«Pela pena da jornalista Dina Margato (em artigo publicado inicialmente no “Jornal de Notícias ”, JN) tomei conhecimento que, no último trimestre do ano que há cerca de 20 dias ouviu o seu «canto do cisne», foram lidos mais jornais diários graças à subida do JN que, segundo um estudo feito pela Markteste, foi o que registou um salto maior na audiência.
O artigo de Dina Margato e o estudo feito pela Markteste indicam que o negócio da venda de jornais em Portugal continente, regiões insulares e além fronteiras, pelo menos no que tange ao JN, está(va) de vento em popa.
Ora se assim é (era), como é que se explica que a administração da Controlinveste tenha decidido, por sua conta e risco, dar início a um processo de despedimento colectivo que abrange 122 colaboradores (chefes de família, na sua maioria) de diferentes áreas do grupo?
Há aqui qualquer coisa (muito esquiva) que - quanto a mim (e creio que não sou o único a olhar desta maneira para os factos em presença) - não bate certo.
A decisão da Controlinveste é muito (mas muito mesmo) estranha e faz mossa a qualquer pessoa atenta e de bom senso. E não seria exagero dizer que, salvo melhor opinião, estamos perante um caso flagrante de má-fé por parte da Controlinveste.
A informação que possuo dá conta que os jornalistas mais experientes (logo com alguma autoridade no que ao exercício da profissão diz respeito) foram proscritos dos quadros redactoriais do “Diário de Notícias” (DN) e do JN.
Foram despedidos porque os capatazes sabiam que não poderiam tratá-los como autómatos como irão fazer com aqueles que escolheram a dedo para ficar ou com os que foram arregimentados para tapar certos furos, que vão certamente deixar meter água por falta de experiência.
Corre igualmente à boca pequena que, sob o argumento da crise financeira mundial que nos últimos meses tem arrasado o mundo, o grupo Controlinveste pretende trabalhar apenas com estagiários e com jornalistas medianos a quem poderá pagar o que quiser, quando quiser e tratá-los como bem entender.
Ou seja, nas redacções do JN e do DN vai deixar de se fazer Jornalismo. Os habituais e fiéis leitores dos sobreditos jornais poderão, nos próximos tempos, ter tudo (e mais alguma coisa) nas páginas destes dois matutinos lusos de referência, mas não terão a acutilância, a argúcia jornalística a que nos habituamos ao longo de muitos anos.
Por isso não será de ficar de boca à banda se continuar a ler as bacoradas a que nos últimos tempos e sazonalmente nos foram habituando estes dois ditos grandes jornais portugueses, o JN e o DN.
É que se já estavam mal, então agora estarão segura e garantidamente piores. Não será, pois, de espantar se continuarmos a ter cada vez menos informação, rara formação e nula investigação.
Por isso, vou deixar de ler (ou não fosse um Direito que me assiste) o JN e o DN.
Vou deixar de os ler pela simples e única razão de o JN e o DN passarem a ser redigidos e editados doravante por putativos jornalistas.
Já não mais os hei-de ler pelo facto de o grupo Controlinveste ter mandado os melhores para casa. Por isso, não contem comigo para, com minha leitura, prestar tributo à mediocridade e caucionar a maldade do grupo Controlinveste que se reveste de um refinadíssimo requinte nazista.»
(*)In:
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