sexta-feira, julho 31, 2009

Há quem precise (entre outras) de lições
de civismo, de boas maneiras, de educação

A directora regional de Educação do Norte (de Portugal, está bom dever), Margarida Moreira, é como é e talvez por isso tenha a bênção do (ainda) primeiro-ministro, José Sócrates.

Aqui neste espaço de liberdade de opinião e de expressão, tal como está consagrado no artigo 37º da Constituição, bem como no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem e no artigo 10º, nº 1, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, falei da senhora a propósito da sua recondução apesar da polémica relacionada com a suspensão de um professor que terá insultado, criticado (ou ditos umas verdades) o primeiro-ministro.

Na altura, 5 de Junho de 2007, escrevi que, no seu mais lato sentido, o estado da justiça vê-se pela justiça do Estado. Por outras palavras, os filhos são sempre filhos.

A directora regional estava então envolvida na polémica originada pela suspensão do professor de inglês Fernando Charrua, ex-deputado do PSD, que estava requisitado pela DREN há cerca de 20 anos.

Fernando Charrua foi suspenso na sequência da abertura de um processo disciplinar por alegados insultos ao primeiro-ministro, acusação que o docente sempre negou. Mas o que importa não é o que o professor disse mas, isso sim, o que a capataz disse que ele disse.

Um mês depois do incidente ter ocorrido, a 24 de Maio, no final de uma reunião do Conselho de Ministros, a ministra da Educação afirmou não dispor de «sinal ou motivo» para colocar em causa a Direcção Regional de Educação do Norte face ao processo disciplinar que moveu a Fernando Charrua.

Hoje volto à liça porque, há cerca de duas horas, Margarida Moreira mostrou que o civismo, as ditas boas maneiras, a educação, não são propriamente os seus atributos.

Na Rua Bernardim Ribeiro, em S. Mamede de Infesta (Matosinhos), a senhora resolveu não parar num stop e nem deixar passar os peões que atravessavam a rua na respectiva passadeira.

Acontece, dir-me-ão. É verdade. Mas tal como se comete um erro deve-se, digo eu que não sigo os ditames socialistas, pedir desculpa, nem que seja num singelo gesto.

Mas como a senhora é socialista... nem sequer um simples aceno.

De quarentena ao fim de trinta anos

Um macaco-verde que estava ilegalmente (se calhar, digo eu, terá pedido asilo alimentar) num apartamento em Faro (Portugal) foi capturado pelo Núcleo de Protecção Ambiental da GNR da cidade, em conjunto com elementos do Instituto de Conservação da Natureza e de Biodiversidade, de Lisboa.

Poderia ter sido a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, vulgo ASAE, mas não. Foram especialistas. Ainda bem para o macaco (vamos ver se assim será).

O primata foi trazido da Guiné-Bissau há cerca de trinta anos pelo seu proprietário, "estando desde essa altura confinado à varanda do referido apartamento", explicou a GNR, frisando a ilegalidade da "posse deste tipo de animais" e o perigo de estes serem portadores de doenças transmissíveis ao Homem.

Não sei se, com a fome que por lá grassa, teria durado tanto tempo se tivesse ficado na Guiné. Mas o que é que isso importa? Nada. O importante é que, ao fim de 30 anos, o animal vai mudar de casa.

O animal será agora posto em quarentena, sendo posteriormente integrado num parque ecológico", disse ainda a GNR.

É uma história como outra qualquer de quem, certamente por amor ao animal, o trouxe para o seu convívio já que, calculo, muitas outras recordações tiveram de ficar lá pelas terras de Amilcar Cabral.

Do narcisismo de Armando Emílio Guebuza

A propísito da atribuição do nome de Armando Emílio Guebuza, Presidente moçambicano, à ponte sobre o rio Zambeze, que ligará os distritos de Caia, em Sofala e Chimuara, na Zambézia, não resisto à tentação de reproduzir o artigo «“Se fosse em Moçambique eu dizia-lhe como era”», aqui publicado no dia 23 de Outubro de 2007:

No tempo em que na Comunicação Social portuguesa se fazia Jornalismo (dizem-me que, hoje, ainda há alguns exemplos dessa quase histórica actividade) tive a oportunidade de entrevistar Joaquim Chissano, então presidente de Moçambique, e Armando Guebuza, na altura secretário-geral da FRELIMO.

Do que a memória registou, ficou-me de Chissano a imagem de um estadista de nível mundial, tão capaz de dialogar com o arrumador de carros como com o secretário-geral da ONU. Era o homem certo no lugar certo, na circunstância a Presidência de Moçambique.

Quanto a Guebuza não ficou a imagem mas, isso sim, a certeza de um político arrogante, sem grande preparação intelectual e que tinha orgulho em demonstrar que a razão da força era a solução para todos os problemas.

A entrevista a Guebuza até nem correu bem porque, provavelmente ao contrário do que estaria habituado, não aceitei fazer as perguntas que um dos seus muitos assessores tinha preparado.

«Assim não dou a entrevista», disse-me Guebuza, acrescentando: «Eu é que sei o que é importante perguntar».

Perante a minha recusa, Guebuza acabou por aceitar responder ao que eu quis perguntar, deixando no fim um recado: “Se fosse em Moçambique eu dizia-lhe como era”.

Diria, com certeza. Diria, não diria Carlos Cardoso?

Se calhar Moçambique deveria
chamar-se Guebuza ou Frelimo

A atribuição do nome de Armando Emílio Guebuza, Presidente moçambicano, à ponte sobre o rio Zambeze, que ligará os distritos de Caia, em Sofala e Chimuara, na Zambézia, centro, está a gerar polémica em Moçambique.

Personalidades de diferentes áreas ouvidas pela Agência Lusa de Notícias divergem quanto à indicação do nome do chefe de Estado moçambicano a um dos mais emblemáticos projectos de construção civil e dos maiores desde a independência do país, em 1975, a cargo do consórcio português Soares da Costa/Mota-Engil.

O ministro moçambicano das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, justificou a decisão da atribuição do nome do chefe do Estado à ponte com o desempenho de Armando Guebuza na governação em prol do desenvolvimento do país.

Segundo Felício Zacarias, durante o seu mandato, Armando Guebuza dedicou, de forma particular, atenção às estradas e pontes reabilitadas e construídas em Moçambique.

A cerimónia da inauguração está agendada para amanhã, 1 de Agosto, e vai contar com a presença de várias personalidades nacionais e estrangeiras.

A escritora moçambicana Paulina Chiziane afirmou a propósito que "as coisas mais importantes de um país têm que ser perenes", defendendo, por isso, a indicação de um "nome ligado à terra", daí que "o nome poderia ser Ponte Zambeze”.

A autora dos romances "Sétimo Juramente" e "Nikecthe" considerou ainda que, "mesmo o nome de Moçambique, devia ser alterado", porque "é de um colono". O país, sustentou, "devia chamar-se Zambeze, um grande rio de África, ligado à terra e que não morre".

A futura ponte Armando Emílio Guebuza é um dos mais simbólicos desígnios de construção civil, desde a independência de Moçambique, e retoma estudos feitos no período colonial por Edgar Cardoso, conhecido engenheiro de pontes português e cujas marcas são ainda visíveis nas margens do Zambeze.

Em declarações à Agência Lusa de Notícias, o historiador e consultor em Comunicação Egídio Vaz disse ser "compreensível" que se atribua o nome de Armando Gubueza à ponte sobre o rio Zambeze, mas considerou que esta decisão se prende com "razões eleitoralistas".

"A FRELIMO está a fazer tudo para continuar no poder. Acho consensual que todos os nomes sejam dados a Guebuza, sobretudo em tempo de campanha, mas não é bom. Até pela importância da ponte", uma obra que "fará a ligação do país do norte a sul", disse.

"Considerada ponte de unidade nacional, era correcto que a mesma ostentasse este nome, pois é sonho de um povo", até porque "o nome de Armando Guebuza não é marca", considerou o historiador, lembrando que o projecto vem do período colonial.

Mais curto e directo, o empresário moçambicano e ex-deputado da FRELIMO Amad Camal considerou "falta de modéstia" a atribuição do nome do Presidente moçambicano à obra.

A ponte terá um tabuleiro de 2.376 metros de comprimento (1.666 em terra e 710 sobre o leito do rio), 16 metros de largura e quatro faixas de rodagem, que podem ser duplicadas no futuro.

quinta-feira, julho 30, 2009

Revista Chocolate abre janela do mundo
para o belo universo feminino de Angola

Após dois anos de sucesso em Angola, a revista mensal Chocolate, destinada ao público feminino, chega às bancas portuguesas, já a partir de Agosto, editada pelo Grupo Medianova.

O evento de apresentação da revista em Portugal decorreu ontem à noite, em Lisboa, numa festa com as cores e os sons vibrantes de Angola. No evento estiveram o presidente do Conselho de Administração do Grupo MediaNova, Álvaro Torre, e o director de programas da TV ZIMBO, Guilherme Galiano, entre centenas de personalidades do universo da Política, Moda, Televisão e Música de Angola e de Portugal.

Com uma tiragem inicial de 10 mil exemplares e uma equipa editorial repartida entre Luanda e Lisboa, sob a direcção de Sofia Costa e de Lara Pereira da Silva, respectivamente, a Chocolate tem uma edição única, distribuída nos dois países. A revista destina-se, fundamentalmente, à mulher angolana residente em Portugal, mas também à mulher portuguesa, que se interessa pelo universo feminino angolano.

Para o Presidente do Conselho de Administração do Grupo MediaNova, Álvaro Torre, “o lançamento da Chocolate em Portugal evidencia a solidez de um projecto e é a prova de como em Angola se fazem produções de índole cultural e social com elevado interesse.” O Grupo MediaNova prepara-se para lançar brevemente em Angola mais três publicações – a revista Exame, a “newsmagazine” Saiba e o jornal semanal Semanário Económico.

Sob o mote «uma delícia de mulher», a Chocolate apresenta uma linha gráfica e uma produção editorial modernas e de elevada qualidade, com destaque para as produções de moda com manequins em cenários etno-chic, que revelam toda a sensualidade e sofisticação da mulher angolana. Da Moda à Beleza, da Cultura à Sociedade, da Carreira e Negócios à Actualidade e Lazer, da Saúde e Bem-estar à Família, a Chocolate aborda temáticas actuais e de interesse ao longo das suas secções.

A Chocolate, fundada em Janeiro de 2007, é a primeira revista feminina em Angola e é dirigida à mulher empreendedora, corajosa e independente, empenhada no progresso da sociedade angolana. Em Maio de 2009, o proprietário da Chocolate, a editora Visão, lançou no mercado angolano duas novas publicações sob a mesma marca, mas dirigidas a públicos diferentes: a revista infantil MiniChocolate e a revista de culinária Pimenta e Chocolate.

O Grupo Medianova, editor da Chocolate, detém também um leque alargado de órgãos de comunicação social em Angola, entre os quais o semanário O País, a TV Zimbo e a Rádio Mais.

A revista Chocolate é vendida em Portugal pelo preço de três euros.

quarta-feira, julho 29, 2009

A bem da Nação, Cavaco felicita Sanhá

O discurso estava escrito. Só foi necessário acrescentar o nome. O anterior foi o de “Nino” Vieira, o de agora foi Malam Bacai Sanhá. O Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, felicitou hoje o novo Presidente da Guiné-Bissau.

"Tendo tomado conhecimento dos resultados das eleições presidenciais na República da Guiné-Bissau, é com satisfação que endereço a Vossa Excelência, em nome do Povo português e em meu próprio, as mais sinceras felicitações e votos de sucesso no desempenho das altas funções que, de forma tão expressiva, foi chamado a desempenhar, pelo Povo irmão da Guiné-Bissau", diz a mensagem enviada ao novo Presidente guineense.

Neste parágrafo até não foi necessário acrescentar nada. O Vossa Execelência que serviu para "Nino" dava também, se tivesse sido o caso, para Kumba Ialá.

Cavaco Silva ressaltou que "a forma como decorreram estas eleições constitui uma demonstração inequívoca do espírito cívico dos guineenses e do seu apego à democracia".

Cavaco sabe que não é bem assim. No entanto, as regras do politicamente correcto a isso obrigam. Civismo e democracia não se conjugam com a barriga vazia, mas esse é um problema dos outros...

"Estou seguro de que o mandato de Vossa Excelência será pautado pela defesa do processo de reforma e consolidação das instituições da Guiné-Bissau, que conta com o firme apoio de Portugal e que constitui uma condição indispensável para assegurar o futuro de paz e de desenvolvimento económico e social a que o Povo da Guiné-Bissau tem direito", escreveu ainda o Presidente português.

O Chefe de Estado português sublinhou também a importância que atribui "aos laços históricos de profunda amizade que unem os dois países e ao reforço continuado da cooperação entre Portugal e a Guiné-Bissau, quer no plano bilateral, quer no quadro multilateral, muito em particular no âmbito da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)".

Pois. Portugal não está (ou pelo menos não parece estar) interessado em ensinar os guineenses a pescar. Vai, no entanto, mandando para lá uns peixes. E, é claro, com isso vai dormindo descansado.

"Reiterando-lhe as minhas felicitações, peço-lhe que aceite os votos que formulo pelo bem-estar pessoal de Vossa Excelência assim como pela prosperidade e progresso do Povo irmão da Guiné-Bissau", finalizou o Presidente.

É isso aí. Votos de prosperidade e progresso de um Povo irmão que continua a ser gerado com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois... com fome (dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morre antes dos cinco anos de idade).

Lucro do Millennium bcp sobe (só) 45,5%

O resultado líquido do Millennium bcp cifrou-se em 147,5 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2009, equivalente a uma subida homóloga de 45,5 por cento, anunciou hoje o banco. Isto é que vai uma daquelas crises...

Hillary Clinton dá uma ajuda à lusofonia?
- Deixem de brincar com a nossa chipala!

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, destacou hoje a importância da visita da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, a Angola e Cabo Verde, em Agosto, considerando que fortalece a lusofonia no contexto internacional.

E tem razão. Se não forem os outros, neste caso Hillary Clinton, a fazer alguma coisa pela lusofonia, estaremos todos entregues à bicharada. É pena, mas é verdade. Revela, aliás, que a CPLP não passa de uma montanha que vai parindo os ratinhos... de plástico.

"É muito significativo que a secretária de Estado norte-americana decida, no âmbito de um périplo a África, visitar dois países da língua oficial portuguesa, o que revela bem a importância geoestratégica destes dois países no contexto do Atlântico e, em particular, para as relações com os EUA, que fortalece também necessariamente o espaço geopolítico que a CPLP assume no contexto internacional", disse Luís Amado à agência Lusa em São Tomé e Príncipe, onde está em visita de trabalho.

Estamos, é claro, todos a ver o esforço de Hillary Clinton em dar uma ajuda à lusofonia. Estamos, não estamos? Hillary Clinton vai, isso sim, dar uma ajuda aos legítimos interesses dos EUA, estando-se nas tintas para uma coisa que nem sabe que existe, a lusofonia.

Recorde-se que, para gáudio dos que andam devagar, devarinho, que o departamento de Estado norte-americano anunciou segunda-feira que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, vai iniciar um périplo por sete países de África, a 5 de Agosto, participando num fórum sobre a cooperação económica no Quénia.

Clinton vai deslocar-se posteriormente à África do Sul, Angola, República Democrática do Congo (RDC), Nigéria, Libéria e Cabo Verde.

Para Luís Amado, Angola e Cabo Verde constituem "um eixo fundamental de relacionamento estratégico de articulação entre o Atlântico norte e sul e que os EUA valorizam pelo facto de a secretária de Estado decidir visitar estes dois países na primeira deslocação a África".

O chefe da diplomacia portuguesa considerou ainda que esta visita de Hillary Clinton "valoriza a excelente relação que Portugal tem com estes países". A visita valoriza as relações de quem com quem?

"O desenvolvimento de Angola e Cabo Verde tem passado muito nos últimos anos pelo fortalecimento das relações económicas, comerciais e políticas entre Portugal e esses países e, tudo o que de bom acontece em Angola, Cabo Verde e São Tomé, é bom para Portugal", sublinhou.

Mas em vez de se dizer que é bom para Portugal não se deveria afirmar, digo eu, que é bom para a lusofonia? Não. É claro que não. Bom para a lusofonia é a visita de Hillary Clinton...

Carta aberta a Malam Bacai Sanhá

Senhor presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá:

Dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morre antes dos cinco anos de idade, diz o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Recorda-se de, em Maio de 2005, numa entrevista que me concedeu e que foi publicada no Jornal de Notícias (*) no dia 17 desse mês, me ter dito: “Nino Vieira teve mais do que tempo para mostrar o que valia e foi o que se viu. O povo não esquece quem lhe faz mal. Quanto a Kumba Ialá, passa-se o mesmo. Nenhum deles engana mais ninguém”?

Pois é. Olhe que o povo não esquece quem lhe faz mal. E não se esqueça também que se a Guiné-Bissau continua a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto fraco, isso não é culpa do povo.

E não se esqueça também que além da pobreza absoluta que afecta dois em cada três guineenses, a fome ainda existe na Guiné-Bissau em consequência da conjuntura económica "débil", motivada por uma actividade agrícola de monocultura de caju, principal produto de exportação do país e/ou pelas cíclicas crises político-militares.

Esta situações, aliadas à instabilidade política e institucional, não têm ajudado ao processo de melhoria sustentada das condições de vida das populações guineenses.

E não se esqueça também que a esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à fragilidade humana, sobretudo por causa da fraca cobertura dos serviços sociais.

Já pensou, senhor presidente, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome? Não esqueça, Senhor Presidente, que não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo.

E, mesmo famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes voltarem a fazer o que já começa a ser um hábito: puxar o gatilho.

Espero, senhor Presidente, que pense nisso e que, de uma vez por todas, aceite que quem não vive para servir não serve para viver.

(*)
http://jn.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=480948

terça-feira, julho 28, 2009

Eu também confio

«A freguesia de Ramalde, com quase 50 mil habitantes, é uma das maiores do país e a única da cidade que cresceu em número de habitantes nos últimos anos.

Esse crescimento, no entanto, tem ocorrido de forma desordenada. As diferenças entre a freguesia moderna e as zonas de maior pobreza e abandono vão aumentando. Os equipamentos – escolares, de saúde, sociais, desportivos, culturais – não acompanham o crescimento da freguesia e as necessidades da população.

A Câmara Municipal do Porto ignora a freguesia e os seus problemas. Em 8 anos foram apenas concretizados dois investimentos (o aproveitamento do viaduto na Prelada e o novo pavilhão da Escola do Viso) mas, qualquer deles, com grande atraso. E, no caso do novo arruamento, ainda de forma muito incompleta.

A Junta de Freguesia comporta-se de modo subserviente, aceitando a discriminação a que a freguesia está sujeita por parte da Câmara.

A estrutura da Junta cresceu desmesuradamente, consumindo grande parte dos recursos que deviam ser empregues no apoio aos mais idosos, às crianças, à actividade das associações.

Ramalde precisa de uma Junta diferente.

Ramalde precisa de quem lute por um novo Centro de Saúde. De quem interpele as forças de segurança para uma intervenção mais activa em todas as zonas e bairros. De quem consiga a melhoria das condições de circulação. De quem promova a possibilidade das associações da freguesia utilizarem os pavilhões desportivos das escolas. De quem garanta a efectiva requalificação da ribeira da Granja e o acesso de todas as pessoas à Quinta da Prelada. De quem assegure efectivo apoio social nos bairros, sobretudo às crianças em fase escolar, impedindo a perpetuação da exclusão social.

Enquanto foi presidente da Junta, entre 1994 e 2001, Alfredo Fontinha deu sempre provas de dedicação e seriedade. Nessa altura a Junta tinha credibilidade e fazia-se ouvir.

Por isso é necessário voltar a ter Alfredo Fontinha como presidente. Um homem com provas dadas e conhecedor profundo da freguesia. Um empresário bem sucedido e um cidadão íntegro.

Um homem em quem todos podemos confiar, eu confio.

O mandatário da candidatura,
Manuel Pizarro»

Por razões quase ancestrais (há mais de 30 anos que por ali ando), Ramalde está no meu coração. Por isso, subscrevo as palavras do Manuel Pizarro.

Nota: Texto publicado em:
http://fontinhapararamalde.blogspot.com

É Deus no céu e José Sócrates na terra (dele)

O primeiro-ministro do reino socialista e lusitano, José Sócrates, garante não lhe faltar energia, nem coragem, para enfrentar “todas as adversidades”, afirmando-se preparado para lutar para que Portugal tenha uma governação “decente, honesta e à altura das responsabilidades do momento”.

“Todas as adversidades” querem dizer, em português de segunda (aquele que é falado e escrito pelos não socialistas), as posições dos que não acreditam que Sócrates seja Deus. Pelo menos por enquanto.

Ainda de acordo com o dono da verdade nas ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, ele quer uma governação “decente, honesta e à altura das responsabilidades do momento”.

Será que José Sócrates vai votar em algum partido da Oposição? Será que José Sócrates compreendeu que uma governação “decente, honesta e à altura das responsabilidades do momento” não se consegue com esta nanica espécie de políticos que, na maioria dos casos, tem de se descalçar para contar até doze?

“Não me faltam as forças, nem me falta a coragem para enfrentar todas as adversidades e estou preparado para lutar com coragem para que Portugal tenha uma governação decente, uma governação honesta, uma governação à altura das responsabilidades do momento e para que os portugueses possam ter aquele Governo que escolheram”, afirmou José Sócrates.

Ou seja (e por não haver grandes alternativas), um governo não socialista.

“Perante todos os ataques que lhe têm sido feitos por parte de alguns meios de comunicação social, não se sente de alguma forma cansado, ou seja, se ainda sente que tem capacidades para continuar a governar o nosso país?”, perguntou Alexandra Ramalho, aluna de um mestrado de arquitectura.

Na resposta, José Sócrates respondeu de forma peremptória: “Não deixarei que me vençam desta forma, não deixarei”.

Sócrates ainda não reparou (o que aliás é uma das suas enormes capacidades) na verdade. É que ele nunca será vencido porque... já foi há muito derrotado, mesmo tendo o poder de comprar quase tudo.

“Não tenho vaidades especiais, mas tenho a vaidade dos homens comuns: gostaria de me apresentar às eleições, e é o que irei fazer, para que nessa altura, os portugueses possam fazer um juízo sobre a minha governação, sobre o seu futuro e sobre o futuro da governação”, acrescentou Sócrates, certamente depois de se olhar ao espelho e ter gritado: “Sou um génio”.

José Sócrates recordou que “numa democracia quem manda é o povo, quem faz as suas escolhas não é mais ninguém a não ser o povo”.

E se assim for, se o povo fizer a escolha com a cabeça e não com a barriga, não haverá campanha rosa que lhe valha, não haverá capacidade industrial para produzir “Omo” suficiente para limpar a forma como tratou grande parte do povo português.

Sim. Eu sei (e importa reconhecê-lo em abono da verdade) que tratou mal apenas uma parte dos portugueses. Só tratou mal todos aqueles que são de segunda, ou seja os que não são do PS.

PS quer agora estatuto do cidadão da CPLP

O PS, partido do Governo em Portugal, parece ter agora, em período eleitoral, descoberto que existe mundo para além da actual Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP.

Pelos vistos está a estudar a criação de um novo conceito, o Estatuto do Cidadão da CPLP, que na prática poderá proporcionar a livre circulação de pessoas oriundas dos países de expressão portuguesa.

Recorde-se que já no dia 9 de Julho de 2004, o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, defendeu a criação de um Ministério para a Lusofonia, independente do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e a "naturalização de todos aqueles que queiram ser portugueses".

A ideia socialista está, segundo o jornal português Diário de Notícias, nas mãos de António Vitorino, coordenador do programa eleitoral do PS, e já é vista pelo secretário de Estado das Comunidades como "um desafio".

Embora o primeiro passo no processo de criação da CPLP tenha sido dado em São Luís do Maranhão, Brasil, em Novembro de 1989, por ocasião da realização do primeiro encontro dos Chefes de Estado e de Governo dos países de Língua Portuguesa -
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, a convite do Presidente brasileiro, José Sarney, nunca é tarde para acordar.

E o PS resolveu acorar nesta altura em que se prepara para incluir a livre circulação de cidadãos dos países lusófonos no seu programa eleitoral e de Governo para as próximas eleições legislativas, que se realizam a 27 de Setembro.

A proposta, escreve o DN, consta de documentos que estão a servir de base ao programa e onde se pode ler, preto no branco, que é necessária uma "actualização de acordos para concessão de vistos de molde a que os cidadãos lusófonos possam vivenciar efectivamente as condições de pertença a uma mesma língua e a um mesmo espaço comunitário".

"Espero que o próximo primeiro-ministro tenha a atitude de criar um Ministério para a Lusofonia. Qualquer cidadão que viva em Portugal e fale português é português, pelo que devemos assumir a grandeza da lusofonia", afirmou Luís Filipe Menezes já há cinco anos, sem que o seu partido, o PSD, ou o PS tenham feito algo nesse sentido.

Noutra passagem desses documentos de reflexão socialista - que depois irão ser analisados por António Vitorino, responsável pela coordenação do programa eleitoral do PS - é defendida "a criação de um 'Estatuto do Cidadão da CPLP' trará as condições para o exercício da cidadania lusófona e corresponderá à maior ambição dos cidadãos, especialmente no tocante à reciprocidade de direitos".

Comentando estas reflexões, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga, diz ao DN que "faz todo o sentido que, desenvolvendo o conceito da CPLP, se possa criar entre estes países outros instrumentos de facilitação da circulação das pessoas e até benefícios acrescidos pelo facto de se pertencer a uma comunidade tão grande e tão rica, cultural, económica e linguisticamente".

António Braga acrescenta que é dos que defende que "a CPLP não se pode ficar pelo domínio dos afectos ou por uma visão romântica da língua".

Pois isso e muito mais tem sido aqui defendido no NL há pelos menos 11 (onze) anos. E irá continuar a ser defendido porque, na nossa opinião, passada a caça aos votos tudo irá ficar na mesma.

O secretário de Estado das Comunidades diz que a ideia de um "Cidadão CPLP" é um desafio e que não está preocupado com o que a oposição ao executivo de Sócrates possa pensar desta proposta: "O meu desafio principal é que o programa de Governo do PS possa acolher estas ideias e que o Governo que resulte das próximas eleições as possa pôr em prática". Para Braga, esta proposta não afecta a ligação "prioritária" de Portugal à União Europeia.

Ao que parece, e também como é habitual, o PS não se recorda das teses que o PSD defende nesta matéria, de que a proposta de Luís Filipe Menezes é apenas um, embora muito bom, exemplo.

Os últimos dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras registam 106 961 brasileiros a residir legalmente no País em 2008, 51 352 cabo-verdianos, 27 619 angolanos, 24 391 guineenses, 3372 moçambicanos e 11 726 são-tomenses.

segunda-feira, julho 27, 2009

Sócrates encontra-se com bloggers da moda,
de novo (diria o António) a bem da... Nação

O secretário-geral do PS português, também e ainda primeiro-ministro das ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, de seu nome José Sócrates, relativizou hoje os exageros nos comentários de alguns "bloggers" na Internet, contrapondo que os blogues constituem já actualmente um novo espaço que se abre à democracia política e cívica.

"Disseram-me que dizem muito mal de mim na blogosfera e vim ver se isso era verdade. Isso não é bem assim", comentou Sócrates, numa nota de humor, à entrada para um encontro com alguns dos supostamente principais blogues portugueses.

"Os bloggers têm muito respeito por si próprios. Fazem o possível por transformar a liberdade dos seus blogues numa liberdade respeitosa - isso é um processo continuado", sustentou o secretário-geral do PS, depois de ter sido interrogado sobre a existência de "abusos" nos comentários feitos em alguns blogues.

"Bem sei que há exageros, mas o exagero faz parte do início da liberdade que os blogues constituem. Tenho esperança que a segurança que cada um dos bloggers vai sentido se transforme também em responsabilidade", acrescentou Sócrates ainda sobre o tema dos "abusos" na blogosfera.

De uma coisa estou certo. Se numa legislatura o primeiro-ministro de Portugal conseguiu pôr quase todos os jornalistas e pensar com a... barriga, se lá continuar mais uns anos vai conseguir o mesmo na blogosfera. É que esta coisa de pensar com liberdade, de pôr o poder das ideias acima das ideias de poder, não funciona quando se está no desemprego. E Sócrates sabe bem disso.

Para o líder socialistas, os blogues constituem mesmo "um novo espaço que se oferece à democracia política e cívica". Sendo que, para este caso, democracia política e cívica deve ser sinónimo de português de primeira (todos os que são do PS).

"Tinha curiosidade em conhecer os principais bloggers do país e esta é uma boa oportunidade. Tenho o maior gosto em discutir política com eles. Esta é também a minha oportunidade para dizer o que tenho a dizer", afirmou ainda o líder socialista à entrada para o encontro com os bloggers da moda.

Gestores públicos "made in Portugal"

O Partido Comunista Português vai questionar o Governo e o ministro das Finanças sobre os prémios atribuídos a três gestores da Parpública, situação que o deputado Agostinho Lopes definiu à Lusa como "escandalosa".

"O Governo justifica, com o maior dos descaramentos, que gestores públicos possam receber, para lá dos seus vencimentos, em geral bastante elevados e com uma série de regalias, prémios de gestão superiores a 50 mil euros. Se existem contratos que dizem tal coisa, esses contratos são manifestamente um escândalo", referiu o deputado comunista.

Em comunicado de imprensa hoje divulgado, o PCP refere que o anúncio de 176 mil euros de prémios a três gestores da Parpública constitui ainda "uma ofensa a todos quantos são obrigados a viver dos seus magros salários ou vêem ser-lhes negado o acesso ao subsídio de desemprego".

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, afirmou hoje, em Faro, que os gestores da Parpública receberam prémios de mais 176 mil euros do Estado por terem cumprido os objectivos traçados e estabelecidos em contrato.

À margem de uma sessão de esclarecimento do "Programa de Qualificação-Emprego", que decorreu hoje em Faro, na Escola de Hotelaria e Turismo, Teixeira dos Santos foi questionado pelos jornalistas se em tempo de crise mundial tal prémio não seria demasiado alto.

O responsável pelas pastas da Economia e Finanças afirmou que o "Estado é uma pessoa de bem" e que"respeita os contratos que celebra".

Segundo o jornal "Correio da Manhã" de hoje, três administradores executivos da Parpública receberam este ano bónus superiores a 50 mil euros cada por sete meses de exercício de 2007.

A Parpública - Participações públicas foi criada em 2000 com o objectivo de ser o instrumento do Estado para assegurar a gestão de empresas em processo de privatização, nomeadamente a TAP, Galp ou Companhia das Lezírias.

Trabalhadores espancam e matam director
- O exemplo (ainda) não chegou a Portugal

A compra da siderurgia pública chinesa Tonghua Iron and Steel foi anulada depois de o seu director-geral ter sido espancado até à morte por trabalhadores a quem acabava de anunciar despedimentos. Será que o exemplo pode chegar a Portugal?

Trata-se de um caso inédito na China, apesar de os conflitos sociais no país serem cada vez mais frequentes e por vezes violentos.

Os factos ocorreram sexta-feira na siderurgia Tonghua, principal produtor da província de Jinlin (nordeste), quando cerca de 3.000 operários pararam a produção e atacaram o director-geral, Chen Guojun, que acabava de os informar do despedimento de até 30.000 trabalhadores devido à compra da siderurgia pelo grupo privado Jianlong.

"Chen desiludiu e provocou os operários ao anunciar que a maior parte deles seria despedido nos três dias seguintes. A multidão enfureceu-se quando Chen disse que o número total de trabalhadores ia ser reduzido para 5.000", escreve o jornal China Daily.

Depois de espancarem violentamente o director-geral, os trabalhadores da Tonghua enfrentaram a polícia e impediram uma ambulância de se aproximar de Chen. Gravemente ferido, o director-geral acabou por morrer no hospital quando ao fim da tarde o conseguiram retirar da fábrica.

Um porta-voz do governo provincial de Jilin confirmou a morte do director-geral, mas recusou adiantar qualquer pormenor.

"O governo provincial decidiu suspender a fusão. A polícia está a investigar o homicídio", disse o mesmo porta-voz. Segundo a agência Nova China, a compra da Tonghua foi suspensa "para impedir um agravamento da situação".

Esta era a segunda tentativa do grupo privado, com 17 filiais na China e sede em Pequim, de comprar a siderurgia, classificada no 244.º lugar na lista das 500 maiores empresas do país.

Bom. Se a moda chegar a Portugal calculo que não faltarão directores na “linha de fogo” e trabalhadores dispostos a puxar o “gatilho”.

domingo, julho 26, 2009

Lei do tiro na república da... Madeira

Três tiros de caçadeira furaram um Zepelim auto-comandado que o PND pretendia fazer sobrevoar a festa do PSD/Madeira no Chão da Lagoa (Portugal) durante as intervenções políticas, disse à Lusa fonte do partido.

O dirigente do PND/M, Gil Canha, adiantou que o dirigível com as mensagens "PND voa mais alto" e "olho da ladroagem" foi encomendado em Belgrado (Sérvia) e estava devidamente autorizado pelo Instituto Nacional de Navegação Aérea.

"Quanto estávamos a calibrar o dirigível para ir direito ao Chão da Lagoa, foram disparados quatro tiros, três dos quais atingiram e furaram o equipamento, assustando algumas pessoas que estavam a acampar neste local", afirmou.

"Apesar de termos o produto para tapar os buracos, decidimos por segurança das pessoas que estão no Chão da Lagoa não fazê-lo", referiu.

Gil Canha realçou que o dirigível com sete metros tem três motores, cada um com um quilo e potência de cinco mil Amperes.

"O dirigível está murcho, no chão e entre chatear Alberto João Jardim e a eventualidade de ferir alguém, optamos por não continuar com a iniciativa", sublinhou.

Referiu não terem identificado o autor dos disparos, salientando que os populares que estavam a fazer piqueniques naquela zona chamaram a polícia.

O PND/M pernoitou nas serras sobranceiras ao Funchal, na zona do Parque Ecológico da cidade, na parte da montanha oposta ao Chão da Lagoa onde decorre a festa anual do PSD/M, considerada a maior concentração popular da região, onde estão reunidas hoje cerca de 40 mil pessoas.

Carta aberta ao presidente da Guiné
(Malam Bacai Sanhá ou Kumba Ialá)

Senhor presidente:

Dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morre antes dos cinco anos de idade, diz o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

A Guiné-Bissau continua a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto fraco.

Além da pobreza absoluta que afecta dois em cada três guineenses, a fome ainda existe na Guiné-Bissau em consequência da conjuntura económica "débil", motivada por uma actividade agrícola de monocultura de caju, principal produto de exportação do país e/ou pelas cíclicas crises político-militares.

Esta situações, aliadas à instabilidade política e institucional, não têm ajudado ao processo de melhoria sustentada das condições de vida das populações guineenses.

A progressão (se é que tal se pode chamar) na educação, em que persiste a desigualdade entre os sexos, com primazia aos rapazes, a morte durante o trabalho de parto por falta de cuidados básicos e a propagação de doenças como o HIV/SIDA, a tuberculose e a malária são, infelizmente, emblemas do seu país.

O aprovisionamento de água potável é fraco, os níveis de saneamento básico e de habitação "decente" são dos piores do mundo.

A esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à fragilidade humana, sobretudo por causa da fraca cobertura dos serviços sociais.

Eu sei, senhor Presidente, que é daqueles poucos que têm milhões e que provavelmente (o tempo dirá se me engano) se esquecerá depois do dia 26 dos milhões que têm pouco, ou nada.

Já pensou, senhor presidente, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome?

Claro que não pensou. Certamente tem mais em que pensar. Eu sei. Mas olhe, Senhor Presidente, não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo.

E, mesmo famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes voltarem a fazer o que já começa a ser um hábito: puxar o gatilho.

Espero, senhor Presidente, que pense nisso e que, de uma vez por todas, aceite que quem não vive para servir não serve para viver.

sábado, julho 25, 2009

Nas bancas mas (ainda) não na Internet

“Grande Porto” (GP) é o semanário regional sedeado no Porto que a Sojormedia colocou recentemente no mercado português.

O novo projecto, ainda não disponível na Internet, pretende concorrer com o Expresso e o Sol, segundo explicou antes do lançamento à Lusa Rogério Gomes, parceiro da Sojormedia e accionista do GP.

De acordo com Rogério Gomes, o título tem como objectivo “alcançar uma tiragem de 30 mil exemplares e vendas de 20 mil” em seis meses. O ex-director do Comércio do Porto adiantou ainda ainda que o investimento no semanário se cifra entre 400 a 500 mil euros e pretende constituir “uma alternativa à informação centralizada em Lisboa”.

Embora seja regional, o jornal é de “informação nacional e generalizada” e é publicado às sextas-feiras.

E quando se fala em muletas... lá está o PS

O PS (Portugal) considerou hoje falsa a acusação de que José Sócrates convidou Joana Amaral Dias para as listas de deputados socialistas ou para um lugar de Estado e acusou Francisco Louçã de actuar como "muleta da direita".

Falando no Barreiro, o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, acusou o secretário-geral do PS, José Sócrates, de "tráfico de influências" por ter oferecido à militante bloquista Joana Amaral Dias um lugar na lista de deputados por Coimbra ou um lugar de Estado em troca de apoio às listas socialistas para as legislativas.

Em declarações à agência Lusa, o porta-voz do PS, João Tiago Silveira, considerou "falsas" as declarações proferidas por Francisco Louçã.

"Não é verdade que Joana Amaral Dias tenha sido convidada para deputada pelo secretário-geral do PS e não é verdade também que tenha sido convidada para um cargo num instituto público", reagiu o porta-voz do PS.

Segundo João Tiago Silveira, as palavras "falsas" do líder do Bloco de Esquerda constituem "a prova de que o dr. Francisco Louçã deixou de discutir ideias e propostas, porque só pretende dizer mal do PS com base em histórias falsas".

"O dr. Francisco Louçã assume-se como a muleta da direita, já que passou a ser um comentador de factos que não existem nem existirão", acrescentou o porta-voz do PS.

Esta manhã, à entrada para a Comissão Nacional do PS, José Sócrates negou aos jornalistas que tenha convidado algum membro do BE para as listas a candidatos a deputados do PS, contrapondo que o antropólogo Miguel Vale de Almeida, que figurará em sétimo lugar nas lista do PS de Lisboa, já deixou a militância dos bloquistas.

Elisa Ferreira, Rui Rio e as eleições no Porto

«A candidata do Partido Socialista à Câmara Municipal do Porto – que insiste em definir-se como independente e que um número crescente de militantes do partido contesta – disse ontem, em declarações à Agência Lusa, que a “gestão ruinosa” do Parque da Cidade vai levar Rui Rio a perder a presidência da autarquia, nas eleições de Outubro.

Não sei se isto revela ingenuidade ou desespero de Elisa Ferreira. É que Rui Rio não vai perder as eleições!

Até porque, se por um lado é certo que a candidata de alguns socialistas pretendia referir-se à promessa eleitoral de Rui Rio de não autorizar qualquer construção naquele espaço, a verdade é que esse assunto passa completamente ao lado da maior parte dos portuenses, que vê no Parque da Cidade apenas um local de grande valor natural e paisagístico, onde é possível respirar ar puro, praticar algum desporto, descontrair e estar em contacto com a natureza.

Eu, sendo portuense mas não eleitora no concelho, vejo-o assim. Já lá fiz muitas das minhas caminhadas diárias, ao final da manhã ou ao serão, e vejo o parque apenas e só como um excelente lugar para usufruir do verde, da proximidade do mar, numa espécie de fuga, ainda que temporária, ao stress da cidade.

Achar que Rui Rio vai perder a Câmara do Porto por causa da forma como tem gerido o Parque da Cidade é, no mínimo, ingénuo.»


Carla Teixeira («Será ingenuidade de Elisa Ferreira?!»):

Divulgar a lusitanidade

«Os quadros socioculturais e económicos que a actual conjuntura universal nos proporciona, requerem que a Diáspora Lusa se alimente desta fonte criativa comum, para superar os desafios da actualidade.

Para tal, necessário é aproveitarmos este talento colectivo de forma sensata e ponderada. Aliando-o a políticas e estratégias de desenvolvimento sustentáveis, alicerçadas na reinvenção e inovação, podemos envidar esforços que almejem consolidar a presença Lusa no Mundo em todas as vertentes, nestes tempos menos propícios.

E é justamente na reinvenção e inovação que se assentará esta nova etapa do projecto Adiaspora.com, estando previsto para breve o seu alargamento para o campo editorial, com o lançamento das Edições Adiaspora.»


In:
http://www.adiaspora.com/

sexta-feira, julho 24, 2009

José Sócrates “traidor” e “mentiroso”?
- A coisa está linda no reino lusitano!

"Traidor" e "mentiroso" foram alguns dos adjectivos com que o presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF) classificou hoje o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates (foto).

João Cordeiro acusou Sócrates de estar mais preocupado com interesses financeiros do que com a saúde dos doentes.

Num encontro com jornalistas em Lisboa, em que não houve lugar a perguntas, João Cordeiro desfiou um rol de críticas e acusações a José Sócrates, afirmando-se "traído" pelo primeiro-ministro.

"Sinto-me usado e traído na minha boa-fé e a isso não estou habituado", disse João Cordeiro.

As razões de tal "traição" devem-se, segundo o presidente da ANF, a o primeiro-ministro não ter respeitado "a palavra dada, nem o acordo que negociou com o sector" das farmácias.

O acordo é o Compromisso com a Saúde, firmado a 26 de Maio de 2006 por José Sócrates e João Cordeiro e que, segundo o presidente da ANF, foi negociado "directamente" entre os dois.

A assinatura deste Compromisso com a Saúde visou, entre outras medidas, a liberalização da propriedade das farmácias, medida contestada pela ANF, mas aceite por esta organização que terá recebido promessas de outras medidas favoráveis para o sector.

São essas medidas que alegadamente estão "por cumprir" e que merecem a crítica de João Cordeiro.

"O Senhor primeiro-Ministro prometeu às farmácias, publicamente, repor a margem de distribuição em vigor em 2005", mas, apesar disso, "agravou esta situação".

"Em vez de cumprir o acordo, integralmente e de boa-fé, o Governo serviu-se dele para uma agressão sistemática ao sector, traduzida na aplicação de todas as medidas desfavoráveis para as farmácias que ele continha, de forma agressiva, desequilibrada, sem diálogo connosco, sem ponderação e sem estudos prévios de qualquer natureza", afirmou.

As críticas dirigiram-se depois para as farmácias nos hospitais.

"Em vez de respeitar o compromisso de instalar farmácias hospitalares, apenas em caso de necessidade e em regime de concessão às farmácias privadas próximas dos hospitais, por serem as mais prejudicadas com a sua abertura, o Governo abriu concursos sem critério e, através da manipulação das suas regras, preferiu confiar as farmácias hospitalares a um grupo económico empresarial sem rosto", acusou João Cordeiro.

O presidente da ANF aproveitou as críticas às farmácias nos hospitais para abordar a questão da "tragédia do Hospital de Santa Maria".

"Quis o destino que na mesma semana em que seis doentes desse hospital correm o risco de perder a visão, o Governo tenha tido a desumanidade de aprovar mais um diploma que apenas serve para favorecer financeiramente o concessionário da farmácia de Santa Maria", disse João Cordeiro, numa referência às novas regras para farmácias nos hospitais públicos, que foram quinta-feira aprovadas em Conselho de Ministros.

João Cordeiro anunciou ainda que vai "preparar dossiers temáticos sobre a política deste Governo na área do medicamento", o qual irá "entregar a todos os partidos políticos".

O presidente da ANF não tem qualquer dúvida que "o Governo está mais preocupado com os interesses financeiros dos concessionários das novas farmácias do Estado do que com a saúde dos doentes nos hospitais".

Quando questionado sobre os interesses que o Governo estará a salvaguardar, João Cordeiro remeteu para um outro encontro com a comunicação social. O de hoje não teve direito a perguntas dos jornalistas.

Jornalista “inteligente” pensa com a barriga

A Direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) de Portugal está preocupada com o óbvio. São cada vez menos os jornalistas que recorrem à via contenciosa ou judicial, apesar do agravamento das condições de trabalho e do ataque aos direitos laborais.

Na apresentação do Relatório da Actividade de 2008 na Assembleia Geral de 2 de Julho, a Direcção sublinhou o importante papel que o Gabinete Jurídico continua a desempenhar e a elevada qualidade dos serviços que presta aos sócios do SJ, em termos de informação e de suporte, em acções contenciosas ou nos tribunais, mas destacou o fenómeno crescente de renúncia à via contenciosa ou judicial.

Se calhar, digo eu que da matéria nada percebo, os próprios advogados ligados ao SJ não teriam dificuldade profissional em explicar o fenómeno.

“Apesar do agravamento das condições de trabalho e dos problemas que os jornalistas enfrentam, especialmente a precariedade e os despedimentos, bem como as ofensas quotidianas a direitos essenciais como a retribuição do trabalho suplementar e a observância dos períodos de descanso, a intervenção judicial ou meramente contenciosa é claramente desproporcionada em relação à intensidade e à extensão dos problemas”, lê-se no Relatório da Actividade.

Pois é. Um pouco à semelhança do próprio Sindicato, também os jornalistas não só comem e calam (se não se calarem, não comem) como estão cada vez mais a pensar com a... barriga.

“O testemunho transmitido pelos advogados autoriza a conclusão da Direcção do SJ de que muitos associados acabam por renunciar ao direito de recurso aos tribunais por descrença crescente na justiça laboral, além de esta ser mais cara e morosa, e também por receio de que o conflito contribua para fechar portas de empregos alternativos, no contexto de concentração da propriedade dos meios de informação”, diz o SJ no que é uma parte da história.

A outra parte respeita, na minha opinião, à própria apatia de alguns advogados sindicais que por vezes mais parecem vocacionados para defender a outra parte. O que para um defensor particular vale 100, para um ligado ao Sindicato vale 10.

Fazendo uma análise comparativa entre os resultados de 2008 e os oito anos anteriores, a Direcção do SJ sublinhou que ao aumento das consultas registado ao longo dos últimos nove anos não corresponde um expectável aumento do número de acções propostas, o qual regista uma tendência decrescente.

Pois claro. Quando o jornalista consulta está a utilizar a cabeça. Quando decide usa a barriga.

Pobreza em Angola desilude Londres
- Afinal também o Alto Hama tem razão

A falta de progresso no combate à pobreza em Angola foi o aspecto mais "desanimador" que o secretário de Estado britânico para a África, Ásia e as Nações Unidas, Mark Malloch-Brown, encontrou na sua recente visita ao país.

"Os altos níveis de riqueza gerados pela indústria petrolífera ainda não foram traduzidos em ganhos para os mais pobres", lamentou hoje, durante a abertura do 10º Fórum Angola na Chatham House.

Malloch-Brown, que hoje termina funções no governo britânico, visitou Angola em meados de Junho e diz ter sido ficado "surpreendido com o fantástico desenvolvimento".

No domínio económico, elogiou os grandes investimentos em infra-estruturas e edifícios e o crescimento nos sectores fora do petróleo, mas mostrou-se preocupado com a corrupção e a desigualdade social e económica.

Sobre as recentes eleições legislativas, acredita que deram "nova energia e legitimidade" ao partido no poder, o MPLA, "que estava cansado".

Todavia, alertou o perigo de se juntar ao grupo de "demasiados países onde os rendimentos do petróleo só beneficiam a elite".

"Os sucessos podem ser efémeros se não existirem estratégias sólidas, claras e não corruptas", avisou, no seu último compromisso oficial enquanto secretário de Estado.

O Fórum teve como oradores administradores de empresas e bancos, dirigentes de organizações não-governamentais, diplomatas e investigadores.

No final, a embaixadora britânica do Reino Unido em Angola, Pat Phillips, descreveu a encruzilhada em que Luanda se encontra após as eleições de 2008.

Na sua opinião, existem dois cenários possíveis, um idêntico ao que aconteceu ao Zimbabué e outro à transformação observada no Brasil.

Se seguir o primeiro, o partido no poder pode "agarrar-se" à riqueza e ao governo.

Em alternativa, afirmou, "daqui a 10 anos pode ser uma economia enorme e um país com grande influência".

Não tenham vergonha em aderir ao... PS

O secretário-geral do PS (Portugal), José Sócrates, afirma que um líder que se apresenta a eleições não pode ter vergonha de ter ideias, programa e plano, advertindo que Portugal não sai da crise de braços cruzados.

Não poderia estar mais de acordo, acrescentando que José Sócrates não pode ter vergonha de ter as melhores (ou diria as únicas) ideias, o melhor programa e o melhor plano.

Creio até que José Sócrates deveria reafirmar, não só em relação a défice mas a tudo, que "está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu".

"Quem se apresenta ao escrutínio popular, em primeiro lugar, tem de ter ideias e não ter vergonha delas; é preciso ter um programa e não ter vergonha dele; é preciso ter um plano e não ter vergonha dele", declarou José Sócrates no final de um Fórum Novas Fronteiras com empresários e gestores.

José Sócrates disse também que os líderes políticos "têm a obrigação de apontar qual o caminho que o país deve seguir". "É preciso uma atitude de confiança nos portugueses e no futuro do país - confiança que tem ver com acção e não com a atitude de nos entregarmos à descrença ou ao pessimismo", disse.

É exactamente isso. E José Sócrates há muito que apontou o caminho para acabar com os portugueses de segunda (todos os que não são deste PS): filiarem no PS. E o caminho foi seguido por muitos, muitos, muitos subditos de sua alteza o secretário-geral e primeiro-ministro.

É claro que, pelo sim e pelo não, muitos são os que depois de se “filiarem” no PS deram uma saltada ao PSD. A diferença é pouca e é sempre bom estar prevenido.

"Isto não vai lá de braços cruzados. Isto vai lá com acção e com aqueles que gostam de correr riscos e aceitam corrê-los. Não agir representa um preço que não podemos pagar", advertiu o primeiro-ministro, indicando aos portugueses o caminho, ou não fosse ele uma reedição (um bocado fracota e a tombar para o pirata) do homem do leme.

É portanto necessário levantar os braços e... correr o risco de mandar aquele que diz que “está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que ele,” pregar para a rua dele.

O secretário-geral do PS declarou ainda que Portugal assistiu, de tanga, nos últimos quatro anos a um Governo auto-intitulado "honesto e decente", e que nas suas palavras (e neste caso tem toda a razão) prosseguiu sempre "o interesse geral"... dos socialistas.

Foto: Adriano Miranda/Público

quinta-feira, julho 23, 2009

Obrigado António Ribeiro. Obrigado NL

O António Ribeiro é o «maluco» que aguenta o barco, eu diria porta-aviões, que dá pelo nome de Notícias Lusófonas e já ultrapassou as 7.600 visitas diárias, mais de 230 mil por mês.

Entre outros navios da esquadra, o Notícias Lusófonas está há 12 anos a descobrir novos mundos e a dar novos mundos ao Mundo da Lusofonia. É obra. Ou melhor, seria obra premiada se Portugal, por exemplo, soubesse a diferença entre a estrada da Beira e a beira da estrada…

Ou seja, como escreveu o maior dos maiores (Luís de Camões) «De África tem marítimos assentos/É na Ásia mais que todas soberana/Na quarta parte nova os campos ar/E se mais mundo houvera, lá chegara!».

Pena é que os ilustres protagonistas dos areópagos políticos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (alguém sabe o que isso é?) não queiram ver o contributo ímpar que o António Ribeiro tem dado à Lusofonia.

Mas, pelo contrário, os leitores do Notícias Lusófonas estão atentos. Mais de 7.600 visitas por dia é, queiram ou não, OBRA. Ainda pouco se falava de Lusofonia quando, em finais de 1996, o António Ribeiro decidiu criar, na Internet, um espaço privilegiado para a comunicação entre todos os falantes da língua de Camões, independentemente do local de habitação.

Mercê do apoio dos visitantes e sempre atento às suas aspirações, o António Ribeiro, com o seu Portugal em Linha, foi desenvolvendo novas secções e novos serviços.

Mas faltava ainda algo que, mesmo noutros serviços ou jornais existentes, ainda não estava concretizado: Um espaço de notícias para toda a Comunidade Lusófona.

Assim, em 1997, nascia o Notícias Lusófonas. Desde essa data publicou, primeiro mensalmente, depois quinzenalmente e, por fim - sempre respondendo às solicitações dos leitores - semanalmente, uma súmula de notícias acerca do que ia acontecendo um pouco por todas as Comunidades Lusófonas.

Sempre animado da sua velha (mais sempre nova) paixão pela Lusofonia, o António Ribeiro resolveu renovar o Notícias Lusófonas e fazer - uma vez mais - o que não existe em toda a Comunidade Lusófona: um jornal (digno desse nome) online com notícias dos vários países lusófonos e das comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo, com actualização dinâmica e diária, contendo ainda entrevistas e artigos de opinião.

Já que os países da CPLP têm dificuldade em agradecer a todos os que levam a carta a Garcia, premiando com extrema facilidade todos aqueles que a deitam na primeira valeta que encontram, eu continuo (assim como os outros 7 599 leitores que diariamente visitam o NL) a dizer Obrigado António.

Porrada neles e mais nada!

O candidato apoiado pelo Partido de Renovação Social às presidenciais da Guiné-Bissau, Kumba Ialá, foi a Bafatá, no centro do país, pedir aos eleitores para baterem nas pessoas que tentarem manipular a votação de domingo.

É assim mesmo. Porrada neles. E se as cacetadas não chegarem, nada como usar o que tem sido habitual: uns tiros.

"Quem a população surpreender com sacos de dinheiro, boletins falsos para tentar manipular qualquer coisa é melhor tratar-lhe o corpo (...) antes de o levar para o hospital", pediu Kumba Ialá, ressalvando imediatamente (pois!) que, às vezes, é preciso usar "violência democrática".

"Eu sou contra a violência, mas por vezes é preciso usar a violência necessária para impor a ordem, para acabar com a anarquia. É preciso a violência democrática, para acabar com a violência anárquica e fascista", explicou o antigo presidente guineense.

"Porque no dia 26 vamos decidir o futuro da Guiné-Bissau. Ou a Guiné-Bissau se constrói definitivamente e segue definitivamente o rumo da paz e democracia ou racha definitivamente e leva cem anos sem paradeiro", alertou o antigo chefe de Estado do país.

Kumba Ialá voltou a lançar fortes ataques ao primeiro-ministro do país, Carlos Gomes Júnior, e ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), responsabilizando-os pelo atraso no desenvolvimento do país.

Importante é que ainda está para nascer quem faça melhor do que José Sócrates!

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego de Portugal, o tal país cujo primeiro-ministro, José Sócrates, garante que "está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu", subiu 28,1% em Junho, face ao mesmo mês do ano passado, e aumentou 0,1% face a Maio.

No final de Junho, encontravam-se inscritos nos Centros de Emprego do Continente e das Regiões Autónomas 489.820 desempregados, mais 107 mil indivíduos do que há um ano atrás.

Face a Maio, o aumento foi de 0,1%, o que representa um acréscimo de 705 inscritos, segundo os dados divulgados hoje pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Para o aumento do número de desempregados inscritos nos centros de emprego face a Junho de 2008 - uma tendência que se mantém desde Outubro de 2008 - contribuíram essencialmente as subidas do desemprego entre os homens (46%), entre os jovens (32%) e adultos (27%).

A procura de um novo emprego - que justificou em Junho o registo de 93,3% dos desempregados - aumentou 30% face ao mês homólogo de 2008, enquanto a procura do primeiro emprego subiu 4,4%.

De acordo com a análise dos técnicos do IEFP, todos os níveis de habilitação escolar apresentaram mais desempregados do que há um ano, mas os aumentos percentuais mais elevados verificaram-se nos 2º e 3º ciclos do ensino básico e secundário, com subidas de 35,8%, 34,5% e 35,2%, respectivamente.

No que respeita ao tempo de permanência dos desempregados nos ficheiros, 67,7% estavam registados há menos de um ano e 32,3% há um ano ou mais.

Comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, o aumento do desemprego foi mais acentuado nas situações de desemprego de curta duração, com uma subida de 45,1%.

O aumento do desemprego fez-se sentir nos diferentes ramos de actividade económica, destacando-se, com os mais acentuados acréscimos percentuais, a subida de 74% no sector da construção e de 66,2% na indústria da madeira e da cortiça.

O número de inscritos devido ao "fim de trabalho não permanente" - que de acordo com o IEFP é o principal motivo de inscrição de desempregados - subiu 28,9% nos centros de emprego do Continente.

"Se presunção de Sócrates pagasse imposto,
défice há muito que estaria equilibrado"

O líder do CDS/PP, Paulo Portas disse hoje, em Barcelos, que "se a presunção do primeiro-ministro pagasse imposto, o défice das contas públicas há muito que estaria equilibrado".

Comentando a afirmação de José Sócrates que disse que ainda está para nascer o primeiro-ministro que faça tanto como ele para controlar o défice, o dirigente centrista declarou: "O actual Governo diz que herdou um défice enorme, mas, este ano, que ainda vai a meio, o défice já superou aquele que diz ter herdado e ainda não se sabe o que vai acontecer".

Recebido com muitos cumprimentos e palavras de incentivo - como "força" e "vai subir" -, Portas acusou o Governo de José Sócrates de ter prometido criar 150 mil postos de trabalho, promessa que se traduziu, na realidade, no seu contrário, "na perda desse número de empregos nos últimos quatro anos".

No final da visita, Paulo Portas deslocou-se à Cooperativa Agrícola de Barcelos onde se reuniu com 200 agricultores, a maioria ligados ao sector de produção de leite.

Perante os aplausos dos presentes, acusou o actual Ministro da Agricultura, Jaime Silva, de ser "o mais incompetente" de todos os que passaram pela pasta em democracia.

Ironizou com declarações do governante numa entrevista hoje dada ao jornal "i" dizendo que Jaime Silva gostaria de continuar no cargo "apesar dos péssimos resultados do Ministério e dos prejuízos que causou ao sector".

Apontou o caso do programa de desenvolvimento agrícola Proder, dizendo que, das 4600 candidaturas apresentadas ao Ministério, foram aprovadas algumas dezenas. "Quanto a pagamentos o resultado foi, até agora, zero", acusou.

Referiu que o mesmo - "zero" - sucede com as 2300 candidaturas para instalação de novos agricultores, acusando o Ministro de impedir investimentos de 2, 5 milhões de euros - entre fundos europeus e privados - na agricultura.

Paulo Portas lembrou, ainda, as dificuldades que o sector leiteiro atravessa, para voltar a acusar o Governo de "incompetência" por apenas se lembrar da indústria em crise e esquecer a agricultura.

Para reforçar a tese, apontou o caso da vizinha Galiza, onde o Governo Regional, liderado pelo PP, promoveu um acordo entre todos os intervenientes no sector, os produtores, a distribuição e as cooperativas.

"Para o nosso Governo, e ao contrário de outros, parece que não se passa nada na produção de leite, onde trabalham milhares de pessoas", lamentou.

E assim vai o reino lusitano de José Sócrates

Em 2005/2006 havia cerca de 693 mil pobres na região. Em 2009 são cerca de um milhão. "Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu", afirma José Sócrates, secretário-geral do PS e primeiro-ministro as ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos. Nunca se esqueçam disto!

Se ele, que é o dono da verdade, o diz...

"Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu", afirmou José Sócrates, secretário-geral do PS e primeiro-ministro as ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, no fórum "Novas Fronteiras", que reuniu, no Porto, duas dezenas de empresários.

"Este ano, [o défice] vai aumentar, mas para o nível médio da União Europeia, o que nos dá algum conforto", destacou o secretário-geral dos socialistas, reforçando que "Portugal paga menos juros à banca do que Inglaterra".

No encontro para ouvir propostas dos empresários, José Sócrates reforçou que "o preço do risco da dívida soberana [de Portugal] é inferior à da Espanha, Inglaterra, Itália e Grécia", sublinhando que é demonstrativo da forma como "os mercados internacionais vêem a economia portuguesa".

"A acção do Governo é mais apreciada no estrangeiro do que aqui", lançou o secretário-geral do PS.

Falando do actual mandato, o líder dos socialistas sublinhou que o Governo "fez o trabalho de colocar as contas públicas em ordem no momento certo, se não o Estado não poderia estar a ajudar ninguém".

Em jeito de recado, José Sócrates disse "para quem não sabe" que "quando há uma crise económica, as consequências são devastadoras para a economia" e, acrescentou, que Portugal foi o País que "menos ajudou os bancos".

No encontro com os empresários, José Sócrates elegeu o apoio à exportação das empresas portuguesas, o reforço do sector das energias renováveiss e a cooperação com as empresas como três estratégias essenciais para a competitividade da economia portuguesa.

"O crescimento das exportações é o esforço mais virtuoso", afirmou, defendendo ser viável, com a cooperação das empresas, que as vendas ao estrangeiro representem 40 por cento do PIB.

Em matéria energética, Sócrates anunciou um plano de investimentos que pretende manter Portugal "na linha da frente" e convertê-lo num exportador de tecnologia e até mesmo de energia.

"Queremos criar uma cadeia de valor integral para, em cinco anos, colocar Portugal como exportador de tecnologia e de energia, podendo vender créditos a países que não consigam atingir as metas estabelecidas", explicou João Conceição, que apresentou as linhas do programa socialista em matéria energética.

Na energia eólica, a meta de Sócrates é aumentar em 50 por cento a produção de energia prevista para 2010.

No pacote energético, o programa socialista passa por ganhar terreno no armazenamento de gás natural: "Prevemos um investimento de 750 milhões de euros, nos próximos dez anos, que permitirá armazenar o equivalente a 20 por cento do consumo nacional".

quarta-feira, julho 22, 2009

Huambo pode contar com técnicos indianos
(Se quem deveria ir não vai... que assim seja)

O embaixador da Índia em Angola, Ghanashyam Ajjampur Rangaiam, manifestou hoje, na província do Huambo, o desejo de o seu país enviar para esta região vários especialistas de educação e agricultura.

Falando à imprensa, no final de um encontro com o governador local, Albino Malungo, o diplomata disse ter ido identificar possíveis áreas de cooperação no Huambo, onde afirma haver "vastas extensões de terrenos baldios, prontos para serem explorados através da agricultura mecanizada", visando o aumento dos índices de produção interna.

"Sei da existência, nesta província, de muitos terrenos subaproveitados. Eis a razão de pretendermos cooperar no desenvolvimento do sector agrícola que, a meu ver, pode ser uma das soluções para atenuar os efeitos da crise económica mundial", expressou.

Ghanashyam Ajjampur Rangaiam referiu que, além dos sectores da educação e agricultura, o governo da Índia pretende também, caso seja rubricado um acordo de cooperação, contribuir noutras áreas que concorrem para o rápido desenvolvimento socioeconómico do Huambo e de Angola, em geral.

Disse ainda que o seu país possui tecnologia suficiente para apoiar o desenvolvimento de Angola, quer através do envio de especialistas, quer da formação de quadros locais na Índia e a transferência de equipamentos.

Outra área que interessa a Índia, de acordo com o embaixador, é a formação de especialistas em agronomia, pelo facto de a Índia ter 21 universidades que ministram, somente, cursos diversos relacionados com as ciências agrárias.

O embaixador da Índia, que se encontra nesta província desde terça-feira, vai visitar as Faculdades de Medicina e de Ciências Agrárias, bem como o Instituto Superior Politécnico, aonde prevê realizar uma palestra sobre "A Índia e as Prováveis Áreas de Cooperação com a República de Angola".

Amélia Mingas ameaça bater com a porta
- Até ela reconhece a falência do Instituto

A directora executiva do Instituto Internacional de Língua Português (IILP), Amélia Mingas, disse hoje à Agência Lusa que não se vai recandidatar ao cargo em 2010, alegando que está "cansada de ser sacrificada".

Bater com a porta parece-me uma boa solução. Talvez o barulho, se Amélia Mingas cumprir, faça a comunidade lusófona (algo mais do que a mera CPLP) acordar da longa, mas bem nutrida, letargia em que se encontra.

"Tudo o que poderia ter dado já dei, com muito sofrimento e com muitas noites sem dormir para tentar ver o que poderia ser feito para dar visibilidade ao IILP. A única coisa que se comenta é que o IILP não fez nada e que é inoperante. Mas nunca deram meios", afirmou a linguista angolana, nomeada em 2006 e reconduzida em 2008.

Tenho sido, e assim continuarei, dos que dizem que o IILP é, tal como a própria Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, um elefante branco anestesiado pelas sucessivas tentativas de o tornar ora cor de rosa, ora laranja, ora outra coisa qualquer.

Isso não significa uma crítica a Amélia Mingas, a não ser que deveria (exactamente porque nunca lhe deram meios) ter há muito dado um valente murro na mesa ou, talvez, até na chipala dos que se julgam donos da CPLP.

Amélia Mingas comentava os resultados da 14ª Reunião do Conselho de Ministros da CPLP, que decorreu segunda-feira na Cidade da Praia, em Cabo Verde, em que foi decidido criar um grupo de trabalho para pensar a refundação do Instituto, criado em 1989.

Questionada sobre se a perspectiva de Angola assumir a presidência da CPLP em Julho de 2010 poderá trazer benefícios para a direcção do IILP, Amélia Mingas foi clara na resposta: "Quando tudo isso for aprovado e capaz de ser posto em acção, já não estarei cá. Termino a minha comissão em Julho do próximo ano. E não me recandidato."

Amélia Mingas sabe, melhor do que todos nós, que a refundação nada mais significará do que a constatação do óbito do Instituto Internacional de Língua Português. Isto porque, ao esperarm que ele sobreviva sem “comer”, vão verificar que quando estava já a saber viver sem “comer”... morreu.

"Tem sido uma travessia difícil. A verdade é que, quer se queira ou não, o IILP tem uma directora executiva, que o representa e que dá a cara sempre que necessário, mas nunca se fala dos meios que lhe puseram à disposição. Foi uma missão muito ingrata", sustentou.

Para Amélia Mingas, só os ministros e responsáveis da CPLP podem explicar a razão da criação de um grupo de trabalho vinte anos após a fundação do IILP.

"Essa resposta os ministros é que poderão responder. Eles saberão por que razão só agora estão preocupados com isso", sublinhou, defendendo que esse trabalho deveria ter sido feito "antes da criação do próprio Instituto" e retomado mais tarde após a fundação da CPLP, em 1996.

"Como foi possível durante esse tempo todo deixar o IILP ao abandono? Não se pagam quotas, não se criam fundos para a comissão trabalhar, não se criam as comissões nacionais que deveriam trabalhar para a Língua Portuguesa em diálogo com o Instituto...", criticou.

Amélia Mingas mostrou-se esperançada em que o Instituto possa dar um passo em frente, agora que os chefes da diplomacia dos "oito" deram conta de que as coisas estão "mesmo muito mal".

"Podem fazer-se mil projectos, mil propostas de refundação do IILP, mas se não se derem os meios financeiros para que realize tudo o que está pensado, um milhão de directores vão ter sempre o mesmo problema", disse Amélia Mingas, adiantando que o orçamento de 190 mil euros volta a servir unicamente para garantir o funcionamento do Instituto, que tem a sede na Cidade da Praia, em Cabo Verde.