terça-feira, maio 31, 2011

Cabinda na Feira do Livro do Porto

No âmbito da Feira do Livro do Porto e numa iniciativa do Clube Literário do Porto e da Editora Letras de Ferro terá lugar no próximo dia 4, sábado, pelas 16,30 horas, uma sessão de autógrafos do meu livro "Cabinda - ontem protectorado, hoje colónia, amanhã Nação".

Há muito, muito tempo, eras tu um jornalista que não pensava apenas com a barriga... vazia

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) portugueses apresentou hoje às formações políticas candidatas às eleições legislativas de 5 de Junho, um conjunto de propostas de natureza legislativa que constitui, diz o SJ, uma verdadeira agenda parlamentar e de governo comprometida com a causa da Liberdade de Imprensa.

O SJ sabe que os partidos não estão interessados na causa da Liberdade de Imprensa. Aliás, se até os “jornalistas“ não estão interessados no assunto, não há razões para querer que os partidos estejam.

Segundo o SJ, trata-se de um contributo para um "debate que tem de permanecer vivo depois do sufrágio", tanto mais que a concretização das propostas postas à consideração das diferentes forças políticas "era já urgente na legislatura passada".

Que a questão da Liberdade de Imprensa é urgente há muito, muito tempo, é verdade. Bem antes da chegada, há seis anos, de José Sócrates a dono do país. É claro que, com ele, o que restava dessa liberdade foi para a serjeta.

Creio, aliás, que nesta matéria José Sócrates conseguiu fazer o que outros almejavam. De facto, com raras excepções (não me estou a lembrar de nenhuma, mas admito que exista), todos os partidos acreditam que Jornalista bom é, para já, Jornalista no desemprego.

Lá chegará o tempo, como noutras latitudes, em que Jornalista bom é Jornalista morto.

Com esta iniciativa, o SJ retoma, com algumas alterações, o texto da “Agenda” entregue às formações que se apresentaram às eleições legislativas de 2009.

A revisão do Estatuto do Jornalista; a revisão das leis da Televisão, da Rádio e do Serviço Público de Rádio e Televisão; a adopção de uma Lei Quadro do Sector Público da Comunicação Social; medidas de combate à concentração dos meios de informação; defesa das condições de trabalho e combate à precariedade; revisão da Lei sobre a conservação de dados de comunicações; e a clarificação do âmbito do segredo de justiça são algumas das propostas apresentadas.

O SJ pensa que Portugal é um Estado de Direito e, por isso, apresenta propostas válidas mas que, na minha opinião, pecam por serem inexequíveis em todos os países – caso de Portugal – onde a competência foi substituída pela subserviência, onde o que conta é a embalagem e não o produto.

E quem instituiu essa alteração de valores? Os donos dos jornalistas e os donos dos donos dos jornalistas.

No documento, o SJ sublinha a sua "convicção de que é em alturas como esta – de crise económica e social, que serve de desculpa à propalada inevitabilidade de retrocessos – que se deve reforçar a vigilância e as garantias dos cidadãos", pelo que exorta os que vierem a ser "eleitos ou investidos em funções de governo" a adoptar as medidas apresentadas e a assumir o seu compromisso com a Liberdade de Imprensa.

Pois é. Bem dizia em Maio... de 2009, o bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, a propósito do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que “há muitos jornalistas que estão ao serviço do director e não da verdade”.

O bispo deveria ter acrescentado que, por sua vez, os directores estão ao serviço dos patrões (políticos e ou económicos) e não da verdade.

As declarações do bispo de Viseu são graves mas tudo, como esperado num país onde os Jornalistas são dos que mais brandos costumes têm, ficou na mesma. O “jornalismo” em Portugal atingiu em alguns casos um tal estado de descrédito que já ninguém se preocupa. Num sistema de vale tudo, pouco importa se o jornalismo virou propaganda e apenas é mais uma linha de enchimento comercial.

A situação descrita pelo bispo não é nova, embora se tenha agravado com o advento da “ditadura” democrática do governo socialista de José Sócrates.

E a situação vai agravar-se enquanto existir um Jornalista que não se submeta à cirurgia de remoção da coluna vertebral, imposta de forma camuflada pelos tais donos dos jornalistas, pelos tais donos dos donos dor jornalistas.

É claro que, como advoga o SJ, os órgãos de soberania, nomeadamente o governo, os partidos e os deputados poderiam alterar a situação. Mas nada fazem porque este é o modelo de “informação” que querem. É o modelo que em vez de dar voz a quem a não tem, amplia a voz dos que têm acesso a tudo. É o modelo que em vez de lutar pelos milhões que têm pouco ou nada, luta pelos poucos que têm milhões. É, portanto, um modelo feito à medida e por medida.

Os angolanos não temem a verdade

O desemprego continua a subir?
“Porreiro, pá!”, diz José Sócrates

O Eurostat anunciou que 12,6% da população activa no que resta de Portugal estava sem emprego em Abril. É o mesmo valor de Março, mas já acima dos 12,4% que o INE contabilizou para o primeiro trimestre do ano.

São perto de 800 mil desempregados, 20 por cento de pobres e outros tantos que já têm saudades de ver os pratos com alguma coisa dentro. Ou, noutra linguagem, o fruto de seis anos de governação de José Sócrates e seus acólitos.

A taxa de desemprego portuguesa mantém-se assim substancialmente acima dos 9,9% registados na União Europeia. O Governo do sumo pontífice já reagiu a estes dados, tendo Valter Lemos, secretário de Estado do Emprego, dito que apesar de tudo há sectores que estão a criar emprego mas que os próximos meses vão continuar a ser difíceis.

Aliás, Valter Lemos deveria acrescentar (seguindo a cartilha do seu “querido líder”) que, apesar de tudo, não existe desemprego nos que têm emprego, nos reformados, nos estudantes, nos que já morreram…

A cartilha do secretário-geral do PS e primeiro-ministro é, aliás, bem clara na estratégia de tratar a maioria dos portugueses como trata a maioria dos socialistas: mentecaptos.

Pelo menos os socialistas aplaudem, o que se calhar é normal... Aliás, cada vez mais, o que é normal para José Sócrates não o é para o país. A seriedade e o rigor não são, nunca foram, compatíveis nem com o secretário-geral do PS, nem com o primeiro-ministro.

Brincando política e mentalmente ao pé-coxinho com os portugueses, José Sócrates sacode a água do capote e veste a farda do político impoluto que, no mínimo, se assemelha a Deus e que só não fez mais pelos seus servos porque o Diabo tomou conta da Oposição.

Afinal quem reduziu os salários, quem congelou as pensões, quem pôs Portugal com uma mão atrás e outra à frente (ambas vazias), não foi Sócrates, apesar de estar há seis anos no governo, mas sim a Oposição... apesar de não ser governo.

Portugal, pelos vistos, nunca teve um tão bom primeiro-ministro como o que tem agora. Aliás, o próprio José Sócrates diz que "Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu".

E quando assim é, e quando os socialistas permitem que assim seja, e quando os portugueses não se importam que assim seja, o melhor é nomear uma comissão liquidatária.

O Secretário-Geral do PS o que quer é continuar no poder, mesmo que tenha (como aconteceu nos últimos anos) de às segundas, quartas e sextas dizer o contrário do que diz às terças, quintas e sábados.

O país pouco o preocupa. Os cidadãos nada o preocupam. O que o verdadeiramente preocupa é poder.

Quem de facto fez tudo, saltando de PEC em PEC, para abrir as portas de Portugal ao FMI foi o governo de José Sócrates. Incapaz de tomar com tempo as medidas necessárias, apostou e aposta tudo numa máquina de fazer sonhos que é capaz de projectar comida no pratos dos portugueses. E a projecção lá está. Mas a comida não.

José Sócrates conseguiu aumentar o défice, o desemprego, a dívida pública e a pobreza. Apesar disso, com os seus apaniguados a bater palmas numa orgia colectiva, quer aparecer como o salvador da pátria, cantando e rindo no convés de um navio que por sua culpa se afunda a olhos vistos.

E, ao que parece, os portugueses continuam a manter bem vivo o adágio que diz: “quanto mais me bates, mais eu gosto de ti”.

E a ser assim, parafraseando José Sócrates, ainda está para nascer um povo que consiga contar até 12 sem ter de se descalçar...

Entrevista à Deutsche Welle

A propósito dos Acordos de Bicesse, assinados há 20 anos, oiça e leia a entrevista que dei à Deutsche Welle - Voz da Alemanha.


segunda-feira, maio 30, 2011

Se a razão desse votos, a UNITA venceria
e Angola seria uma exemplar democracia

A UNITA acredita, ou diz que acredita, que cada vez mais os “angolanos começam a perceber melhor os desvios dos objectivos da paz e da reconciliação nacional”.

Tem razão. Mas, como se sabe, se nem nas democracias basta ter razão, num regime de partido único travestido com alguns laivos de democracia, como é Angola, ter razão é o que menos conta.

Diz a UNITA que em Angola “continua a violação dos Direitos, Liberdades e Garantias fundamentais dos cidadãos angolanos, consubstanciada nas detenções arbitrárias, particularmente nas zonas onde a UNITA goza de maior simpatia”.

Nada de novo. É assim em Angola, tal como é assim na colónia angolana de Cabinda. Os donos do país, com a criminosa conivência da comunidade internacional, casos da ONU, UA e CPLP, continuam a comer lagosta e a dar ao Povo peixe podre, fuba podre (ou farelo), cinquenta angolares e porrada se refilares.

Enquanto Angola for o MPLA e o MPLA for Angola, de nada adiantará ter razão. A UNITA sabe-o bem. Aliás, parte dela trocou também a mandioca pela lagosta. E quando assim é...

Dizer que o regime liderado, recorde-se, por um presidente que está no poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito, é contra todas as formas de luta que ponham em causa o seu reinado, é chover no molhado. Ninguém se preocupa com isso.

Afirmar que os níveis de corrupção existentes em Angola superam tudo o que se passa em África, conforme relatórios de organizações internacionais e nacionais credíveis, é uma verdade que a comunidade internacional reconhece mas sem a qual não sabe viver. Aliás, é mais fácil roubar o Povo em regimes corruptos do que em democracias.

Aliás, basta ver como as grandes empresas, portuguesas e muitas outras, investem forte no clã Eduardo dos Santos como forma de fazerem chorudos negócios.

“Contínua a degradação da situação socioeconómica e cultural, estando na base do aumento dos níveis de violência, delinquência, pobreza e doenças endémicas que o País conheceu”, afirma a UNITA, acrescentando que continuam as práticas que reforçam o Estado patrimonialista e clientelista, visando condicionar a vontade e a consciência dos cidadãos, mediante voto prévio e induzido para o partido no Poder”.

Foi assim, assim é e assim vai continuar a ser. E o poder do MPLA tem tanta força, para além de cobertura dos seus amigos da Internacional Socialista, que para além de os mortos também votarem nele, há sempre aquela variante que legitima as boas democracias e que respeita ao facto de em alguns círculos eleitorais apareceram mais votos do que votantes.

Reconheça-se que é obra apresentar resultados (obviamente democráticos) em que o MPLA ultrapassa os 100 por cento das votações. Nesta matéria nem José Sócrates se equipara.

Enquanto a UNITA não preceber que está a fazer de figurante para legitimar uma democracia inexistente, que está a fazer de porteiro para o regabofe dos ditadores, que está com uma bandeja de prata à procura de comida nos caixotes do lixo dos donos do reino, nunca conseguirá mudar Angola.

Tal como não conseguirá enquanto não explicar como é que, entre outros, alguns dos seus generais (dos que estiveram até ao fim com o Mais Velho) são hoje dos homens mais ricos de Angola.

Mas, talvez mais importante do que tudo, a democracia não será edificada em Angola enquanto, como dizia o Mais Velho, não for a dor que nos faz andar, a angústia que nos faz correr, as lamúrias e as lamentações, que de vários cantos do país nos chegam, que nos fazem trabalhar; não for a razão dos mais fracos contra os mais fortes que nos faz marchar.

O que Barreto tem (coluna e tomates) é
coisa cada vez mais rara nos socialistas

Nada abala o “querido líder” do PS

O socialista Henrique Neto, embora de forma suave, diz que José Sócrates vive num "estado de negação da realidade" que o "obriga a mentir e a criar um mundo irreal".

Recordam-se que Ferro Rodrigues disse que o Governo português (do PS/José Sócrates) deveria ter “menos arrogância e mais humildade”?

Ao contrário de Henrique Neto, Ferro Rodrigues submeteu-se à miraculosa cirurgia que permite ter coluna vertebral amovível. E como ele há mais. Muitos outros adiaram a cirurgia para depois do próximo dia 5, de modo a ver se é deste que Sócrates passa de bestial a besta.

No estrangeiro, tal como m Portugal, nem todos perceberam que José Sócrates mente tantas vezes porque acredita que, pela insistência, a mentira se tornará verdade. E a técnica, pelo menos junto dos seus acólitos, funciona em pleno e tem validade assegurada até dia 5.

Dizem os analistas que, para além da descredibilização externa, Portugal enfrenta o risco de ser “colado” à Grécia e de passar a ser visto como um país que mente. Quem mente não é o país, mas sim o “querido líder” socialista. Apesar disso, há quem confunda o país julgando que Portugal é o PS e o PS é Portugal.

Importa, contudo, dizer que Portugal, ou melhor, o seu governo, não só mentiu, como mente e mentirá enquanto estiver em funções. Todos, portugueses ou não, já deveriam saber (o homem está lá há seis anos) que José Sócrates diz às segundas, quartas e sextas o contrário do que afirma às terças, quintas e sábados.

E quando assim é, o país vive numa situação favorável a que exista – cito Manuel Alegre (outro dos já operados à coluna) a propósito de José Sócrates - "um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa História, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE".

Como exímio ilusionista, José Sócrates conseguiu esconder de todos (muitos não foram na cantiga mas mantiveram-se calados) a verdade quer sobre o défice quer sobre a dívida pública.

Cometeu, como agora se vai vendo às prestações, um crime que – contudo – não é punido. Aliás, se este tipo de crime de “lesa pátria” desse penas de cadeia, Portugal não teria prisões suficientes.

Reconheça-se, no entanto, que mentir sobre estas questões já se tornou um direito dos diferentes governos a ponto de, creio, um dias destes aparecer uma lei para punir quem fale verdade, entre outras coisas, sobre o défice.

Muita gente, boa gente, está agora preocupada com uma coisa que Portugal já há muito deixou de ter: credibilidade. Quando, se calhar até no Burkina Faso, se sabe que os portugueses têm a chefiar um governo alguém que diz que "está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu", nada mais é preciso.

O próprio José Sócrates afirma que um líder não pode ter vergonha de ter ideias, programa e plano. Eis porque, mesmo em relação ao défice, ele pode e deve voltar a dizer: “Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu".

"Quem se apresenta ao escrutínio popular, em primeiro lugar, tem de ter ideias e não ter vergonha delas; é preciso ter um programa e não ter vergonha dele; é preciso ter um plano e não ter vergonha dele", declarou José Sócrates, em Julho de 2009, no final de um Fórum Novas Fronteiras com empresários e gestores.

José Sócrates disse também que os líderes políticos "têm a obrigação de apontar qual o caminho que o país deve seguir". "É preciso uma atitude de confiança nos portugueses e no futuro do país - confiança que tem ver com acção e não com a atitude de nos entregarmos à descrença ou ao pessimismo", disse.

É exactamente isso. E José Sócrates há muito que apontou o caminho do irreal e da mentira como a única saída. "Isto não vai lá de braços cruzados. Isto vai lá com acção e com aqueles que gostam de correr riscos e aceitam corrê-los. Não agir representa um preço que não podemos pagar", advertiu o primeiro-ministro, indicando aos portugueses o caminho, ou não fosse ele uma reedição (um bocado fracota e a tombar para o foleiro) do homem do leme...

Todos os socialistas, mesmo aqueles que como as marionetas só se aguentam de pé por terem alguém a segurá-los, sabem que o líder socialista se considera de uma casta rara e superior. Mesmo assim, não desgrudam da gamela.

Apesar de ter sido ministro de António Guterres, José Sócrates nada aprendeu com ele. Humildade? Honorabilidade? Não. Nada disso aprendeu com o então secretário-geral do PS e depois primeiro-ministro.

Quando António Guterres dizia que a verdade era a principal qualidade de um governante, certamente Sócrates entendia que isso era uma treta. E terá sido por isso que, quando se apanhou no poleiro, decretou que era o único dono da verdade e tratou de secar todos aqueles que pensavam, e pensam, de forma diferente.

Por alguma razão Henrique Neto diz que é "uma missão impossível" debater o futuro dentro do PS. É verdade. Mas, neste caso, José Sócrates tem razão. Desde quando se viu a plebe a debater os desígnios divinos do sumo pontífice do partido que, desde nascença, só sabe que tudo sabe?

domingo, maio 29, 2011

Nos galhos partidos da minha alma

Olhei a chuva amarga que batia
tão felina quanto agre e agreste
nas vidraças do meu triste coração.
Fiquei sem saber se era pesadelo
ou apenas a saudade de uma dor
que fez da oração um simples abafo.

Olhei a penumbra que vinha do sul
como se com ela viessem notícias
da minha banda, da outra banda.
Fiquei sem saber se a saudade vive
ou se apenas é miragem africana
num coração que baloiça ao vento.

Olhei a madrugada que sonolenta
dormia aos pés da noite sem luar,
como se fosse um canto nostálgico.
Fiquei sem saber se aquele sabor
a loengos nas esquinas da alma
era mais do que a noite esquecida.

Olhei o dia que não nascia como devia
à procura de uma razão para amanhã,
mesmo que ténue no meu horizonte.
Fiquei sem saber porque não canta
o catuitui que todos as madrugadas poisa
nos galhos partidos da minha alma.

Do Largo do Rato ao Futungo... a bem do reino

Se, supostamente – é bem claro, os Jornalistas devem lutar pelo que pensam ser a verdade, não deixa de ser curioso vê-los a analisar o pacote legislativo da Comunicação social de Angola, exactamente em Cabinda, território ocupado pelos militares do regime angolano.

A ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira, disse na abertura do encontro que todos os documentos moldados à Constituição foram bem acolhidos pela sociedade, e destacou o jornalismo como um exercício de democracia.

Se, dando crédito a Carolina Cerqueira, o jornalismo é “um exercício de democracia”, resta saber onde está esse jornalismo porque, de facto (de jure é ligeiramente diferente), Angola não é uma democracia.

Quando, é o caso de Angola, o povo vota de barriga vazia não existe democracia. Quando o presidente da República está no poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito, o sistema político pode ser tudo... menos democracia. Quando há círculos eleitorais onde o MPLA tem mais votos do que eleitores...

Verdade seja dita, contudo, que a ministra Carolina Cerqueira não fala exactamente de democracia existente, mas sim da “democracia que queremos construir”. Não sei se o dono do país terá gostado desta divagação.

Também é verdade que, mesmo nas ditas democracias estabilizadas, do tipo da que Portugal diz ter, as coisas não são muito diferentes. Basta recordar, por exemplo, que um deputado (Ricardo Rodrigues do PS) não se inibiu de roubar os gravadores aos jornalistas que o entrevistavam.

Ou que o Governo do soba maior (José Sócrates) conseguiu, na vigência dessa dita democracia, fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”, transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente", convencer os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista de barriga cheia do que um ilustre Jornalista com ela vazia.

Tal como conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, convencer os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe (socialista, obviamente), mostrar aos Jornalistas que ter um cartão do PS é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.

Em teoria sabe-se que caberia aos jornalistas (ainda há, tanto por Portugal como por Angola, alguns que teimam em dar voz a quem a não tem) estar na primeira linha dos que, com respeito, respeitando a liberdade, respeitando as pessoas, devem sobretudo respeitar antes de mais a verdade.

No entanto, por experiência própria, os jornalistas sabem que, tanto no reino socialista lusitano como no seu congénere angolano, dizer a verdade é mais de meio caminho andado para o desemprego.

E tanto sabem disso que, hoje em Portugal, estão a dar a volta e a trocar as amizades do Largo do Rato pelas da Rua de São Caetano. No caso de Angola, como não há nada para trocar, continuam a venerar o Futungo.

sábado, maio 28, 2011

Nem todos são imbecis e criminosos

Mentira dita pelo “querido líder” Sócrates
tem força de lei e passa logo a ser verdade!

FMI, Comissão Europeia e BCE querem que Portugal, entre outras coisas, acelere as alterações às regras por despedimento e fizeram alterações ao texto original. E, pelos vistos, as alterações foram feitas mais ou menos à socapa, o que não terá agradado a muito boa gente.

Quanto a mim, é natural a existência de várias versões de um texto que só deveria ter, isto no caso de Portugal ser um Estado de Direito, uma única versão.

Mas, como sabem os “troikanos”, se Portugal (ainda) tem um primeiro-ministro que diz uma coisa às segundas, quartas e sextas, e outra totalmente diferente às terças, quintas e sábados, é normal que do documento existam várias versões, eventualmente para dar cobertura ao ziguezaguear socialista.

A primeira versão, que data de 3 de Maio, foi assinada pelo Executivo socialista e subscrita através de cartas enviadas à missão técnica, pelo PSD e pelo CDS, caso ganhem as eleições de 5 de Junho.

A segunda, refeita por Bruxelas e assinada pela governo socialista em nome da República portuguesa e pela Comissão Europeia, na cimeira de 17 de Maio, e que inclui diferenças de prazos e de conteúdos.

Uma dessas diferenças é o prazo limite da troika para que Portugal cumpra o regime de alterações aos despedimentos, já acordado em concertação social e que inclui despedimentos mais fáceis e baratos.

No primeiro texto, o prazo para aplicar as novas regras no mercado laboral é até final de Setembro deste ano. Já no segundo memorando, o prazo é encurtado em dois meses, até ao fim de Julho.

Provavelmente na terceira versão esse prazo deve respeitar a Janeiro e ter efeitos retroactivos a Janeiro de 2010... ou coisa parecida.

Com a habitual perspicácia do reino, o Ministério das Finanças diz que há uma “versão preliminar, sobre a qual o Governo e os principais partidos manifestaram a sua concordância nos dias 3 e 4 de Maio”, e uma “versão final assinada pelo Ministro de Estado e das Finanças, pelo Governador do Banco de Portugal e pela Comissão Europeia no dia 17 de Maio”.

Sobre a versão pós-final, ou terceira em linguagem corrente, nada se diz, por enquanto. Mas é só uma questão de esperar uns dias. Aliás, Portugal vai andar de versão em versão até à versão fatal.

Os partidos já reagiram. De uma forma geral não agem, apenas reagem. E por isso ainda estão a falar da segunda versão...

O CDS-PP afirmou já ter pedido explicações ao Governo sobre esta matéria, assim como Pedro Passos Coelho, mas José Sócrates garante que ambos documentos foram “assinados pelo Governo português e também pelos partidos”, nomeadamente PSD e CDS-PP.

É mentira. Mas, como em qualquer reino, seja por exemplo em Angola ou na Coreia do Norte, uma mentira dita pelo “querido líder” (José Sócrates) tem força de lei e passa a ser verdade logo que dita.

sexta-feira, maio 27, 2011

“Chantagem para forçar adesão a rescisões”

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) portugueses acusa a Comissão Executiva da SIC de estar a pressionar os trabalhadores para conseguir adesões ao “Programa de Rescisão Amigável” que está em vigor até 17 de Junho, com a ameaça de que, se o resultado não for o desejado, a Administração pode vir a recorrer a “soluções previstas nas anunciadas alterações da legislação laboral”.

Em comunicado, que a seguir se transcreve na íntegra, o SJ considera que a forma como foi apresentado o referido programa “configura uma descarada chantagem que só vem confirmar os piores receios deixados pela recente mensagem do presidente da SIC, Francisco Pinto Balsemão, que acompanhou a informação sobre o desempenho da empresa no primeiro trimestre”:

“1. A Comissão Executiva da SIC comunicou ontem, ao final do dia, aos trabalhadores, a abertura, até ao dia 17 de Junho próximo, de um “Programa de Rescisão Amigável”, no âmbito do qual se propõe pagar a cada trabalhador que aceite rescindir o seu contrato de trabalho uma compensação equivalente a 1,25 do valor médio da retribuição certa mensal dos 12 últimos meses, por cada ano de antiguidade na empresa.

2. “Em função do desfecho deste processo”, remata a comunicação, a Administração “poderá implementar, ou não, outras medidas no âmbito da reestruturação relacionada com a área dos recursos humanos, eventualmente recorrendo a soluções previstas nas anunciadas alterações da legislação laboral”.

3. O SJ considera que a forma como esta comunicação é feita configura uma descarada chantagem que só vem confirmar os piores receios deixados pela recente mensagem do presidente da SIC, Francisco Pinto Balsemão, que acompanhou a informação sobre o desempenho da empresa no primeiro trimestre.

4. Este “Programa” da Administração da SIC constitui mais uma prova de que há empregadores, infelizmente em grande número, que conseguiram impor a ideia de que para vencer a crise é necessário reduzir os direitos laborais, ansiando agora pela rápida aprovação das medidas anunciadas para tornar os despedimentos mais fáceis e mais baratos.

5. De facto, tal mensagem significa que um número não determinado de trabalhadores só pode escolher, em prazo muito curto, entre sair de imediato com uma indemnização que a empresa pretende apresentar como razoável ou sair a seguir em condições muito piores, dilema que traduz uma forma de pressão absolutamente inaceitável que não se compagina com os princípios da boa fé negocial.

6. O SJ apela aos jornalistas ao serviço da SIC para que se mantenham unidos e combatam esta ofensa, reafirmando claramente e sem hesitar que, além das duas alternativas apresentadas, existe uma terceira muito mais justa – o direito à manutenção do emprego!”

Pois claro. A culpa é (sempre) dos outros!

O Fundo Monetário Internacional prevê que, até 2012, Portugal continue em recessão e o desemprego baterá um máximo histórico.

E de quem é a culpa? Apesar de o PS e José Sócrates terem sido Governo nos últimos seis anos, a culpa é obviamente dos partidos da Oposição.

De acordo com as previsões de Primavera do FMI, que acabam de ser divulgadas, Portugal irá sofrer uma contracção do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5 por cento este ano, a que se seguirá nova queda – de 0,5 por cento – em 2012. A economia nacional será mesmo a única da Europa a estar em recessão no próximo ano.

E de quem é a culpa? Apesar de o PS e José Sócrates terem sido Governo nos últimos seis anos, a culpa é obviamente dos partidos da Oposição.

Quanto à taxa de desemprego, irá atingir um novo recorde em 2012, atingindo 12,4 por cento da população activa. Este ano, a taxa de pessoas desempregadas deverá fixar-se nos 11,9 por cento, estima o FMI. Dentro da zona euro, só a Espanha, a Grécia e a Irlanda terão uma taxa de desemprego pior.

E de quem é a culpa? Apesar de o PS e José Sócrates terem sido Governo nos últimos seis anos, a culpa é obviamente dos partidos da Oposição.

Portugal é mesmo o único país da Europa que continuará em recessão no próximo ano, mesmo quando comparado com os outros Estados mais fragilizados, como a Grécia e a Irlanda.

E de quem é a culpa? Apesar de o PS e José Sócrates terem sido Governo nos últimos seis anos, a culpa é obviamente dos partidos da Oposição.

Nesta altura, Portugal deve ter bem mais do que 700 mil desempregados, 20 por cento de cidadãos na miséria e os outros 20 por cento que já a têm a bater à porta.

E de quem é a culpa? Apesar de o PS e José Sócrates terem sido Governo nos últimos seis anos, a culpa é obviamente dos partidos da Oposição.

"Não estou nada satisfeito com a qualidade da democracia, temos que a requalificar, revitalizar. A começar pela renovação das dinâmicas e das estruturas partidárias. E há uma remobilização dos cidadãos que é necessária", sustentava Jorge Sampaio, em entrevista à Antena 1 em 21 de Abril do ano passado.

E de quem é a culpa? Apesar de o PS e José Sócrates terem sido Governo nos últimos seis anos, a culpa é obviamente e desde sempre dos partidos da Oposição.

"Para continuar a merecer a confiança dos portugueses é preciso que o PS assuma que nem tudo foram rosas na governação e que nem sempre a rosa cheirou muito bem. O PS também cometeu erros e assumi-los será meio caminho andado para os corrigirmos", afirmou (recordam-se?)no Congresso do PS a eurodeputada Ana Gomes.

E de quem é a culpa? Apesar de o PS e José Sócrates terem sido Governo nos últimos seis anos, a culpa é obviamente dos partidos da Oposição.

E a culpa é sempre da Oposição porque sendo José Sócrates de uma casta superior, os portugueses só têm de repetir o que ele diz, juntando-se à carneirada que, a troco de uma prato de lentilhas, lá faz fila para o beija-mão ao PECaminoso sumo pontífice do PS.

Como diria o grande educador das massas operárias, também ministro, Augusto Santos Silva, perante o “salivar” de todos os partidos da Oposição... é óbvio que José Sócrates não tem culpa seja do que for.

Espero, entretanto, que a Oposição não boicote a próxima grande iniciativa do PS e de José Sócrates a nível do Serviço Nacional de Saúde.

Ou seja, de forma totalmente gratuita e sem listas de espera, operar todos os portugueses, tornando-os portadores de coluna vertebral amovível.

Descubra, mas não encubra, as diferenças...

quinta-feira, maio 26, 2011

Francisco Said Al-Sahaf Assis

Numa altura em que os jornalistas já viam da sala onde falavam com o ministro iraquiano da Informação os tanques dentro de Bagdade, Mohamed Said Al-Sahaf garantia a pés juntos que as tropas norte-americanas estavam longe da capital e a levar porrada a torto e a direito.

Desde que chegou a líder parlamentar, com óbvias e nada disfarçadas ambições ministeriais, Francisco Assis faz-me lembrar (entre outros camaradas socialistas) Mohamed Said Al-Sahaf. E é pena.

Pena porque seria mais fácil o diálogo com o PS se este fosse liderado, por exemplo, pelo Francisco Assis anterior que, fosse perante quem fosse, dizia o que pensava e não se limitiava, como agora, a exercícios miméticos do “querido líder” e sumo pontífice socialista, José Sócrates.

Embora numa versão mais europeia de Mohamed Said Al-Sahaf, Francisco Assis continua não só a acocorar-se perante as barbaridades de José Sócrates como, ainda, mostra serviço ao “querido líder” ampliando-as.

Quem, aliás, seguiu a trajectória político-partidária de Francisco Assis nos últimos anos não terá, creio, dificuldade em ver que ele está cada vez mais igual (apesar de tudo... para melhor) a José Sócrates.

Assis sabe que desde que José Sócrates chegou a dono do país, Portugal está cada vez mais perto dos mais evoluídos paises do norte... de África. Apesar disso continua a dizer o contrário, a culpar os outros.

E se José Sócrates impõe como regra no PS que os mais destacado militantes sejam subservientes, tenham coluna vertebral amovível (ou, preferencialmente, ausência dela) e disponibilidade total para estar sempre de acordo com o dono do partido, Francisco Assis aplaude.

Que José Junqureiro diga que “o que nós precisamos é de homens públicos que saibam estar à altura das responsabilidades”, referindo-se a José Sócrates, ainda vá que não vá. Mas ouvir Francisco Assis, embora com maior eruditismo, dizer o mesmo... custa a engolir.

Ver Francisco Assis branquear os responsáveis pelos mais de 700 mil desempregados, 20% de portugueses que estão na miséria e de outros 20% que já a têm a bater à porta, é algo que poucos esperariam dele.

Mas, ao que me dizem, se não fosse esta capacidade de adaptação, também nunca Mohamed Said Al-Sahaf teria chegado a ministro de outro “querdo líder”, na circunstância Sadam Hussein.

Excluindo os pobres, Angola não tem pobreza

Os angolanos gostam de atazanar a vida do mais democrático país do mundo e, igualmente, dos mais democrático presidente, José Eduardo dos Santos. Vai daí, lembram-se (se isto cabe na cabeça de alguém!) fazer marchas de protesto contra algo que não existe em Angola: a pobreza.

É claro que, perante tão injusto e irreal motivo, o presidente fica chateado e mnda prender uns tantos e dar porrada em mais alguns. Se não existe pobreza nem corrupção em Angola, estavam à espera de quê?

Há quem diga que no reino de Eduardo dos Santos, no poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito, independente desde 1975 e já com nove anos de paz efectiva, há 70% de pobres. Alguém acredita nisso?

Segundo José Eduardo dos Santos, quando ele nasceu já havia muita pobreza na periferia das cidades, nos musseques, e no campo, nas áreas rurais. Citou, aliás, os poetas Agostinho Neto e António Jacinto que, nos seus versos, denunciavam a miséria extrema, e a exploração do contratado, cujo pagamento era fuba e peixe seco e porrada quando se refilava.

O Presidente do MPLA, da República e chefe do Governo (entre outras coisas) deu estas explicações, em Luanda, na cerimónia de abertura da primeira sessão extraordinária do Comité Central do MPLA, que decorreu no complexo turístico “Futungo II”, com a participação de 225 dos seus 311 membros.

Eduardo dos Santos denunciou também, pudera!, os oportunistas que pretendem promover a confusão no país para provocar a subversão da ordem democrática estabelecida na Constituição da República, e derrubar governos eleitos, a favor de interesses estrangeiros.

“Hoje há uma certa confusão em África e alguns querem trazer essa confusão para Angola”, declarou o dono do país, adiantando que “devemos estar atentos e desmascarar os oportunistas, os intriguistas e os demagogos que querem enganar aqueles que não têm o conhecimento da verdade".

Como diria o seu amigo e ainda primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, ainda está para nascer um presidente do MPLA, de Angola e chefe do Governo, que tenha feito melhor do que José Eduardo dos Santos.

José Eduardo dos Santos adiantou que nas chamadas redes sociais, que são organizadas via Internet e nalguns outros meios de comunicação social, fala-se de revolução, mas não se fala de alternância democrática.

Como dono da verdade, José Eduardo dos Santos esquece-se que para haver alternância democrática é preciso que antes existe democracia. Mas isso até não é importante... sobretudo para quem está no poder há tanto tempo.

Diz ele, do alto da sua sábia cátedra, que pôr os vivos (e até os mortos) a votar – mesmo que de barriga vazia – é democracia.

“Para essa gente, revolução quer dizer juntar pessoas e fazer manifestações, mesmo as não autorizadas, para insultar, denegrir, provocar distúrbios e confusão, com o propósito de obrigar a polícia a agir e poderem dizer que não há liberdade de expressão e não há respeito pelos direitos” referiu o único presidente dos países lusófonos que nunca foi eleito.

José Eduardo dos Santos considera que os seus opositores têm medo das próximas eleições de 2012, pois sabem que a maioria dos eleitores não vai votar a favor deles.

Nisso tem razão. Um povo com fome vota certamente em quem lhe der um saco de fuba. Além disso, como nas anteriores eleições, nada de anormal irá acontecer se em alguns círculos votarem no MPLA mais de 100% dos eleitores inscritos...

José Eduardo dos Santos diz que os opositores querem apenas colocar fantoches no poder, que obedeçam à vontade de potências estrangeiras que querem voltar a pilhar as riquezas e fazer o povo voltar à miséria de que se está a libertar com sacrifício. É mais ou menos, digo eu, o que ele também está a fazer em Cabinda.

Tem razão. Embora o MPLA pilhe as riquezas e o povo desde 1975, sempre tem a seu favor o facto de impor que os estrangeiros só pilhem se for em parceria com o clã Eduardo dos Santos.

O dono de Angola lamentou o facto de ninguém se lembrar de dizer que a pobreza não é recente e que é uma pesada herança do colonialismo e uma das causas que levou o MPLA a conduzir a luta pela liberdade, para criar o ambiente político necessário para resolver esse grave problema.

Pois é. Embora tenha comprado o país em 1975, o MPLA continua a responsabilizar o colonialismo e até, talvez, não fosse despiciendo falar também da responsabilidade de D. Afonso Henriques.

Utilizando uma calculadora certamente “made in Coreia do Norte”, Eduardo dos Santos diz que os índices de pobreza, que estavam em cerca de 70 por cento, baixaram em 2010 para cerca de 37 por cento.

Mais uma vez o dono do país, modesto como é, peca por defeito. É que se fizer o cálculo ao seu clã e aos vassalos que o rodeiam, o índice de pobre é 0 (zero).

Segundo Eduardo dos Santos, no quadro do Programa de Luta contra a Pobreza, se continuar com esse ritmo de redução, a pobreza deixará de existir dentro de alguns anos.

Tem, mais uma vez, razão. Aliás, se o regime angolano excluir dos cálculos da pobreza todos os que são... pobres, pode já anunciar o fim da pobreza.

José Eduardo dos Santos afirmou também que apesar de não existir país nenhum no mundo sem corrupção, o Governo está a fazer esforços para combater este mal.

Aí está a prova de que o MPLA deve mudar o regime legal. É que se a lei não considerar a corrupção como um crime, o país deixa de ser o local do mundo com mais corruptos por metro quadrado.

quarta-feira, maio 25, 2011

Para memória presente e futura!

Quando se julga que o país já bateu no fundo,
Sócrates consegue escavar mais um bocado!

Diz o jornal i que o conselheiro de Estado, António Capucho, pediu hoje aos militantes do PSD que se empenhem em passar a mensagem para que seja possível ao PSD ter "uma maioria sólida, se possível absoluta" de Pedro Passos Coelho.

Até aqui nada de novo. Vem, aliás, na sequência o pedido feito ontem pelo líder do PSD, Pedro Passos Coelho.

De acordo com o ex-presidente da Câmara de Cascais, se os portugueses não derem "a maioria a PSD e a Pedro Passos Coelho, mais do que uma grande injustiça, é que certamente iríamos pelo precipício abaixo, e muito dificilmente Portugal se conseguiria reerguer", disse.

Aqui António Capucho mete água. Ao dizer que se o próximo primeiro-ministro não for Passos Coelho o país irá pelo precipício abaixo, o Conselheiro de Estado erra. É que, seja qual for o novo (u velho) chefe do Governo, o país não irá para um lugar onde já está há muito tempo.

Capucho poderia, e deveria, ser mais exacto. Ninguém vai para onde já está. E Portugal já bateu no fundo do precipício há muito tempo. É verdade, admito, que quando todos pensam que já não é possível ir mais baixo, lá aparece José Sócrates a demonstrar o contrário.

Como disse Manuel Maria Carrilho disse na TVI24, "José Sócrates fala como especialista do estado social mas tem 700 mil desempregados na sua responsabilidade, tem decisões a tomar em relação aos desempregados e às pensões mais baixas que me lembram muitas vezes a famosa frase de Mário Soares quando disse que tinha que pôr o socialismo na gaveta".

No entanto, ressalvou Carrilho, "se Mário Soares teve de pôr o socialismo na gaveta, José Sócrates deitou-o para o caixote de lixo. Esse é que é o balanço disto tudo".

Entretanto, da actual campanha socialista ressalta o efeito mimético nos socialistas. Ele é de tal ordem que, depois de se ouvir o chefe, é fácil saber o que os seus apaniguados vão dizer nas suas intervenções. É, aliás, uma boa estratégia.

Sendo José Sócrates de uma casta superior, os socialistas só têm de repetir o que ele diz, juntando-se à carneirada que, a troco de uma prato de lentilhas, lá faz fila para o beija-mão ao PECaminoso sumo pontífice do PS.

Mas seja lá o que for que Sócrates diga, os seus acólitos acreditam que o seu líder tem um dom sebastiânico.

Como bem diz o grande educador das massas operárias, também ministro, Augusto Santos Silva, perante o “salivar” de todos os partidos da Oposição, o PS tem de unir esforços para continuar a ter livre acesso à gamela.

Por alguma razão, desde que há mais de seis anos José Sócrates chegou a dono do país, Portugal está cada vez mais perto dos mais evoluídos países do norte... de África.

Eu continuo, contudo, a subscrever (salvo seja!) o que diz José Junqueiro, quando afirma que o primeiro-ministro “é uma oportunidade para o país, mas também um exemplo para a Europa”. E, além disso, incluiria em abono da verdade que também é um exemplo para o Burkina Faso.

E se dúvidas existissem quanto às condições para ainda se ser deste PS, basta ouvir José Junqueiro. E são elas, subserviência total, coluna vertebral amovível (ou, preferencialmente, ausência dela) e disponibilidade total para estar sempre de acordo com o dono do partido e, na circunstância, do país.

“O que nós precisamos é de homens públicos que saibam estar à altura das responsabilidades”, afirmou ainda não há muitos PECs atrás, José Junqueiro sobre o chefe do Governo, a propósito das dificuldades económicas por que passa Portugal e outros países europeus.

Goste-se ou não, creio que terão sido as qualidades de José Sócrates que levaram Nicolas Paul Stéphane Sarkozy de Nagy-Bocsa e Angela Dorothea Merkel, entre muitos – mas mesmo muitos –, a pedir a erudita ajuda do perito dos peritos lusos, de seu nome José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.

Menos êxito tiveram, obviamente por culpa da Oposição, os mais de 700 mil desempregados, os 20% de portugueses que estão na miséria e os outros 20% que já a têm a bater à porta.

Seja como for, por experiência própria estes portugueses sabem cada vez melhor que, como as fraldas e pela mesma razão, os políticos socialistas devem ser substituídos e mandados para o lixo... sem direito a reciclagem.

“Onde ponho o dedo, Patrão?”

Reforçado pelos esmagadores êxitos do seu patrão, certamente que o Jornal de Angola, estatal, órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime ditatorial que (des)governa Angola desde 1975, poderá agora concretizar a ameaça feita em 12 de Maio de 2008.

Nesse dia, o único diário angolano ameaçava divulgar "as listas dos nomes dos quadrilheiros portugueses capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo".

Tal como escrevi nesse mesmo dia, era e continua a ser bom que o faça. Ou será que o facto de o dono do jornal, bem como do país, ser agora também dono de grande parte de Portugal, alterou o ímpeto?

Continuo, contudo, à espera das listas de quadrilheiros portugueses e, já agora, também da imensa listagem dos oficiais das FAPLA e depois das FAA que trabalhavam para Savimbi, assim como dos políticos do MPLA, alguns com altos cargos no Governo e que também trabalhavam para o líder da UNITA, e ainda dos jornalistas (portugueses e angolanos), hoje rendidos aos encantos do MPLA, e que também eram amamentados por Savimbi.

"Basta de abusos e insultos", advertia então o Jornal de Angola (estatal, órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime ditatorial que (des)governa Angola desde 1975) na última linha de um texto não assinado, publicado em Editorial, sem avançar quaisquer pormenores sobre as "listas de quadrilheiros portugueses", inferindo-se que se trata de aliados do ex-líder da UNITA, principal partido da oposição angolana, morto em combate em Fevereiro de 2002.

De baterias apontadas ao jornal Público e ao programa "Eixo do Mal", da SIC Notícias, o Jornal de Angola (estatal, órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime ditatorial que (des)governa Angola desde 1975) afirmava que os "idiotas úteis" que integram o programa e o diário português estão ao serviço de "quadrilhas" que se serviram de "diamantes de sangue" em Angola.

Força camaradas. Se os tiverem no sítio (não têm, nunca tiveram e nunca terão, como é bom de ver) não devem esperar. Mandem cá para fora tudo o que têm. Tudo. Tudo. Tudo significa tudo. Percebem?

"A liberdade de imprensa teve sempre inimigos confessos e alguns idiotas úteis que, mesmo sem o saberem, são os inimigos mais difíceis de conter ou enfrentar", referia o Jornal de Angola (estatal, órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime ditatorial que (des)governa Angola desde 1975), explicando que estes "idiotas úteis" são aqueles que os patrões "usam para todos os abusos".

Olhem quem ladra. Reproduzem o que o patrão do MPLA manda e, mesmo assim, até o texto estar impresso estavam de trela curta e surgem agora a arrotar postas de lagosta como se fossem livres e independentes.

O Jornal de Angola (estatal, órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime ditatorial que (des)governa Angola desde 1975) retomava também – recordam-se? - as críticas ao músico e activista Bob Geldof, que em Lisboa disse que Angola é governada por "criminosos", afirmando que os "derrotados" da descolonização "soltam os Bob Geldof e os idiotas úteis do `Eixo do Mal´ e outros serventes menores", que não identifica.

Sob a batuta do MPLA, estes escribas escolarizados há bem pouco tempo (ainda não há muito saltitavam nas copas das árvores) servem-se do Jornal de Angola (estatal, órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime ditatorial que (des)governa Angola desde 1975) para publicarem o que nem eles sabem o quer dizer.

Aliás, o facto de o texto não vir assinado apenas mostra que, quando o capataz do MPLA disse ao suposto autor para assinar, ele perguntou: “Onde ponho o dedo, Patrão?”

terça-feira, maio 24, 2011

Dizer que existe corrupção em Portugal
não passa de mais uma campanha negra

Portugal deve aumentar as multas a aplicar aos crimes de corrupção, segundo o novo relatório da "Transparency International", uma Organização Não-Governamental. Pois, pois!

De acordo com o documento, Portugal deve "aumentar as sanções pecuniárias aplicáveis" aos "crimes relacionados com corrupção, incluindo a corrupção estrangeira".

A "Transparency International" vem, como lhe é habitual, dizer apenas o que todos já sabem. Todos sabem igualmente que às ocidentais praias, lusitanas e socialistas, situadas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, restam duas únicas alternativas.

Portugal ou se afunda totalmente (já é pouco o que está fora de água) e passa o testemunho a uma comissão liquidatária liderada por exemplo por Angola, ou assume que quer ser uma espécie de Burkina Faso da Europa.

Aliás, nada disto é novo. Há mais de 500 anos que os antepassados dos portugueses sabiam que o reino não tinha futuro se aceitasse passivamente estar limitado às actuais fronteiras. Foi por isso que, num daqueles rasgos de heroicidade de outros tempos resolveram dar luz ao mudo.

Lembram-se, já agora, que foi um português que disse "De África tem marítimos assentos; É na Ásia mais que todas soberana; Na quarta parte nova os campos ara; E se mais mundo houvera, lá chegara!"?

Regressemos, entretanto, à versão sul-europeia do Burkina Faso. Portugal continua, de facto e cada vez mais de jure, sem ser um país, sem ser um Estado de Direito. É cada vez mais um local muito mal frequentado em que uma reduzida casta de "nobres" socialistas donos da verdade escraviza toda a plebe, tratando-a como se fossem escravos. E já faltou mais para o serem.

Em Portugal nada funciona bem para a esmagadora maioria, embora funcione quase na perfeição para os que estão no poder e, é claro, para os que têm esperanças de lá chegar a curto prazo.

Segundo a Transparency International, mais de meio mundo acredita que partidos, parlamento, polícia e tribunais são as instituições mais atingidas por uma corrupção quotidiana generalizada.

Todavia, no caso do tal reino das ocidentais praias socialistas lusitanas, tudo se resolverá com o tal "apelo à cidadania responsável e participativa" para a qual, penso, é fundamental que os portugueses se inscrevam nas organizações mais incólumes à corrupção e que, nesta altura, são com certeza os partidos nacionais, a começar pelo Socialista de José Sócrates, mas sem esquecer todos os outros.

Mas nada disto é relevante. Importa é salientar o orgulho luso de ver Sócrates dizer a Durão Barroso: "Conseguimos, pá!", de ver Cavaco Silva levar cem empresários ao reino de Angola, de ver Pedro Passos Coelho de “joelhos” (segundo o PS) em Espanha...

Ao que parece, 70% dos portugueses (claramente manipulados pelas forças do mal que só sabem fazer campanhas negras) considera os partidos políticos (isto é, aqueles seitas consideradas vitais nas democracias) as instituições mais corruptas.

Mas poderá lá ser! Corrupção nos partidos portugueses? Certamente que Transparency International se esqueceu de ouvir os militantes socialistas, os candidatos a militantes socialistas, os desempregados que querem ser socialistas para arranjar emprego, os empregados à custa do PS etc. Se os tivesse ouvido saberíamos que no partido de José Sócrates a corrupção não entra. E não entra porque já lá está, porque nunca de lá saiu, digo eu.

"Hoje somos confrontados diariamente com dramas pessoais e familiares que dificilmente poderíamos imaginar. São dramas que as estatísticas nem sempre revelam, mas que nos vão alertando para a dimensão social que a actual crise económica e financeira tem vindo a assumir", declarou pelo menos uma vez o chefe de Estado português, como se nada tivesse a ver com o assunto.

Que Cavaco Silva tenha dificuldade em imaginar os múltiplos dramas dos portugueses, ainda vá que não vá. Não pode, contudo, é escudar-se na ignorância de quem vive longe do país real para sacudir a água do capote e para fingir que não sabe que Portugal talvez gostasse de ser mas (ainda) não é um Estado de Direito.

Um Estado de Direito conquista-se quando se não tem medo de dizer a verdade. E esta, quer o presidente queira ou não, não é pertença nem do queixoso, nem do réu, nem do juiz e muito menos daqueles que têm dinheiro para comprar o queixoso, o réu e o juiz.

Os políticos de uma forma geral, sejam o Presidente da República, os membros do Governo, os deputados ou autarcas, teimam em tapar o sol com uma peneira, mesmo quando o fazem a meio da noite.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que tomasse medidas para castigar tanto o ladrão que entra em casa como o que fica à porta. Mas não. Cavaco Silva, na sua qualidade de mais alto magistrado da nação, parece querer castigar as vítimas e não os ladrões.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que visse a quem beneficia a infracção, que argumentos usa para cilindrar a liberdade e sobretudo porque o faz de forma completamente impune.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia muita coisa. E não apenas o óbvio para tudo continuar na mesma, para uns relembrarem o António (de Oliveira Salazar) e outros a necessidade de uma nova revolução.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal), espero que ao menos tenha a ousadia de convidar quem pode, no caso o seu amigo e homólogo José Eduardo dos Santos, para tomar conta de Portugal.

Platão dizia que "o castigo por não participares na política é acabares por ser governado por quem te é inferior." Pior do que isso, é ser governado por quem é inferior e falido.

No caso de ser o MPLA a colonizar Portugal, ao menos tinham a vantagem de não estarem falidos...

França continua a conspirar contra Angola?

De vez em quando, os donos de Angola mandam os seus servos (Jornal de Angola, por exemplo) acusar a França de estar envolvida numa conspiração contra o país.

Volta e meio a JA lança duras críticas à França e aos meios de comunicação franceses, reproduzindo apenas a versão oficial dos seus donos, acusando-os de conspirarem contra Angola, e, creio, também contra a democracia que (não) existe, contra a legitimidade de um presidente (não) eleito, contra as regras de um Estado de Direito que Angola (não) é.

O JA, que é um paradigma de ética e profissionalismo, tem acusado a Agência France Presse de fazer campanha contra Angola e terá sugerido ligações entre a França e o ataque à escolta milita angolana contra a selecção togolesa de futebol, em Cabinda. E o jornal, como sempre tem razão. Ao que ainda hoje parece, nem sequer eram homens da FLEC. Tudo indica que seriam soldados franceses disfarçados.

Tudo estaria bem se, como fez o presidente português, Anibal Cavaco Silva, Nicolas Sarkozy tivesse dito que Angola vai de Cabinda ao Cunene. Não o disse e por isso o regime angolano, que ocupa militarmente Cabinda, não perdoa.

Não sei porquê mas creio que, bem vistas as coisas, se calhar os franceses sabem mais da História de Portugal do que os próprios portugueses. Sendo certo que para as actuais autoridades de Lisboa parece que essa mesma História só começou a ser escrita em Abril de 1974.

Paris sabe muito bem que o regime que desgoverna Angola desde 1975 é uma ditadura e que, por isso, entende que quem pensa de maneira diferente é obrigatoriamente inimigo. Quanto ao pasquim, limita-se a ampliar os recados do MPLA. É assim há 36 anos e assim continuará até que o país um dia seja um Estado de Direito.

"Fiquei triste com este artigo que sugere que a França deve ser acusada de fomentar uma conspiração contra Angola através da FLEC. É absurdo, em primeiro lugar, e também estranho," disse há pouco mais de um ano Francis Blondet, então embaixador de França no reino de José Eduardo dos Santos.

Mas, bem vistas as coisas, não tem nada de estranho. Aliás a zanga do dono de Angola, José Eduardo dos Santos, tem outras origens, sendo a mais conhecida a que entronca no caso “Angolagate”.

Importa recordar que, segundo o governo angolano, não está certo condenar “cidadãos franceses que em tempo oportuno ajudaram o país a garantir a defesa do Estado e do processo democrático, face a uma subversão armada condenada pela comunidade internacional e pelas Nações Unidas, em particular”.

É mesmo isso. Só falta acrescentar que esses impolutos cidadãos franceses ajudaram os cidadãos angolanos de primeira categoria, os do MPLA, a matar os de segunda, também conhecidos como uma subespécie que dá pelo nome de kwachas.

Aliás, de acordo com uma declaração do Governo angolano, não foi provado em Tribunal qualquer comércio ilícito de armas, até porque estas não eram francesas nem transitaram em território francês. Como se vê...

"Não havia na altura qualquer embargo internacional contra a aquisição de armas pelo governo legítimo de Angola e estas foram adquiridas por Angola num negócio perfeitamente licito entre dois Estados soberanos. Tanto assim é que nem os seus signatários foram considerados parte em todo este processo judicial", frisa um documento do governo angolano.

Governo legítimo? Sim. Claro que sim. Não foi eleito, recebeu o poder das mãos dos portugueses à revelia e violando todos os acordos assinados, o que só por si legitima o governo. Ou não será?

Segundo a versão oficial do MPLA (a única válida, convenhamos), perante estes factos, tudo indica que este foi um processo desequilibrado e injusto, viciado por considerações e motivações de natureza política e parecendo, acima de tudo, eivado de um espírito de vingança, porque certos angolanos que foram apoiados pelos Serviços Especiais franceses falharam nos seus desígnios de conquista do poder pela força das armas.

Assim, tendo falhado – de acordo com os donos de Angola – a tentativa dos Serviços Especiais franceses conquistarem o poder pelas armas que, nessa altura, estavam nas mãos da UNITA, viram-se agora para a FLEC.

O Governo da República de Angola repudiou na altura, e não foi assim há tanto tempo (Outubro de 2009), com veemência a forma abusiva como foi reiteradamente utilizado nesse processo o nome de Angola, constituindo isso quer uma violação do princípio do respeito mútuo entre dois Estados com relações diplomáticas, quer do segredo de Estado inerente a questões sensíveis relativas à Defesa e Segurança nacionais.

Como na altura escrevi (“Angolagate” irrita os donos do poder porque as armas foram para matar uma subespécie de angolanos, os kwachas”), os súbditos de Nicolas Sarkozy que se cuidem. O MPLA não leva desaforo para casa e a vingança faz parte da genética dos angolanos de primeira, e esses, como se sabe, estão todos no MPLA.

Além disso, Sarkozy não pode esquecer que mais de 70 empresas francesas estão estabelecidas em Angola, inclusive – pois claro! - a gigante de petróleo Total, que é o segundo maior produtor de petróleo no país, depois da Chevron…

Os terroristas bons estão no poder...

Margaret Thatcher, que em Maio de 1979 se tornou a primeira mulher a dirigir um governo britânico, proibiu nesse ano o seu enviado especial à Rodésia de se encontrar com Robert Mugabe.

O argumento, repare-se, era o de que "não se discute com terroristas antes de serem primeiros-ministros", segundo arquivos oficiais britânicos desclassificados no dia 30 de Dezembro de 2009.

"Não. Por favor, não se reúna com os dirigentes da 'Frente Patriótica'. Nunca falei com terroristas antes deles se tornarem primeiros-ministros", escreveu - e sublinhou várias vezes - numa carta do Foreign Office de 25 de Maio de 1979 em que o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Lord Peter Carrington, sugeria um tal encontro.

Ou seja, quando se chega a primeiro-ministro, ou presidente da República, deixa-se de ser automaticamente terrorista. Não está mal. É verdade que sempre assim foi e que sempre assim será.

Esta posição de Margaret Thatcher recorda-me que quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs sanções contra a UNITA o fez porque, dizia, os homens de Jonas Savimbi eram os maus da fita, ou seja, terroristas.

Ainda no uso da memória, recordo que em 2001 o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, justificou as sanções com os “ataques da UNITA que, nos últimos meses, mataram milhares de civis”. Curiosamente, poucos dias antes, Eduardo dos Santos afirmara que a UNITA só tinha forças residuais e que só um milagre a salvaria.

Nessa altura, como hoje, a ONU mostrou que é apenas o porta-voz dos donos mundo, pelo que em vez de trabalhar para os milhões de angolanos – por exemplo - que têm pouco (ou nada), prefere lamber as botas (tal como agora faz Portugal) aos poucos que têm milhões.

Durante a guerra, e segundo a rapaziada então comandada por Kofi Annan, a UNITA só matava civis e as forças armadas de Luanda só matavam militares. Pelos vistos o MPLA tinha armas que distinguiam os alvos: se fossem militares... acertavam, se não fossem... desviavam.

Nessa altura, numa reunião do Conselho de Segurança sobre Angola, o sub-secretário-geral das Nações Unidas, Ibrahim Gambari, sustentou que o movimento de Jonas Savimbi era o "primeiro responsável pela continuação do conflito" em Angola.

A este propósito e nessa altura escrevi que se não fosse a determinação de Jonas Savimbi (entre muitos outros, refira-se) e Angola seria, tal como era Luanda, um pantanal de políticos corruptos onde imperava a ditadura dos senhores todo poderosos do MPLA.

Morreu Savimbi e, como era previsível, o pantanal de políticos corruptos estendeu-se a todo o país e, ao que parece, não vai ficar por aí. Já há ramificações em Portugal.

Ou seja, ontem como hoje e certamente amanhã, a ONU tem dois pesos e duas medidas. Luanda pode fazer o que muito bem entende e, por isso, praticar o terrorismo que melhor se enquadra nos seus objectivos. É o que, com certeza, as Nações Unidas consideram um terrorismo bom.

Já a UNITA, ontem como hoje e certamente amanhã, não pode reagir, não pode defender-se. Porquê? Porque teve o exclusivo do terrorismo mau e por muito que o tenha abandonado terá de transportar sempre essa carga.

Aliás, todos sabem que o MPLA sempre praticou terrorismo bom. O que se passou depois do dia 27 de Maio de 1977 (40 mil mortos) é prova disso.

Aliás, o terrorismo é qualificado em função do número de vítimas e de os seus dirigentes serem, ou não, primeiros-ministros ou presidentes. Por ser responsável por três mil desaparecidos, Augusto Pinochet e o seu governo são uns monstros. Já por ter morto Nito Alves e apenas mais 39 999 compatriotas, o MPLA é um exemplo para a humanidade.

Exemplo onde pontificam, entre outros, Lúcio Lara, Iko Carreira, Costa Andrade (Ndunduma), Henriques Santos (Onanbwe), Luís dos Passos da Silva Cardoso, Ludy Kissassunda, Luís Neto (Xietu), Manuel Pacavira, Beto Van-Dunem, Beto Caputo, Carlos Jorge, Tito Peliganga, Eduardo Veloso, Tony Marta, José Eduardo dos Santos.

E, já agora, do lado dos terroristas maus, a UNITA, importa recordar os que morreram para dar voz aos que a não tinham. Entre outros, Jeremias Kalandula Chitunda, Adolosi Paulo Mango Alicerces, Elias Salupeto Pena, Eliseu Sapitango Chimbili, Jonas Savimbi, António Dembo e Arlindo Pena "Ben Ben".

segunda-feira, maio 23, 2011

Deus (no céu) e José Sócrates (na terra)

O Governo português, e embora esteja demissionário não deixa de ser socialista na versão José Sócrates, não parou de contratar e promover funcionários, amigos e amigos dos amigos, após o chumbo do PEC 4 a 23 de Março.

Ainda hoje, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, João Tiago Silveira, assegurou, sem referir datas, seis nomeações que considerou "estritamente necessárias".

Em resposta a acusações do PSD, João Tiago Silveira apontou "rigor, escrúpulos e estrita necessidade" das seis nomeações para cargos públicos efectuadas com o governo em gestão.

Isto, depois de o primeiro-ministro demissionário, José Sócrates, ter vincado que a orientação que o Executivo deu foi para não haver nenhuma nomeação no período de gestão...

A tese é cada vez mais a de “jobs for de boys” antes que seja tarde! De acordo com as publicações em Diário da República e com aquelas que o não foram, o Executivo de José Sócrates assinou pelo menos 91 nomeações e 71 promoções.

Nada mau. É, aliás, uma forma de contribuir para a dominuição do desemprego. Com este decisivo contributo socialista, já não serão 700 mil os desempregados...

Como diria José Junqueiro, este será com certeza mais um exemplo de que o primeiro-ministro José Sócrates “é uma oportunidade para o país, mas também um exemplo para a Europa”.

O ministério que mais nomeações fez foi o da Administração Interna, seguindo-se a Presidência do Conselho de Ministro e o Ministério da Defesa.

Bem podem “salivar” os partidos a oposição, mas que Sócrates é o perito dos peritos nesta matéria de protecção aos seus vassalos, lá isso é. O homem sabe o que faz e, é claro, os “boys” agradecem penhoradamente.

Embora não se aplique aos portugueses de segunda, os de primeira (socialistas na versão Sócrates) sabem que precisam de homens públicos que saibam estar à altura das responsabilidades.

Este é apenas mais um exemplo. Não admira, por isso, que o primeiro-ministro seja considerado pelos seus acólitos como o motor da esperança para vencer as dificuldades, pois José Sócrates não só tem um discurso da resistência e ganhador como pratica o bem junto dos seus apaniguados.

Cada vez mais os “boys” socialistas enaltecem a similitude entre Deus (no céu) e José Sócrates (na terra).

A angolanidade segundo Burity da Silva

O então ministro da Educação de Angola, Burity da Silva, considerou no dia 15 de Setembro de 2009, em Mombaça, Quénia, que “a construção da angolanidade e da africanidade deve ser edificada com a participação de todas as culturas existentes, sem critérios estereotipados de exclusão”.

Ficou-me desde essa altura (e hoje mantém-se) uma dúvida: deveremos olhar para o que se diz ou para o que se faz?

De acordo com o então governante, que discursava durante um encontro promovido pela Associação para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA), Angola é um país multicultural e plurilingue, daí defender que o sistema educativo esteja voltado para a preservação dos valores culturais e o respeito mútuo.

E a multiculturalidade, creio eu, não é algo que deva ser imposto e que tenha de seguir as regras de alguns manuais que nos dizem quem são os protagonistas e enquadram politica e partidariamente a multiculturalidade.

“A interiorização de um espírito de angolanidade, como garante do primado da Paz e da Reconciliação Nacional, e a formação de recursos humanos necessários à reconstrução e desenvolvimento do país são duas das principais preocupações do Governo angolano", expressou então Burity da Silva.

A teoria era e é boa. Mas será que na prática não há factores que querem condicionar a angolanidade, dizendo-nos que ela só existe ser for seguido determinado caminho?

O então ministro explicou que torna-se necessária uma maior aproximação entre a Educação e a Cultura, pois é também, através dela, que as novas gerações poderão recuperar muitos dos valores perdidos pela actual conjuntura económica.

É verdade que a conjuntura económica de um país em que a maioria do povo vive na pobreza, não ajuda. Mas, se calhar, é a conjuntura política de carácter segregacionista que está a impor a (mono) cultura, a cultura oficial.

Para Burity da Silva, paralelamente à educação para o trabalho e para a cidadania, terá de existir igualmente uma educação para a cultura, que leve em conta a identidade e a diversidade dos diferentes grupos sociais.

Exactamente. Que leve em conta o fantástico mosaico cultural de Angola e que, inclusive, tem muitas das suas paletas já espalhadas pelo mundo.

O Ministério da Educação pretendia nesse tempo, segundo o seu titular, conceber “um cancioneiro de canções tradicionais e populares e um manual de jogos tradicionais para servirem de apoio às aulas de música, educação física e actividades extra-escolares, com o propósito de divulgar e valorizar os diferentes aspectos culturais do povo angolano”.

Do seu ponto de vista, esta parecia ser uma estratégia de Educação para a Paz, que, no futuro, viabilize a elevação da baixa auto-estima dos angolanos, a edificação da democracia e da unidade nacional e o esforço para o desenvolvimento sustentado.

Se, de uma vez por todas, deixar de haver angolanos de primeira e de segunda (ou até, talvez, de terceira), o caminho para a coesão social estará aberto, bem como será usado o cimento da multicultaralidade para unir todos os angolanos e, dessa forma, dar corpo e alma à angolanidade.

domingo, maio 22, 2011

Nem Adolfo Hitler diria melhor!

Na mesma altura em que o dirigente socialista Fernando Serrasqueiro questionava os acólitos do PS se queriam escolher nas eleições "um dos nossos", José Sócrates, ou "um estrangeiro à nossa terra", numa referência ao “africanista de Massamá", Pedro Passos Coelho, o PS usava e abusava de estrangeiros para fazerem de figurantes nas suas acções de campanha.

Para azar de José Sócrates, alguns dos poucos jornalistas que cobrem a campanha do PS descobriram que muitos estrangeiros estavam a ser contratados para figurar nos comícios do partido.

Contrariado pelo duplo falhanço da máquina eleitoral do PS, não tanto por ter contratado figurantes estrangeiros (certamente bem mais baratos) mas, antes, por ter permitido que a campanha fosse acompanhada por jornalistas não formatados, José Sócrates foi aos arames.

De facto, José Sócrates até deveria estar orgulhoso por ter ali à sua frente, aplaudindo, estrangeiros que até não entendiam peva de português. É, aliás, uma prova de que com boleia garantida pelas junstas de freguesia e ou câmaras municipais, bem como com um prato de pirão, o PS consegue encher qualquer praça onda esteja o seu líder carismático.

Reconheça-se, contudo, que o PS de José Sócrates está cada vez melhor. Para Fernando Serrasqueiro, também secretário de Estado da Defesa do Consumidor, nas eleições de 5 de Junho – certamente por uma questão de fuso horário ou prolongada exposição à convivência com o sumo pontífice do partido, disse por duas vezes que eram a 5 de Outubro - "está em causa um dos nossos", "um homem da nossa terra" na candidatura ao cargo de primeiro-ministro.

Como se vê, era bem melhor para este PS pôr os estrangeiros a falar. Sempre não seria, parafraseando José Lelo, tão foleiro como ter um português (se é do PS é de primeira, com certeza) a falar de “um homem da nossa terra” que, citando outro deputado socialista - Pita Ameixa – é certamente contrário à presença de “africanistas”, sejam de Massamá ou do Porto.

“Queremos para liderar Portugal um dos nossos ou um estrangeiro à nossa terra?", perguntou Fernando Serrasqueiro. Se calhar nem Adolfo Hitler diria melhor. E, bem vistas as coisas, o dirigente do Governo do PS apenas queria separar os que são portugueses de primeira (os socialistas) e todos os outros, que - na melhor das hipóteses - são de segunda.

Obrigado Mestre A. Marques Pinto

A. Marques Pinto foi para mim, tanto do ponto de vista profissional como humano, um Mestre. Mestre como poucos, Homem como muito poucos. E, podem crer, não sou o único que assim pensa. Muitos outros deveriam pensar a mesma coisa mas, pela razão da força, deixaram há muito de pensar e são hoje bem sucedidos produtores de conteúdos.

Em Portugal os critérios editoriais são,
cada vez mais, novas formas de censura


“Assisti a uma palestra no Instituto Superior de Línguas e Administração onde Orlando Castro foi um dos oradores. Achei que era um profissional admirável e que provavelmente o JN seria pequeno para si.”

Esta mensagem fez-me recordar uma outra, recebida no dia 4 de Abril de 2009 e que dizia: “Só agora ao saber do despedimento colectivo de 119 trabalhadores do JN, DN, 24 Horas e O Jogo é que vi o alcance das suas palavras quando, no dia 19 de Novembro de 2007, participou nas conferências do “Milénio da Comunicação”, realizadas pelo ISLA – Instituto Superior de Línguas e Administração, em Vila Nova de Gaia”.

E então o que foi que eu disse nessa palestra? Aqui está o que sobre o assunto foi dito por Anabela da Silva Maganinho no blogue Milénio da Comunicação:

«Orlando Castro marcou presença, na passada segunda-feira (dia 19), pelo “jornalista intermediário com cabeça pensante”, no Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA), de Vila Nova de Gaia, visando a primeira palestra da iniciativa “Milénio da Comunicação”.

Sem tema pré-determinado, o jornalista do Jornal de Notícias (JN) destacou assuntos que circunscrevem a prática jornalística actual. “O jornalismo está em extinção; estamos a ser substituídos pelos produtores de conteúdos”, assevera Orlando Castro no discurso introdutório.

A actividade jornalística é condicionada pelas empresas que “são apenas empresas” e, para estas, “o que importa não é o que é, mas sim o que vende”. “Hoje temos de dizer o que a empresa diz que é verdade” é essa a verdade que se instaura no panorama hodierno. Por isso mesmo, atenta-se que “não é preciso gente que pense, é preciso gente que faça”, como revela Orlando Castro ao assumir que “estamos a descertificar a informação” e que os jornalistas “vão ser como as mercearias que foram cilindradas pelos supermercados”.

Numa época em que se fala cada vez mais na não-credibilidade do jornalista e da sua actividade, o jornalista do JN convive com a realidade que nos afecta: “os jornais estão em quebra, porque não têm quem certifique informação e as pessoas deixam de acreditar”, afirma.

O jornalista como intermediário “com cabeça pensante, não vai perdurar” é o que constata Orlando Castro perante o mundo em que os “critérios editoriais são novas formas de censura” e “o que se faz hoje é ampliar a voz dos que já a têm”.

As dúvidas são filhas da inteligência e, dessa forma, é que confessa ter dúvidas, “muitas dúvidas do que é isenção em jornalismo”, tanto que chega a colocar uma pergunta retórica: “mas o jornalismo sério faz-se onde?”.

Para os que ainda têm dúvidas o jornalismo pode ser concebido de distintas formas porque “há mil e uma maneiras de dar informação”. É certo que em muitas empresas, que, não raras vezes, intentam sobre o lucro, “a informação é estimulada num determinado sentido com uma contrapartida”; e, “enquanto não forem mudados os estatutos ligados à empresa da comunicação, o jornalista não vai a lado nenhum”.

Orlando Castro desmistificou a visão utópica do jornalismo e, ainda que, para muitos dos presentes, tenha pintado um “quadro negro”, a verdade é que escreveu a obra do real de um jornalista “frustrado”, mas que persiste na luta pelo jornalismo que “é dar voz a quem a não tem”. »

Viver sem comer ou comer sem viver?

Foi com a publicação, aqui no Alto Hama, em 31 de Agosto de 2006, do texto («(Re)flexões (+ ou -) sobre Jornalismo (I)»), que os donos do poder em Portugal traçaram o meu destino profissional. Uns porque são os donos da verdade, outros porque da verdade são os donos.

Nesses tempos, e já em 2001 na minha página pessoal, bem como ainda hoje, era um acto de suicídio escrever que “se não for possível deixar às gerações vindouras algum património, ao menos lutemos, nós os Jornalistas, para lhes deixar algo mais do que a expressão exacta da nossa incompetência e cobardia, visível quando a subserviência substitui a competência”.

Alguns anos depois, a incompetência, a cobardia e a subserviência continuam a florescer e a ser uma mais-valia decisiva para quem quiser singrar numa relevante parte da comunicação social portuguesa.

“Porque não há (digo eu na minha santa ingenuidade) comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar, cá estou mais uma vez (já lhes perdi a conta) a tentar o impossível já que - reconheçamos - o possível fazemos nós todos os dias”, escrevia eu num exercício de pregação para uma classe profissional surda, muda e cega.

Já nessa altura eu interrogava: “Não será este texto um (mais um) exercício de mero suicídio?” Em 2001 era uma dúvida, em 2006 uma interrogação, em 2009 uma certeza e hoje uma confirmação.

Mesmo “suicidado”, continuo a pensar que se o Jornalista não procura saber o que se passa no cerne dos problemas que o rodeiam é, com certeza, um imbecil. Também penso que se o Jornalista consegue saber o que se passa mas, eventualmente, se cala é um criminoso.

Por não querer ser criminoso fui, com muitos outros, abatido. A bem, acrescente-se, de uma nação cujos dirigentes actuais, tais como os do antigamente, quando ouvem falar de liberdade de expressão puxam logo da pistola.

Acresce, para mal dos nossos pecados (digo eu), que a precariedade profissional de muitos os obriga a aceitar fazer tudo o que o «chefe» manda (mesmo sabendo que este para contar até 12 tem de se descalçar). E mesmo assim...

Também escrevi aqui que não há restrições directas à Internet, acrescentando que as indirectas, essas existem e aumentam de volume e são do tipo, “enquanto escreveres no teu blogue o que escreves está fodido”.

Nem de propósito. Não esqueço, por exemplo, que recebi mais um “não” a uma tentativa de emprego numa entidade onde, aliás, sou conhecido por durante os 18 anos de jornalismo ao serviço do Jornal de Notícias ter feito vários trabalhos nesse organismo.

De forma particular, um dos responsáveis dessa entidade escreveu-me a dizer: “Eras a pessoa indicada para o lugar... mas essa tua mania de dizeres o que pensas ser a verdade em nada ajuda. Vê se moderas as críticas”.

Como não as moderei, estou há mais de dois anos a tentar aprender a viver sem comer (desemprego). Está a ser uma missão impossível, desde logo porque sei que quando estiver bem perto de saber viver sem comer... morro.