quarta-feira, janeiro 31, 2007

Respeitem o “velho” Holden Roberto

Holden Roberto, com 84 anos, é a única personalidade cimeira do nacionalismo angolano que está viva. Esse facto não será, só por si, suficiente para que Angola lhe atribua, também do ponto de vista dos bens materiais, o que ele merece? Ou será que terá de andar a pedir esmolas aos amigos e ao Governo, já que com o contributo inerente à representação parlamentar da FNLA não tem, digo eu, dinheiro sequer para pagar a luz?

Que país é Angola que tem tanta dificuldade em reconhecer a Holden Roberto, como a Agostinho Neto e Jonas Savimbi, o estatuto de Herói Nacional? Porque razão, o Estado tem tanta necessidade de humilhar Holden Roberto? Será assim que se luta pela instituição de um Estado de Direito?

Não me agrada que este velho guerrilheiro, natural de Mbanza-Congo, no Norte do país, enfrente dificuldades para pagar os tratamentos médicos que não consegue em Angola e que, como se isso não bastasse, o Governo tenha o desplante de dizer que ajuda e avance com algumas migalhas.

Não me agrada que este velho guerrilheiro enfrente dificuldades para pagar os tratamentos médicos, quando Maria Augusta Tome, ou simplesmente “Magu” esposa do Primeiro-Ministro, Fernando Dias dos Santos “Nandó”, aluga um Falcon da SonAir para fazer exames médicos de mera rotina... em Londres.

Respeitem, por favor, o “velho” Holden porque ao respeitá-lo estão igualmente a respeitar os angolanos.

A demagogia de Nino Vieira

Perante a passividade criminosa do Mundo (mais ou menos) livre, mas sobretudo de uma “coisa” que dá pelo nome de CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), o presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira, continua a achar que é a solução para o problema guineense quando, de facto, é um problema para a solução.

Falando no encontro de apresentação de cumprimentos de Novo Ano às Organizações da Sociedade Civil, Nino reconheceu (como se nada tivesse a ver com isso) que os "múltiplos problemas políticos no país são as consequências da incapacidade de toda a sociedade guineense em gerir pacificamente divergências políticas e em criar consensos, que permitam dar ao povo segurança e bem estar a que têm legitimamente direito".

E quem é o mais puro paradigma desses problemas? Exactamente Nino Vieira a quem não assiste, só pelo facto de ter sido eleito democraticamente(?), o direito de instituir um sistema do tipo quero, posso e mando.

Nino Vieira apelou a todos para ultrapassarem o "estado actual das coisas" para melhorar a vida do povo guineense. Pois. E qual é o exemplo do próprio presidente? Continua a amamentar os poucos que têm milhões e a esquecer os milhões que têm pouco, ou nada.

O chefe de Estado guineense pediu para todos "estarem vigilantes à tentadora tendência de instrumentalização política em prol da democracia e do desenvolvimento".

Atentos, senhor presidente, estão os guineenses. E sabem que o responsável pela instrumentalização política é tão somente o chefe de Estado, de seu nome Nino Vieira.

"Em democracia, a participação vai além da disputa política e o que se espera da Sociedade Civil é que seja pró-activa e capaz de chegar onde não chega o Estado, nem tão pouco os partidos políticos", sublinhou Nino Vieira.

Nisso tem razão. Aliás, nas ideias tem razão muitas vezes. O problema está na prática. Como é que a sociedade civil pode ser pró-activa se o país tem um presidente que é ditador, que não aceita críticas e que elimina todos os que pensem da forma diferente?

De novo, como sempre acontece na altura das crises, o presidente guineense insistiu na necessidade do trabalho conjunto para "ultrapassar as feridas e fracturas do passado e construir uma verdadeira paz, fruto de uma real e efectiva reconciliação nacional".

Quando o povo morre à fome e, ali mesmo ao lado, meia dúzia de privilegiados vive à grande e à francesa, não há reconciliação possível. O primeiro passo para a reconciliação passa pela saída de Nino Vieira. E, por muito que o presidente esteja agarrado ao poder, vai um dias destes cair do trono.

domingo, janeiro 28, 2007

«CALE-se» e veja o que há de melhor
no (bom) teatro amador de Portugal

O teatro amador, no seu melhor, está de alma e coração (e, é claro, com muito suor) a tomar conta de Canidelo, em Vila Nova Gaia. A qualidade dos espectáculos e da organização bem mereciam que tomasse conta de todo o país. Um dia talvez. Até Março, grupos oriundos de vários pontos do país exibem a sua nobre arte no «CALE-se», um festival que pretende ser (já é, digo eu) uma referência para todos os que amam o teatro.

O Festival Nacional de Teatro Amador «CALE-se», promovido pelo CALE Estúdio Teatro, começou no passado dia 20 com a presença do patrono do evento, o actor Ruy de Carvalho. E com a exibição da peça «O Sentido da Vida», de Emílio Boechat, pelo Grupo de Teatro Amador de Taveiro.

O festival, integrado nas comemorações dos 21 anos do CALE Estúdio Teatro (CET), decorre até 24 Março, nas instalações da Associação Recreativa de Canidelo.

O objectivo deste festival é levar a Canidelo o que de melhor se produz em teatro de amadores em Portugal. “Acreditamos que o «CALE-se» possa ser, a médio prazo, um festival de referência para todos os não profissionais de teatro”, afirmou o co-fundador do CET e promotor do festival, Luciano Nogueira.

Serão atribuídos oito prémios de mérito (interpretação masculina, interpretação feminina, cenografia, luminotecnia, guarda-roupa, sonoplastia, encenação e espectáculo) e ainda o «Prémio do Público», que vai distinguir o melhor espectáculo, segundo a opinião dos espectadores.

A denominação «CALE-se» tem um duplo sentido. Em primeiro lugar, significa que ninguém conseguiu calar os amadores, quer nos tempos da ditadura, quer nos dias de hoje, apesar do corte no apoio às actividades culturais. Em segundo lugar, surge como um apelo à população para que se junte ao CET e se envolva com o projecto. Ou seja, o cidadão comum será exortado a “manter viva a chama do voluntário cultural”.

“Vamos privilegiar grupos que a população, nomeadamente a de Canidelo, não tem oportunidade de ver. Serão grupos de longe, com qualidade. Vamos também privilegiar o humor, dado que é a primeira vez que fazemos o festival e ainda não há o hábito de ir ao teatro”, referiu Luciano Nogueira. O «CALE-se» pretende ser (já é, na minha opinião) o embrião pró-activo de uma forma de estar no teatro, um espaço de reflexão e debate.

As origens do CET remontam a 26 de Janeiro de 1986. “Num chuvoso sábado de manhã, reunimos para corporizar a ideia de montar uma pequena peça de teatro, na Escola Secundária Almeida Garrett”, recordou Luciano Nogueira, confessando que o grupo de adolescentes que então estava a terminar o secundário “estava muito longe de imaginar que estaria hoje a apresentar o CALE-se”. Nos últimos 20 anos, o CET tem sido “uma segunda família”.

3 de Fevereiro - «(N)a Tua Ausência», de Paulo Ferreira. Encenador Luís Mendes. Pelo TPN - Teatro Passagem de Nível (Amadora).

10 de Fevereiro - «A Vizinha do Lado», de André Brun. Encenador João Gomes. Pelo Grupo Renascer (Esmoriz).

24 de Fevereiro - «Humor não paga imposto», de Fernando Marques. Encenador Francisco Nogueira. Pelo Grupo Dramático Beneficente de Rio Tinto (Gondomar).


10 de Março - «Até às Cinzas», de Joaquim Murale. Encenador José António. Pelo ACGITAR (Gondomar).

17 de Março - «Kikerikiste», de Paul Maar. Encenador José Teles. Pelo Cegada Grupo de Teatro (Alverca).

24 de Março - Encerramento c/ sessão de entrega de prémios. «Médico à Força», de Molière. Encenador António Clemente. Pelo Ultimacto – Grupo de Teatro de Cem Soldos (Tomar).

sábado, janeiro 27, 2007

Faltam bananas para tantos macacos

A sociedade portuguesa está a mudar. Durante anos parecia séria, mas não era. Agora não parece nem é. São cada vez mais os exemplos do que se julgam pianistas só porque compraram um piano, que se julgam pintores só porque decoraram as cores do arco-íris. Ou, já agora, jornalistas só porque escrevem o nome em cheques mais ou menos chorudos.

Por outras palavras, se se medir o nível intelectual de Portugal pelo número de pianos, obras de arte etc. comprados é certo que o país está bem colocado.

Assim, numa sociedade de aparências e de deslumbrante “play-back”, são cada vez mais os que estão na ribalta embrulhados em etiquetas sociais de renome, talvez até importadas de Paris. O presente é, ou parece, ser deles. Se o futuro também o for, então Portugal estará à beira do fim.

São como os frutos de plástico que ornamentam as exposições de mobiliário. Lindos, gostosos e sedutores quando vistos à distância…

Não deixa, contudo, de ser elucidativo ver como o acessório é mais relevante do que o essencial, como o embrulho é mais importante do que o produto, como a capa é mais vital do que o conteúdo, como o nome é mais paradigmático do que tudo o resto.

É uma sociedade de faz de conta, onde o que importa é dizer-se que se tem um stradivarius porque se sabe que ninguém vai querer saber que o instrumento é, afinal, de plástico e foi comprado na Feira da Vandoma, no Porto.

E assim não vamos lá. Portugal precisa de uma estratégia (ou desígnio) que valorize quem tem ideias e não quem diz que as tem. Que institua o primado da competência independentemente da filiação partidária e das cunhas.

No entanto, o problema é bem mais extenso. Não se resume a pessoas. Assenta na mentalidade de quem dirige o país e esses não são, necessariamente, os ministros e os secretários de Estado.

São, sobretudo, aqueles que comandam a economia, que dão emprego aos políticos, e os poderes paralelos que ditam as regras do jogo e que, tantas vezes, as alteram quando mais convém. São as grandes empresas, as associações empresariais, as fundações e outros similares que proliferam na sociedade desta República… das bananas.

E como as bananas escasseiam e há cada vez mais macacos…

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Gato escondido (?) com rabo de fora
na recém nomeada direcção do IPAD

A actual Direcção do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), criado em Janeiro de 2003, e que resulta da fusão entre o Instituto da Cooperação Portuguesa (ICP) e a Agência Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento (APAD), tomou posse no passado dia 19. Pelo exemplo de um dos três vice-presidentes, no caso Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida, ficamos com a certeza de que algo vai mal neste reino. Basta ver o respectivo curriculum.

A política de Cooperação Portuguesa e de Ajuda Pública ao Desenvolvimento é coordenada, supervisionada e dirigida, desde Janeiro de 2003, pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD). No seu diploma constitutivo (decreto-lei nº 5/2003 de 13 de Janeiro de 2003), o IPAD é o instrumento central da política oficial de Cooperação para o Desenvolvimento, tendo como principais atribuições, melhorar a intervenção portuguesa e assegurar-lhe um maior relevo no âmbito da Cooperação, no cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português.

Até aqui tudo bem. Vejamos contudo a genialidade curricular de Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Nasceu em Setembro de 1969 e com 15 (quinze) anos de idade (ou seja em 1984) iniciou – de acordo com os dados apresentados no site do IPAD – a “Licenciatura em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa», que terminou em 1987.

Para além de se enaltecer o facto de ter começado a Licenciatura com 15 (quinze) anos, importa dizer que a Universidade Lusíada informa que a Licenciatura em Relações Internacionais só começou a ser ministrada em 1986, ou seja dois anos depois da data referida pela vice-presidente do IPAD.

Acresce que a mesma era de cinco anos e não de quatro como diz o curriculum de Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Ainda no campo da genialidade da vice-presidente do IPAD registe-se quem ainda em 1984, portanto com 15 (quinze) anos de idade, Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida iniciou dois outros cursos, o de língua inglesa pelo American Institut e o de língua francesa pela Alliance Francaise.

Acresce, continuamos no campo de uma paradigmática genialidade, que Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida concluiu quer a licenciatura quer os dois cursos de línguas no mesmo ano, 1987.

Sendo a cooperação para o desenvolvimento uma prioridade da política externa portuguesa, onde pontuam os valores da solidariedade e do respeito pelos direitos humanos, nada melhor do que ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Sendo a coordenação da ajuda pública ao desenvolvimento realizada por um único organismo, o IPAD, que assegura também a supervisão e a direcção da política de cooperação, nada melhor do que ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Sendo o IPAD um instrumento central da política de cooperação para o desenvolvimento, tendo por finalidade, num quadro de unidade da representação do Estado, melhorar a intervenção portuguesa e assegurar-lhe maior relevo na política de cooperação e cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português, nada melhor do que ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Tendo a acção do IPAD em vista a promoção do desenvolvimento económico, social e cultural dos países de língua oficial portuguesa, bem como a melhoria das condições de vida das suas populações, nada melhor do que ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.




quinta-feira, janeiro 25, 2007

Uns são mais iguais do que outros
- Tudo depende da filiação… política

O ministro da Presidência do Governo português, Pedro Silva Pereira, manifestou hoje a esperança de que o Plano Nacional de Acção do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades mobilize "muito fortemente a sociedade portuguesa". Eu também espero embora, reconheço, acredite mais na igualdade entre os que tenham um cartão de filiação no… PS.

O ministro da Presidência, que participou no lançamento do concurso "A minha escola contra a discriminação racial", sublinhou que o plano vai ser apresentado a 22 de Fevereiro e insere-se no âmbito do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, que se assinala este ano.

Escusando-se adiantar mais pormenores sobre o plano, Pedro Silva Pereira referiu que a iniciativa "não pode passar despercebida" e que vai contemplar acções no domínio da opinião pública, iniciativas dirigidas aos problemas da discriminação ou da desigualdade e uma agenda de intervenção política.

Olhai para que nós dizemos e não para o que fazemos, calculo que tenha pensado o ministro.

Uma das acções do plano nacional é o concurso "A minha escola contra a discriminação racial", iniciativa dos ministérios da Presidência e da Educação e dirigida às escolas dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e do ensino secundário de todo o país.

Sim. Todos contra a discriminação racial. Mas essa, apesar de existir, não é a pior das discriminações em Portugal. A mais grave é ser discriminado por se ter ideias diferentes, por não confundir eficiência com subserviência, por pensar pela própria cabeça e não pela dos capatazes.

Nino, ditador amigo, Angola está contigo

Acabo de ler aqui no Notícias Lusófonas que Angola vai apoiar a comunicação pública da Guiné-Bissau. Não está mal. Não sei qual vai ser o slogan mas, creio, será do tipo: “Ditador amigo, Angola está contigo”.

Para além de outros apoios a Nino Vieira, Eduardo dos Santos quer agora exportar a experiência ditatorial do MPLA, neste caso em relação aos media, para um país onde a liberdade é uma miragem.

O vice-ministro da Comunicação Social angolano, Manuel Miguel de Carvalho, inicia amanhã uma visita de uma semana à Guiné-Bissau durante a qual assinará um acordo de cooperação no sector da comunicação social com as autoridades guineense.

"Angola vai apoiar os órgãos de comunicação social públicos guineenses", afirmou João de Barros, secretário de Estado da Comunicação Social da Guiné-Bissau.

Apoiar como? Para quê?

Questionado sobre o tipo de cooperação, João de Barros explicou que as autoridades angolanas vão apoiar os órgãos guineenses com equipamentos, formação, programas e reparação de instalações.

Sobre o mais importante vector do acordo, João de Barros não falou. E esse é o da manipulação da opinião pública no sentido de democratizar a diabólica e ditatorial figura de Nino Vieira e seus comparsas.

Durante a sua estada no país, que termina a 2 de Fevereiro, Manuel Miguel Carvalho visita diversos órgãos de comunicação social guineenses e manterá uma série de encontros, nomeadamente com o Presidente do país, João Bernardo "Nino" Vieira, e o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes.

É claro que o Governo de Luanda tem todo o direito de estabelecer acordos com quem os quiser assinar.

É claro que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem todo o direito de ficar calada.

É claro que os media do Estado, angolanos e guineenses, têm todo o direito da aplaudir mais esta cooperação entre ditadores.

No entanto, é também claro que eu tenho o direito, e o dever, de achar que todos estes acordos não passam de formas conhecidas de perpetuar os ditadores no poder.

Nota: Este mesmo assunto já foi (bem) analisado no
http://pululu.blogspot.com em 21 de Novembro do ano passado.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

S.O.S. Zambézia (Moçambique)
- É urgente meter mãos à obra

Campanha de Apoio e Solidariedade às Vítimas das Cheias na Zambézia. A província da Zambézia encontra-se em estado de EMERGÊNCIA em função das chuvas torrenciais que se estão a abater sobre a província, desde o dia 20 de Janeiro, sobretudo na cidade de Quelimane e Distritos da Maganja da Costa, Mocuba, Chinde, Pebane e Nicoadala.

Milhares de pessoas foram resgatadas para os centros de acomodação e outras 200 mil pessoas, só (em Quelimane) estão afectadas pelas enxurradas onde, em 24 horas, cerca de 900 casas desabaram.

Face a esta situação, a CVM lançou um apelo de ajuda às vítimas na província e no país e desde o dia 23 de Janeiro, um grupo de naturais e amigos da Zambézia, residentes em Maputo iniciou uma campanha de sensibilização e apoio às vitimas das enxurradas denominada “ SOS ZAMBÉZIA EMERGÊNCIA 2007”:

1. As doações/depósitos em dinheiro poderão ser feitas nas contas dos seguintes bancos:

• MILLENIUM BIM conta em USD nº 123938841. em Meticais conta n. 123938550.

• BCI - Fomento conta em Meticais nº 126139781001

2. Para as ajudas em bens, produtos alimentares, utensílios domésticos, “kits” de cozinha, tanques para armazenamento de água potável, medicamentos e outros, estão abertos centros de recolha: a Sé Catedral de Maputo, a Mesquita da Polana, locais para onde as doações poderão ser encaminhadas. Lançamos um apelo à toda a sociedade moçambicana nos quatro cantos do mundo, à comunidade internacional para aderirem a este movimento de apoio e Solidariedade à população da Zambézia.

Contactos: Dr. Ferraz - 82 222 2330; Abdul Carimo - 82 302 1760; Dr. Glória Montanha - 82 301 4700 e Dr.ª Suzete Constança - 82 305 120.

Mãos à obra.

Será crime dançar com terroristas?
- Não! Amanhã eles serão heróis…

O grupo iraniano Mujahedines do Povo, com quem o eurodeputado socialista Paulo Casaca se encontrou no Iraque, continua na lista das organizações terroristas da União Europeia, disse hoje à Lusa fonte oficial do Conselho de Ministros dos 27. Se era só para dançar… bastava ir ao Parlamento português. Se era para estar com “terroristas” não era preciso ir tão longe...

A mesma fonte explicou que a primeira decisão do Conselho da UE, de 2002, que incluiu os Mujahedines na lista europeia de organizações terroristas foi, de facto, anulada pelo Tribunal de Justiça da União, devido a uma mera falha nos procedimentos, mas que se mantêm em vigor as duas revisões de que a lista foi objecto posteriormente, em 2004 e 2006, nas quais se manteve o grupo opositor do regime iraniano.

E não sabiam avisar o eurodeputado? É que, convenhamos, é chato aparecer com supostos terroristas (amanhã serão heróis) e ainda por cima a dançar.

"Este grupo (Mujahedines do Povo) está desde 2002 na lista das organizações terroristas, que já foi actualizada várias vezes, e vai continuar", assegurou à Lusa a fonte oficial do Conselho de Ministros da União Europeia.

Por seu lado, o eurodeputado eleito pelo PS Paulo Casaca sustenta que o grupo foi retirado da lista da UE de organizações terroristas com a sentença do Tribunal de Justiça europeu.

Vá lá. Passem os homens para o grupo dos bons…

O deputado socialista do Parlamento Europeu surgiu no final da semana passada num vídeo divulgado na Internet a confraternizar e a dançar no Iraque com elementos dos Mujahedines do Povo, grupo que os EUA também consideram terrorista. E se Bush considera…

União Europeia chegou agora à RTP N
- Ao NL chegou em Setembro de 2005

Na RTP N começou há dias a ser emitido o único programa diário sobre a actualidade europeia da televisão portuguesa. O "Diário da Europa" pretende tornar a União Europeia mais transparente e compreensível para todos, de modo a que cada português se sinta, cada vez mais, identificado com a UE. Aplaudo, como é óbvio, a iniciativa.

E porque 2007 é o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para todos, tendo como lema “Para uma sociedade justa”, a União Europeia quer incentivar os estados-membros a organizar iniciativas para combater a descriminação.

Assim, num contexto de não descriminação, recordo aos autores da meritória iniciativa que o Notícias Lusófonas criou em 6 de Setembro de 2005 um espaço sobre o tema e que dá pelo nome de “Ser Europeu”, sob a responsabilidade de Liliana Castro, Licenciada em Estudos Europeus pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Obrigado Notícias Lusófonas
- Alto Hama foi desbloqueado

Pode ter sido coincidência, embora eu não acredite. Mas vamos aos factos. Hoje, às 14,27 horas, o Notícias Lusófonas fazia a seguinte Manchete: «Blogger quer, pode e manda à boa maneira das ditaduras» onde relatava que, por exemplo, o meu blogue estava bloqueado há 11 dias. Cinco horas depois o Alto Hama estava desbloqueado. Obrigado NL.

Apesar de satisfeito, mantenho o que afirmei ao NL a este propósito: «Não deixa de ser curioso, apenas isso, que em alguns sites ligados às questões angolanas (as mais tratadas no meu blogue) tenham aparecido referências de que haveriam de calar este meu espaço. Registo igualmente, apenas isso, que é longa a lista de pessoas livres que o poder de Luanda considera como alvos a abater (leia-se, espero, a calar). Quanto à Blogger acrescento que lhes era fácil analisar o assunto já que do blog consta o nome, a cidade, a profissão, o número de carteira profissional e até a chipala».

E se como cidadão fiquei satisfeito com o regresso do Notícias Lusófonas, como responsável por este espaço, e em resultado do que acaba de se passar, ainda mais fiquei. Até novo incidente, o Alto Hama continuará na versão blogue e na versão colunista do NL.

Obrigado também a todos quantos (e foram muitos) me manifestaram apoio e abriram os seus espaços para que me fosse possível continuar a pôr o poder das ideias acima das ideias de poder.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

“Tsunami” nos media estatais de Angola
não passa de um muito pequenino espirro

Nos meios jornalísticos em Luanda, diz a Voz da América, acredita-se que as mudanças operadas nas direcções dos principais órgãos de comunicação social do Estado en Angola não trarão nada de novo, já que não representam qualquer alteração na política do governo em relação à imprensa estatal. É isso que há muito escrevo.

Ou seja, mudam as moscas mas a porcaria continua a mesma, o que – acrescento – não é um exclusivo angolano. De qualquer modo, o facto de se fazerem mudanças para que tudo continue na mesma, pode e deve servir para que os jornalistas sérios (e há muitos em Angola) entendam que urge dar voz aos que a não têm, ou seja, a maioria do povo. Voz que, tanto em Angola como em qualquer outro país, não é dada por nenhum órgão que esteja sob a tutela do Estado

Perante um cenário político em que o principal partido da Oposição, a UNITA, parece mais interessada em olhar para o próprio umbigo do que para a barriga vazia dos angolanos (muitos deles seus simpatizantes), cabe aos jornalistas darem corpo à sua missão de pôr o poder das ideias acima das ideias de poder.

É claro que o mercado é limitado e os investidores, como sempre acontece em alturas como a que Angola se prepara para viver (eleições), estão mais vocacionados para apostar no que conhecem bem, apesar de mau, do que no que não conhecem.

Mesmo assim, haverá investidores que pelo sim e pelo não vão jogar em dois ou mais tabuleiros e apostar em projectos de imprensa privados. Cabe, presumindo que este cenário é credível, aos jornalistas deitarem mãos à obra e avançar. Se Maomé não vai à montanha, que vá esta até ele.

É provável que se passe dos oito para os oitenta, o que é normal numa situação de transformação. É que, mesmo que o MPLA e Eduardo dos Santos vençam as eleições, Angola passará a ser necessariamente um país diferente.

Como diferente passarão a ser, mesmo contra a sua vontade , os media estatais. A economia de mercado vai igualmente ganhar pontos, permitindo que só toque viola quem tiver unhas.

Assim, será natural também que dos novos projectos jornalísticos (dos que se conhecem e dos que estão a caminho) muitos fiquem pelo caminho. Vão separar-se as águas. Só sobreviverão os bons e esses, podem crer, estão quase todos fora da tutela do Estado.

Gomes Júnior pode exilar-se em Cabo Verde
- Se o não fizer corre o risco de Lamine Sanha

Cabo Verde está a acompanhar com preocupação a tensão política na Guiné-Bissau e o Governo dispõe-se a analisar um pedido de asilo do ex-primeiro ministro Carlos Gomes Júnior se este se verificar, disse hoje a ministra da Defesa. O ex-primeiro-ministro guineense sabe bem do que é capaz Nino Vieira e o exemplo de Lamine Sanha, assassinado a semana passada, ainda está bem presente...

"Até ao momento não chegou nenhum pedido nesse sentido (de asilo político a Gomes Júnior, refugiado na sede da ONU em Bissau), mas se chegar naturalmente analisaremos com atenção e daremos a resposta no momento certo", afirmou Cristina Fontes Lima, também ministra da Presidência do Conselho de Ministros de Cabo Verde.

"Cabo Verde acompanha com preocupação a situação na Guiné- Bissau porque é um país com relações tradicionais (com Cabo Verde), mas também por ser um país da região e qualquer instabilidade preocupa- nos pelas implicações que isso poderá ter para todos", acrescentou Cristina Fontes.

Por essa razão, explicou a ministra, o governo da Praia iniciou um processo diplomático através da Comunidade Económica de Países da África Ocidental (CEDEAO) para ajudar a acalmar a situação.

Depois da morte no sábado do antigo Chefe do Estado-Maior da Armada guineense Lamine Sanha, que sucumbiu a ferimentos sofridos num ataque a tiro, jovens manifestaram-se violentamente contra o assassínio do oficial, a que se seguiu uma carga policial de que resultou um morto e dois feridos.

Posteriormente, o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, responsabilizou o Presidente da República pelo assassínio, acusação refutada pela presidência, que considerou este acto como "propaganda hostil, que visa denegrir a boa imagem" de "Nino" Vieira.

Procurado na quarta-feira por um contingente policial que pretendia levá-lo para o Ministério do Interior, Carlos Gomes Júnior procurou refúgio na sede da ONU em Bissau, onde ainda se encontra, enquanto decorrem contactos no sentido de ultrapassar a tensão.

Entretanto, o Procurador-Geral da República pediu a comparência do antigo primeiro-ministro na PGR "como testemunha no âmbito do inquérito em curso à morte do ex-CEMA", um dos operacionais que integrou a Junta Militar liderada por Ansumane Mané que derrubou João Bernardo "Nino" Vieira em Maio de 1999.

Cabo Verde está a "acompanhar a situação de forma a que se consiga uma normalização e que o bom senso prevaleça para que a Guiné- Bissau possa ter as condições para um desenvolvimento em paz e tranquilidade", disse ainda a ministra.

"Estamos preocupados e estamos atentos à questão directamente, mas também no quadro da CEDEAO", insistiu Cristina Fontes Lima, precisando que "há um seguimento estreito" por parte dos vários órgãos cabo-verdianos, nomeadamente o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Presidência da República.

"A diplomacia cabo-verdiana acompanha a questão com atenção, procurando ser útil com qualquer contribuição que possa dar para melhorar a situação", garantiu.

Moçambique perde pontos
na luta contra a corrupção

A organização não governamental norte-americana Global Integrity, de promoção da boa governação, considerou "fraco" o índice de integridade em Moçambique devido aos baixos resultados obtidos na luta contra a corrupção no país.

O Índice de Integridade de 2006 da Global Integrity foi divulgado esta semana em Washington e hoje em Maputo pelo Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique, que elaborou a pesquisa para a ONG no capítulo sobre Moçambique.

O Índice baseia-se nos resultados das categorias Sociedade Civil, Informação Pública e "Media", Eleições, Responsabilidade Governamental, Administração Pública, Supervisão e Regulação, bem como Lei Anti-corrupção e Estado de Direito.

Em relação a Moçambique, a pesquisa indica uma "taxa fraca" nas categorias Lei Anti-Corrupção, Sociedade Civil, Informação Pública e "Media", Responsabilidade Governamental, Supervisão e Regulação.

O desempenho de Moçambique nos processos eleitorais, bem como na administração e sociedade civil é "muito fraco", com uma taxa abaixo dos 60 por cento, refere ainda a Global Integrity.

A taxa mais alta no Índice de Integridade da Global Integrity é de 80 pontos e é atribuída a países com um desempenho "muito forte" nas várias categorias, havendo ainda a classificação de "moderado", com 70 pontos.

O Índice de Integridade de 2006 da Global Integrity analisou 43 países, 15 dos quais africanos.

Sobre os resultados da pesquisa, o director-geral da Global Integrity, Nathaniel Heller, afirmou que "o financiamento às actividades políticas continua a ser um dos principais desafios na luta anti-corrupção no mundo".

Heller referiu também que o estudo demonstrou ainda que "um forte compromisso político pode trazer resultados eficazes na luta contra a corrupção, mesmo com recursos financeiros".

O director do CIP, o jornalista Marcelo Mosse, disse sobre Moçambique que "o combate contra a corrupção é marcado por muita retórica e pouca prática", tendo apontado ainda a impotência do aparelho judicial para julgar casos de corrupção.

Será preciso uma guerra civil para o Mundo
olhar para o que se passa na Guiné-Bissau?

«Caiu a máscara da ditadura! Que cada um de nós: guineenses e amigos da Guiné-Bissau, se convença de que com Nino Vieira e a sua equipa de abutres, no poder, a Guiné-Bissau não tem, nem terá soluções para encontrar a Paz, mas sim a instabilidade. Não tem, nem terá soluções para resolver os problemas dos guineenses, sendo que o país, ao invés de caminhar rumo ao desenvolvimento, está, cada vez mais se distanciando desse objectivo.

É preciso acção! É preciso que os guineenses, face à ditadura vigente, assumam os seus compromissos para com a Pátria -Mãe!

É preciso que os guineenses se unam à volta dos problemas do país e digam BASTA!

É preciso que os amigos da Guiné-Bissau sensibilizem os seus governos a serem solidários para com o povo guineense e activos na condenação da ditadura que vigora na Guiné-Bissau!

Está na hora de mudar! Ajudem-nos nesta tarefa comum! Viva a Guiné-Bissau!»

Artigo de Fernando Casimiro (Didinho) publicado em:
http://www.didinho.org/

Aborto? Não, Obrigado!

Tal como no referendo anterior, a sociedade portuguesa mobiliza-se para discutir a questão do aborto, rotulada de interrupção voluntária da gravidez para que, creio, todos percebam melhor. Uns, os que já nasceram, não têm problemas em ser a favor do “sim”, a favor de uma lei que sabem nunca os atingir. Os outros, os do “não”, onde me incluo, não querem para os outros o que não querem para eles.

Ou seja, se eu tive direito à vida… todos os outros devem ter o mesmo direito.

A tudo isto acresce que defender o “sim” é a mais pura e paradigmática forma de cobardia. Ou seja, se a sociedade não consegue dar condições de vida (aos pais, mas sobretudo às mães), então mate-se quem não tem direito de defesa.

Noutro patamar, seria mais ou menos como a sociedade não ter capacidade para combater o roubo de carros e, para resolver a questão, decidisse legalizar essa actividade, descriminalizando os autores.

Eu sei que, para muitos socialistas, sociais-democratas, comunistas e afins é mais fácil dizer a uma mãe que pode e deve abortar do que lhe dar condições de dignidade que lhe permitam criar o filho. Para mim isso é cobardia e aceitação da falência de uma sociedade solidária e digna.

Por isso: Aborto? Não, Obrigado!

(Se calhar, já que a legalização do aborto não tem efeitos retroactivos – é pena! -, a melhor forma de nos vermos livres de futuros políticos medíocres como os que agora proliferam por aí seria votar “sim”. Mesmo assim… voto “Não”).

Nota: Até ao referendo este texto terá direito à vida.
Volta e meia estará por aqui.


China soma e segue na Lusofonia
- Será difícil perceber este sucesso?

A China vai estimular em 2007 maior investimento das empresas chinesas nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. "O governo de Pequim encorajará as empresas chinesas a investir nos PALOP e a estabelecer parcerias, com o objectivo de ajudar a desenvolver as indústrias locais e criar novos empregos", refere a agência noticiosa oficial chinesa Nova China.

"Ao mesmo tempo, o governo chinês dá boas-vindas a empresas dos PALOP que queiram investir na China", adianta a agência sem citar fontes.

A Nova China refere também que o comércio da China com os PALOP, atingiu os 35 mil milhões de dólares (27,04 mil milhões de euros) em 2006, mais 51 por cento do que em 2005.

No primeiro semestre de 2006, as exportações chinesas para os PALOP aumentaram 60 por cento em relação ao mesmo período de 2005, enquanto as vendas dos PALOP para a China subiram 70 por cento, referiu a agência noticiosa oficial chinesa Nova China, que cita dados oficiais sem, no entanto, especificar a origem dos valores.

Nos primeiros seis meses de 2006, os investimentos chineses nos PALOP superaram o investimento total de 2005, adianta a agência noticiosa.

"Além disso, a China e os PALOP estão a tentar ampliar o comércio bilateral para um patamar entre 45 e 50 mil milhões de dólares (34,7 e 38,6 mil milhões de euros) até 2009 e duplicar os investimentos nos dois sentidos, em três anos, a partir de 2007," acrescenta a Nova China.

"Em 2007, com base nos benefícios já alcançados, a China e os PALOP buscarão uma cooperação mais efectiva e mais estreita, para realizar a meta de um desenvolvimento comum", adianta a agência.

O comércio com o Brasil e Angola representou mais de 85 por cento do total do comércio entre a China e todos os países Lusófonoas.

Citando o Ministério do Comércio, a agência noticiosa oficial chinesa considera "um sucesso" a cooperação com Angola, o maior parceiro económico da China em África.

Entre Janeiro e Outubro de 2006, Angola superou a África do Sul e tornou-se o maior parceiro comercial da China em África, com um comércio bilateral de 9,3 mil milhões de dólares (7,18 mil milhões de euros), segundo o Ministério do Comércio chinês, um valor que a Nova China vem agora dizer que poderá ter ultrapassado os 10 mil milhões de dólares (7,72 mil milhões de euros) até ao final de 2006.

A agência chinesa diz também que Pequim e Luanda exploram actualmente novas áreas de cooperação comercial, desde geração de energia eléctrica e projectos de plantio de arroz e até ao uso de energia solar, fornecimento de ferramentas e máquinas agrícolas e ao processamento de madeira e construção de portos.

Quanto ao Brasil, o maior parceiro comercial da China na América Latina, a Nova China prevê "uma tendência de crescimento vertiginoso no comércio bilateral e uma maior consolidação da posição chinesa como o terceiro maior parceiro comercial do Brasil".

No final de 2006, segundo a agência, o comércio entre os dois gigantes do mundo em vias de desenvolvimento deverá ter ultrapassado pela primeira vez os 20 mil milhões de dólares (15,45 mil milhões de euros).

quinta-feira, janeiro 11, 2007

João Gomes Cravinho é quem sabe…

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português garantiu hoje que está a acompanhar a situação na Guiné-Bissau, onde o recente assassínio do ex-CEMA suscitou protestos e uma troca de acusações entre políticos e partidos. Podemos dormir descansados... apesar de João Gomes Cravinho estar na Índia a acompanhar Cavaco Silva.

Segundo este brilhante especialista em questões africanas, o plano de contingência para uma eventual retirada de portugueses do país, caso se agrave a situação na Guiné-Bissau, “está em permanente actualização”.

Segundo Gomes Cravinho, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, já falou com o seu homólogo guineense, Isaac Monteiro, sobre a situação na Guiné-Bissau.

E pronto. Nino Vieira continua a ser dono e senhor do reino e mesmo que um dia seja julgado e condenado poderá, para além de Portugal, contar com outro velho amigo africano.

Não. Não é esse. Desta vez refiro-me a Robert Mugabe que se recusa a extraditar o ex-ditador marxista etíope Mengistu Hailé Mariam que foi hoje condenado a prisão perpétua pelo Alto Tribunal Federal da Etiópia por genocídio e outros crimes cometidos em 1977 e 1978.

MPLA está a mudar os mensageiros
mas (é claro!) mantém a mensagem

Em Angola, os três principais órgãos de comunicação social do Estado têm a partir de hoje novas direcções gerais. A informação foi comunicada durante um encontro que o ministro da tutela Manuel Rabelais manteve com os directores cessantes. Independentemente da qualidade dos profissionais que entram e dos que saem, o Governo teima em “matar” o mensageiro e deixar (porque, claro, é isso que lhe interessa) incólume a mensagem... a bem das próximas vitórias eleitorais.

Assim, Luís Fernando que se encontrava à frente do Jornal de Angola desde 1995, deixa o lugar a José Ribeiro, quadro da casa, ao passo que na Rádio Nacional de Angola Alberto de Sousa assumiu a direcção geral, secundado por Eduardo Magalhães que além chefia da direcção de informação passa ainda a acumular a direcção de programas.

Na televisão Carlos Cunha foi substituído por Fernando Cunha, então director da Gráfica Popular com passagem também pelo Jornal de Angola, onde foi director administrativo e financeiro nos anos noventa. Cunha terá como adjunto para informação e programas o jornalista Amilcar Xavier até há pouco director do canal «A» da Rádio Nacional de Angola.

Luisa Damião, adida cultural na embaixada angolana em Cuba empreenderá viagem de regresso a Angola para ocupar a direcção de Informação da Angop, o mesmo sucedendo com Albino Carlos, que se encontra no Canadá como adido de imprensa, para se ocupar da chefia do CEFOJOR.

Perante a anunciada aparição de novos órgãos de comunicação social privados, o Estado joga tudo o que tem para manter os principais meios públicos ao seu dispor, desde logo porque sabe que eles são importantes para ganhar.

São importantes porque chegam a onde os outros nem sonham chegar e, também, porque vão funcionar ainda mais como correia de transmissão da propaganda oficial.

Por muito que o Conselho de Comunicação Social, Sindicato dos Jornalistas e outros organismos protestem, o MPLA não abre mão de um dos seus mais importantes trunfos eleitorais: Rádio Nacional, Televisão nacional e Jornal nacional.

Ou seja, mantém a parte de leão e deixa aos outros, nomeadamente à UNITA, os ossos. E, ao que me parece, o partido de Isaís Samakuva contenta-se com pouco.

Muito pouco, na minha opinião.

Media estatais de Angola confundem
propaganda ao MPLA com jornalismo

O Conselho de Comunicação Social (CNCS) de Angola criticou os órgãos de comunicação social estatais por considerar que o noticiário divulgado sobre o 50º aniversário do MPLA "revestiu a forma de propaganda política proibida por lei". Ou seja, como escrevi aqui (onde mais poderia ser?), isto de ter um ministro da Comunicação Social que é, ao mesmo tempo, director da Rádio Nacional não é próprio de um Estado de Direito.

A deliberação do CNCS surge em resposta a uma queixa apresentada pela UNITA, maior partido da oposição em Angola, e envolve directamente a Rádio Nacional de Angola (RNA), Televisão Pública de Angola (TPA), Agência Angola Press (Angop) e Jornal de Angola.

"O Conselho Nacional de Comunicação Social considera procedente a queixa da UNITA sobre a divulgação por parte da de largos espaços noticiosos a propósito da passagem do 50º aniversário do MPLA, por entender que todo o material noticioso divulgado revestiu a forma de propaganda política proibida por lei", salienta a nota de conclusões e recomendações divulgada em Luanda.

Na reunião em que analisou a queixa da UNITA, que acusou os órgãos de comunicação social estatais de favorecerem o partido no poder (MPLA), o conselho recomendou à RNA, TPA, Angop e Jornal de Angola, o "escrupuloso respeito das normas legais que proíbem a publicidade de propaganda política dos partidos políticos".

No campo das recomendações, o CNCS de Angola alertou a RNA, TPA, Angop e Jornal de Angola para a necessidade de "não terem uma posição editorial a favor de qualquer partido político seja ele qual for, devendo encontrar formas de equilibrar os diferentes pontos de vista dos partidos políticos de forma a criar um ambiente de opiniões diversificado e justo".

Outra recomendação do CNCS aos mesmos órgãos de comunicação social estatais relaciona-se com a necessidade de haver "mais equidade" no tratamento noticioso de questões de interesse nacional, político e partidário.

A UNITA queixou-se também ao CNCS da não divulgação pela RNA e TPA de um "spot" publicitário sobre uma reunião da sua Comissão Política realizada em Novembro último, mas este órgão considerou improcedente a queixa, por considerar que o anúncio continha propaganda política também proibida por lei.

O CNCS considerou ainda improcedente a queixa da UNITA que questionava a difusão pela RNA, TPA, Angop e Jornal de Angola de reacções ao discurso do seu líder máximo por entender tratar-se de uma situação imposta por normas legais a que os mesmos estão vinculados.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Igual a si próprio e fiel ao que prometera
Rui Rio continua a dar pedradas no charco

O presidente da Câmara Municipal do Porto está, de há muito, ou seja desde a sua primeira campanha eleitoral para a autarquia, em rota de colisão com todos os interesses instalados. Rui Rio ainda não ganhou a guerra da moralização da vida pública, mas para lá caminha, por muito que isso custe a muita, também boa, gente.

Ou seja. Rui Rio quer (e bem) que cada macaco esteja no seu galho. Futebol é futebol, política é política. Prioridades são prioridades. Cultura é cultura. Se assim não for, e há muito que não é assim, continuaremos a ter uma perigosa promiscuidade onde não se sabe quem é quem, quem representa o quê.

Aliás, como nos recorda a história, foi essa promiscuidade que fez com que o macaco acabasse por «comer» a mãe...

De há muito que os portugueses se habituaram a ver os agentes da vida pública todos misturados numa orgia colectiva que, cada vez mais, mostra que a moralidade e a equidistância são valores pouco relevantes para um país que está acostumado a jogar no sistema de todos a monte e fé em Deus.

Para comprovar tudo isso nem é preciso apelar à memória (também ela um valor irrelevante na nossa sociedade), basta olhar todas as semanas para as bancadas VIP dos estádios de futebol. Políticos pigmeus e pigmeus políticos (entre outros) lá estão, a propósito de tudo e de nada, em bicos de pés para que todos os vejam. E então quando isso acontece com um campeão... é a cereja no cimo do bolo da promiscuidade.

Dir-se-ia que, mais uma vez, não basta ser sério. Também é preciso parecê-lo. Mas, infelizmente, algumas das nossas figuras públicas nem são sérias nem parecem sê-lo.

E quando, o que é raro, aparece um político como Rui Rio a dizer que a obra prima do Mestre não é a mesma coisa que a prima do mestre de obras, logo surgem os arautos da desgraça a dizer que o Carmo e a Trindade vão cair.

E para que não caiam sugerem que tudo fique na mesma. Ora, com Rui Rio, para o bem e para o mal, nada ficará na mesma.

No seu recente balanço de cinco anos à frente da Câmara, Rui Rio reiterou a sua fidelidade aos compromissos firmados com a cidade, ainda na qualidade de candidato, e mostrou-se inamovível na intenção de continuar a dar sequência ao que, nessa linha, sempre qualificou de «política de ruptura», seja em relação a poderes instalados, seja a sectores que colocam o ganho individual ou corporativo à frente do interesse colectivo.

Num Estado de Direito é viável ter um
ministro que é director de uma rádio?

A propósito da escolha do jornalista Sebastião Lino para director do Canal “A” da Rádio Nacional de Angola, dou comigo a pensar que o Estado de Direito ainda está longe, muito longe, de Luanda. Não pela escolha de Sebastião Lino (que me dizem ser competente), mas pelo facto de o director daquela rádio ser ao mesmo tempo... ministro da Comunicação Social. De seu nome Manuel Rabelais.

"A estratégia do Governo tem como finalidade revolucionar o sector, com vista a oferecermos à sociedade um ambiente legal que permita o exercício da liberdade de expressão de forma livre, plural, isenta e responsável", afirmou recentemente Manuel Rabelais (na foto).

Será isto compatível com o facto de o ministro ser ao mesmo tempo director de um órgão de comunicação social? Não creio. Não é possível ter uma informação livre, plural, isenta e responsável quando o director é também ministro.

Talvez um dia destes o Estado angolano deixe de ser dono e senhor da Comunicação Social. É que, agora, integram o sector público a Rádio Nacional de Angola (RNA), com estúdios centrais em Luanda e 18 emissoras provinciais, a Televisão Pública de Angola (TPA), com delegações nas diferentes províncias e com emissões locais em Cabinda, Lubango (Huíla) e Benguela, bem como (o que só por si é um claro exemplo) o único diário, o Jornal de Angola, com correspondentes em todas as províncias, e uma agência nacional de notícias (Angop), que também se estende por todo o país.

No campo das intenções (que importa registar porque as palavras voam mas os escritos são eternos), o ministro angolano da Comunicação Social defende que a Imprensa angolana tem de ser um sector "moderno, dinâmico, forte, sério responsável e objectivo".

Manuel Rabelais reitera a necessidade de existirem profissionais "bem formados e competentes", para o exercício de um jornalismo "isento, plural, responsável e patriótico", acrescentando que "o sector da comunicação social tem de ser moderno, dinâmico, forte, sério, responsável e objectivo, capaz de interagir com outros sectores e assim contribuir e influenciar positivamente nos esforços do Estado e da sociedade".

Será?

Não creio. Não é possível ter uma informação livre, plural, isenta, responsável etc. etc. quando o director é também ministro.

Líder do PAIGC refugiado na sede da ONU
- É proibido dizer o que Nino não quer ouvir

Elementos das forças de segurança guineenses encontram-se defronte da sede do PAIGC para, alegadamente, executar um mandado de captura visando o líder do partido, Carlos Gomes Júnior, que se refugiou na sede das Nações Unidas, em Bissau.

Um corpo de 12 elementos das Brigadas de Intervenção Rápida (BIR) deslocou-se hoje à residência do líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), onde não o encontrou, seguindo depois para a empresa de que este é proprietário e, por último, para a sede da força política.

"Desconheço o que se passa, mas sei que há uma ordem para me prender. Estão forças da polícia a cercar a sede do partido, mas eu sou deputado e, como tal, tenho imunidade parlamentar", disse Carlos Gomes Júnior.

O líder do PAIGC, que seguiu para a delegação da ONU na capital guineense, disse estar disposto a responder a quaisquer acusações de que venha a ser alvo, uma vez que, sublinhou, "sempre" colaborou com a Justiça.

"Estamos num Estado de Direito e colaborarei com a Justiça, tal como sempre fiz. Mas sou deputado e tenho imunidade parlamentar", insistiu.

Em causa, segundo fontes do PAIGC, estarão as declarações de Carlos Gomes Júnior feitas segunda-feira à Agência Lusa, em que o líder do partido responsabilizou o presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, pelo assassínio do antigo Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), comodoro Lamine Sanhá.

Lamine Sanhá faleceu sábado último, dois dias depois de ter sido atingido com quatro tiros por um grupo de desconhecidos que o abordaram próximo da sua residência no Bairro Militar, arredores de Bissau.

Na terça-feira, a Presidência da República da Guiné-Bissau refutou as alegações contra "Nino" Vieira, afirmando que as declarações de Gomes Júnior "não passam de uma mera caixa de propaganda hostil, que visam denegrir a boa imagem" do presidente guineense.

Também na terça-feira, em conferência de imprensa, o Procurador-Geral da República guineense, Fernando Jorge Ribeiro, admitiu que as afirmações do líder do PAIGC constituem um tipo de denúncia enquadrada na lei penal.

Segundo referiu na altura, a PGR "está atenta a toda e qualquer denúncia pública sobre este e outros casos" e tudo o que puder ajudar a desvendar o assassínio de Liamine Sanhá será tomado em conta. Na sede das Nações Unidas em Bissau encontram-se já representantes da embaixada de Portugal e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

terça-feira, janeiro 09, 2007

Bush manda bombardear a Somália
para arrumar com os “maus da fita”

O exército norte-americano lançou um ataque aéreo no sul da Somália contra os islamitas que o senhor Bush e afins suspeitam ter ligações à Al-Qaida. No caso, segundo o presidente dos EUA, para ser suspeito basta ser preto e não apoiar o Governo que Bush escolheu para a Somália. Se são civis inofensivos e inocentes... isso pouco interessa.

"Sabemos que um avião norte-americano realizou um ataque contra alvos da Al-Qaida no sul da Somália, segunda-feira à tarde", assegurou um porta-voz do governo, Abdirahman Dinari, em Baïdoa, 250 quilómetros a noroeste de Mogadíscio), sede do governo de transição.

"O alvo foi uma pequena localidade, Badel, onde os terroristas se escondem. O avião atacou um alvo exacto", defendeu a mesma fonte.

"Várias pessoas foram mortas. Vários cadáveres são visíveis na zona, mas não sabemos de quem. O raid foi um sucesso", afirmou.

E assim se faz uma parte da História no Corno de África. A Etiópia invadiu com mais de 10 mil soldados, blindados e aviões a Somália e o mundo ou ficou calado ou aplaudiu. Eram os “bons” que enfrentavam os “maus”.

E, tal como no Iraque, quem são os “bons” e os “maus”? É simples. “Bons” são os amigos da criatura que é presidente dos EUA, todos os outros são os “maus”.

É só escolher...

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Angola reconhece que a resistência
ainda marca pontos em... Cabinda

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas advertiu, em Cabinda, que todos aqueles que continuarem a desencadear acções armadas no que o Governo angolano chama de província de Cabinda, serão energicamente combatidos pelo exército angolano. Afinal é (mesmo) verdade. A guerra, ou pelo menos a luta, continua...

O general de exército Francisco Furtado fez estes pronunciamentos por ocasião do acto de incorporação dos ex- militares da FLEC-Renovada, liderada por Bento Bembe e das demais organizações sob suposta autoridade do Fórum Cabindês para o Diálogo, no âmbito da implementação do memorando de entendimento para a paz e reconciliação para Cabinda.

«Apelo a todos os que teimosamente persistem em fazer de Cabinda um campo de batalha operacional a abandonarem estas ideias porque serão energicamente combatidas. Antes que se torne tarde apelo para que se juntem à grande família amante da paz e do progresso social, pois as portas ainda estão abertas no quadro da lei da amnistia aprovada pela Assembleia Nacional, no quadro da pacificação e reconciliação para a província de Cabinda», disse Francisco Furtado.

As declarações do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas surgem como resposta aos últimos ataques da resistência cabindesa contra as Forças Armadas Angolanas, que como consequência, têm provocado o êxodo da população rural para as zonas com maior segurança.

Pois é. Ser amante da paz e do progresso social é sinónimo de rendição e de aceitar que a razão da força valha mais do que a força da razão. Esperemos para ver.

Cavaco apela ao diálogo na Guiné-Bissau
- Já podemos todos dormir descansados!

O Presidente da República português, Aníbal Cavaco Silva, fez hoje um apelo para que "o diálogo se imponha definitivamente" na Guiné-Bissau como "a única via" para o desenvolvimento social e económico do país. Pois. Diálogo entre uma esmagadora maioria com a barriga vazia e uma minoria com ela bem cheia não me parece que resulte.

"Espero sinceramente que na Guiné-Bissau o diálogo se imponha definitivamente como a via única capaz de levar ao desenvolvimento social e económico, que o povo guineense merece", afirmou Cavaco Silva na apresentação de cumprimentos de Ano Novo pelo corpo diplomático acreditado em Lisboa. Palavras, Senhor Presidente. E disso estão os famintos guineenses cheios.

O governo de Lisboa está (que remédio!) a acompanhar o evoluir do clima de tensão que se seguiu ao assassínio do antigo Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), comodoro Lamine Sanhá. Os incidentes ocorreram sábado na sequência da morte de Lamine Sanhá, baleado quinta-feira com quatro tiros disparados por desconhecidos.

Centenas de jovens moradores no Bairro Militar, onde a vítima residia, ergueram barricadas nas principais vias de acesso à zona e queimaram pneus, tendo incendiado e saqueado a casa (e que casa!), ainda em construção, do presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira.

Agora, depois do apelo de Cavaco Silva, já todos podemos dormir descansados, não é? Descansados e de barriga cheia...

Foto: Dois velhos amigos: Eduardo dos Santos e Nino Vieira

Dois em cada três guineenses
vivem(?) em pobreza absoluta

Senhor presidente Nino Vieira: Dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morre antes dos cinco anos de idade. Quem o diz é o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Guiné-Bissau. Já pensou, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome? Claro que não. Até um dia…

Por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza e Fome, Michel Balima, também coordenador do Sistema das Nações Unidas na Guiné-Bissau, afirmou ser esta a realidade actual deste país lusófono africano, "um dos mais atrasados do mundo".

"A Guiné-Bissau continua ainda a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto situado nos 2 por cento", assinalou Balima, reportando-se ao último relatório da ONU sobre a Guiné-Bissau.

O relatório, no âmbito do cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (OMD), refere que, além da pobreza absoluta que afecta dois em cada três guineenses, a fome ainda existe na Guiné-Bissau em consequência da conjuntura económica "débil", motivada por uma actividade agrícola de monocultura de caju, principal produto de exportação do país, ou pelas cíclicas crises político-militares.

Segundo o representante do PNUD, estas situações, aliadas à instabilidade política e institucional, não têm ajudado ao processo de melhoria sustentada das condições de vida das populações guineenses.

Apontando situações concretas, Michel Balima citou a progressão "lenta" na educação, em que persiste a desigualdade entre os sexos, com primazia aos rapazes, a morte durante o trabalho de parto por falta de cuidados básicos e a propagação de doenças como o HIV/SIDA, a tuberculose e a malária.

Outras questões preocupantes para as autoridades guineenses e para a ONU são o fraco aprovisionamento de água potável, os baixos níveis de saneamento básico e habitação "decente", disse Michel Balima.

A esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à "fragilidade humana" na Guiné-Bissau, sobretudo por causa da "fraca" cobertura dos serviços sociais, sublinhou.

Eu sei, Presidente Nino Vieira, que o Senhor é daqueles poucos que têm milhões e que se esquecem dos milhões que têm pouco, ou nada. Já pensou, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome?

Claro que não pensou. Tem mais em que pensar. Eu sei. Mas olhe, Senhor Presidente Nino Vieira, não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo. E, mesmo famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes puxar o gatilho.

E, para bem do povo guineense, espero que esse dia esteja perto.

sábado, janeiro 06, 2007

A razão da força de «Nino» Vieira
vale mais do que a força da razão?

A luxuosa (é claro!) casa que o Presidente guineense, Nino Vieira, está a construir no bairro militar de Bissau foi hoje incendiada e saqueada por centenas de jovens, que protestam contra o assassinato do ex-chefe de Estado-Maior da Armada guineense, Lamine Sanhá. Os manifestantes bloquearam também as estradas que dão acesso ao bairro.

"Nino Vieira que mande a sua tropa matar-nos, é o que estamos a pedir", diziam os jovens, enquanto saqueavam os materiais usados na construção da casa, um palacete de dois pisos próximo do Bissau Hotel.Em declarações aos jornalistas, os jovens alegam que Lamine Sanhá foi vítima de uma acção que precisa ter "resposta enérgica" e asseguram que a juventude do bairro militar, onde o comandante residia, "está disposta a responder quem quer que seja".

Nino Vieira vai, mais uma vez e com a cobertura dos amigos da CPLP, pôr a razão da força ao seu serviço e matar uns tantos. A Comunidade de Países de Língua Portuguesa sabe que o povo só tem do seu lado a força da razão. Mas o que é que isso importa?

"Lamine Sanhá é um combatente da liberdade da pátria, não merecia esta morte, tão estranha. Estamos aqui para honrar a sua vida", afirmou um jovem, no meio da grande confusão em redor da casa de Nino.

Sanhá, comandante da Marinha entre 1999 e 2000, foi baleado por um grupo de desconhecidos, na noite de quinta-feira, quando se encontrava na casa de um familiar.

Num comunicado emitido ainda antes da morte de almirante, o Ministério do Interior guineense, condenou o ataque, afirmando que se trata de uma “tentativa para desestabilizar” o país.

Por seu lado, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Luís Vaz Martins, lamentou o sucedido, afirmando que o país “acabou de dar um exemplo vergonhoso ao mundo”.

Sanhá era considerado próximo do general Ansumane Mané, líder da junta militar que em 1999 derrubou Nino Vieira. Mané viria a morrer em circunstâncias pouco claras em Novembro do ano seguinte, na sequência de uma alegada tentativa de golpe de Estado contra o então Presidente, Kumba Ialá.

Em 2004, o almirante esteve detido durante vários dias no quartel-general do Exército guineense, tendo mais tarde acusado o actual chefe de Estado-Maior guineense, Tagmé Na Waie, de ter ordenado a sua detenção por razões políticas.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Memorando de Paz de Cabinda
avança embora sob contestação

O Memorando de Paz de Cabinda tem hoje a amanhã mais duas etapas na sua aplicação, apesar de contestado por representantes dos movimentos cabindas que não reconhecem legitimidade ao homem que o assinou em seu nome.

O Memorando foi assinado a 1 de Agosto de 2006 no Namibe pelo ministro de Administração do Território angolano, Virgílio de Fontes Pereira, e pelo então presidente do Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), António Bento Bembe, e desde aí tem estado envolvido em polémica.

Os principais movimentos representados no FCD contestaram o acordo e logo em Agosto votaram a substituição de Bento Bembe por um colégio presidencial na direcção do Fórum.

Ouvido pela Agência Lusa, o líder histórico da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), N'Zita Tiago, foi peremptório a negar que tivesse havido qualquer avanço na situação do enclave, território angolano encravado na RDCongo.

"Não há mudança nenhuma e não haverá mudança enquanto os angolanos não optarem pela negociação com os cabindas", disse por telefone o presidente da FLEC, desde o seu exílio em Paris.

Raul Danda, porta-voz da Associação Cívica de Cabinda Mpalabanda, entretanto ilegalizada, desmentiu que exista paz no enclave e alertou para o facto de estar em curso "uma perseguição às forças da FLEC" levada a cabo pelas Forças Armadas de Angola, ajudadas por elementos da FLEC-Renovada (FLEC-R) de Bento Bembe.

"Alguns dos militares da FLEC-R estão a participar em operações de caça aos homens da FLEC", adiantou Danda por telefone desde a cidade de Cabinda.

Bento Bembe desmentiu que o conflito militar continue no enclave, garantindo que "as pessoas circulam por todo o lado na província". "A situação está calma. Não há guerra em Cabinda", afirmou.

"A população está cansada e sabe quais são as consequências da guerra. Este é o melhor acordo que os cabindas poderiam ter. Não há outro caminho. Este é o acordo que vai garantir o desenvolvimento" do território, acrescentou.

Raul Danda tem opinião divergente: "O Memorando de Entendimento tem uma adesão fraquíssima por parte da população. Este memorando nunca conseguirá conquistar o coração dos cabindas".

N'Zita Tiago foi peremptório: não só há guerra em Cabinda, como esta "vai continuar". "A guerra vai continuar em Cabinda. Posso garantir isso", disse o fundador da FLEC.

"Qual é o povo que hoje aceita ser escravo? A situação está pior do que quando estavam os portugueses. Os angolanos continuam a matar os cabindas", alertou N'Zita Tiago.

De acordo com o calendário estabelecido pelo Memorando de Entendimento de Paz, hoje procede-se à recepção e destruição de armamento e material de guerra da FLEC e demais organizações integradas no FCD.

Bento Bembe referiu que serão destruídas umas centenas de armas ligeiras de vários tipos, além de canhões e morteiros usados pelas Forças Armadas de Cabinda ao longo dos mais de 30 anos de luta pela independência.

Amanhã, um pouco mais de 900 guerrilheiros cabindas passarão a integrar as Forças Armadas Angolanas (FAA) e a Polícia Nacional (PN), um número aquém dos 1.600 previstos no acordo pela "dificuldade em encontrar praças em número suficiente", referiu Bento Bembe.

Quanto àqueles que serão desmobilizados ou passarão à reforma, por não preencherem os critérios requeridos pelas FAA ou pela PN, o interlocutor cabinda do Governo de Angola adiantou que ainda não há cálculos definitivos, porque "se está a concluir o registo dos elementos", embora tenha admitido que possam ultrapassar as duas centenas. Para os desmobilizados estão previstos cursos de formação profissional.

Recordar é mesmo viver!
- Obrigado Adelino Almeida

“Foi nas instalações da E.V.A. em Nova Lisboa, (Huambo) que cheguei a 9 de Janeiro de 1969, para dar início à minha vida militar. À minha espera, estavam os meus padrinhos, os quais já não via há alguns anos, e também o filho Orlando Castro, que só conhecia por fotos. Hoje, um conceituado Jornalista...

Dado que podia entrar no quartel até ao dia 11, acabei por passar esses dias e noites em casa deles, numa vivenda que ficava a caminho do Aeroporto. Era uma vivenda, cujos muros do quintal eram enfeitados com Maracujás. Trata-se de um pequeno pormenor, mas que ficou gravado na minha memória, talvêz por ter sido lá que comi pela primeira vez aquele fruto.

No dia 11 de manhã, lá fui para o quartel (R.I.21), ou melhor, levado pelo meu padrinho, pois ainda era longe e ele fez questão em me levar.

Como é do conhecimento geral, os primeiros dias são passados dentro do quartel, e só de lá podemos sair depois de toda aquela borocracia necessária (?). Saber as patentes, saber fazer continência, etc, etc, etc.

Passados que foram esses 15 dias, e chegado o primeiro fim-de-semana, estava eufórico, pois podia finalmente sair daquele arame-farpado.

Claro está, que aquele, e todos os outros fins-de-semana que se seguiram, enquanto estive em Nova Lisboa, eram passados com os meus padrinhos e com o filho Orlando, aquele que viria a ser o meu cicerone, o meu companheirão, alinhando comigo em todas as passeatas e aventuras”.

Na foto: Eu e o autor deste texto, em Nova Lisboa
In: http://www.linoblogger.blogspot.com/

Jornalistas enforcados pelo Governo
- Apenas faltam as imagens de vídeo

“A esperança nunca morre, e por isso acreditei até à última que haveria um derradeiro pingo de vergonha que travasse, mesmo que in extremis, a acção que o Governo programara para 31 de Dezembro de 2006. Mas não. A decência soçobrou. Embora ainda não tenha sido publicado no jornal oficial, são mais do que muitos os sinais de publicação iminente de um despacho assinado por um iluminado secretário de Estado com o qual pretende revogar um Decreto-Lei. Tudo aponta para que o subsistema de saúde dos jornalistas e a Caixa de Previdência e de Abono de Família dos Jornalistas tenham sido devidamente liquidados. Apenas falta o vídeo, perdão, o despacho da execução”, escreve o meu querido colega, companheiro e camarada Paulo F. Silva no:
http://viagempelasruasdaamargura.blogspot.com/.

E é exactamente porque a esperança nunca morre que o Governo português está a fazer tudo, recorrendo a todo o género de carrascos, para a matar. E se, no caso, não a conseguir matar vai arranjar maneira de suicidar os que a querem manter viva.

“A decência soçobrou”, diz o Paulo. Do meu ponto de vista, só pode soçobrar algo que exista. E decência é algo que dificilmente se encontra neste, como em qualquer outro, Governo que põe a razão da força acima da força da razão.

E a liquidação do subsistema de saúde dos jornalistas e a Caixa de Previdência e de Abono de Família dos Jornalistas é apenas o primeiro passo. Aos poucos, um pouco por todo o lado, os Jornalistas estão em contacto com uma nova espécie de “polónio 210” que, lenta mas seguramente, nos vai pondo fora de combate.

Não haverá um vídeo da execução. O Governo é mais subliminar na sua estratégia. Vamos ser nós, já estamos a ser, a matarmo-nos uns aos outros, deixando espaço ao Governo para nos acusar de suicídio colectivo.

Até lá... continuemos cantando e rindo, levados, levados sim a caminho do cadafalso.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Kassange: 10 mil mortos? Algumas centenas?

O AngoNotícias, tendo como fonte a LAC, escreve hoje que “no dia 4 de Janeiro de 1961, mais de 10 mil agricultores da ex-Companhia de Algodão de Angola (Cotonang), foram assassinados pelo exército colonial português na Baixa de Kassange...” A AngolaPress diz, sobre o mesmo assunto, que “foram mortos centenas de camponeses” http://www.angop.ao/noticia.asp?ID=499236. Será que são tantas as centenas que no cômputo final chegam aos 10 mil? Ou será que ninguém quer falar verdade sobre o assunto?

Verdade é que camponeses foram massacrados pelo Exército português. Mas porque será que a agência de notícias oficial de Angola fala em centenas e o portal de notícias, semioficial, mantém, o número que, do ponto de vista da propaganda, sempre foi utilizado pelo regime, os tais 10 mil?

Acredito que ninguém saiba, ao certo, quantas foram as vítimas do massacre. Creio, contudo, que o Governo português (mais do que o angolano) tem dados que possam trazer algum rigor histórico ao caso. Lisboa prestaria um bom serviço se, de uma vez por todas, revelasse ao fim de 46 anos os dados que tem.

Não adianta, para bem dos dois povos, fazer de conta e deixar que tudo continue no reino da especulação e da propaganda. Os arquivos militares portugueses devem ter algo mais concreto sobre o que se passou e, por isso, impõe-se que esses arquivos sejam tornados públicos.

A História dos dois povos, seja ela qual for, não pode continuar a ser escrita ao sabor do que dá mais jeito. Tem de ser escrita com base na verdade ou, na falta desta, tão perto dela quanto possível.

E se Angola merece esse esclarecimento, todos os outros países lusófonos onde Portugal impôs a razão da força merecem que, agora pela força da razão, se conte a verdade. Só ela pode curar as feridas. Curar definitivamente.

Associação Moçambicana dos Juízes
está à margem do Estado de Direito

A Associação Moçambicana dos Juízes (AMJ) acusa hoje o principal canal de televisão privado do país, STV, de "promover a anarquia e a instabilidade", ao assumir-se como vítima de perseguição judicial num caso de penhora. A AJM não explica, contudo, a razão de tanta celeridade, ao contrário de processos bem mais antigos e com o mesmo enquadramento juridio-penal.

A STV tem proclamado desde 29 de Dezembro último, nos seus serviços, que alguém quer "calar" a estação, dia em que uma ordem judicial ordenou a penhora de diversos equipamentos, provocando restrições na programação. As autoridades judiciais devolveram na terça-feira o material em causa, após o pagamento pela STV de uma caução.

O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo ordenou a penhora, dando como procedente uma acção de execução requerida por uma funcionária(?) de uma sociedade que detinha o jornal O País, mais tarde vendido ao grupo SOICO, que também controla a STV.

Solidarizando-se hoje com o juiz que ordenou a penhora, a AMJ acusou em conferência de imprensa a SOICO de "promover a anarquia e uma situação de instabilidade jurídico-social no país, fazendo desacreditar todo o aparelho judicial".

Mas, afinal, quem desacredita quem? Não estará a AMJ a encetar uma fuga para a frente, metendo (como nos velhos tempos) a foice em seara alheia?

Façam os juízes que devem fazer – Justiça, e deixem os Jornalistas fazer o que devem fazer – Informar.

"A SOICO manipulou de forma inaceitável a opinião pública com o mero propósito de se posicionar acima da lei e denegriu a imagem do juiz, pondo em causa a sua idoneidade técnico-profissional, agravando ainda mais o desprestígio do sistema judicial, que muito esforço tem feito pela a melhoria do seu desempenho", diz a AMJ.

Quem põe em causa a sua idoneidade técnico-profissional é o próprio juiz do caso. Em resposta à contestação à sentença de penhora, o juiz Pedro Chambal disse: “Paira no ar a dúvida que tem que merecer esclarecimento quanto à eventual responsabilidade da ora executada, ou do jornal O País”.

Então, em caso de dúvida manda-se penhorar e depois juntam-se os membros da classe para dizer que a SOICO quer colocar-se acima da lei?

Ou seja, também como nos velhos tempos (não tão velhos quanto isso), mata-se primeiro e interroga-se depois. Para que não pairem dúvidas...

quarta-feira, janeiro 03, 2007

O exemplo de William Tonet
- Herói do Jornalismo angolano

Perguntei hoje à minha sombra (velha companheira dos dias sem pão e dos pães sem dias) se concordava em que eu escrevesse algo a dizer que o Jornalista angolano William Tonet é um herói do verdadeiro Jornalismo em Angola. A resposta foi lapidar: “Sem dúvida” (mal fora se ela dissesse o contrário). E se estamos de acordo, é mesmo sobre isso que vou escrever.

Uma rápida consulta ao dicionário permite-me dizer que herói é "um homem extraordinário pelas suas qualidade guerreiras, triunfos, valor ou magnanimidade".

Enquadra-se, digo eu. O Tonet (que, vejam só, não conheço pessoalmente) há muito que mostrou ter qualidades guerreiras. Se assim não fosse não teria sobrevivido à “selva” onde exerce a sua profissão. Triunfos? Sim, teve muitos, destacando-se desde logo o facto manter um jornal independente e uma coluna vertebral erecta.

Magnanimidade? Também. Mas esta é uma explicação que, no meu caso pessoal, reservo para mais tarde. Isto significa boas novidades (espero) muito em breve.

Herói também é “o protagonista ou personagem principal de uma obra literária”. Não é, por enquanto, o caso. Sê-lo-á certamente um dias destes. Hoje é apenas o protagonista deste meu humilde texto.

Acredita, meu caro Tonet, que essa tua tenaz luta para dar voz aos que a não têm é um acto de heroicidade, por muito que isso custe a alguns supostos heróis... de pés de barro.

Como também és daqueles que nunca serão dorrotados porque nunca deixarás de lutar, mereces este reconhecimento (se bem que pouco útil te seja!).

Continuemos, por isso, a fomentar a criação de pulgas...

STCP pensam em si. Em si... neles

A Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, SA (STCP) é a empresa que, cá pelo burgo, continua a gozar connosco e, ainda por cima, tendo como lema “Pensando em si” o que, traduzindo, quer dizer “pensando só neles”.

Segundo a própria empresa “a missão da STCP é assegurar directa ou indirectamente o transporte rodoviário urbano de passageiros na Área Metropolitana do Porto, em termos que contribuam efectivamente para a mobilidade das pessoas na sua área de intervenção e ofereçam uma alternativa credível ao transporte individual privado, numa base de racionalidade económica”.

Treta. A recente mudança (entrou em vigor no dia 1) é prova provada de que o “contributo para a mobilidade” foi pensado por quem não viaja nos autocarros e que tem lugar de estacionamento privado e privativo.

As alternativas que, por exemplo, dão para a antiga linha 92 e que agora tem o número 602, é, caricaturalmente, como retirar a ligação Porto/Braga e dizer aos utentes que, como alternativa, podem apanhar o comboio para Lisboa e de lá um autocarro directo a Braga.

A noção de serviço público da STCP é digna de figurar num anedotário nacional. Desde logo porque parte do princípio de que, por exemplo, no Inverno não chove nem faz frio, razão pelo qual as crianças e os velhos (sobretudo estes) podem muito bem apanhar dois autocarros quando antes bastava um.

E sabem porque que é que isto acontece? Porque nem Fernanda Pereira Noronha Meneses Mendes Gomes, presidente do Conselho de Administração, nem os vogais Jorge Rui Guimarães Freire de Sousa, João Rui de Sousa Simões Fernandes Marrana, Rui André Albuquerque Neiva da Costa Saraiva e António Paulo da Costa Moreira de Sá andam de autocarro.

Não andam eles nem, certamente, os familiares mais próximos. Por isso, o Zé Povinho que se amanhe e, como diz José Sócrates, se limite a comer e calar.

Até um dia... que espero não demore muito.