quarta-feira, agosto 30, 2006

O Estado e o Jornalismo em Angola

A estratégia do Governo angolano para a Comunicação Social, liderada por Manuel Rabelais , passa pela adequação do quadro jurídico-legal do sector, pela reorganização das empresas, formação profissional e a promoção do diálogo com a classe jornalística. Tudo boas intenções, reconheça-se. Tão boas como as divulgadas em Portugal mas que, tal como acontece nas ocidentais praias lusitanas, correm o sério risco de serem mais teóricas do que práticas. Ou será que, dentro em pouco, Angola será um exemplo a ter em conta?

"Estas linhas estratégicas têm como finalidade revolucionar o sector, com vista a oferecermos à sociedade um ambiente legal que permita o exercício da liberdade de expressão de forma livre, plural, isenta e responsável", afirmou recentemente Manuel Rabelais.

Não me parece que, para já, seja isso que acontece. Tenhamos, contudo, alguma paciência e talvez o processo acabe por resultar, tal como a democracia acabará um dia destes (eu sei que quem espera, desespera) por vingar.

Talvez um dia destes o Estado angolano deixe de ser dono e senhor da Comunicação Social. É que, agora, integram o sector público a Rádio Nacional de Angola (RNA), com estúdios centrais em Luanda e 18 emissoras provinciais, a Televisão Pública de Angola (TPA), com delegações nas diferentes províncias e com emissões locais em Cabinda, Lubango (Huíla) e Benguela, bem como (o que só por si é um claro exemplo) o único diário, o Jornal de Angola, com correspondentes em todas as províncias, e uma agência nacional de notícias (Angop), que também se estende por todo o país.

Figuram também órgãos de comunicação social privados, nomeadamente a emissora Luanda Antena Comercial e a Rádio Ecclésia, emissora católica de Angola. No interior do país existem também emissoras locais, como a Rádio Morena, em Benguela, Rádio Comercial de Cabinda e a Rádio 2000 do Lubango.

Quanto à Imprensa, além do matutino estatal existem sete semanários, designadamente o "Agora", "Folha-8", "A Capital", "Jornal Angolense", o "Semanário Angolense", o "Independente", e "Cruzeiro do Sul".

No campo das intenções (que importa registar porque as palavras voam mas os escritos são eternos), o ministro angolano da Comunicação Social defende que a Imprensa angolana tem de ser um sector "moderno, dinâmico, forte, sério responsável e objectivo".

Manuel Rabelais reitera a necessidade de existirem profissionais "bem formados e competentes", para o exercício de um jornalismo "isento, plural, responsável e patriótico", acrescentando que "o sector da comunicação social tem de ser moderno, dinâmico, forte, sério, responsável e objectivo, capaz de interagir com outros sectores e assim contribuir e influenciar positivamente nos esforços do Estado e da sociedade".

Será?

Sem comentários: