quarta-feira, outubro 28, 2009

“Angolagate” irrita os donos do poder porque as armas foram para matar uma subespécie de angolanos, os kwachas

O Governo de Angola, do MPLA e de Eduardo dos Santos está chateado com a sentença do Tribunal de Paris no caso “Angolagate”. E quando os donos do poder se chateiam... todo o cuidado é pouco.

Diz o governo que está no poder em Angola desde 1975, que não está certo condenar “cidadãos franceses que em tempo oportuno ajudaram o país a garantir a defesa do Estado e do processo democrático, face a uma subversão armada condenada pela comunidade internacional e pelas Nações Unidas, em particular”.

É isso aí. Só falta acrescentar que esses impolutos cidadãos franceses ajudaram os cidadãos angolanos de primeira categoria, os do MPLA, a matar os de segunda, também conhecidos como uma subespécie que dá pelo nome de kwachas.

De acordo com uma declaração do Governo angolano tornada pública hoje, não foi provado em Tribunal qualquer comércio ilícito de armas, até porque estas não eram francesas nem transitaram em território francês.

Se fossem francesas ou tivessem transitado em terrirório francês já seria comércio ilícito de armas? Quem sabe...

"Não havia na altura qualquer embargo internacional contra a aquisição de armas pelo governo legítimo de Angola e estas foram adquiridas por Angola num negócio perfeitamente licito entre dois Estados soberanos. Tanto assim, é que nem os seus signatários foram considerados parte em todo este processo judicial", frisa o documento do governo angolano.

Governo legítimo? Sim. Claro que sim. Não foi eleito, recebeu o poder das mãos dos portgueses à revelia e violando todos os acordos assinados, o que só por si legitima o governo. Ou não será?

Segundo a declaração, perante estes factos, tudo indica que este foi um processo desequilibrado e injusto, viciado por considerações e motivações de natureza política e parecendo, acima de tudo, eivado de um espírito de vingança, porque certos angolanos que foram apoiados pelos Serviços Especiais franceses falharam nos seus desígnios de conquista do poder pela força das armas.

Lá voltamos à velha questão entre os bons e os maus, entre os angolanos e os outros, entre os heróis (Agostinho Neto, Eduardo dos Santos) e os bandidos (Holden Roberto e Jonas Savimbi).

O Governo da República de Angola repudia com veemência a forma abusiva como foi reiteradamente utilizado nesse processo o nome de Angola, constituindo isso quer uma violação do princípio do respeito mútuo entre dois Estados com relações diplomáticas, quer do segredo de Estado inerente a questões sensíveis relativas à Defesa e Segurança nacionais.

Pois é. Os súbditos de Nicolas Sarkozy que se cuidem. O MPLA não leva desafora para casa e a vingança faz parte da genética dos angolanos de primeira, e esses, como se sabe, estão todos no MPLA.

Além disso, Sarkozy não pode esquecer que mais de 70 empresas francesas estão estabelecidas em Angola, inclusive – pois claro! - a gigante de petróleo Total, que é o segundo maior produtor de petróleo no país, depois da Chevron.

3 comentários:

  1. Todo o cuidado é pouco, realmente.
    Mas anda aí um energúmeno nos blogues, anónimo, que resolveu fazer-me peseguição, dizendo que não há donos do poder... teorias da conspiração. Que o que os Bilderberg fazem é muito bem feito, a bem do povo, diz. Imagine se essa besta, encontra o seu blogue Orlando, está feito! ahahahhahahahahah
    São dos tais que atiram a pedra e escondem a mão! Faz parte da manada das bestas. Deve passar o tempo a lamber otas.
    É muito culto, insulta e tudo...
    Já agora retribuo, pode ser que a besta enfie a carapuça.

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  2. No caso portugate, ninguém foi condenado... aliás, para que tal não acontecesse, teve como desfecho o caso Camarate, assim se acabaram, os que iam por a nu semelhante escândalo e um dos factores para Portugal ser o que é hoje, um ninho de corruptos. Aqui podem fazer tudo o que lhes apetecesse... a Máfia siciliana, torna-se brincadeira de meninos, quando comparada.
    Que andaram por aí a fazer os aviões da CIA?! alguém sabe?? eu gostaria de saber...
    Aconselho a ler o último post de Garcia Pereira... já nada é de admirar.

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  3. Jasmim da liberdade

    Abandonada numa tenda
    implantada algures no Golfo da Guiné
    perdi o encontro, o encanto milenar
    O silêncio, o ardor e o meu doce olhar

    Desencontro o luar do meu cabelo
    no rio, dominado pelo génio dos jasmins
    Jaz o silêncio das suas margens
    Só, no luar das noites não deixarei de me amar

    Adoro o silêncio das manhãs
    e a sonoridade das folhas das plantas
    Aguardo a deusa Kalunga
    que ressurja do fundo das águas
    e alerte o génio dos jasmins
    para me transformar
    perfumar
    Todos os dias com e sem amanhãs
    jasmim-da-noite, dama-da-noite

    Eis que aportam os navios
    já antes navegados
    Partiram
    mas, regressaram da Ocidental civilização
    e outra vez me desgraçam

    Vivia com as flores, com os jasmins
    amarelos, azuis, brilhantes
    imperadores, dos rios
    dos poetas, estrelas, verdes, vermelhos

    Pedi ao deus das florestas
    que me navegasse num navio feito de jasmins
    Que me fecundasse no seu sémen
    num profundo jasminal

    E pela manhã quando a lua despertar
    do seu sono nocturno
    Encontrar-me-á a cantar
    E fará de mim uma estátua jasminácea

    Serei a semente do novo amor
    que a minha Angola perdeu
    perdida, afundada nas multinacionais
    Regar-me-ei com as lágrimas
    do nosso povo infeliz
    Sem amor
    subjugado, espoliado, acorrentado
    Escravizado pelos filhos milionários
    do Rei

    Serei santificada pelo génio dos jasmins
    e dos enamorados na Angola
    finalmente libertada
    E as aves poisarão sempre no meu pólen
    e para sempre serei abençoada
    O perfume do meu pistilo imortalizar-se-á
    e nos próximos dias
    A nossa liberdade será louvada

    Gil Gonçalves

    Imagem:
    http://jardimdapreta.blogspot.com/2007/10/jasmim-de-madagascarflor-de-noiva.html

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