Portugal "já passou por crises piores" e está agora mais bem preparado para enfrentar a crise económica que se verifica actualmente, afirmou em Londres o presidente da AICEP, Basílio Horta. Afinal há crise? Não. Não creio.
Mas se há, tudo se resolverá com o despedimento de trabalhadores, sobretudo dos competentes. Há quem pense de maneira diferente. O ministro do Trabalho alemão, Olaf Scholz, por exemplo, diz que as empresas devem qualificar os seus trabalhadores, em vez de fazerem despedimentos. Pois. Mas isso é na Alemanha…
Mas se há, tudo se resolverá com o despedimento de trabalhadores, sobretudo dos competentes. Há quem pense de maneira diferente. O ministro do Trabalho alemão, Olaf Scholz, por exemplo, diz que as empresas devem qualificar os seus trabalhadores, em vez de fazerem despedimentos. Pois. Mas isso é na Alemanha…
Pelo reino de José Sócrates, as coisas são bem mais diferentes, para melhor, dir-me-ão os socialistas que têm a liberdade para estarem de acordo com o chefe.
Para tirar o ónus do despedimento às administrações ou até mesmo aos patrões, são contratadas empresas que vão analisar a actividade/produtividade dos empregados tendo em vista – segundo a tese oficial – racionalizar o trabalho e (é claro!) criar mais-valias.
A teoria até nem é má. Na prática é que a porca torce o rabo. Perante a suposta impossibilidade de em muitos casos contactar todos os trabalhadores, a empresa contratada ouve apenas os elementos da hierarquia.
Sendo certo que dificilmente esses elementos da hierarquia serão atingidos pelos despedimentos, eles dirão mais ou menos o que já está definido à partida (redução do número de trabalhadores), num jogo claramente viciado.
Por outras palavras, antes do “julgamento” já a “sentença” foi dada. Depois resta preencher as formalidades de modo a legitimar o veredicto.
É claro que o princípio do contraditório, que alguns ingenuamente consideram uma a garantia fundamental da Justiça, não é chamado para o processo.
Porque há razões que a razão desconhece, os que vão ser despedidos não têm direito individual de defesa, limitando-se as administrações a dizer que, segundo o estudo da empresa X, a racionalização do trabalho justifica que uns tantos empregados vão para a rua.
Em tempos, e ainda recentemente falei disto, Belmiro de Azevedo afirmou que "um subalterno tem o dever de questionar uma ordem do chefe e, se for o caso, dizer-lhe que não é suficientemente competente". Pois. Hoje esses subalternos (por muita razão que tenham) estão na lista dos dispensáveis.
Listas que já existem e que são entregues às empresas exteriores para que elas, a partir daí, possam dar um parecer que as legitime.
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