As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) tomaram uma posição de força ao recusarem-se a libertar os reféns, a não ser que o Governo de Bogotá aceite um acordo político. O radicalismo da guerrilha em libertar a mais famosa dos seus reféns, Ingrid Betancourt, que se encontra gravemente doente, está a pôr os países envolvidos nas negociações, nomeadamente a França, à beira de um ataque de nervos. Teme-se, inclusive, que já não haja tempo para resgatar Ingrid com vida.
Horas depois da chegada a Bogotá do avião francês com uma equipa médica, Rodrigo Granda, um dos líderes das FARC, esclareceu que "os reféns só serão libertados se houver uma troca de prisioneiros", uma afirmação entendida pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe, como "uma declaração de guerra", e pelo seu homólogo francês, Nicolas Sarkozy, como um mau presságio em relação à situação de Ingrid Betancourt, sequestrada quando fazia campanha como candidata à Presidência da Colômbia, em 2002.
Como o apelo público de Nicolas Sarkozy ao líder máximo das FARC, Manuel Marulanda, para que liberte Betancourt não resultou, o presidente francês informou o seu homólogo venezuelano, Hugo Chávez, que está pronto para se deslocar até à fronteira da Colômbia e até para falar com as FARC se essa for uma condição que leve à libertação de Ingrid Betancourt.
"Temos a noção exacta de que estamos a lutar contra o tempo para tentar resgatar Ingrid Betancourt com vida", afirma o ministro de Negócios Estrangeiros da França, Bernard Kouchner, acrescentando que "seria uma prova de boa vontade que as FARC a libertassem o mais rápido possível".
"Acreditamos que ainda existe alguma esperança de salvar Ingrid com vida", referiu Kouchner, reforçando que a França está a fazer tudo o que é possível e que "também abrange outros reféns que eventualmente venham a ser libertados".
Entretanto, também um ex-congressista colombiano, sequestrado há mais de oito anos pelas FARC, pediu que não o deixem apodrecer na selva e que o Governo tente libertá-lo chegando a um acordo com os rebeldes.
O apelo de Oscar Tulio Lizcano foi feito numa gravação vídeo produzida pelas FARC e que visou mostrar que o congressista continua vivo.
Lizcano, sequestrado no dia 5 de Agosto de 2000, é o político há mais tempo nas mãos das FARC, um grupo rebelde que tenta trocar com o Governo do presidente Álvaro Uribe 40 reféns por 500 guerrilheiros presos. A postura inflexível das duas partes, guerrilheiros e Governo, está não só a dificultar as negociações como a pôr em perigo a vida de muitos reféns, admitindo as autoridades colombianas que muitos dos supostos reféns das FARC já terão morrido.
"A inflexibilidade dos terroristas das FARC prende-se com o facto de, pelo menos no caso de reféns menos mediáticos, muitos já terem deixado de ser reféns por terem morrido, seja pela violência da guerrilha ou pela falta de assistência médica", afirma uma fonte do Governo colombiano.
Uribe, que com o apoio dos EUA adoptou a política de olho por olho, dente por dente contra a guerrilha, nega-se a retirar os militares de uma zona de 780 quilómetros quadrados do sul do país, tal como pretendem as FARC como condição prévia para negociar as libertações.
Ontem, milhares de pessoas manifestaram-se em várias cidades colombianas pedindo que os reféns, retidos pelas FARC, sejam libertados.
Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
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