Só quem não quer fazer coisas sérias é que não percebe que, afinal, não há mais vida para além do PSD/CDS. E se um emprego implicar coluna vertebral e tomates amovíveis… que mal tem?
Vamos a isto rapazes. Muitos de nós estamos a aprender a viver sem comer (desemprego). Antes que se descubra que é uma missão impossível (já faltou mais), o melhor é preencher a respectiva ficha… mesmo quando o ordenado não é grande coisa. Apenas um vencimento mensal (ainda por cima bruto) de 3.653,81 euros...
Assim como está (e ao que parece vai continuar na mesma) Portugal não vai levar a carta a Garcia... mesmo que o general esteja ao dobrar da esquina.
Nos últimos anos, bem antes – reconheça-se – de José Sócrates ter sido eleito sumo pontífice do PS e do Governo, Portugal aposta forte e feio na rapaziada do costume.
Seja como for, o que Portugal precisa é de uma estratégia (ou desígnio) que valorize quem tem ideias e não quem diz que as tem. Que institua (e não que sugira que se institua) o primado da competência, independentemente da filiação partidária e das cunhas.
Será isso que vai acontecer? Tudo leva a crer... que não.
É certo que a procissão ainda vai no adro. No entanto, o problema é bem mais extenso. Não se resume a pessoas. Assenta na mentalidade de quem dirige o país e esses não são, necessariamente, os ministros e os secretários de Estado.
São, sobretudo, aqueles que comandam a economia, que dão emprego aos políticos, e os poderes paralelos que ditam as regras do jogo e que, tantas vezes, as alteram quando mais convém. São as grandes empresas, as associações empresariais, as fundações e outros similares que proliferam na sociedade desta República.
Garantem-me que Belmiro de Azevedo afirmou (pelo menos uma vez) que «um subalterno tem o dever de questionar uma ordem do chefe e, se for o caso, dizer-lhe que não é suficientemente competente».
Se calhar essa foi uma das regras que originou o êxito deste empresário. Belmiro sabia (será que ainda sabe?) que um chefe não é só o que manda - é sobretudo o que dá o exemplo. Sabia que a crítica não significa desobediência. Sabia que tinha de se rodear de massa crítica, pois para dizer sempre que «sim» bastava-lhe a própria sombra.
O Governo português está cheio de «sombras». E está este como estão as associação empresariais, os sindicatos, o PS, o PSD, o CDS/PP e os organismos (sobretudo fundações, institutos e similares) criados para dar emprego a ex-políticos e candidatos a políticos.
«Sombras» que vivem religiosamente à custa das bênçãos, das cunhas, e dos padrinhos que, por regra, já chegaram a chefes do estado maior.
Com um país assim, onde são (quase) sempre os mesmos a ter acesso ao poder, sendo todos os outros relegados para fora de jogo, só há duas possibilidades: ter ideias e ser marginalizado ou, agora, ser sombra e filiar-se no PSD (excepcionalmente também no CSD/PP).
Mais dia menos dia o poder há-de sorrir.
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