quarta-feira, abril 30, 2008

Hoje somos poucos, amanhã seremos menos

O presidente do Sindicato dos Jornalistas considerou hoje "claramente insuficiente" a análise do relatório sobre liberdade de imprensa da organização norte-americana Freedom House quanto às condições de produção dos média em Portugal (ver «Queda da liberdade de imprensa em Portugal - Garante (sem ouvir o PS) a Freedom House»).

O relatório da organização Freedom House, divulgado terça-feira, conclui que o ambiente para os jornalistas e as ameaças à liberdade de imprensa se agravaram no mundo inteiro no ano passado.

No que diz respeito a Portugal, o relatório critica a entrada em vigor do novo Estatuto dos Jornalistas, que dá aos empregadores o direito de reutilização de um trabalho nos 30 dias seguintes à publicação inicial, sem proceder a pagamentos-extra.

"Seria importante que relatórios como este mencionassem mais as condições de produção dos media porque são elas que determinam o grau de liberdade de imprensa não apenas no que diz respeito aos jornalistas, mas também às notícias que são publicadas", disse Alfredo Maia à agência Lusa.

Para o representante dos jornalistas, a existência de cada vez menos profissionais a escrever para mais órgãos de comunicação social "não se traduz em mais pluralismo e diversidade".

"E neste aspecto o relatório é claramente insuficiente", disse, considerando que o texto é também "omisso" em relação à concentração da propriedade dos media e à precariedade laboral da classe, considerando tratar-se de "situações que geram constrangimentos à liberdade de imprensa".

Alfredo Maia considerou ainda que a incidência da abordagem do relatório na questão do Estatuto dos Jornalistas vem comprovar as preocupações do sindicato relativamente ao documento em particular sobre a norma relativa às alterações aos trabalhos dos jornalistas e à sua reutilização em vários órgãos de informação.

A Coreia do Norte lidera a lista dos piores países para o exercício do jornalismo elaborada pela Freedom House, seguida de Mianmar (antiga Birmânia).

Iraque, Cuba, Líbia, Turquemenistão, Uzbequistão, Bielorrússia, Zimbabué e Guiné Equatorial.

O relatório refere é a Europa Ocidental que oferece melhores condições para a liberdade de imprensa e o exercício do jornalismo, apesar de apontar algum retrocesso nesta matéria a países como Portugal, Malta e Turquia.

A Freedom House analisa no relatório 195 países e territórios, considerando que existe imprensa livre em 72, parcialmente livre em 59 e não livre em 64.

Um Land Rover para um rei
a cinco meses das... eleições

Uma viatura de marca Land Rover, oferta do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, foi entregue ao rei Ekuikui IV “Katehiotololo” do Bailundo, na sede comunal do Alto Hama, município do Lunduimbali, província do Huambo.

O carro foi entregue (e não sou eu que o digo mas a própria AngolaPress) pelo coordenador adjunto para a campanha eleitoral do MPLA, João Lourenço, “à margem de um acto político de massas, na sequência do realizado no dia anterior na cidade do Huambo, ao qual o soberano fez questão de assistir”.

“O rei Ekuikui IV do Bailundo, acompanhado por uma das suas esposas, agradeceu o gesto de José Eduardo dos Santos, ao mesmo tempo expressou a sua satisfação pela reabilitação das estradas e progressiva melhoria das condições de vida das populações do Bailundo”, salienta o órgão oficial do regime, ou seja, do MPLA e do seu presidente, José Eduardo dos Santos.

De 92 anos de idade o soberano anunciou, em declarações à imprensa, que em Setembro próximo, por ocasião das eleições legislativas, dirá algo importante aos angolanos.

Desconhece-se se o rei irá ao volante do seu Land Rover fazer as anunciadas importantes declarações, mas de uma coisa se pode já ter a certeza: não vai cuspir no prato de quem lhe ofereceu a viatura. Pelo menos assim espera o MPLA.

Legenda da autoria da AngolaPress/Angop:
«Rei Ekuikui IV "Katehiotololo"´ recebe, das mãos de João Lourenço, chaves de um Land Rover, oferecido pelo partido MPLA»

Queda da liberdade de imprensa em Portugal
- Garante (sem ouvir o PS) a Freedom House

Em 2007, o ambiente para os jornalistas agravou-se no mundo inteiro, revelaram investigadores da organização Freedom House, segundo os quais a melhor situação é a da Europa Ocidental, apesar de declínios em Portugal, Malta e Turquia.
De Portugal? Será que ouviram os dois maiores especialistas portugueses na matéria, Augusto Santos Silva e José Sócrates?

No que diz respeito a Portugal, o relatório critica a entrada em vigor do novo Estatuto do Jornalista, que dá aos empregadores o direito de reutilização de um trabalho nos 30 dias seguintes à publicação inicial, sem proceder a pagamentos-extra.

De acordo com a mesma entidade, "registaram-se diversos esmagamentos da liberdade de imprensa nos últimos anos", sendo de assinalar a delicada situação do Iraque.

"Uma das razões apresentadas para a invasão do Iraque foi a instauração da democracia mas a democracia que se estabeleceu é altamente problemática", sublinhou a associação.

Apesar de tudo, este não é um dos piores países para o exercício do jornalismo.

A tabela é liderada pela Coreia do Norte, seguida de Mianmar (antiga Birmânia), contando-se também entre os mais mal cotados Cuba, Líbia, Turquemenistão, Uzbequistão, Bielorússsia, Zimbabué e Guiné Equatorial.

Desde que os órgãos de comunicação passaram a desempenhar um papel-chave na cobertura de golpes políticos e de eleições controversas em países como Paquistão, Bangladesh ou Geórgia, os jornalistas tornaram-se alvos prioritários das opressões dos governos.

O documento refere ainda o agravamento das leis sobre difamação e calúnia, sobretudo em países africanos, enquanto no que respeita à violência para com jornalistas são apontados o México, a Rússia e as Filipinas.

"Por cada passo em frente na liberdade de imprensa em 2007 foram dados dois passos atrás", considera Jennifer Windsor, directora-executiva da Freedom House, num texto que acompanha o relatório.

Para a responsável, "o retrocesso na liberdade de imprensa é indicador de que se vão seguir restrições a outras liberdades".

Dos 195 países e territórios analisados, 72 são considerados livres, 59 parcialmente livres e 64 não livres.

Já agora, vejam também:


terça-feira, abril 29, 2008

“Falar África” na Feira do Livro do Porto

A convite da Papiro Editora estarei presente numa sessão de autógrafos na Feira do Livro do Porto, certame que decorre de dia 21 de Maio a 10 de Junho, no Palácio de Cristal, no Porto. O “Alto Hama” terá a sua vez no dia dedicado a “Falar África”, ou seja 5 de Junho, pelas 21 horas.

Samakuva, a zebra, a corda e o MPLA

O Presidente da UNITA continua a não ter quem, em Angola, lhe dê voz. Em Portugal, na sua recente viagem, teve essa oportunidade que, contudo e na minha opinião, não aproveitou. Isaías Samakuva revelou-se um excelente diplomata mas não, como se esperava, um líder a caminho da chefia do Governo ou da Presidência da República.

Como muito bem disse Eugénio Costa Almeida (*), Samakuva mostrou-se “muito cordato, muito educado, sem dar mostras de uma qualquer irritação ou inconveniência mas nunca aceitando o natural repto de mostrar que a UNITA tem um líder forte e pronto para os grandes combates.”

Samakuva sabe que (sobretudo por incapacidade financeira, mas não só, da UNITA) só no exterior, ou a partir do exterior, consegue fazer ouvir a sua voz e, com ela, as ideias e os projectos que tem para Angola.

Apesar disso não potenciou essa possibilidade e, mais grave, parece nada ter feito para inverter a situação. Terá, penso, ficado satisfeito com a mão que alguns amigos lhe estendem quando tropeça numa pedra, esquecendo-se que o importante é tirar as pedras antes de ele passar.

Samakuva sabe que tem à sua disposição gente capaz e disposta a dar o litro para tirar as pedras do caminho. Teima, no entanto, em valorizar os que lhe estendem a mão e que são, em alguns casos, os mesmos que colocaram as pedras para poderem aparecer a estender a mão.

“Sabe bem o senhor Samakuva que, dentro do País, só muito dificilmente o deixarão falar – leia-se, escutar – já que os órgãos oficiosos (e bem oficiais) do MPLA – ditos públicos, logo do Povo – só o xingam e o calam!”, afirma Eugénio Costa Almeida.

Apesar disso, o líder da UNITA parece satisfeito em ser o primeiro dos últimos. E se, por natureza e formação, Samakuva é um diplomata, ao menos poderia ter quem fosse partindo a louça, quem fosse dando uns murros na mesa, quem fosse mostrando que o partido não está disposto a comer e a calar.

“Temos tempo para tudo isso”, dir-me-ão as ilustres ideólogas e operacionais da UNITA. Talvez. Creio, porém, que a equipa de Samakuva está a tentar ensinar a zebra a viver sem comer.

Apesar de todos os exemplos que tem, quando fizer uma conferência de imprensa para mostrar a zebra verá que ela morreu quando faltava quase para pouco para viver sem comer.

Traduzindo: verá que se enforcou com a corda que “amigavelmente” o MPLA lhe ofereceu para manter a zebra sob controlo.

(*)
http://pululu.blogspot.com/2008/04/to-diplomtico-que-ele-foi.html

segunda-feira, abril 28, 2008

Passos Coelho representa o poder
das ideias e não as ideias de poder

O líder do PSD-Porto, Marco António Costa, diz que a maioria dos militantes e dirigentes do Porto acredita que Pedro Passos Coelho é o melhor candidato.

A minha opinião, é claro, não conta para este campeonato onde a liderança do partido que é o primeiro dos últimos é disputada por uma série de candidatos do sistema. Convenhamos que, afinal (e basta ver o exemplo do PS) o que dá é ser do sistema, estar com o sistema, apoiar o sistema.

Manuela Ferreira Leite, Santana Lopes, Patinha Antão e Neto da Silva são, mais coisa menos coisa, todos candidatos da máquina que afasta o eleitorado do PSD, que ajuda a afastar os portugueses da política, que contribui para a manutenção do poder nas mãos de José Sócrates.

Diferente, e por isso condenado ao insucesso, parece-me ser Pedro Passos Coelho. Um candidato que vai apresentar um programa estratégico aberto para ser desenvolvido com os cidadãos, e explica que "o objectivo é juntar as pessoas à volta das linhas estratégicas, envolver para gerar motivação e combater o distanciamento entre a política e a sociedade civil", tem a sentença do fracasso escrita.

É claro que tem razão. É claro que quem teria a ganhar seriam os portugueses. Mas como Pedro Passos Coelho quer, para já, ganhar o PSD está literalmente lixado.

Se eu fosse militante do PSD votaria em Pedro Passos Coelho. Tudo porque, digo eu, acredito nos homens que põem o poder das ideias acima das ideias de poder. E de todos os candidatos, Pedro Passos Coelho é o único que tem essa característica
.

Africanos e europeus de barriga cheia
vão debater crise alimentar em África

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Africana convocaram reuniões extraordinárias para Maio, a fim de procurar soluções para a escalada do preço dos bens alimentares, que está a causar protestos em diversos países. Ao que parece já foi escolhida a ementa dos participantes…

A cidade sul-africana de Joanesburgo será palco, entre 20 e 23 de Maio, de um fórum entre a Comissão da União Africana e os países da União Europeia, segundo foi decidido numa primeira reunião bilateral sobre a crise alimentar, na semana passada na capital etíope, Adis Abeba.

"É necessária uma resposta forte ao mais alto nível político, mas também com propostas concretas. UE e UA partilham a necessidade de ir além da resposta de curto prazo à crise (que é necessária), mas também de se concentrar em respostas estruturais a longo prazo, como o aumento drástico de investimentos na agricultura e o desenvolvimento de políticas agrícolas nacionais apropriadas", refere a declaração conjunta da reunião na Etiópia.

Ou seja, UE e UA voltam à estaca zero, dizendo o que há anos, décadas, todos sabem. Apesar disso, vão continuar os poucos que têm milhões a ter mais milhões, e os milhões que têm pouco a ter cada vez menos.

A declaração divulgada no final da semana passada sublinha ainda que a Cimeira de 2003 da UA em Maputo culminou com um acordo quanto ao aumento da percentagem do orçamento dos países africanos dedicada à agricultura, para 10 por cento do investimento total, mas que esta meta apenas foi atingida por um país.

Pois. Já em 2003 se dizia o que vai ser dito agora em 2008 e que voltará a ser dito em 2014 e por aí fora. Dito e redito por quem, no mínimo, tem três sumptuosas refeições por dia.

Nos últimos dias, têm sido vários os países em que decorreram protestos contra a subida do preço dos bens alimentares, que afecta principalmente as populações mais pobres, a que governos africanos vão tentando responder.

E vão respondendo, não ensinando a pescar mas dando um punhado de peixes.

Ninguém queria atender criança
no Hospital de Pedro Hispano

Duas médicas do Hospital de Pedro Hispano, em Matosinhos (Porto, Portugal), recusaram atender uma criança de quatro anos, com base numa aparente incorrecção burocrática da própria unidade de saúde. Após a revolta e a insistência da mãe da menina, uma das médicas acabou mesmo por examinar a criança. "Disse-me que não era obrigada a atender a minha filha e que só o ia fazer por pena", relatou, indignada, Salomé Castro.

Caricato: tinha sido no próprio hospital que Salomé Castro tinha recebido uma carta, no domingo, com a indicação de que deveria deslocar-se, ontem à tarde, à unidade de saúde, para que a filha fosse examinada.

Tudo começou, então, no domingo. Com a filha doente, Salomé Castro deslocou-se ao SASU de Matosinhos. Ali, diagnosticaram à menina problemas respiratórios, presumivelmente ligados a um princípio de pneumonia. Após um primeiro tratamento, a criança foi enviada para o Hospital de Pedro Hispano.

"Entrou para a Urgência, mas como ao domingo não há Urgência pediátrica, passou para o Internamento", recordou Salomé Castro.

A menina fez um raio-x e análises ao sangue, cujos resultados demorariam algumas horas, porque a máquina avariou e teve de ser reparada. Segundo Salomé Castro, pouco depois das 21 horas, foi-lhe comunicado que os resultados não indiciavam nada de grave e que a filha poderia ir para casa, devidamente medicada. Salomé Castro recebeu também uma carta com a indicação de que deveria regressar à Urgência do Pedro Hispano, ontem à tarde, para que a menina fosse examinada, de forma a analisar a evolução do seu estado de saúde.

Nessa carta, foi escrito o nome da médica que iria atender a criança. E terá sido isso que desencadeou a confusão. "Vi um certo alvoroço, pessoas de um lado para o outro e uma médica, muito indignada, disse-me que era abusivo o nome dela estar na carta e que nem estava no Apoio Pediátrico Permanente (APP)", contou Salomé Castro. Se a médica cujo nome estava na carta recusou atender a menina, também a médica que de facto estava no APP agiu de igual forma, alegando que não tinha sido avisada daquela situação. E porque não era o seu nome que estava na carta.

Bastante nervosa, Salomé Castro não arredou pé do hospital. A médica que se tinha recusado primeiro acabou mesmo por atender a menina, mas dizendo que só o fazia "por pena", uma vez que não era obrigada a examiná-la.

Contactado ao final da tarde pelo JN, o Hospital de Pedro Hispano remeteu para hoje eventuais esclarecimentos sobre a situação.

Fonte: Jornal de Notícias(Portugal)/Hugo Silva

No Alto Hama João Lourenço mostrou
que o Povo ainda pensa com a barriga

Segundo a AngolaPress/Angop (agência de desinformação ao serviço do regime angolano) o coordenador adjunto da comissão encarregue de conduzir a campanha eleitoral do MPLA, João Lourenço, mostrou-se ontem, na comuna do Alto Hama, município do Lundimbali, satisfeito com o nível de aceitação do MPLA na província do Huambo.

“Viemos aqui avaliar o nível de aceitação do MPLA e concluímos que o partido no Huambo está bem demais”, reiterou João Lourenço, quando falava para militantes, simpatizantes e amigos da organização das comunas do Alto Hama e do Bailundo. Bem demais? Espero para ver.

O reparo de João Lourenço baseou-se nos dados estatísticos disponíveis e na moldura humana que acorreu à cidade do Huambo, provenientes de vários pontos da província, para assistir ao acto político de massas, no âmbito do projecto do MPLA iniciado a 5 deste mês, em Malanje, na perspectiva de aproximar o partido às populações e testar a capacidade organizativa dos responsáveis.

O membro do Bureau Político do MPLA observou que a província do Huambo é das que está a admitir nas fileiras deste partido o maior número de cidadãos que há alguns anos combatiam o Governo de armas na mão, mas que hoje estão a contribuir na edificação de uma nova Angola.

Essa de ligar a edificação de uma nova Angola à adesão ao MPLA não só é demagogia como revela que o Povo ainda está (ou será que está cada vez mais?) a pensar com a barriga.

Neste sentido, o coordenador adjunto para a campanha eleitoral do MPLA encorajou a direcção do seu partido na província, a prosseguir com a mesma entrega e dinamismo, no sentido de se obter resultados satisfatórios nas eleições legislativas anunciadas para Setembro próximo.

“Nós vamos continuar a receber de mãos abertas os nossos irmãos”, declarou João Lourenço, notando que o mau não é errar, mas sim permanecer no erro eternamente, ao mesmo tempo que assinalou o carácter reconciliador da grande família do MPLA.

Reconciliador? Será que João Lourenço não houve o que dizem, por exemplo, Álvaro Boavida Neto, governador do Namibe, ou o ministro da Defesa, Kundi Paihama?

domingo, abril 27, 2008

Se é do passado que o MPLA quer falar…

“Os que destruíram o país não têm o direito de criticar o meu governo”. Palavras de Álvaro Boavida Neto, governador do Namibe, Angola, durante um acto de campanha eleitoral do MPLA. O governante do MPLA foi ainda mais longe dizendo que “o povo sabe quem partiu as escolas, quem partiu os centros de saúde, quem partiu os hospitais, a destruição das pontes, as destruições das aldeias, dos quimbos, das comunas”. É claro que sabe. Mas, importa dizê-lo, sabe muitas outras coisas.

Sabe, por exemplo, do massacre de Luanda, perpetrado pelas forças militares e de defesa civil do MPLA, visando o aniquilamento da UNITA e de cidadãos Ovimbundu e Bakongo.

Massacre esse que foi o ponto de partida para outros que (nunca é demais recordá-lo) se saldaram no assassinato de 50 mil angolanos, entre os quais o vice-presidente da UNITA Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administrativos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.

Sabe, por exemplo, do massacre do Pica-Pau em que no dia 4 de Junho de 1975, perto de 300 crianças e jovens, na maioria órfãos, foram assassinados e os seus corpos mutilados pelo MPLA, no Comité de Paz da UNITA em Luanda.

Sabe, por exemplo, do massacre da Ponte do rio Kwanza, em que no dia 12 de Julho de 1975, 700 militantes da UNITA foram barbaramente assassinados pelo MPLA, perto do Dondo (Província do Kwanza Norte), perante a passividade das forças militares portuguesas que deveriam garantir a sua protecção.

Sabe, por exemplo, que mais de 40.000 angolanos foram torturados e assassinados pelo MPLA em todo o país, depois dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao regime.

Sabe, por exemplo, que, entre 1978 e 1986, centenas de angolanos foram fuzilados publicamente pelo MPLA, nas praças e estádios das cidades de Angola. Prática que se iniciou no dia 3 de Dezembro de 1978 na Praça da Revolução no Lobito, com o fuzilamento de 5 patriotas e teve o seu auge a 25 de Agosto de 1980, com o fuzilamento de 15 angolanos no Campo da Revolução em Luanda.

Sabe, por exemplo, que no dia 29 de Setembro de 1991, o MPLA assassinou em Malange, o secretário Provincial da UNITA naquela Província, Lourenço Pedro Makanga, a que se seguiram muitos outros na mesma cidade.

Sabe, por exemplo, que nos dias 22 e 23 de Janeiro de 1993, o MPLA desencadeou em Luanda a perseguição aos cidadãos angolanos Bakongo, tendo assassinato perto de 300 civis.

Sabe, por exemplo, que em Junho de 1994, a aviação do MPLA bombardeou e destruiu a Escola de Waku Kungo (Província do Kwanza Sul), tendo morto mais de 150 crianças e professores.

Sabe, por exemplo, que entre Janeiro de 1993 e Novembro de 1994, a aviação do MPLA bombardeou indiscriminadamente a cidade do Huambo, a Missão Evangélica do Kaluquembe e a Missão Católica do Kuvango, tendo morto mais de 3.000 civis.

Sabe, por exemplo, que entre Abril de 1997 e Outubro de 1998, na extensão da Administração ao abrigo do protocolo de Lusaka, o MPLA assassinou mais de 1.200 responsáveis e dirigentes dos órgãos de Base da UNITA em todo o país.

sábado, abril 26, 2008

Porque não se é Jornalista
seis ou sete horas por dia...

No dia 28 de Dezembro do ano passado, recebi a seguinte mensagem: “Adorei o teu trabalho publicado hoje (“Benazir Bhutto morreu com o povo” – Jornal de Notícias). Ontem pensei que estivesses aí e que serias tu a fazê-lo e estou feliz, hoje, por constatar que tive a sorte de acertar. Ainda que à distância e sem ter tido a oportunidade de trabalhar ao vosso lado, na redacção (só teria a ganhar com isso), sinto-me honrada e emocionada por ter feito parte da equipa. Um Grande Abraço para uma excelente entrada em 2008 e que possam continuar um bom trabalho por muitos anos, com saúde.”

A autora é a Jornalista Sónia Gomes da Silva (foto), actualmente em regime "free-lance", após três anos como correspondente em Paris (2004-2007) do Jornal de Notícias, da Rádio TSF e do Jornal Sol.

Desde 2000 que colabora (dentro ou fora das respectivas redacções) com publicações na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)/Gestão. Diz que odeia a censura mas adora a racionalidade da política e a política da racionalidade.

“Tenho uma mente independente", diz com toda a razão e da qual eu sou testemunha.

Quem quiser saber mais sobre a Sónia (e verão que vale a pena) visitem a sua nova “casa” em:
http://www.myspace.com/soniagomesdasilva

Quanto a nós, Sónia, talvez nos cruzemos numa qualquer redacção das que, apesar de poucas, ainda vão resistindo por aí.

“Um estado generalizado de autocensura”?
- Semelhanças (não) são mera coincidência

Uma missão internacional de organizações de defesa da imprensa e da liberdade de expressão revelou que “os principais obstáculos para o exercício jornalístico são o crime organizado, a corrupção, a falta de vontade política e a omissão do Governo em proporcionar protecção” e garantir “a segurança dos jornalistas”.

De que país se trata? Aceitam-se sugestões.

O director da International Media Support (IMS), Jesper Hoberg, declarou que esta situação de impunidade “provocou um estado generalizado de autocensura” no país. De que país se trata?

A missão lamenta “o deteriorar da liberdade sindical e das condições laborais dos jornalistas” bem como a excessiva concentração dos meios em algumas mãos, e comprometeu-se a emitir um relatório pormenorizado de recomendações “nas próximas semanas”. De que país se trata?

Os defensores da liberdade de expressão e da imprensa exigem que sejam “tomadas medidas imediatas” que acabem com estes crimes e para que se fortaleça unidade especial para delitos a jornalistas, e que os infractores sejam investigados pelas autoridades. De que país se trata?

Eu sei que há muitas semelhanças com o que se passa em alguns países da lusofonia, a começar por Portugal. Mas não. Não se trata do jardim (cada vez mais deserto e árido) à beira mar plantado que das ocidentais (e cada vez mais poluídas) praias lusitanas… Neste caso a situação refere-se ao México.

sexta-feira, abril 25, 2008

Bush até diz que José Eduardo dos Santos
pode ser a solução para o reino de Mugabe

Os Estados Unidos da América acreditam que o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, pode jogar "um papel muito importante" na resolução da actual crise eleitoral no Zimbabué. Se calhar até é verdade.

E como os EUA acreditam em tudo, se calhar também acreditam que pela tradição democrática de Angola, ou pela reconhecido Estado de Direito que o país é… conseguirá resolver fora o que não consegue em casa.

A sub-secretária de Estado norte-americana para os Assuntos Africanos, Jendayi Frazer, que hoje esteve reunida em Luanda com José Eduardo dos Santos, afirmou que tal convicção resulta da experiência do Chefe de Estado angolano e ainda de Angola presidir à Comissão de Paz e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Experiência do Chefe de Estado angolano em quê? Na democracia que não sabe o que é ou na ditadura que domina como ninguém?

"Nós achamos que o Presidente Dos Santos poderá jogar um papel muito preponderante na situação do Zimbabué. Primeiro porque ele é o presidente do órgão de cooperação política e defesa e segurança da SADC e também, por outro lado, tendo em conta a experiência que ele carrega, até porque Angola, em 1992, realizou eleições, uma das partes não aceitou os resultados e isso levou o país mais uma vez à guerra, sem querer respeitar a voz do povo", afirmou Frazer após o encontro.

Política de defesa e segurança da SADC? Ou seja… zero. Se ainda dissesse que a SADC só vale porque é nos países que a integram que estão a maioria dos recursos minerais, as maiores reservas de água potável e o país mais desenvolvido do continente negro, a África do Sul...

Portugal está satisfeito com a obra
que continua (por fazer) em África

O ministro português dos Negócios Estrangeiros manifestou-se hoje "satisfeito com os avanços que Portugal tem vindo a conseguir em África" utilizando todas as sinergias existentes como a língua, o conhecimento empresarial e outros. Se calhar é para rir ou, talvez, daquelas coisas que se dizem para não estar calado.

Luís Amado preside hoje em Pretória ao seminário sobre diplomacia portuguesa na África Austral, para o qual foram convocados os embaixadores na África do Sul, Angola, Moçambique, Zimbabué e República Democrática do Congo, a presidente do Instituto Camões, Simoneta da Luz Afonso, presidente do IPAD, Manuel Correia, e outros agentes da diplomacia portuguesa.

Eia! tantos. Tantos dispostos a trabalhar para bem dos poucos que têm milhões, esquecendo – é claro – os milhões que têm pouco ou nada.

Os representantes diplomáticos de Portugal na África Austral mantiveram um diálogo descrito como "muito produtivo" sobre os diversos vectores da intervenção diplomática na sub-região.

Muito bem. Depois de, pelo menos, três faustosas refeições por dia, regadas à boa maneira lusófona, os trabalhos serão sempre “muito produtivos”… para tudo ficar na mesma.

Para Luís Amado este exercício diplomático é da maior importância para o sucesso de Portugal em África, quer no campo político, quer empresarial quer cultural. Claro!. Claro!

"Tenho vindo a dizer que esta é uma região, fora da Europa e do Brasil, onde temos a maior concentração de interesses portugueses. Acredito que Portugal tem vindo a recuperar espaços. Se olharmos por exemplo para a presença e os interesses portugueses em Angola e Moçambique - sobretudo em Angola - veremos que eles se têm desenvolvido muitíssimo nesta região", disse Amado.

E disse muito bem. Aliás, se há coisa onde os portugueses são bons é na língua. É em dar à língua. É em prometer e ficar a ver os outros, por exemplo, fazer. Veja-se a criação no Nordeste brasileiro da Universidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Luís Amado está convencido de que Portugal "fechou um ciclo no seu relacionamento com o continente africano e que a cimeira de Lisboa UE/África marca uma mudança de atitude para com Portugal por parte da generalidade dos países africanos".

Tem razão. Fartos de promessas, os países africanos, nomeadamente os lusófonos, já perceberam que têm de mudar de atitude em relação a Portugal. E alternativas não faltam. Se não for Lisboa é sempre possível Madrid, Paris, Londres ou até Brasília.

Recordar (mas não só) o 25 de Abril

Ao mesmo tempo que Portugal celebra uma das mais importantes efemérides da sua História moderna, o aniversário da Revolução do 25 de Abril, África em geral, e a Lusófona em particular, “celebram” o facto de que 90 por cento dos mais de um milhão de mortes anuais provocadas pela Malária ocorrem neste continente.

Ao mesmo tempo que Cavaco Silva discursa, em Lisboa, África regista que aquela doença mata uma criança em cada 30 segundos...

Certamente que Portugal tem toda a legitimidade para festejar uma data que foi importante também para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Aliás, foi graças a esse 25 de Abril que eu posso, hoje, aqui escrever o que entendo.

No entanto, permitam-me que critique os que, como Portugal, estão mais preocupados em olhar para o umbigo do que, como é seu dever, em atender às necessidades dos povos aos quais se encontra ligado.

Sei que esses povos são de maior idade, mas também sei que Portugal pertence a uma coisa chamada CPLP, o que lhe dá responsabilidades acrescidas.

Se Lisboa quer, como cada vez mais acontece, pôr as ideias de Poder acima do poder das ideias, que o diga abertamente.

Se quer apenas trabalhar com os poucos que têm milhões e não com os milhões que têm pouco, que o diga abertamente.

Deixem-me, quando passam 34 anos sobre a dita Revolução dos Cravos, lembrar que em todo o Mundo 815 milhões de pessoas sentem todos os dias, a todas as horas, o que é a fome.

Quase todas nasceram com fome, sobreviveram com fome e morrem com fome. Muitas delas pertencem à Lusofonia, apesar de os dirigentes da CPLP continuarem a ter (pelo menos) três refeições por dia.

Deixem-me, quando passam 34 anos sobre a dita Revolução dos Cravos, lembrar que 1,1 mil milhões de pessoas não têm acesso a água potável; 2,5 mil milhões não têm saneamento básico; 30 mil morrem diariamente devido ao consumo de água imprópria.

Deixem-me, quando passam 34 anos sobre a dita Revolução dos Cravos, lembrar que não adianta ter uma democracia quando se tem a barriga vazia.

A propósito de mais um 25 de Abril
- Um texto de 31 de Julho de 2001

Mandam as regras do politicamente correcto (e para tal basta ver o que disseram e o que dizem mesmo sem sentirem, alguns dos «nossos» políticos) que esta é a altura em que se devem esquecer algumas verdades... a bem da Nação (como diria Salazar).

Lamento. Mais uma vez terei de ser politicamente incorrecto. Continuo a pensar que dizer o que pensamos ser a verdade é o melhor predicado dos Homens de bem. E o que penso ser a verdade não me permite elogiar um homem que, quanto a mim, traiu muitos portugueses e desonrou a Pátria que dele fez um alto dirigente.

Repito aqui o que, a propósito de Costa Gomes, escrevi em 1976. Isto é, que nunca seria amaldiçoado pelos refugiados e retornados de África.

Isto porque todos eles detestam estar em longas filas.

Ao contrário dos políticos socialistas, comunistas, sociais-democratas e democratas-cristãos, a minha memória de Costa Gomes começa anos antes do 25 de Abril de 1974.

Começa em Janeiro de 1971 quando, em Cabinda, o general Costa Gomes, então comandante-chefe das Forças Armadas Portugueses em Angola, realçou a bravura do Exército português no «combate ao terrorismo, em defesa de uma causa justa».

Pouco mais de três anos depois, o mesmo general transformava os terroristas em heróis e passava uma causa justa para o rol das maiores infâmias do Mundo.

É esse homem que hoje é elogiado como se, de facto, o seu passado não contasse, como se a guerra civil em Angola nada tivesse a ver com as atitudes de Costa Gomes.

E, para mim, isso não vale.

O Governo falou de «militar distinto» e «cidadão exemplar». Como militar, importa ainda recordar que em Angola, por exemplo, incentivava sempre os «bravos soldados portugueses» a lutar contra o inimigo que queria destruir o nobre ideal de uma Pátria do Minho a Timor.

E então? O que fez o comandante, Costa Gomes, quando se deu o 25 de Abril?

Abandonou os seus soldados. Muitos deles, tal como muitos civis, nem direito a uma campa tiveram.

Hoje, com a hipocrisia habitual, faz-se crer que a História de Portugal só começou a ser escrita no dia 25 de Abril de 1974. Se assim fosse, não haveria grandes dúvidas: Costa Gomes, Otelo Saraiva de Carvalho, Rosa Coutinho, Víctor Alves, Vítor Crespo, Melo Antunes, Vasco Gonçalves (entre muitos outros) seriam heróis.

Acontece, contudo, que a História (e a memória) desta Nação começa muito, muito antes. E, por isso, falar de «militar distinto» e «cidadão exemplar» é atentar contra essa mesma História.

Para além, é claro, de aviltar a memória de militares e civis que com sangue e com a vida ajudaram a escrever as suas páginas.

http://www.orlandopressroom.com/content/view/118/28/

quinta-feira, abril 24, 2008

Em que gaveta meteu o PS a liberdade?

Porque o 25 de Abril é amanhã, recordo hoje que o Estatuto do Jornalista aprovado pelo PS continua a ser inaceitável. Quem o diz são os profissionais portugueses. Nada disso, comenta o dono da verdade, ou seja o governo. Embora seja perigoso lutar contra uma ditadura como a que vigora em Portugal (foi eleita), é preciso que se diga que o governo e o Partido Socialistas escreveram mesmo a página mais negra na história do Jornalismo do pós-25 de Abril.

Apesar de sucessivos apelos, incansáveis iniciativas e documentos de esclarecimento e de aviso para os graves erros e riscos contidos na Proposta de Lei do Governo e nas propostas do Partido Socialista, o executivo e a maioria foram insensíveis aos argumentos e posições dos Jornalistas.

Mas também foram incapazes de gerar um Estatuto consensual (até no Parlamento), no qual os jornalistas portugueses se revissem e reconhecessem como instrumento legal fundador de um jornalismo mais livre e mais responsável.

O Estatuto aprovado não garante mais a protecção do sigilo profissional dos jornalistas. Pelo contrário, diminui tais garantias, ao elencar um conjunto de circunstâncias em que esse direito-dever pode ceder, bastando aos tribunais invocar dificuldade em obter por outro meio informações relevantes para a investigação de certos crimes.

Assim (e o PS lá sabe as suas razões…), os jornalistas enfrentam maior resistência de fontes confidenciais que poderiam auxiliar a sua investigação de fenómenos como o tráfico de droga e até, como se insinuou nos debates, de corrupção, entre outros crimes que os profissionais da informação têm o direito e o dever de investigar e denunciar.

A falta de garantias de autonomia editorial e de independência e os riscos deontológicos criados pelo novo Estatuto comprometem a aceitação, pelos jornalistas, de um regime disciplinar que é injusto porque aplicável num contexto de fragilidade, no qual não estão em plenas condições de assumir livremente as suas responsabilidades.

O Estatuto aprovado não cria condições para uma efectiva autonomia editorial e independência dos jornalistas (e o PS lá sabe as suas razões…), antes as agrava, fragilizando ainda mais a posição destes profissionais face ao poder das empresas.

As condições em que a revisão do Estatuto foi aprovada demonstram que o PS não foi capaz de honrar o mérito da aprovação por unanimidade da versão anterior – feito histórico elogiado além-fronteiras.

A queda do avião e a eficiência do fisco

Depois de voarem na TAP de Lisboa para São Tomé e Príncipe, os meus amigos Pedro e Maria apanharam um voo da TAAG para Angola. Iam às terras dos fim do mundo, onde ele tinha estado na tropa na década de 60, comemorar seu 40º aniversário de casamento.

De repente, o comandante do avião da TAAG anuncia pelos alto-falantes:

- Senhoras e senhores passageiros tenho notícias muito ruins. Os nossos motores estão a parar de funcionar e vamos tentar uma aterragem de emergência. Por sorte, estou a ver uma anhara aqui em baixo e vamos tentar aterrar.

Com a perícia reconhecida dos pilotos da TAAG, o avião aterrou sem causar vítimas. Parados os motores, o comandante dirigiu-se aos passageiros e disse:

- Isto aqui é mesmo o fim do mundo e é muito provável que não sejamos resgatados e tenhamos que viver anos e anos, se calhar toda a vida, nesta zona.

Mal o comandante acabou de falar, o Pedro perguntou à mulher:

- Maria, entregaste a nossa declaração de IRS antes de viajarmos?

A Maria corou e, atrapalhada, explicou:

- Como vínhamos de férias e como todos os anos temos de devolver dinheiro do IRS ao José Sócrates, resolvi não entregar a declaração.

Pedro, eufórico, agarra a mulher e afinfa-lhe o maior beijo de todos os 40 anos de casamento. A Maria não entendeu e perguntou:

- Pedro! A que se deve um beijo desta envergadura?

E ele responde:

- Estamos garantidos. Não há terra de nenhum fim do mundo em que os devedores escapem à máquina fiscal do Governo socialista de José Sócrates.

300 mil mortos em Darfur

Em África, as vítimas, sejam de guerra, de fome, de doenças, contam-se sempre por muitos milhares. A ONU reviu as contas dos últimos cinco anos do conflito em Darfur (Sudão) e chegou à cifra de 300 mil mortos, mais 100 mil do que os dados anteriores. Embora ainda não revistos, os dados sobre os 15 anos de guerra civil no Burundi também apontam para mais de 300 mil.

O embaixador sudanês na ONU, Abdalmahmoud Abdalhaleem, qualifica de "exagero grosseiro" o balanço de John Holmes, subsecretário-geral das Nações Unidas para as questões humanitárias, embora não avance com estatísticas oficiais e nem saiba, como reconheceu, se o Sudão tem a população estimada pela ONU, 38 milhões de habitantes.

Holmes foi ao Conselho de Segurança, convocado para continuar a debater o conflito, sobretudo na vertente humanitária, em Darfur, dizer que, ao contrário do levantamento de 2006, dados recentes apontam não para os 200 mil mas, "com mais certeza", para 300 mil vítimas

No contraditório, o embaixador sudanês arrasou os dados Holmes a a credibilidade dos levantamentos tanto da ONU como de inúmeras organizaçõs humanitária, dizendo que "no máximo o número de mortos no conflito é de dez mil", ou seja mais mil do que as contas oficiais de há dois anos.

"As declarações feitas por Holmes não ajudam em nada, não são correctas e não são confiáveis", afirmou o embaixador sudanês, reiterando que é preciso saber quem fez o estudo, como foi feito e sobretudo quem o encomendou".

No seu relatório, Holmes descreve um cenário horripilante sobre Darfur, dizendo que a região continua a ser caracterizada pela "falta de segurança e de leis e pela impunidade."

"Abusos generalizados e constantes dos direitos humanos continuam a ser registados em vários pontos da região", afirma Holmes, acrescentando contudo uma nova vertente "elevados níveis de violência sexual.

" O Conselho de Segurança da ONU ficou igualmente a saber, agora por uma fonte interna, que os grupos de ajuda humanitária também se tornaram alvos preferenciais dos que "com generalizada impunidade" praticam "todo o género de violências em Darfur".

Num dado que não foi contraditado pelo embaixador sudanês, Holmes referiu que este ano já foram roubados "pelos rebeldes ou pelos seus aliados", em Darfur, 106 veículos de organizações humanitárias, o que corresponde a um aumento de 350% em relação a 2007.

O subsecretário-geral da ONU acusou o Governo sudanês de, "entre inúmeros actos de passividade e conivência com os agressores, não adoptar medidas necessárias para proteger os comboios humanitários que transportam de ajuda".

Holmes recolheu provas de que muita da ajuda humanitária destinada às vítimas de Darfur é, depois de roubada, vendida "oficialmente" em diferentes cidades do país, nomeadamente na capital, Cartum.

Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro

quarta-feira, abril 23, 2008

Obviamente demito-me de sócio
da Casa de Angola em Lisboa (II)

Como complemento ao meu anterior artigo recebi do meu querido amigo Uabalumuka (Emanuel Lopes) o texto que se segue e que, de facto, é relevante. Quanto ao pedido que me fazes, caro companheiro e irmão, nada feito. A minha coluna vertebral, embora já meia curvada pelo mau uso que lhe tenho dado, continua cá e por muito que a tente deixar em casa… não consigo:

«A Casa de Angola foi criada em 1971, herdando alguns dos sócios e património cultural da Casa dos Estudantes do Império. Uma delegação que se deslocou propositadamente a Angola, conseguiu uma pequena fortuna para a época, doada por empresários e empresas da altura. Tal permitiu que fosse comprada por um preço avultado a sede que ocupa hoje e que era a moradia familiar de Cassiano Branco, o famoso arquitecto de Lisboa.

Esse dinheiro permitiu-lhe a sobrevivência até os revolucionários ligados ao Mpla a assaltarem em 1974. Em 1976 uma bomba (nunca se soube bem de quem), danificou gravemente a sede.

Em 1992 um grupo de antigos sócios tentou recomeçar. Não conseguiu e o dinheiro conseguido para a reabilitação (de donativos) desapareceu.

Em 1997/98 um grupo dirigido pelo Dr. Edmundo Rocha reabilitou a associação e conseguiu graças ao esforço de Carlos Beli Belo, um financiamento da Sonangol para a reconstrução da sede.

Em 2000 esse grupo foi destituído, e a direcção da Casa foi ganha por uma lista afecta ao Mpla, passando a haver até reuniões de células deste partido dentro da Casa.

É evidente que fizeram na Casa o que fizeram em Angola. Pelos meus cálculos os desvios devem ter chegado aos 200.000 euros.

Numa eleição manipulada a mesma direcção foi eleita para o triénio 2004/2007.

Em 2005, porque da direcção já não existia quase ninguém e porque o presidente foi afectado por uma doença do foro neurológico, esta foi destituída sendo eleita uma direcção em que se misturavam os partidos angolanos. É essa direcção que existe hoje.

Mas convém realçar o seguinte - para além do financiamento para a reabilitação do prédio dado pela Sonangol, NUNCA o governo angolano ou a Embaixada de Angola deu algum subsídio ou financiamento à Casa.

Esta sobreviveu das poucas quotizações e dos cursos de formação profissional dado a jovens angolanos e pagos pelo governo português.

Aliás o facto de estes terem acabado, juntamente coma inoperância da actual direcção, levou a Casa à falência.Inoperância que é visível neste jantar, que irá decorrer num espaço sem condições e já proíbido de servir refeições pelas entidades competentes, alugado por uma senhora que deve à Casa de Angola, anos de rendas.

Bom este apontamento é só mesmo para esclarecer os aspectos que referes.

Sem apelar a nenhuma teoria da conspiração é visível a tentativa de manipular a opinião das pessoas e do futuro da Casa de Angola, com esta acção.

O que as autoridades angolanas envolvidas, pretendem é provocar a divisão entre os angolanos presentes em Portugal.

Gostava que não te demitisses de sócio, será menos um para combater estes senhores que se preparam para se adonarem de um espaço que pertence aos angolanos em Portugal e não a nenhum partido angolano.»

Obviamente demito-me de sócio
da Casa de Angola em Lisboa

A propósito do anunciado e não desmentido jantar comemorativo dos 20 anos da batalha do Cuito Canavale que hoje terá lugar na Casa de Angola em Lisboa, tomo a liberdade de aqui reproduzir um artigo de H. Baptista da Costa, publicado no site da Casa de Angola, no dia 11 de Janeiro de 2008, sob o título “Reflexões”. Acrescento ainda que nos próximos dias apresentarei formalmente a minha demissão de sócio da Casa de Angola.

«A fundação da CASA DE ANGOLA remonta a 1971: ela foi a primeira associação que, em Portugal, teve como objectivo congregar os angolanos a viver neste País.

Com um percurso histórico (e até político), algo controverso e eivado de dificuldades, que não vem ao caso aqui recordar, a verdade é que a CASA DE ANGOLA é, entre as suas congéneres, a mais emblemática, a mais representativa e, pelos seus Órgãos Sociais, passaram ilustres Angolanos, alguns dos quais (infelizmente) já falecidos. É certo que também passaram outros que não deixaram saudades. É a vida…

Após este intróito, passo, de imediato, ao problema que mais nos angustia, mais nos aflige: o problema financeiro.

Com é de todos os presentes sabido, a CASA DE ANGOLA sobreviveu, sempre, de subsídios estatais: os primeiros, ainda ao tempo do Estado Português e os mais recentes, do Estado Angolano, já que as receitas obtidas através das quotizações, são absolutamente insuficientes.

Os subsídios que o Estado Angolano, no passado, atribuiu à CASA DE ANGOLA através de empresas públicas (Endiama e Sonangol) não tinham carácter institucionalizado e, salvo erro, terminaram, abruptamente, há sete ou oito anos. Sobreviver todo este tempo, sem esse amparo, foi obra.

As Autoridades Angolanas parece não entenderem o papel que a CASA DE ANGOLA tem vindo a desempenhar no seio da nossa Comunidade a viver em Portugal e, mais, o quão acrescido esse papel poderia ser, se melhor apoiado financeiramente pela Nação.

Se à Embaixada e ao Consulado compete a função administrativa e política de representar Angola, à CASA DE ANGOLA pode, e deve, competir o papel de congregar, associativamente, essa importante parcela da sociedade civil, que é a sua comunidade, independentemente dos credos religiosos, políticos ou partidários, de cada um: Pai rico que obriga filhos a esmolar e a passarem dificuldades, só porque não estão, sempre, de acordo com ele, é pai desnaturado.

O papel que, no contexto da vida da CASA DE ANGOLA, tem vindo a ser desempenhado pela Embaixada (intervindo directamente na constituição de listas em eleições para os seus Órgãos Sociais, apoiando aqueles que gravitam à sua volta e à volta do Partido, dificultando a vida às direcções que lhes não são politicamente simpáticas, etc.), não é, quanto a mim (notem que falo, estritamente, em meu nome pessoal), o que mais dignifica Angola. Aliás, no meu entender é ao Estado Angolano que deve competir prover a CASA DE ANGOLA dos meios financeiros mínimos necessários à sua sobrevivência.

Direi mais: as CASAS DE ANGOLA, em Países onde existam comunidades angolanas numerosas, deveriam ser inscritas no Orçamento de Estado. Com esse procedimento, não me repugna reconhecer àquele o direito de acautelar que tais fundos sejam administrados correctamente e, sob sua fiscalização, aplicados aos fins a que se destinam: apoio às comunidades e realização de acções que dignifiquem e promovam a Nação Angolana.»

terça-feira, abril 22, 2008

E do horizonte nasceu o sonho moribundo

Importantes são todos aqueles (e serão, certamente, alguns) que nos estendem a mão se, um dia, tropeçarmos numa pedra. Mas, mais importantes são todos aqueles (e serão, certamente, poucos) que tiram a pedra antes de passarmos e que dificilmente saberemos quem são.

Cuito Cuanavele na Casa de Angola
- É fartar vilanagem. Uma vergonha!

A chamada batalha do Cuito Cuanavale saldou-se por um rotundo fracasso para o MPLA, por muito que o MPLA/governo angolano digam o contrário. Apesar disso, com o apoio do MPLA, que é quem põe e dispõe de todas as regras de jogo em Portugal, anuncia-se para amanhã um jantar (ver post anterior) na Casa de Angola em Lisboa para celebrar aquele batalha. Com a bem paga ajuda de assessores portugueses, o MPLA quer reescrever e mascarar a História, como se todos os angolanos fossem compráveis e tivessem a inteligência do tamanho de uma bitacaia, tal como quer provocar a UNITA e a restante oposição angolana, porque antevê dificuldades nas eleições. E tudo isto com a conivência, nem que seja pela passividade ou pela omissão, de tanta boa gente. Uma vergonha.

Jantar na Casa de Angola em Lisboa
celebra batalha do Cuito Cuanavale

Ao que isto chegou. Segundo um convite da Pressfocus, subscrito por Rogério Bueno de Matos e Marina Trancoso Vaz, “o 20º aniversário da Batalha de Cuito Cuanavale (travada entre angolanos e cubanos e o regime de apartheid da África do Sul) vai ser celebrado em Lisboa no decorrer de um jantar que reunirá diversas individualidades na Casa de Angola em Lisboa.”

Ainda segundo o programa, “haverá amanhã intervenções e momentos de música e de poesia”.

De acordo com a informação da Pressfocus, “a Batalha de Cuito Cuanavale foi decisiva não só para a consolidação da independência de Angola como o princípio do fim do regime do apartheid na Africa do Sul”.

“A sua importância, acrescenta a agência de comunicação, histórica ultrapassa a dimensão regional já que tem consequências político-sociais a nível praticamente mundial”.

“O jantar reunirá diversas individualidades políticas e intelectuais, ministro plenipotenciário de Angola e embaixadores de diversos países, nomeadamente de Cuba, Venezuela, etc.”, acrescenta a informação.

Ao que isto chegou. Estranho, desde logo, que o convite ou informação sobre o evento não tenha sido da própria Casa de Angola. Também não me admiro que a Casa de Angola seja alheia a esta iniciativa que, cheira-me, foi imposta pela Embaixada do MPLA em Lisboa.

Sim, que se fosse Embaixada de Angola e não do MPLA não deveria comemorar uma batalha entre angolanos onde, recorde-se as maiores vítimas foram os angolanos.

Se o jantar, marcado para amanhã, se realizar mesmo na Casa de Angola em Lisboa, creio que a Direcção desta instituição só tem uma saída: demitir-se e entregar as chaves aos donos do poder, ou seja aos representantes do MPLA em Portugal.

segunda-feira, abril 21, 2008

Armas para Mugabe já lá estão
- O resto é encenação dos amigos

O Ministério das Relações Exteriores (MIREX) de Angola afirmou hoje desconhecer que um navio chinês com armamento para o Zimbabué impedido de atracar na África do Sul e em Moçambique tenha como destino portos angolanos.

Em declarações à Agência Lusa em Luanda, o director da Divisão África e Médio Oriente do MIREX, Mário Feliz, disse não ter a "mínima informação" sobre a viagem do navio chinês para Angola.

A informação de que Angola é o destino do navio de pavilhão chinês foi dada domingo pelo ministro dos Transportes e Comunicações moçambicano, Paulo Zucula, à agência noticiosa Reuters, depois de Moçambique e a África do Sul terem impedido a embarcação de atracar em portos nacionais.

A cadeia televisiva norte-americana CNN avançou por seu lado que, segundo o Departamento Sul-africano de Transportes, o navio tem como destino o porto de Luanda.

Não compreendo a razão que levou a África do Sul e Moçambique a tomarem tal posição. É que, convenhamos, a democracia que Robert Mugabe quer implantar no Zimbabué precisa desse equipamento “humanitário” como os pobres de pão para a boca.

Tanta confusão por uns meros seis contentores com milhões de munições de vários calibres, com predominância do utilizado nas espingardas automáticas AK-47, RPG (morteiros com auto-propulsão) e granadas de morteiro?

Creio, aliás, que o navio em questão também não vai parar em Angola, seguindo de regresso à base embora, digo eu, com os contentores vazios já que, segundo aqui o Alto Hama, a carga já tinha sido descarregada na África do Sul quando a bronca foi accionada.

Os protestos sul-africanos, o “não” de grande amigo de Mugabe (Armando Guebuza) e mais que certo “não” de outro grande amigo de Mugabe (José Eduardo dos Santos) não passarão de uma encenação articulada com o presidente do Zimbabué que, nesta altura, já tem esse equipamento “humanitário” a defender a democracia nas ruas de Harare.

Lusofonia e Francofonia juntam-se
- é , com certeza, para cantar e rir

As organizações da Lusofonia (CPLP) e da Francofonia (OIF) vão juntar-se para promover o ensino do português nos países francófonos e do francês nos países lusófonos, revelou hoje, em Lisboa, o secretário-executivo da CPLP.

Ora aí está. A CPLP (sabem o que? Não? Eu também não) pouco ou nada tem feito para promover o português nas países lusófonos mas, agora, promete fazê-lo nos francófonos. É para rir, certamente.

Luís Fonseca, que falava à margem do Encontro dos Três Espaços Linguísticos (3L) adiantou que o acordo, o primeiro do género para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), está ainda a ser negociado e deverá estar finalizado dentro de um a dois meses, de modo a que a assinatura tenha lugar até Julho deste ano.

Que vão assinar, vão com certeza. Aliás, não é por falta de acordos que a “coisa” não funciona. Não funciona porque não basta a boa vontade, é preciso trabalhar muito e ter meios que a CPLP ((sabem o que? Não? Eu também não) não tem.

Este acordo, afirmou, "certamente irá inspirar iniciativas semelhantes que a CPLP espera desenvolver", em particular com os países ibero-americanos, representados no Encontro de Lisboa, e com a Organização Árabe para a Educação, Cultura e Ciência (ALECSO), que também participa, com estatuto de observador.

Pois. Partamos para ajudar os outros a apagar a lareira sem cuidar de ver que temos a nossa casa a arder…

"Temos de colaborar na promoção da diversidade cultural, garantir que os povos dos nossos países sejam respeitados, nas suas culturas e nas suas línguas", disse o diplomata cabo-verdiano à agência Lusa. E, como habitualmente, disse bem. Só falta o resto. Ou seja, tudo.

O acordo com a Organização Internacional da Francofonia (OIF), representada na reunião de Lisboa pelo respectivo secretário-geral, Abou Diouf, vai abranger a cooperação entre parlamentos, direitos humanos, boa governação e desenvolvimento de sistemas democráticos, além do intercâmbio na promoção da língua e cultura.

Parece-me, mais uma vez, que a francofonia vai comer de cebolada a lusofonia.

Actualmente, três países lusófonos pertencem à OIF - Cabo Verde Guiné-Bissau e São Tomé, que estão "cercados" por países de fala francesa. E nós continuamos a vê-los passar.

Por outro lado, dois países membros da francofonia - Ilhas Maurícias e Guiné Equatorial - têm estatuto de observador junto da CPLP.

Em declarações à margem do encontro, Abou Diouf afirmou que o acordo com a CPLP vai permitir "ir mais longe entre lusofonia e francofonia, que têm membros em comum e um campo plenamente favorável para desenvolver relações".

Mais longe? Claro que sim. Em francês, certamente.

domingo, abril 20, 2008

Recordas-te, meu velho, dos tempos… (II)

Recordas-te, meu velho, dos tempos em que te mandei um S.O.S. a propósito de uma tentadora proposta de trabalho ou, melhor, de emprego?

Recordas-te, meu velho, de me teres dito “vou já ter contigo, é só tempo de chegar aí ao Porto”? Disseste e cumpriste, como sempre fazias.

Recordas-te, meu velho, que nessa altura, a troco de um bem remunerado cargo no topo da hierarquia, eu tinha de deixar de escrever ou de tomar posições favoráveis ao Mais Velho?

Recordas-te, meu velho, que não me pressionaste em sentido nenhum e que, inclusive, me disseste “pensa bem pois para além do teu presente está em jogo o teu futuro”, acrescentando que “eu respeitarei a tua posição, seja ela qual for”?

Recordas-te, meu velho, de me teres deixado ficar um envelope fechado com uma folha onde tinhas escrito o que pensavas ia ser a minha resposta e que, como combinado, eu só abri depois de oficializar a minha posição?

Recordas-te, meu velho, que – mais uma vez - acertaste em cheio? Como calculavas, a minha resposta foi NÃO. Foi-se o cargo no topo da hierarquia mas ficou a liberdade.

A liberdade para continuar a falar do Mais Velho. A liberdade de eu continuar a ser o que sou. Recordas-te?

Maputo não aceita? Então ruma-se a Luanda
- Vá lá, dêem uma ajudinha a Robert Mugabe

O navio chinês, que transporta armas para o governo do Zimbabué, e que estava ancorado ao largo de Durban, na África do Sul, navega em direcção a Angola onde espera conseguir aportar, segundo o ministro dos Transportes moçambicano.

O navio abandonou águas sul-africanas sexta-feira depois de um tribunal de Durban ter recusado que as armas fossem transportadas através do país, para o Zimbabué, refere hoje a SW Radio Africa, uma rádio independente zimbabueana de ondas curtas, citada pelo serviço de notícias on-line AllAfrica.com.

Segundo a AllAfrica.com, o ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Paulo Zucula, disse à Reuters que Maputo tem estado atento aos movimentos do navio, desde que zarpou do porto sul-africano.

"Sabemos que o registo do seu próximo destino explicita Luanda porque não permitimos que penetrasse em águas moçambicanas sem diligências prévias", disse.

O navio "Na Yue Jiang" estava ancorado ao largo do porto de Durban desde segunda-feira.

O comandante foi informado sexta-feira de que um tribunal de Durban proibiu o transporte dos seis contentores de armas e munições para o Zimbabué através de território sul-africano, tendo decidido partir com destino incerto.

A cadeia televisiva norte-americana CNN avançou por seu lado que, segundo o Departamento Sul-africano de Transportes, o navio tem como destino o porto de Luanda.

Entre as armas transportadas, encontram-se milhões de munições de vários calibres, com predominância do calibre utilizado nas espingardas automáticas AK-47, RPG (morteiros com auto-propulsão) e granadas de morteiro.

Nos últimos dois dias, a generalidade da comunicação social tem dado destaque ao "Na Yue Jiang", uma vez que a ausência de resultados das eleições presidenciais zimbabueanas de 29 de Março ameaça mergulhar toda a região numa grave crise.

Ao que parece, o MPLA sempre poderá reactivar os planos do ministro Kundi Paihama e armazenar este armamento num dos muitos paióis da UNITA…

Recordas-te, meu velho, dos tempos…

Recordas-te, meu velho, dos tempos em que vinhas de Lisboa e nos encontrávamos no Hotel Tuela, no Porto, para conversar sobre a nossa terra, umas vezes sós, outras com o Jeremias ou com o Tony?

Recordas-te, meu velho, dos tempos em que éramos dos primeiros a saber quando algum de nós vinha da banda para nos contar como iam, ou não iam, as coisas?

Recordas-te, meu velho, dos tempos em que de vez em quando mandavas de Lisboa alguma ajuda para pôr na linha os camaradas que nos queriam encostar à parede?

Recordas-te, meu velho, dos tempos em que te deslocaste propositadamente cá acima para me dar um abraço de solidariedade quando soubeste que eu recusara uma enormíssima promoção que tinha como contrapartida abdicar das nossas ideias e ideais?

Recordas-te, meu velho, dos tempos em que jantámos aqui no Porto com o nosso mais Velho e ele também me disse que valia a pena recusar promoções quando elas implicam a perda da consciência?

Recordas-te, meu velho, dos tempos, estes mais recentes, quando tu e o Paulo tinham regressado há pouco tempo da mata e no átrio do hotel Porto Palácio me deram um forte, demorado e comovido abraço?

sábado, abril 19, 2008

Sobre o MPLA ligo ao MPLA,
Sobre a UNITA ligo ao MPLA

“O presidente da UNITA está a dar uma entrevista à SIC, sabias disso?”, perguntaram-me hoje à noite vários amigos, alguns conhecidos e uns tantos inimigos. Por acaso, ao passar pela SIC… fiquei a saber. Acredito que os amigos, eventualmente também os conhecidos, julguem que eu sabia… mas não queria contar. Nada disso, meus caros. Sobre a actual UNITA só sei que nada sei. Sei, no entanto, que se quiser saber tudo quanto se passa na actual UNITA, sobretudo ao nível das deslocações a Portugal dos seus dirigentes, me basta ligar a um amigo que é do MPLA. Tão simples quanto isso.

Não se preocupem porque são pretos
- Desde 1993 “só” morreram 300 mil

Forças rebeldes lançaram um ataque esta madrugada no Burundi, elevando para mais de 30 o número de mortos desde a ofensiva,
quinta-feira, do movimento Força Nacional de Libertação (FNL).

"Ontem elementos do FNL atacaram a zona de Kamesa (a sul de Bujumbura). Foram reprimidos pelas nossas forças, mas tiveram tempo, antes de fugir, para lançar um obus de Katiucha em direcção à cidade", afirmou um porta-voz do exército, tenente-coronel Adolphe Manirakiza, que não avançou o número de vítimas. Os combates, audíveis em toda a capital burundesa, prolongaram-se por mais de uma hora.

Segundo fontes militares e órgãos de informação locais, seis soldados burundeses e 20 rebeldes foram mortos desde a ofensiva dos rebeldes do FNL, quinta-feira à noite.

De acordo com a rádio Isanganiro (estação de rádio privada local), 10 combatentes do FNL e dois soldados foram mortos e outros dois ficaram feridos em Gihanga (18 quilómetros a norte de Bujumbura) durante os combates de sexta-feira. Esta informação foi confirmada por fontes administrativas no local.

Quatro militares burundeses e 10 rebeldes do FNL foram mortos na primeira ofensiva contra Bujumbura na madrugada de sexta-feira, de acordo com o governo burundês, acusado pelos rebeldes de sabotar o cessar-fogo.

"Desde que o FNL lançou o grande ataque, sexta-feira à noite, o exército passou à ofensiva, (...) queremos impedir que se voltem a reagrupar para atacar a população", afirmou o porta-voz do exército.

O Burundi luta para sair de uma guerra civil iniciada em 1993 e que já provocou a morte de 300 mil pessoas.

Um acordo de cessar-fogo foi assinado em Setembro de 2006 entre o Governo e a FNL, mas a sua aplicação nunca foi concretizada.

O Burundi é um pequeno país de África, encravado entre o Ruanda a norte, a Tanzânia a leste e a sul e a República Democrática do Congo a oeste. É nele que nasce o Rio Nilo.

Jornal de Angola mostra que os patrões
estão (e de que maneira!) perturbados

Um dos órgãos oficiais da propaganda do MPLA, na circunstância o Jornal de Angola (JA), tem feito nos últimos dias um fogo cerrado contra o presidente da UNITA, Isaías Samakuva. Ao estilo estalinista do patrão, o JA aposta na razão da força contra a força da razão, argumentando com tudo o que imagina ser a realidade, ofendendo não só o presidente do maior partido da Oposição como a inteligência dos angolanos. Como diz um amigo meu, “os homens estão perturbados”. Estão mesmo.

Os (velhos) amigos são para as ocasiões

O navio de pavilhão chinês, que transporta armas para o governo do Zimbabué e que estava ancorado ao largo do porto de Durban, África do Sul, zarpou e o seu destino é Moçambique, segundo alerta uma organização não-governamental zimbabueana. Mugabe certamente não esquecerá a ajuda de Armando Guebuza. Os amigos são para isso mesmo. Não é?

O navio encontrava-se desde segunda-feira atracado ao largo de Durban a aguardar autorização das autoridades portuárias para atracar e descarregar a sua carga. Entre ela, encontram-se seis contentores contendo milhões de munições de vários calibres, com predominância do calibre utilizado nas espingardas automáticas AK-47, RPG's (morteiros com auto-propulsão) e granadas de morteiro.

O manifesto de carga foi enviado por fonte anónima ao editor da revista "Noseweek" que, por sua vez, denunciou a presença do navio em águas territoriais sul-africanas. Nos últimos dias, a generalidade da comunicação social tem dado destaque ao Na Yue Jiang, uma vez que a ausência de resultados das eleições presidenciais zimbabueanas de 29 de Março ameaça mergulhar toda a região numa grave crise.

Quinta-feira, os sindicatos afectos aos trabalhadores portuários e dos transportes emitiram comunicados nos quais se recusavam a participar no descarregamento do navio e no transporte da sua carga para um país onde a legitimidade do regime levanta sérias dúvidas e onde a violência dos agentes do Estado contra elementos da oposição tem aumentado significativamente.

Uma petição interposta num tribunal de Durban pelo grupo Centro de Litigação da África Austral, pelo bispo anglicano Rubin Phillips e pelo activista dos direitos humanos Patrick Kearney mereceu parecer positivo do juíz Pillay que aceitou que o navio fosse descarregado mas proibiu que a carga fosse movimentada em território sul-africano.

Na iminência de ter o carregamento de armas apreendido na prática por ordem judicial, o comandante do navio, identificado como Sunaijum, optou por levantar quando o oficial de diligências do tribunal de Durban dele se aproximava numa embarcação policial.

O regime do presidente Robert Mugabe tem estado sob intensa pressão da comunidade internacional para que divulgue os resultados das eleições presidenciais de 29 de Março, nas quais o candidato da oposição, Morgan Tsvangirai, reclama vitória com mais de 50 por cento dos votos.

O secretário-geral das Nações Unidas, a União Europeia e os Estados Unidos já apelaram ao governo zimbabueano para que exija à Comissão Eleitoral a divulgação imediata dos resultados para que o regime do Zimbabué ultrapasse rapidamente a profunda crise de legitimidade democrática que atravessa e o país possa regressar à normalidade.