhões de dólares restituídos pela Banca suíça às autoridades de Luanda.


É, contudo, um desmentido que não me convence. Isto porque, na minha opinião, há gato escondido com rabo de fora.

Para além do óbvio desmentido das autoridades angolanas e da coincidência de um outro desmentido ter sido feito pela Direcção de Desenvolvimento e Cooperação dos Ministério suíço dos Negócios Estrangeiros no mesmo dia em que o embaixador angolano em Berna, Apolinário Correia, foi recebido pelo director daquele departamento, Walter Fust, haverá algo mais.

A fazer fé nos exemplos que Eduardo dos Santos, ou o MPLA, dão em matéria de controlo e, ou, compra do silêncio de muita gente que trabalha na comunicação social, creio que este caso é mais um revelador do poder que o presidente angolano tem.

Em Portugal, e ao contrário de outras congéneres dos PALOP, nenhuma embaixada tem o poder que tem a angolana. Manda no que lhe pertence (a embaixada propriamente dita) e também em tudo o que se relaciona com o país, mesmo quando envolva entidades com personalidade jurídica portuguesa.

Não me admira, por isso, que as regras internas de Angola quanto à liberdade de Imprensa (está na 91ª posição entre os 167 países analisados pelos Repórteres Sem Fronteiras) funcionem, embora à custa de muitos mais dólares, noutros países.

Se aos dólares se juntar, porque a tem, a influência política e as ameaças diplomáticas e económicas, é credível que o jornal suíço tenha dato o dito por não dito.

Luanda está habituada a comprar tudo e todos. Regra geral, graças ao contributo de agentes nacionais, põe o poder dos dólares acima de todos os valores e não raramente é bem sucedida.

Enquanto em Angola as autoridades arranjaram maneira de os Jornalistas chocarem com uma, ou várias, balas, na Europa apostam na estratégia de – como qualquer outra mercadoria – comprar o silêncio, os desmentidos ou a apologia.

Aliás, na compra do silêncio e da apologia é bem provável que em breve surjam revelações do árduo trabalho dos homens do MPLA na praça portuguesa, agora que as eleições em Angola podem ser uma realidade.

quarta-feira, outubro 25, 2006

«O Estado existe para servir o povo»
- Afirma José Eduardo dos Santos

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, na tomada de posse dos novos vice-ministros da Defesa e do Interior, respectivamente, Agostinho Nelumba "Sanjar" e Eduardo Ferreira Martins. O povo, embora de barriga vazia, gostou de ouvir.

Mais de metade dos 13,2 milhões de angolanos são crianças. Angola ocupa o 164º lugar entre 175 países no Índex de Desenvolvimento Humano e tem uma das taxas mais altas do mundo de mortalidade infantil abaixo dos cinco anos, com 260 mortes por 1000 nascimentos.

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola. O povo, embora de barriga vazia, gostou de ouvir.

A maioria da população de Angola vive na pobreza, sendo que 68% da população urbana vive abaixo da linha da pobreza. Estima-se que a economia rural seja quase na totalidade uma economia de subsistência .

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola. O povo, embora de barriga vazia, gostou de ouvir.

45,2 por cento das crianças com menos de cinco anos sofrem de subnutrição crónica, 31 por cento têm peso a menos e 6,2 por cento estão gravemente subnutridas.

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola. O povo, embora de barriga vazia, gostou de ouvir.

Quarenta e quatro por cento das crianças não frequentam a escola primária. Em 2001 104.000 crianças ficaram órfãs devido à SIDA e as projecções indicam que este número irá aumentar até 331.000 em 2010.

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola. O povo, embora de barriga vazia, gostou de ouvir.

A situação nos países lusófonos
interessa aos media portugueses?

Como digo aqui em baixo, os Repórteres Sem Fronteiras revelaram ontem a listagem da liberdade de Imprensa em todo o Mundo. Pela leitura dos três principais jornais portugueses, muito pouco (em alguns casos nada) se fica a saber da situação na Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

O Jornal de Notícias, não dá uma única palavra aos países lusófonos. Fala, contudo, da Finlândia, Irlanda, Islândia, Holanda, Coreia do Norte, Portugal, Hungria, Letónia, Eslovénia, EUA, Turquemenistão, Eritreia e Líbano.

O Público afina pelo mesmo diapasão embora tenha um parágrafo, o último, a falar de África.

O Correio da Manhã é o único que, sem deixar de dizer o mesmo dos outros dois jornais, acrescenta a posição dos países lusófonos. Ou seja, Angola na 91ª posição, a Guiné-Bissau no 62º lugar, o Brasil no 75º, Timor-Leste no 82º, Cabo Verde e Moçambique no 45ª entre os 167 países analisados.

A fazer fé nestes exemplos, aos leitores do JN e do Público interessa mais o que se passa no Turquemenistão do que a realidade angolana, brasileira ou moçambicana.

Por outro lado, o CM não esquece os que estão preocupados com a situação no Turquemenistão, mas acrescenta alguma informação sobre os países da CPLP da qual, por sinal, Portugal faz parte.

Assim seja!

terça-feira, outubro 24, 2006

Repórteres Sem Fronteiras mostram
que o rei Eduardo dos Santos vai nu

Os Repórteres Sem Fronteiras pouco (ou nada) percebem de liberdade de Imprensa. Como é que se atrevem a colocar Angola na 91ª posição, bem depois de todos os outros países lusófonos? A Guiné-Bissau aparece no 62º lugar, o Brasil no 75º, Timor-Leste no 82º, Cabo Verde e Moçambique no 45ª entre os 167 países analisados. Portugal, diz a RSF, está em 10º lugar.

Valha-nos ao menos a alguns de nós (sim, que à “democracia” angolana isso pouco interessa) o exemplo de Cabo Verde que, depois de ter estado durante dois anos entre os 40 primeiros países na Classificação Mundial para a Liberdade de Imprensa, assegura agora um ligar bem acima dos EUA (53º).

Em 2005, o arquipélago conseguiu o melhor "ranking" de sempre (29º), situando-se à frente da França. Uma subida assinalável em relação a 2004 (38º) e a 2002 (46º) e 2003 (47º), as piores posições do país neste "ranking".

À frente dos EUA pela segunda vez consecutiva, e do Brasil, Cabo Verde situa-se, em 2006, no 45º lugar entre 167 países, classificando-se nesta posição, em ex-aequo, com Moçambique, Sérvia e Montenegro e com a Macedónia.

O primeiro lugar da lista é da Finlândia, posição que partilha, em ex-aequo, com a Irlanda, Islândia e Holanda. Os países onde existem maiores restrições à liberdade de imprensa são a Coreia do Norte, o Turquemenistão e a Eritreia.

Que Luanda não é Pyongyang já é uma boa notícia. Falta é saber se o é também para os ortodoxos do MPLA que, penso, são muito mais radicais do que o próprio vitalício presidente angolano.


Falta comida para alimentar os angolanos
- A culpa continua a ser de Jonas Savimbi?

A falta de sementes de milho, feijão e instrumentos de trabalho que se regista no seio das famílias da localidade do Sandombo, a cerca de 31 quilómetros a sul da comuna do Lepi (Huambo-Angola), pode comprometer a presente campanha agrícola 2006/2007. Não está mal. Mais de quatro anos depois da morte do pai de todos os males (Jonas Savimbi) faltam sementes, instrumentos e comida!

Em declarações à Angop, a administradora do Lepi, Alice Guilherme, revelou que as populações do Sandombo necessitam de sementes, instrumentos de trabalho e outros bens de primeira necessidade.

Não está mal. Mais de quatro anos depois da morte do pai de todos os males (Jonas Savimbi) faltam sementes, instrumentos e comida!

"A falta de livre circulação e bens, no troço que liga o Sandombo ao Bongo, está a dificultar o bem estar das populações, na aquisição de sementes e outros bens de uso corrente", situação que preocupa as autoridades do governo", sublinhou.

Não está mal. Mais de quatro anos depois da morte do pai de todos os males (Jonas Savimbi) faltam sementes, instrumentos e comida!

De acordo com a administradora, a direcção provincial da Agricultura disponibilizou apenas, na presente época agrícola, cinco toneladas de milho e igual quantidade de fertilizantes, quantidades que considerou "ínfima", para os mais de 17 mil e 363 habitantes.

Não está mal. Mais de quatro anos depois da morte do pai de todos os males (Jonas Savimbi) faltam sementes, instrumentos e comida!

"A população dessa área de jurisdição tem como principal actividade a agricultura, que é a garantia da sua auto-alimentação, cuja situação agrava-se com a falta de meios financeiros, para aquisição de sementes e imputs agrícolas", referiu.

Não está mal. Mais de quatro anos depois da morte do pai de todos os males (Jonas Savimbi) faltam sementes, instrumentos e comida!

Alice Guilherme mostrou-se igualmente preocupada com a falta de utensílios de cozinha, cobertores, roupas e outros bens de uso corrente no seio das famílias do sector do Sandombo e defendeu, na ocasião, a concessão de mico-créditos, para permitir reduzir o índice de pobreza.

Não está mal. Mais de quatro anos depois da morte do pai de todos os males (Jonas Savimbi) faltam sementes, instrumentos e comida!

Também não está mal porque Angola só é rica em minerais, especialmente diamantes, petróleo, ferro, cobre, manganês, fosfatos, ouro, prata, platina etc. etc.

segunda-feira, outubro 23, 2006

O Jornalismo ainda pode ser vertical?
- Artigo de Eugénio Costa Almeida

Até onde pode ir a liberdade de um jornalista? Essa começa a ser uma grande questão neste século. Ainda nos recordamos que dois jornalistas levaram à queda de um poderoso - e porque não afirmar, querido - presidente dos EUA, Richard Nixon: relembremos o caso Watergate. Relembram-se como dois jornalistas do Washington Post, conseguiram fazer que Nixon se demitisse.
Depois disso, o jornalismo sério nunca mais foi o mesmo. Os jornalistas deixaram de temer pela vida e puderam denunciar todos os podres que enviesavam na e pela sociedade. Parecia que, salvo nas sociedades hipócritas e ditatoriais, os jornalistas começavam a ser não olhados como párias e importunos indivíduos que só se metiam onde não eram chamados, mas tão só como a primeira linha contra o mal-estar e contra as duplicidades reinantes nas sociedades ditas livres e justas.

Puro erro. Relembremos Carlos Cardoso, cuja a morte será, uma vez mais recordada em 22 de Novembro. Morreu porque denunciava a corrupção reinante entre alguns dirigentes e pseudo-dirigentes moçambicanos. Uma morte ainda hoje não clarificada e que, pasme-se, aquele que está considerado como um dos autores deste ignóbil assassínio e que tem sempre negado a sua autoria, vem agora inocentar um dos eventuais autores morais do mesmo.

Se não é culpado como pode negar que a personalidade em questão também não é autor moral do crime. Um paradoxo a juntar a outros inexplicáveis e que levaram à morte daquele que Mia Couto considerou como um Homem que lutava pelos outros, pelos mais simples.

E que com a sua morte terá morrido "um pedaço do país, uma parte de todos nós".

Mas não é só em Moçambique que esta situação se põe. Vejamos um caso mais recente. Em Portugal, um dos seus melhores jornalistas, representante da LUSA em Canadá, foi pura e simplesmente demitido do seu cargo por ser incómodo. Fernando Cruz Gomes foi funcionário da LUSA durante 20 anos. Durante esse período defendeu sempre a isenção e o combate ao despotismo reinante, nomeadamente, a subserviência que reina entre alguns jornalistas "yes-men" do poder instituído.

Recusou, vezes sem conta, largar a sua "cátedra" "antes livre que subserviente" ao ponto de ter recusado o cargo de Director da LUSA proposto pelo Governo de Santana Lopes. Pois quando nada o fazia prever eis que o actual Governo - e não esqueçamos que o "dono" da LUSA é este Governo de Sócrates - decide mandá-lo para as agruras do desemprego.

E porquê? Talvez porque o Governo de Sócrates deseje que a verdade instituída seja preservada. E qual é? Muito simples. A verdade de querer criar um órgão que sirva as Comunidades lusófonas espalhadas pelos vários cantos do Mundo. Então não já existe a LUSA para esse fim? Ou será que a LUSA passa a ser o órgão cada vez mais difusor das não-realidades dos PALOP? Alguém viu, até hoje, alguma notícia que ponha em causa o status quo existente nos PALOP. Alguém viu algum artigo menos favorável à demissão do poder legitimado pelo voto popular na Guiné-Bissau?

Apontem-mo. Mas não. A verdade deste Governo passa pela colocação de personalidades em determinados lugares de relevo como a Caixa Geral de Depósitos para onde foi colocado um bancário que nunca terá sido mais que um "pequeno" director (e há muitos que nem chegam a Directores) e que por esse facto preferiu ser um membro do aparelho; o Tribunal de Contas para onde foi colocado um insigne Historiador; ou nas incontáveis reuniões entre a italiana ENI e o Governo para a questão GALP, esteja um advogado que, por acaso, até é uma relevante personalidade no aparelho socialista.

Ah! Na mesma GALP para onde foi um socialista cuja a gerência numa Câmara, onde esteve durante alguns anos, começa a ser questionada por casos menos claros. Não estão em causa as suas qualidades profissionais anteriores; mas parecem não estar, nem estão, vocacionadas para os novos cargos.

Que registos mostra a nova gerência da CGD? Quais os resultados da actual superintendência do Tribunal de Contas; os últimos relatórios apresentados reflectem, como veio rapidamente a terreiro defender-se um Ministro, a um assunto de Governos anteriores. E qual têm sido os resultados das conversações entre o Governo e a ENI ao ponto desta ameaçar fazer uma OPA sobre a GALP?

Parece que a competência neste casos - e, repito, nestes casos - está longe de ser a esperada. E por causa disso o Jornalismo perde um dos seus expoentes - por acaso até parece ser presidente da Associação Internacional de Jornalistas; interessante, não é? - que preferia manter a espinha erecta a submeter-se ao poder instituído.

Mas se o caso de Cruz Gomes é o mais actual e visível não é o único. Outros há que também começam a ver a sua vida profissional a ser posta em causa por trabalhos incómodos sobre questões tão prementes como a inoperância da CPLP, do Instituto Camões e da própria LUSA.

E, paradoxo dos paradoxos - ou talvez não - até estão em órgãos ditos independentes. Mas será que o são quando na sua compra esteve a mãozinha do actual Governo no despacho que deu o grupo comunicacional a uma entidade já detentora de outros órgãos informativos?

Como diria um insigne jornalista da nossa praça há muitos a confundirem "obra-prima do Mestre com a prima do mestre-de-obras" e enquanto assim for dificilmente Portugal poderá sair da mesma letargia e dificilmente conseguirá evitar cair no fosso do 4º Mundo. Até quando?

Nota: O autor deste artigo (também publicado no Jornal Frente Oeste) é Mestre em Relações Internacionais e Doutorando em Ciências Sociais

domingo, outubro 22, 2006

4 258 angolanos frequentam o ensino
politécnico e universitário em Portugal

Mais de 17 mil estrangeiros estão inscritos no ensino politécnico e universitário em Portugal e a maioria é oriunda de Angola e Cabo Verde, segundo dados do Observatório da Ciência e do Ensino Superior (OCES). Os dados do OCES revelam que 17.594 estrangeiros estavam inscritos no ensino superior público e privado português no ano lectivo 2004/05, sendo a maioria de Angola (4.258), Cabo Verde (3.835) e Brasil (1.7969).

De acordo com a OCES, o número de estudantes estrangeiros inscritos no ensino superior tem vindo a aumentar nos últimos anos, registando um crescimento de 65,7 por cento entre os anos lectivos 1999/2000 e 2004/05.

Em cinco anos, aumentou de 10.616 para 17.594 o número de estrangeiros no ensino politécnico e universitário.

Os estrangeiros que pretendam estudar em Portugal podem obter um visto de estudo com a validade de um ano, que poderá ser prorrogado até à conclusão do curso.

O número de prorrogações de vistos de estudos emitidos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e pelos consulados portugueses tem vindo a crescer nos últimos anos.

Dados da OCDE indicam que cerca de 2,12 milhões de pessoas estudava em 2003 fora do seu país de origem, sendo os Estados Unidos, o Reino Unido e a Alemanha os países que acolhiam o maior número.

Sócrates há só um... o José e mais nenhum

«Desnorte e trapalhadas» foi a melhor forma que Marques Mendes encontrou para retratar a semana socratiana do primeiro-ministro português eleito pela maioria dos que votaram. Não tem, contudo, razão. José Sócrates está no seu melhor nível, mesmo quando os seus ministros dão tiros nos pés e decretam num dia o fim da crise e no outro a sua continuação.

Ninguém protege melhor os seus ministros do que Sócrates. Nem que para isso tenha de ser conivente com os que passam atestados de menoridade aos portugueses.

Convenhamos que a macabra história dos custos da electricidade, a (des)aceleração das SCUT (Auto-Estradas sem custos para o utilizador), a saúde a que uns tem direito e outros nem tanto, o Orçamento que lixa sempre os mesmos, são coisa pouca se comparada com a mediática encenação da ocupação do Rivoli, no Porto.

Relativamente à situação real do país, Marques Mendes limita-se a dizer o que dizia Sócrates (ou o PS) na Oposição: "a saúde é mais cara e está cada vez mais distante, o Orçamento de Estado carrega em novo aumento de impostos sobre reformados e funcionários públicos”, etc. etc.

Registe-se, apesar das explicações socratianas e das respectivas promessas de rectificação, que valor global das verbas orçamentadas para os vencimentos do primeiro-ministro e respectivos 16 ministros traduz, como revelou o Correio da Manhã, um aumento de 6,1 por cento em 2007 face ao montante orçamentado para 2006.

Para o próximo ano, está prevista uma despesa total de 1 027 348 euros, contra os 967 980 euros deste ano. Dos 16 ministros, 13 registam uma subida de 1,5 por cento na verba orçamentada para 2007. O gasto total dispara com a subida de 112% de Silva Pereira, que as descidas de José Sócrates e Santos Silva não atenuam.

Orlando Castro publica novo livro

«Segundo Eugénio Costa Almeida, autor do prefácio, «Alto Hama – crónicas (diz)traídas» é um livro onde se analisam alguns casos respeitantes a Portugal, a Angola, à lusofonia e todas as vertentes que a envolvem, como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a africanidade e alguns sectores não africanos, assim como o jornalismo.»

Lisboa (Delegação de Liberal), 20 Outubro – Foi ontem apresentado na cidade do Porto o novo livro de Orlando Castro, jornalista angolano colunista em Liberal. Trata-se de «Alto Hama - Crónicas (diz) traídas», editada pela Papiro com o apoio da Casa de Angola: a obra reúne crónicas que abordam temáticas relacionadas com os países da Lusofonia. O prefácio é de Eugénio Costa Almeida, que também fará a apresentação.

Segundo Eugénio Costa Almeida, «Alto Hama – crónicas (diz)traídas» é um livro onde se analisam alguns casos respeitantes a Portugal, a Angola, à lusofonia e todas as vertentes que a envolvem, como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a africanidade e alguns sectores não africanos, assim como o jornalismo.

Orlando Castro nasceu em 1954 em Angola, onde viveu até 1975. A sua actividade jornalística teve início muito antes da independência do país no jornal «A Voz dos Mais Novos», órgão de informação do Liceu Nacional General Norton de Matos de Nova Lisboa.

Ainda em Angola, entre 1973 e 1975, foi redactor do diário «A Província de Angola» e chefe de Redacção da revista «Olá! Boa Noite», bem como colaborador da Rádio Clube do Huambo, da Emissora Comercial do Huambo e do bi-semanário «O Planalto».

Em Portugal, para onde veio em finais de 1975, colaborou com os jornais «Pontual», «O País», «Templário», «Jornal de Ramalde», «Vida Social», «Voz do Barreiro», «O Primeiro de Janeiro» e ainda na «RIT - Revista da Indústria Têxtil». Integra, desde 1991, a redacção do «Jornal de Notícias».

É também autor dos livros «Algemas da Minha Traição» (1975), «Açores -Realidades Vulcânicas» 1995), «Ontem, Hoje... e Amanhã?» (1997) e «Memórias da Memória» (2001).

Texto publicado em http://www.liberal-caboverde.com

sábado, outubro 21, 2006

«Autor é um criador e não produtor de conteúdos»

«Orlando Castro é um criador de artigos, não um produtor ou mero mercador de conteúdos; um crítico dos capatazes que por aí pululam e que dirigem alguma certa comunicação social, dos “yes-men” que cirandam por esta moderna sociedade civil, de um jornalismo que sobrevive dos esquemas e dos devaneios e escândalos alheios que transformam a nobre arte do jornalismo em algo banal, fútil, paradoxal ou doentio. O autor quer que o jornalismo esteja sempre ao serviço da Verdade, da Democracia e da Liberdade», afirmou ontem Eugénio Costa Almeida (na foto) na apresentação, na Bertrand do Centro Comercial Parque Nascente em Rio Tinto (Porto), do livro de “Alto Hama – Crónicas (diz) traídas”.

«O facto de ser um livro censurado (admitamos que seja apenas vetado) pelos ditos mais importantes media portugueses, revela que muito do que lá digo acertou no alvo certo», afirmou ao NL o autor que, aliás, aqui publicou todos os trabalhos que agora foram dados à estampa.

Depois da apresentação no dia 23 de Setembro em Lisboa, na Casa de Angola, entidade que, aliás, patrocinou a publicação, e em cujo evento participaram diversas individualidades entre as quais o vice-ministro das Finanças de Angola, Arlindo Sicato, foi a vez ontem da Papiro Editora promover a divulgação na região norte de Portugal.

Sobre o evento, Orlando Castro disse ao NL que “correu bem, mau grado a barreira de silêncio construída pelos mais importantes media portugueses à volta do livro, apenas quebrada no passado dia 14 pela Lusa/Porto e pelos jornais O primeiro de Janeiro e Notícias da Manhã”.

“Estiveram presentes, entre outros que nada têm a ver com esta “guerra”, colegas e amigos que continuam – tal como eu – a pôr o poder das ideias acima das ideias de poder, apesar de serem (de sermos) acusados de não terem ideias”, contou Orlando Castro, acrescentando que se “o valor do livro se medir pelo nível intelectual e profissional dos que o avaliam pelo nome do mensageiro e não da mensagem, a maior parte dos críticos, escondidos com o rabo de fora, amesquinha-o”.

Sobre o que chama de “guerra”, o autor cita as palavras de Eugénio Costa Almeida («alguns chefes para fazer contas têm de descalçar os sapatos para chegar aos 12») e reforça que “enquanto uns põem o primado da competência acima do primado da subserviência, muitos outros – e cada vez são mais – fazem o inverso, assistindo-se à dura realidade de ver muita gente boa na beira da estrada por julgar que está na estrada da Beira”.

Orlando Castro nasceu em 1954 em Angola, onde viveu até 1975. A sua actividade jornalística teve início muito antes da independência do país no jornal "A Voz dos Mais Novos", órgão de informação do Liceu Nacional General Norton de Matos de Nova Lisboa. Foi também nesta instituição que se diplomou em Jornalismo.

Ainda em Angola, entre 1973 e 1975, foi redactor do diário "A Província de Angola" e chefe de Redacção da revista "Olá! Boa Noite", bem como colaborador do Rádio Clube do Huambo, da Emissora Comercial do Huambo e do bi-semanário "O Planalto".

Em Portugal, colaborou com os jornais "Pontual", "O País", "Templário", "Jornal de Ramalde", "Vida Social", "Voz do Barreiro", "O Primeiro de Janeiro" e ainda na "RIT - Revista da Indústria Têxtil". Integra, desde 1991, a redacção do "Jornal de Notícias".

É também autor dos livros "Algemas da Minha Traição" (1975), "Açores - Realidades Vulcânicas" (1995), "Ontem, Hoje... e Amanhã?" (1997) e "Memórias da Memória" (2001).»

Nota: Artigo de Isaías dos Santos ontem publicado no Notícias Lusófonas

Dos Santos com dinheiro na Suíça?
- É mentira, sim senhor... Presidente

A Imprensa não livre, ao contrário da congénere angolana (um paradigma de liberdade), teima em caluniar o presidência da República de Angola, afirmando entre outras asneiras que o presidente José Eduardo dos Santos tem dinheiro depositado em bancos suíços. Como seria possível o presidente de um Estado de Direito democrático, eleito pelo povo e defensor dos direitos humanos ter dinheiro no estrangeiro?

Embora sem necessidade disso, dada a credibilidade internacional do Estado angolano, "os Serviços de Apoio da Presidência da República reafirmam que o presidente da República não tem e nunca teve dinheiro depositado em bancos suíços, nem qualquer outro património na Suíça".

Nem na Suíça nem em qualquer outro lado. Tudo (e é tão pouco!) que Eduardo dos Santos tem está, obviamente, em Angola.

No documento, aqueles serviços manifestam "bastante indignação" com o que consideram ser "referências infundadas e caluniadoras" sobre José Eduardo dos Santos. E têm razão. A Imprensa dita livre tem a mania de atacar os maiores exemplos de democracia. É precio metê-la na linha...

"O presidente de Angola não foi citado em momento algum na investigação anteriormente instaurada pelas autoridades policiais suíças como tendo contas e m bancos helvéticos", recorda o comunicado, acrescentando que responsáveis suíços "também manifestaram surpresa" pela alusão feita agora ao nome do presidente angolano.

É evidente. Todos sabemos que Eduardo dos Santos, como a maioria dos democratas vitalícios, não tem dinheiro, nem bens, fora do país. Além disso, convenhamos que a Suíça nunca diria quem são os seus clientes.

De facto, como diz os Serviços de Apoio da Presidência da República, os jornais portugueses Público e Correio da Manhã, o espanhol El País e o suíço Le Temps têm muito a aprender com os seus colegas angolanos, sobretudo – é um dos muitos exemplos possíveis – com o Jornal de Angola.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Obrigado aos que estiveram presentes
e também aos que não poluíram a sessão

Foi ontem apresentado na Livraria Bertrand do Centro Comercial Parque Nascente, em Rio Tinto (Porto), o meu livro "Alto Hama - Crónicas (diz)traídas", uma edição da Papiro com o apoio da Casa de Angola, de Lisboa.

Há falta de melhor meio, sirvo-me deste espaço para agradecer aos amigos que me honraram com a sua presença, bem como aos que justificaram a ausência.

Não sei se é de bom tom, mas que me dá muito gozo isso dá, aqui fica um abraço muito especial a alguns dos presentes, casos de Joaquim Saraiva, José Queirós, Paulo F. Silva, Pedro Olavo Simões, Augusto Correia, Zeferino Coelho, Cândido Xavier, Carlos Furtado e Joel Azevedo.

Agradeço igualmente, além da Coordenadora Editorial da Papiro, Avelina Ferraz, ao Mestre Eugénio Costa Almeida que veio de Lisboa para apresentar o livro, e à Bertrand do Parque Nascente.

Por último, um especial agradecimento aos que podiam ir mas não foram. Aplicou-se bem a tese de poucos mas bons. Como sempre, as boas e as más acções ficam com quem as pratica.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Gentalha sem chipala nem nome
- ditadura de abjectos anónimos

Sob a conveniente capa da cobardia anónima, proliferam na Internet uns seres acabados de chegar das copas das árvores, seja de uma qualquer floresta africana ou amazónica ou, ainda, de uma jaula do Jardim Zoológico de Lisboa. A (des)propósito do que aqui escrevi sobre o Teatro Rivoli, no Porto, verifiquei (tanto pelos comentários publicáveis como pelos gerados nas latrinas do nanismo dos autores) que é cómodo e barato ser anónimo. Até mesmo quando se tem Carteira Profissional de Jornalista. Na falta de capacidade intelectual para mais, toda a espécie de ratos de esgoto cria blogues e opina sem dar a cara, mostrando como é fácil atirar a pedra e esconder a pata.

E se é grave de uma forma geral, mais o é quando muitos destes actores de baixa (baixa, neste caso, é sinónimo de sarjeta) categoria integram a classe profissional dos Jornalistas, a tal que se diz contrária às fontes anónimas mas que, afinal, é ela própria um manancial de anónimos.

Compreendo que, refugiando-se no anonimato ou na intelectual forma de anonimato que dá pelo nome de pseudónimo, estejam mais à vontade para mostrar que já quase conseguem andar de pé.

É uma evolução. No entanto, ainda faltam algumas gerações para que atinjam o nível dos Homens.

Habituados a viver na selva, entendem que a razão da força é a única lei. Espero que algum amestrador lhes ensine, mesmo que mostrando bananas ou ginguba, que nos países civilizados o que conta é a força da razão, assumida de forma clara.

Aliás, também não seria mau juntar algumas lições de português pois, optimista como sou, acredito que acabarão por aprender a escrever coisas com sentido… a não ser que, por manifesta inadaptação, resolvam regressar às copas das árvores onde, aí sim, podem ser anónimos à vontade.

Jornalista angolano despedido
por querer ser apenas Jornalista

Li no Notícias Lusófonas que a Imprensa angolana está a mexer, mesmo que seja pelo surgimento de projectos jornalísticos ou propagandísticos. Apesar de tudo, pensei, é bom sinal. Eis senão quando, alertado pelo serradachela (um blogue livre e isento) vejo no Apostolado que um jornalista da rádio “Comercial 2000” que exercia a função de editor foi expulso por, alegadamente, não publicar uma notícia sobre uma conferência do MPLA, no município do Lubango.

António Pedro foi afastado pelo facto de não ter incluído o acontecimento num dos principais noticiários daquela estação de Rádio. A conferência estava a ser transmitida em directo pela antena comercial do Lubango.

Nem mais. Ainda se fosse uma conferência da FNLA ou da UNITA… Segundo a Ecclesia local, o jornalista expulso negou-se a gravar qualquer entrevista temendo represálias e por ainda estar interessado em regressar ao emprego.

Lá (em Angola) como cá (em Portugal) os Jornalistas são livres de dizer o que o Poder quer. Apenas isso. Há, é claro que há, excepções. Mais cá (Portugal) do que lá (Angola).

O sindicato de jornalistas na Huíla diz que a situação é sensível por envolver questões políticas, mas garante que tudo vai fazer para chamar à razão à direcção da rádio comercial do Lubango, como disse à Ecclesia Joaquim Armando, secretário para a informação do sindicato de jornalistas na Huíla.

Não adianta chamar à razão. As razões das ideias de poder escapam às razões do poder das ideias. E, como em todas as ditaduras, o MPLA só conhece as ideias de Poder.

«Nós somos sempre a favor dos nossos filiados e é o caso desta situação e é o caso de futuras situações em que nós estaremos sempre a favor. Agora o facto de ser razão política talvez torne o caso mais sensível», disse o responsável do Sindicato, certamente temendo que se não tiver cuidado ainda um dia destes vai chocar contra uma bala .

Esta não foi a primeira expulsão de um jornalista naquela estação emissora sobretudo depois do ingresso de uma nova direcção.

Claro. Não se chega a director por obra e graça da competência. Chega-se por obra e graça de quem manda. E, no caso, quem manda é o MPLA.

terça-feira, outubro 17, 2006

Dois em cada três guineenses
vivem(?) em pobreza absoluta

Senhor presidente Nino Vieira:

Dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morre antes dos cinco anos de idade, disse hoje o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Guiné-Bissau.

Por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza e Fome, que hoje se assinala, Michel Balima, também coordenador do Sistema das Nações Unidas na Guiné-Bissau, afirmou ser esta a realidade actual deste país lusófono africano, "um dos mais atrasados do mundo".

"A Guiné-Bissau continua ainda a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto situado nos 2 por cento", assinalou Balima, reportando-se ao ultimo relatório da ONU sobre a Guiné-Bissau.

O relatório, no âmbito do cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (OMD), refere que, além da pobreza absoluta que afecta dois em cada três guineenses, a fome ainda existe na Guiné- Bissau em consequência da conjuntura económica "débil", motivada por uma actividade agrícola de monocultura de caju, principal produto de exportação do país, ou pelas cíclicas crises político-militares.

Segundo o representante do PNUD, estas situações, aliadas à instabilidade política e institucional, não têm ajudado ao processo de melhoria sustentada das condições de vida das populações guineenses.

Apontando situações concretas, Michel Balima citou a progressão "lenta" na educação, em que persiste a desigualdade entre os sexos, com primazia aos rapazes, a morte durante o trabalho de parto por falta de cuidados básicos e a propagação de doenças como o HIV/SIDA, a tuberculose e a malária.

Outras questões preocupantes para as autoridades guineenses e para a ONU são o fraco aprovisionamento de água potável, os baixos níveis de saneamento básico e habitação "decente", disse Michel Balima.

A esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à "fragilidade humana" na Guiné-Bissau, sobretudo por causa da "fraca" cobertura dos serviços sociais, sublinhou.

Eu sei, Presidente Nino Vieira, que o Senhor é daqueles poucos que têm milhões e que se esquecem dos milhões que têm pouco, ou nada. Já pensou, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome?

Claro que não pensou. Tem mais em que pensar. Eu sei. Mas olhe, Senhor Presidente Nino Vieira, não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo. E, mesmo famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes puxar o gatilho.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Prémio Coragem para Rafael Marques
e (mais) um amargo de boca para Lisboa

A mais activa voz contra as políticas repressivas e corruptas do governo, das indústrias diamantíferas e petrolíferas em Angola, de seu nome Rafael Marques, receberá o Prémio de Coragem Cívica de 2006, a 18 de Outubro. Rafael Marques, 35 anos, tem dedicado a sua carreira a promover o respeito pelos direitos humanos, paz, a democratização de Angola e a liberdade de imprensa.

Deixe-me recordar a entrevista publicada no Jornal de Notícias a 10 de Março de 2005 em que Rafael Marques garantia que «há políticos portugueses que quando se deslocam a Angola, como foi o caso recente de António Monteiro e de Cavaco Silva, regressam a falar na esperança do povo angolano e de como as coisas correm muito bem. Isto é precisamente para encobrir aquilo que se passa de mais grave em Angola. As coisas não estão a correr bem e essa esperança já foi defraudada. O processo de reconstrução não é senão um processo de privatização dos sectores-chave da sociedade angolana em benefício de alguns poucos».

Só continua a não ver quem não quer!

Ainda segundo Rafael Marques, «os portugueses só estão mal informados porque querem», explicando que do seu ponto de vista, que nesta matéria é igual ao meu, «não se admite que um estadista chegue a um território e depois de duas conversas se ponha a falar em nome da esperança dos angolanos».

E isto acontece, diz aquele Jornalista, porque «há um esforço tremendo por parte da comunidade internacional em procurar sempre legitimar o que se passa de mais errado com as autoridades angolanas». Ou seja, «matam, fazem e desfazem mas têm sempre o benefício da dúvida».

Alguém, pergunto eu, ouviu José Sócrates recordar que 60% da população angolana é afectada pela pobreza, que a taxa de mortalidade infantil é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças?

Alguém ouviu José Sócrates recordar que apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico?

Alguém ouviu José Sócrates recordar que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade?

Alguém ouviu José Sócrates recordar que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos?

Alguém ouviu José Sócrates recordar que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino?

Pois é...

O Teatro Rivoli terá pais ricos?
Se não tem, Rio que vá ao BES

Perto de 40 pessoas, certamente detentoras de bons empregos, decidiram passar a noite dentro do Teatro Rivoli (Porto), em protesto contra a intenção da Câmara Municipal do Porto de entregar a gestão do espaço a privados, sendo estes vistos como verdadeiros papões.

Ao que parece (e só parece) o protesto está para ficar até que a direcção do teatro, a Câmara Municipal do Porto ou o Ministério da Cultura possam dar as respostas pedidas. Só falta gritarem: “O povo unido jamais será vencido”.

A resposta que esperam é aquela que todos gostaríamos de ter: A oferta pode ser fraca e a procura nula porque, afinal, o “pai Estado” (no caso, e desde 1970, a Câmara Municipal do Porto) garante os pagamentos… mesmo que as receitas passem ao lado.

Por outras palavras, pretende-se que alguém descubra que o Rivoli tem pais ricos (mesmo que seja à custa dos impostos pagos por quem nunca foi a este Teatro) e que, por isso, pode gastar à grande e à francesa, mesmo que seja para dar guarida a brilhantes peças que ninguém vê.

Se não tem pais ricos, Rui Rio sempre poderá ir ao BES buscar dinheiro para sustentar a nata (embora com prazo de validade já ultrapassado) de uma sociedade supostamente cultural que nunca desce ao nível do Povo.

Quando dá jeito defende-se “menos Estado, melhor Estado”. Quando não dá, então adopta-se a teoria das nacionalizações. Como se, de facto, a gestão privada fosse à partida um papão e a nacionalização um milagre.

Eu sei que os adeptos do tudo a monte e fé na gestão do Estado sabem do que falam. Eles são os donos da verdade e os únicos que produzem verdadeiras obras-primas. Também sei que os portugueses pouco percebem de arte.

Que o diga, por exemplo, o Teatro Politeama, de Filipe La Féria, que está na corrida pela gestão do Rivoli, e que é um caso de quem confunde a obra-prima do Mestre com a prima do mestre de obras.

Ou não será?

sábado, outubro 14, 2006

Papiro lança "Alto Hama - Crónicas (diz)traídas"

A Papiro Editora lança quinta-feira, na Livraria Bertrand do Centro Comercial Parque Nascente, em Rio Tinto, o livro "Alto Hama - Crónicas (diz)traídas", anunciou hoje no Porto fonte da empresa.

Editado com o apoio da Casa de Angola, o livro reúne crónicas que abordam temáticas relacionadas com os países da Lusofonia.

Em "Alto Hama - crónicas (diz)traídas", Orlando Castro analisa alguns casos respeitantes a Portugal, a Angola, à lusofonia, à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e à africanidade.

Orlando Castro nasceu em 1954 em Angola, onde viveu até 1975.

A sua actividade jornalística teve início muito antes da independência do país no jornal "A Voz dos Mais Novos", órgão de informação do Liceu Nacional General Norton de Matos de Nova Lisboa.

Foi também nesta instituição que se diplomou em Jornalismo.

Ainda em Angola, entre 1973 e 1975, foi redactor do diário "A Província de Angola" e chefe de Redacção da revista "Olá! Boa Noite", bem como colaborador do Rádio Clube do Huambo, da Emissora Comercial do Huambo e do bi-semanário "O Planalto".

Em Portugal, colaborou com os jornais "Pontual", "O País", "Templário", "Jornal de Ramalde", "Vida Social", "Voz do Barreiro", "O Primeiro de Janeiro" e ainda na "RIT - Revista da Indústria Têxtil".

Integra, desde 1991, a redacção do "Jornal de Notícias".

É também autor dos livros "Algemas da Minha Traição" (1975), "Açores - Realidades Vulcânicas" (1995), "Ontem, Hoje... e Amanhã?" (1997) e "Memórias da Memória" (2001).

A apresentação do livro, marcada para as 21:00, estará a cargo de Eugénio Costa Almeida, que é também o autor do prefácio.

Nota: Texto hoje publicado pela Lusa.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Convite para a apresentação do «Alto Hama»


O autor, Orlando Castro, a Papiro Editora, a Bertrand e a Casa de Angola, de Lisboa, têm o prazer de convidar todos os leitores deste blogue a estarem presente na sessão de apresentação do livro “Alto Hama – Crónicas (diz)traídas” , que terá lugar no dia 19 de Outubro de 2006, pelas 21 horas, na Bertrand do Centro Comercial Parque Nascente, em Rito Tinto (Porto, Portugal). A apresentação da obra estará a cargo de Eugénio Costa Almeida que também é o prefaciador do livro.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Jogos da Lusofonia: CNN 1 – RTP 0

«Unidos pelo desporto» é o lema da Acolop, Associação dos Comités Olímpicos de Língua Portuguesa, que foi fundada em 8 de Junho de 2004 com objetivo de integrar o mundo lusófono pelo desporto e já oficialmente reconhecida pelo Comité Olímpico Internacional.

A criação dessa entidade vem tornar realidade um sonho antigo das nações envolvidas - os Jogos da Lusofonia - seguindo os exemplos dos Jogos da Comunidade Britânica e dos Jogos da Francofonia.

Os primeiros Jogos da Lusofonia terminam dia 15 em Macau com a presença de 733 atletas inclusive a bi-campeã olímpica portuguesa Fernanda Ribeiro e contaram com as seguintes modalidades desportivas: Atletismo, Basquetebol, Futebol, Futsal, Taekondo, Ténis de Mesa, Voleibol e Voleibol de Praia.

A RTP é, segundo a lei, um Serviço Público que “está obrigado a satisfazer as múltiplas necessidades culturais, educativas, informativas e recreativas dos diversos públicos específicos”.

Assim, no cumprimento deste Serviço Público (também pago pelos meus impostos), a RTP tratou os Jogos da Lusofonia como algo de pouco interesse, sobretudo porque se trata de uma matéria que, de facto, só interessa a Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Timor-Leste.

E graças à visão estratégica da RTP é que a CNN (uma pequena televisão se comparada com a universal RTP) tem dado mais cobertura aos Jogos da Lusofonia, numa clara demonstraçao de que os norte-americanos têm nesta matéria muito a aprender com a Rádio Televisão Portuguesa.

Europa falhou a estratégia para África

A Europa deve admitir que falhou na sua estratégia para África e na tentativa de ajudar o continente a resolver os seus problemas, defendeu hoje em Lisboa o assessor político do presidente da Comissão Europeia. E se a Europa falhou em termos gerais, Portugal terá cumprido no que aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa respeita?

João Marques de Almeida, que falava na Conferência Estratégia e Segurança na África Austral, organizada pela Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento (FLAD), defendeu ainda que os Estados europeus também falham na defesa do "conceito estratégico" que adoptaram e que passa por "usar a força militar em situações que geram crises humanitárias".

João Marques de Almeida referiu ainda que, após a descolonização, "as grandes potências europeias quiseram ajudar a construir Estados, mas depois do fim da guerra-fria constatou-se que se tratava de uma ilusão".

"O que aconteceu foi uma multiplicação de Estados falhados em que apenas se conseguiu fortalecer os regimes, confundindo-se a segurança do regime com a segurança do Estado", acrescentou.

Com a ambição "ainda maior e irrealista" de uma nova estratégia de querer ajudar a construir democracias, a UE deve ponderar se pretende continuar com a política conservadora de "continuar a fazer como até aqui - acções pontuais e compromisso político e diplomático sem resultados positivos - ou uma acção menos conservadora que deverá ter como ponto de partida o reconhecimento do fracasso" , disse.

Assino por baixo.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Carla Teixeira aconselha... com algum exagero

«Orlando Castro é uma daquelas pessoas que já viveu muito, e não o digo em termos de quantidade de vida (não é velho), mas de qualidade e variedade de experiências ricas de sabor e de sentido. Quando o conheci, há uns anos – ainda eu frequentava a universidade e esperava pelo dia em que viria a escrever num jornal e, como ele, ser jornalista –, percebi que o homem sabe o que diz.

O que não percebi logo, mas isso porque não era ainda tão atenta como sou hoje ao teor dos pensamentos e dos actos alheios, é que Orlando Castro é um pensador notável, com uma grande vantagem em relação a muitos (quase todos) os pensadores que vou conhecendo.

E pronto, peço desculpa pela “ensaboadela”, mas isto nem vem muito a despropósito. É que há dias, por ocasião do lançamento do seu último livro, tive a oportunidade de, agora em termos profissionais (meus e dele), reencontrar Orlando Castro.

Trocámos apenas umas breves palavras sobre a obra, para um texto curto que publiquei e que, estou certa, pouca gente terá lido. Mas fiquei desde logo com a sensação de que o livro, «Alto Hama – Crónicas (diz)traídas», é certamente uma obra a não perder.

Não porque foi escrito por um jornalista que admiro, nem sequer porque o seu autor é um homem frontal e directo, como são todas as pessoas que admiro, como procuro ser eu mesma sempre. Fica o texto sobre o livro (publicado na edição do dia 15 de Setembro de "O Primeiro de Janeiro"). E fica o conselho: vale a pena ler.»

Carla Teixeira in http://mentedespenteada2.blogs.sapo.pt/

Nota: Só mesmo tu para me fazeres crer que, afinal, ainda vale a pena ser Jornalista.

terça-feira, outubro 10, 2006

Reestruturação empresarial
com regras viciadas à partida

As novas metodologias usadas pelas empresas portuguesas para despedir pessoal, com suposta justa causa, são cada vez mais sofisticadas. Não deixam, contudo, de ser uma espécie de gato escondido com rabo de fora. Ou seja, só não vê quem não quer ou não sabe ler. E pelos vistos os poderes instituídos, as leis e a própria Constituição do país ou são cegos ou letra morta.

Para tirar o ónus do despedimento às administrações ou até mesmo aos patrões, são contratadas empresas que vão analisar a actividade/produtividade dos empregados tendo em vista – segundo a tese oficial – racionalizar o trabalho e (é claro!) criar mais-valias.

A teoria até nem é má. Na prática é que a porca torce o rabo. Perante a susposta impossibilidade de em muitos casos contactar todos os trabalhadores, a empresa contratada ouve apenas os elementos da hierarquia.

Sendo certo que dificilmente esses elementos da hierarquia serão atingidos pelos despedimentos, eles dirão mais ou menos o que já está definido à partida (redução do número de trabalhadores), num jogo claramente viciado.

Por outras palavras, antes do “julgamento” já a “sentença” foi dada. Depois resta preencher as formalidades de modo a legitimar o veredicto.

É claro que o princípio do contraditório, que alguns ingenuamente consideram uma a garantia fundamental da Justiça, não é chamado para o processo.

Porque há razões que a razão desconhece, os que vão ser despedidos não têm direito individual de defesa, limitando-se as administrações a dizer que, segundo o estudo da empresa X, a racionalização do trabalho justifica que uns tantos empregados vão para a rua.

Em tempos, Belmiro de Azevedo afirmou que "um subalterno tem o dever de questionar uma ordem do chefe e, se for o caso, dizer-lhe que não é suficientemente competente". Pois. Hoje esses subalternos (por muita razão que tenham) estão na lista dos dispensáveis.

Listas que já existem e que são entregues às empresas exteriores para que elas, a partir daí, possam dar um parecer que as legitime.

domingo, outubro 08, 2006

“Quando oiço falar de Jornalistas pego na pistola”

Putin e companhia não estão com meias medidas. Quando ouvem falar de Jornalistas pegam logo na pistola. Pegam e utlizam. Foi isso que fizeram com Anna Politkovskaia, a Jornalista russa que ficou conhecida nos países ocidentais pela cobertura crítica que fez da guerra na Tchetchénia.

Quando comentei o assunto com um colega, a resposta foi lapidar. Mesmo por cá (Portugal) não falta quem queira fazer o mesmo. É verdade. Mas não creio que sejam assim tantos.

E não creio porque, por estas bandas, há meios mais sofisticados para atingir os mesmos fins. Não é preciso dar um, ou quantos forem precisos, tiro no Jornalista.

Basta, no Natal, por exemplo, oferecer-lhe uma pistola. Depois faz-se uma reestruturação empresarial (sinónimo óbvio de despedimentos). Quando o Jornalista descobrir que não tem dinheiro para pagar o empréstimo da casa ou os estudos dos filhos... dá um tiro na cabeça.

Anna Politkovskaia fez carreira como jornalista de investigação e tornou-se conhecida fora da Rússia pelas reportagens críticas que fez na república separatista da Tchetchénia, onde escreveu sobre os assassínios, torturas e espancamentos de civis pelas forças russas.

Por essas reportagens, Politkovskaia recebeu vários prémios de jornalismo, entre os quais a Caneta de Ouro (da União de Jornalistas da Rússia), em 2001 , o do Pen Club International, em 2003, e o Prémio Jornalismo e Democracia da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

De nada lhe valeram. A verdade é incómoda, seja na Rússia, em Angola ou em Portugal. O que varia são os métodos para calar o mensageiro. No caso russo, segundo a Comissão para a Protecção dos Jornalistas, morreram 23 entre 1996 e 2005.

Apesar desta dura realidade, todos aqueles que estão de pistola em punho sairam à rua para condenar o que se passou e dizer que a liberdade de Imprensa é um valor sagrado.

Sagrado sim desde que não toque nos interesses instalados, desde que só diga a verdade oficial.

O enorme exemplo de Fernando Casimiro (Didinho)

Conheci o Fernando Casimiro, Didinho, no dia 23 de Setembro na Casa de Angola, em Lisboa. Embora guineense, mas sobretudo lusófono e também angolano, honrou-me com a sua presença no lançamento do meu livro. No entanto, de há muito que lia (e às vezes comentava) o que o Didinho escrevia em vários sítios, nomeadamente no Notícias Lusófonas.

Defensor acérrimo do que pensa ser a verdade, sempre defendeu que "a vida só tem sentido se, para além de nós, outros também puderem viver", tal como advoga que “o primeiro compromisso de todos os guineenses deve ser para com a Guiné-Bissau!”.

Para mim, e sei que não estou isolado (antes pelo contrário), Didinho é um daqueles exemplos que honra e dignifica a Lusofonia, apesar de ser incompreendido, e até mesmo ameaçado, pelos ineptos que não entendem que quem não vive para servir não serve para viver.

O seu amor à liberdade fá-lo lutar pela dignificação do seu Povo, leva-o a não ter medo das palavras, mesmo quando elas criticam os ditadores e todos aqueles poucos que têm milhões e se estão nas tintas para os milhões (sejam guineenses, angolanos etc.) que têm pouco ou nada.

Dindinho, embora não esteja só, é uma espécie em vias de extinção. Ao privilegiar a competência em vez da subserviência, está a criar um exécrcito de inimigos recrutados nas latrinas da incompetência.

Mas de uma coisa estou certo. A História da Lusofonia, e neste caso da Guiné-Bissau, não se escreverá sem que Fernando Casimiro dela conste como paladino do seu Povo.

É, também por isso, meu caro Didinho, que tenho orgulho em ter-te como amigo. Ontem, hoje e amanhã. Sempre.

sábado, outubro 07, 2006

Portugal já está em bicos de pés
para ajudar Angola nas eleições

O embaixador de Portugal em Angola, Nuno António Ribeiro de Bessa Lopes, anunciou, em Luanda, a realização de um seminário da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para abordar a problemática das eleições neste país.

Não deveria ser o Secretariado Executivo da CPLP a fazer tal anúncio? Não. É claro que não. A organização joga no sistema de todos a monte e salve-se quem puder.

O diplomata luso que fez esta revelação no termo de uma palestra sobre "Eleições, concretização da paz e desenvolvimento", promovida pelo Centro de Estudos Estratégicos de Angola (CEEA), precisou que o encontro terá lugar na capital angolana, em Novembro próximo.

Ainda bem que o embaixador avisou com tempo. Assim a CPLP vai ter também tempo para dizer que sabia do seminário.

Salientou o embaixador que contactos neste sentido foram já encetados em Maio do ano transacto, entre o Ministério da Administração do Território e uma missão técnica da Administração Interna do seu país que se deslocou à Angola com esta finalidade.

Tudo em nome da CPLP mas sem a CPLP saber. É assim mesmo!

"Temos uma experiência antiga e parte dos funcionários que cá estiveram, em 2005, já tinham participado na organização das eleições de 1992", lembrou Nuno António Ribeiro de Bessa Lopes, que renovou a disponibilidade dos portugueses voltarem a colaborar com Angola nesta área, "quer no âmbito bilateral quer multilateral".

É claro que experiência não falta aos portugueses. Seja nesta matéria ou naquela que desempenharam com êxito e que levou à morte de Jonas Savimbi.

Trabalhar em conjunto entre Portugal e os países da CPLP na organização na máquina eleitoral em Angola é, segundo o embaixador, uma necessidade que o organismo pretende satisfazer como forma de responder ao apelo logístico feito pelo Governo angolano à comunidade internacional.

Aguardo. Um dias destes estará o Brasil (que também teve um contributo decisivo na morte de Savimbi) a liderar o processo em nome, é claro, da CPLP. Além disso, não restam dúvidas que brasileiros e portugueses são os melhores aliados que o MPLA poderá escolher para ganhar as eleições...

sexta-feira, outubro 06, 2006

Afinal quem manda não é o Governo
mas sim o Comité Central do MPLA

«O Programa da Província do Huambo para o biénio 2005/2006 para além de dar continuidade à estratégia do programa de melhoramento e aumento da oferta dos serviços sociais básicos do biénio de 2003 e 2004, deverá cumprir com a estratégia do Departamento para a Política Económica e Social do Comité Central do MPLA, que definiu os termos de referência para a elaboração do Programa Geral do Governo, para o biénio 2005/2006», lê-se no site do Governo do Huambo.

E eu que pensava (santa ingenuidade!) que a estratégia era, por falta de órgãos autárquicos eleitos , determinada pelo Govermo do país.

Afinal não. Quem determina é do Departamento para a Política Económica e Social do Comité Central do MPLA.

Um dos objectivos (do Departamento para a Política Económica e Social do Comité Central do MPLA, está bom de ver) é o combate à pobreza e a promoção da estabilidade social. Onde é que entra o Governo do país?

Há quase um ano, Dezembro de 2005, o Governador da Província, António Paulo Kassoma (na foto), disse “esperar que todos possam compartilhar os bons momentos que a paz nos está a proporcionar e que no dia família, todas as família possam estar unidas, com saúde e alegres e que o ano de 2005 que em breve termina, possa contribuir para melhor desempenho de cada um no próximo ano e que as famílias estejam cada vez mais unidas”.

Famílias unidas? Unidas por quem? Pelo Departamento para a Política Económica e Social do Comité Central do MPLA, ou pelo Governo (apesar de não eleito) do país?

E o investimento humano de quem
não se revê no MPLA/Dos Santos?

Depois de ter passado por vários países da Europa e de um encontro com o Papa Bento XVI, o líder da UNITA, Isaías Samakuva, estará este fim de semana no Porto. Embora seja uma visita privada a convite de António Vilar, terá um almoço de trabalho com o empresário Américo Amorim.

António Vilar, velho amigo de Samakuva (tal como o fora de Jonas Savimbi) preside ao Fórum Portucalense, organismo que lançou este ano o primeiro "Guia de Negócios em Angola", defende que os empresários portugueses devem preparar-se para acompanhar o forte crescimento da economia angolana nos próximos três anos.

"Angola está a apostar em áreas tão diversas como a distribuição de com bustíveis, os projectos residenciais, a criação de infra-estruturas industriais, o fornecimento de serviços à Internet, a hotelaria e restauração, entre outros" , diz António Vilar.

Segundo dados do Governo de Luanda, a economia angolana deverá crescer este ano 15,5 por cento, mais 3,8 por cento do que em 2004.

Espera-se que, a par do apelo ao investimento português em Angola, Samakuva tenha engenho e arte para sensibilizar e captar o investimento humano angolano-português que não se revê no MPLA e que apenas espera por um sinal.

«Alto Hama - Crónicas (diz) traídas»
- Apresentação dia 19 em Rio Tinto

No próximo dia 19, às 21 horas na livraria Bertrand do Centro Comercial Parque Nascente, em Rio Tinto (Porto, Portugal), será apresentado o livro «Alto Hama – Crónicas (diz) traídas» do Jornalista Orlando Castro.

Editada pela Papiro Editora com o apoio da Casa de Angola, a obra reúne crónicas que abordam temáticas relacionadas com os países da Lusofonia. O prefácio é de Eugénio Costa Almeida, que também fará a apresentação.

Segundo Eugénio Costa Almeida, autor do prefácio, «Alto Hama - crónicas (diz)traídas» é um livro onde se analisam alguns casos respeitantes a Portugal, a Angola, à lusofonia e todas as vertentes que a envolvem, como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a africanidade e alguns sectores não africanos, assim como o jornalismo.

Orlando Castro nasceu em 1954 em Angola, onde viveu até 1975. A sua actividade jornalística teve início muito antes da independência do país no jornal «A Voz dos Mais Novos», órgão de informação do Liceu Nacional General Norton de Matos de Nova Lisboa. Foi também nesta instituição que se diplomou em Jornalismo.

Ainda em Angola, entre 1973 e 1975, foi redactor do diário «A Província de Angola» e chefe de Redacção da revista «Olá! Boa Noite», bem como colaborador da Rádio Clube do Huambo, da Emissora Comercial do Huambo e do bi-semanário «O Planalto».

Em Portugal, para onde veio em finais de 1975, colaborou com os jornais «Pontual», «O País», «Templário», «Jornal de Ramalde», «Vida Social», «Voz do Barreiro», «O Primeiro de Janeiro» e ainda na «RIT – Revista da Indústria Têxtil». Integra, desde 1991, a redacção do «Jornal de Notícias».

É também autor dos livros «Algemas da Minha Traição» (1975), «Açores - Realidades Vulcânicas» 1995), «Ontem, Hoje… e Amanhã?» (1997) e «Memórias da Memória» (2001).

Nota: Este texto foi publicado em www.huambodigital.net a quem agradeço.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Morram primeiro e disparem depois
- Um conselho aos militares da GNR

O Jornal de Notícias revela na sua edição de hoje que o soldado da GNR de Matosinhos que, ontem de madrugada, alvejou dois jovens (um deles mortalmente) durante uma perseguição automóvel ficou detido por estar indiciado num crime de homicídio simples com dolo eventual e por outro crime do mesmo género, mas na forma tentada.

Em causa estão, respectivamente, a morte de Vítor Hugo Carvalho da Cruz, de 21 anos, atingido com um tiro, e os ferimentos graves causados a Bruno Manuel Costa, de 17 anos, que foi alvejado na barriga e está internado no Hospital de Santo António.

Se a morte de alguém é sempre de lamentar, a dor dos familiares é algo que todos devemos respeitar e compreender. Compreender até que peçam a pena de morte para o autor dos tiros.

Importa, contudo, ser mais racional.

Estariam os jovens sóbrios e foram vítimas de malvadez do militar da GNR?

Não. Estavam, segundo o relato de um dos sobreviventes ao JN, alcoolizados e na posse de uma pequena quantidade de haxixe.

Teriam os jovens respeitado a ordem de paragem dada pelos militares da GNR?

Não. Segundo fonte da GNR, o condutor do Peugeot 106 levou a cabo "uma condução perigosa e desenfreada, galgando passeios e circulando em contra-mão” e “quase chocava frontalmente com um condutor".

Teriam os jovens no interior do carro apenas as suas coisas de uso pessoal?

Não. Tinham uma arma de alarme adaptada para calibre 6,35 mm que, durante a fuga, arremessaram pela janela.

Com este quadro, aconselho os militares ou polícias que zelam pela minha segurança a, das duas uma: levarem primeiro um tiro (ou, de preferência, dois ou três) e só depois dispararem ou abandonarem a profissão.

É que, se não for assim, acabam presos e acusados de homicídio. É caso para dizer: morram primeiro e disparem depois.

terça-feira, outubro 03, 2006

Jornalista guineense ameaçado de morte

Chegou-me à caixa do correio uma mensagem/alerta sobre uma ameaça de morte dirigida ao jornalista guineense Adulai Indjai.

É inaceitável que situações do género continuem a acontecer na Guiné-Bissau. A minha total solidariedade para com o jornalista Adulai Indjai e também para todos os que representam a Comunicação Social na Guiné-Bissau.

O momento é realmente de grande preocupação, se tivermos em conta que Nino Vieira no seu último discurso à Nação acusou a Comunicação Social de estar a difamar a Guiné-Bissau!

Pese embora essa preocupação, a Imprensa guineense não deve submeter-se ás pretensões intimidatórias de ninguém!

Estamos dispostos a morrer por uma causa nobre, mas jamais aceitaremos que a ditadura volte a pisar os nossos direitos!

É esta a Guiné-Bissau em que todos se atrevem a falar de Reconciliação, mas ninguém ousa apontar o dedo na direcção onde está o mal, e sabendo onde está esse mal!

Nota: Este texto é da autoria de Fernando Casimiro (Didinho). Assino por baixo.

A centralidade da língua portuguesa
e a inépcia de quem pode mas não quer

Em entrevista à Agência Ecclesia, João Gomes Cravinho, o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do governo português que comparou Savimbi a Hitler, disse que “na nossa presidência da UE (na segunda metade do próximo ano) vamos aproveitá-la para procurar reforçar os laços entre a CPLP e a União Europeia”. Cá estaremos para ver.

Não sei bem porquê (isto é como quem diz) a Agência Ecclesia achou também por bem perguntar a João Cravinho se “não há o perigo da língua de Camões desaparecer nestes países lusófonos?”

A resposta, tão sintética quanto o incómodo da pergunta, foi “não creio, mas em cada país o desafio é diferente. A língua portuguesa assume uma centralidade fundamental”.

Tão fundamentel que se João Gomes Cravingo quiser falar com o assessor de Imprensa do “lusófono” primeiro-ministro de Timor-Leste o terá da fazer em inglês.

Alguém, com noção estratégica de longo prazo já pensou o que significa a CPLP (não a organização que tem esta sigla, mas a comunidade propriamente dita)?

- Seria o quinto “país” mais populoso do mundo com 233 milhões de habitantes depois da China, da Índia, dos EUA e da Indonésia.

- Seria o segundo “país” em área com 10 642 605 quilómetros quadrados depois da Rússia.

- O seu índice de desenvolvimento humano calculado pela ONU vai do 27º lugar ocupado por Portugal, seguido do Brasil (63º), Cabo Verde (105º), São Tomé e Príncipe (126º), Timor-Leste (140º), Angola (160º), Moçambique (168º) e Guiné-Bissau (172º).

- O PIB per capita mais baixo pertence à Guiné Bissau. Portugal lidera com 18105 dólares, seguido do Brasil, com 6771. Todos os outros estados estão abaixo dos 2500 dólares.

- Dos seus membros, quatro são produtores ou futuros produtores de Petróleo. O próximo poderá ser a Guiné-Bissau.


segunda-feira, outubro 02, 2006

CPLP “embrulhou” o site com papel de qualidade

O site da CPLP (www.cplp.org) está mais bonito. O seu a seu dono. O embrulho está mais atraente. Faz-me lembrar aquele tipo de gente, supostamente importante, que compra a prenda nos chineses e a manda embrulhar com papel de uma loja da moda.

Seja como for, a CPLP está a somar pontos. Para muitos só os olhos é que comem e, para esses, as cores e a apresentação valem tudo. Numa sociedade de aparências, o site mostra que está no caminho certo. Aparenta ser dinâmico, mas não é. Aparenta ser actual, mas não é. Aparenta ser um instrumento ao serviço da Lusofonia, mas não é.

Um dos princípios da CPLP é o «primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social». Será por isso que não fala da situação angolana, timorense ou guineense?

Um dos objectivos da CPLP é «a materialização de projectos de promoção e difusão da língua portuguesa». Será por isso que nos links que o seu site sugere não figura um único dos muitos órgãos de comunicação social que na Internet informam sobre a Lusofonia?

Como não gosto de comer gato por lebre (o que não é garantia de que nunca tenha comido), permito-me perguntar à CPLP (ou a quem, para além de mim, a sustenta) se na Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa não se passou nada de relevante depois de 21 de Setembro?

É que, com a actualidade à distância de um dedo, o site desta CPLP tem como mais actual o comunicado final do «Grupo Internacional de Contacto sobre a Guiné-Bissau».

Dir-me-ão que a finalidade do site da CPLP não é informar com actualidade mas, talvez, ir informando ao sabor das marés, do que interessa aos poderes instituídos e com uma navegação à vista.

Se é para isso, o melhor era poupar dinheiro aos contribuintes. Muito melhor e muito mais actual existem diversos sites e similares, entre eles um que dá pelo nome de google!

domingo, outubro 01, 2006

Os exemplos de Lula e Eduardo dos Santos

A maioria dos 125,91 milhões de eleitores brasileiros que hoje vão eleger o presidente da República, deverão dar a vitória a Lula da Silva.

E porquê? Porque o voto é a única coisa que os milhões que têm pouco, ou nada, têm igual aos poucos que têm milhões.

Será por saber desta realidade (ou não tivesse no seu círculo de conselheiros muitos brasileiros) que o vitalício (já lá vão 27 anos no trono) presidente de Angola teme ir a votos?

De qualquer maneira, José Eduardo dos Santos tem um trunfo que pode ser decisivo em Angola e que, pela imensidão populacional, não funciona no Brasil.

Em Angola é mais fácil, além de barato, comprar os votos. Basta um saco de fuba (mesmo que sem peixe podre e porrada se refilares) para que os milhões de famintos ponham a cruz em Eduardo dos Santos.

Além disso, o MPLA pode sempre jogar a cartada do fantasma de Savimbi e do espectro do regresso à guerra.

Esperemos para ver. No caso de Angola, esperemos sentados porque não se sabe quando, e se, haverá eleições.