O Ocidente, e neste caso particular da Guiné-Bissau a Europa e sobretudo Portugal, sabe que África teve, tem e continuará a ter uma História de autoritarismo que, aliás, faz parte da sua própria cultura.
Apesar disso, teima-se em exportar a democracia “made in Ocidente”, sem ver que a realidade africana é bem diferente. Vai daí, pela força dos votos os ditadores chegam ao Poder.
Mas será isso democracia? Por que carga de chuva ninguém se lembra que, por exemplo, na Guiné-Bissau as escolhas não são feitas com o cérebro mas com a barriga?
Apesar disso, teima-se em exportar a democracia “made in Ocidente”, sem ver que a realidade africana é bem diferente. Vai daí, pela força dos votos os ditadores chegam ao Poder.
Mas será isso democracia? Por que carga de chuva ninguém se lembra que, por exemplo, na Guiné-Bissau as escolhas não são feitas com o cérebro mas com a barriga?
E é neste contexto que Nino Vieira volta a chegar a presidente. Ninguém se lembra que Nino Vieira é só por si uma enciclopédia de corrupção? Ninguém vê que Nino foi o único histórico que enriqueceu depois da independência, tornando-se o homem mais rico de um país miserável.
Nino vendeu e comprou as melhores empresas do país (Armazéns de Povo, Socomin, Dicol, Titina Sila, Cumeré, Blufo, Bambi, Volvo, Oxigénio e Acetileno, etc., etc.), tornando-se sócio do presidente Lassana Conté, da Guiné-Conakry para melhor traficar diamantes da Serra Leoa.
Recorde-se que o antigo primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Junior, chegou a dizer que “era impossível coabitar com Nino Vieira que não passava de um bandido e de um mercenário que traiu o povo".
Apesar de tudo isto, Nino foi eleito com os votos dos guineenses que votaram e até dos que não votaram.
Apesar de em alguns círculos eleitorais haver mais votos nas urnas do que eleitores, a verdade é que a comunidade internacional deu cobertura e pode dormir descansada – houve democracia.
Se os votos foram comprados, isso pouco interessa. Se os guineenses votam em função da barriga vazia e não de uma consciente opção política, isso pouco interessa. Se Nino Vieira é um problema para a solução e não a solução do problema guineense, isso pouco interessa.
Para quem vive bem, para quem tem pelo menos três refeições por dia, o importante foi que os guineenses tenham votado. Não importa o que vem a seguir. Não importa embora todos saibamos que não vem nada de bom, e para essa conclusão basta ver o que Nino fez durante os muitos anos em que esteve no comando do país.
Não será, aliás, difícil antever que o sangue do povo guineense voltará a correr. Mas o que é que isso importa? O que importa é terem votado...
Nota: Texto que publiquei em 10 de Agosto de 2005 no Notícias Lusófonas, sob o título "A democracia põe a Guiné sob o comando de um ditador".
http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=11226&catogory=news
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