Não sei porquê, mas até estou tentado a pensar que se os políticos portugueses fossem sérios e honestos (eu sei que é uma utopia, aqui e ali tornada realidade por raras excepções) se calhar muitas das empresas que estão em dificuldade, bem como muitas das que já foram à vida, estariam hoje em boas condições.
O Presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, admitiu que 2009 "vai ser um ano muito difícil" e avisou o Governo que "a verdade é essencial", considerando que "as ilusões pagam-se caras".
Difícil para quem? Não é preciso dizer. Nós sabemos. Para os milhões que têm cada vez menos e não, é claro, para os poucos que têm cada vez mais milhões.
"A verdade é essencial". Qual verdade? A verdade do primeiro-ministro, a única possível já que ele é o dono dela, ou a dos portugueses de segunda, a franca e esmagadora maioria?
"As ilusões pagam-se caras". Pois pagam. Mas, afinal, quem é responsável por essas ilusões? Os desempregados? Os reformados?
Na sua mensagem de Ano Novo, Cavaco Silva afirmou não poder esconder a "verdade da situação difícil em que o país se encontra" e que o caminho para "Portugal sair da quase estagnação económica" é "estreito, mas existe".
Que a saída é estreita, que a saída nunca foi larga, todos sabemos. Não venham, contudo, atirar areia à nossa chipala, dizendo que a saída é ainda mais estreita do que realmente é. Aliás, se para a maioria dos portugueses de segunda é estreita, para os de primeira é uma monumental autoestrada.
O antigo primeiro-ministro faz outros alertas como a necessidade de "reduzir a ineficiência e a dependência do exterior em matéria de energia" ou de "rigor e eficiência" na utilização dos dinheiros públicos têm de ser utilizados com rigor e eficiência".
Cavaco Silva sabe o que diz mas, é claro, não diz (tudo) o que sabe. Rigor e eficiência num país que substituiu o primado da competência pelo da subserviência? Rigor e eficiência num país que não tem dúvidas em escolher um néscio só porque tem dinheiro em vez de um génio de carteira vazia?
Na sua mensagem, Cavaco Silva confessou não dever esconder que 2009 "vai ser um ano muito difícil", e afirmou recear o "agravamento do desemprego e o aumento do risco de pobreza e exclusão social" e admitiu que "a crise financeira internacional apanhou a economia portuguesa com algumas vulnerabilidades sérias".
Cavaco Silva não precisa de ter receio. Pode ter a certeza. Pena é que os responsáveis, políticos e empresariais, não sejam obrigados a responder criminalmente pela gestão danosa que continuam a fazer, agora escudados pela crise.
http://www.petitiononline.com/pelojn/petition.html
http://www.petitiononline.com/pelojn/petition.html
1 comentário:
Os políticos são honestos. Só que há uns mais self-honestos que outros.
Como o caso da senhora mãe de um político que eventualmente teráa comprado a pronto um apartamento em zona nobre de uma capital de distrito e país (ou província) pela módica quantia de cerca de 220 mil euros e só apresenta nas finanças um rendimento inferior a... 250 euros/anuais (ver CM de hoje - 31/Jan/2009 http://www.correiodamanha.pt/Noticia.aspx?channelid=00000181-0000-0000-0000-000000000181&contentid=E5D144D3-F396-4538-B0AE-6956C7372794).
Abraços
ELAN
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