sábado, setembro 30, 2006

Velho amigo mas um sempre novo guerreiro

Alcides Sakala, meu velho e querido amigo dos tempos (entre outros) dos bancos da escola no Huambo, está agora ao leme do grupo parlamentar da UNITA. Sempre que falo dele digo meu velho e querido amigo porque tenho orgulho nisso e por saber que ele foi, é e será um lapidar exemplo para os angolanos onde, obviamente, me incluo.

Na sua intervenção no debate sobre o Orçamento Geral dos Estado disse: "Vivemos numa sociedade marcada pela riqueza excessiva de uns e pela pobreza extrema da maioria».

Força irmão, dizer o que pensamos ser a verdade é a melhor qualidade dos grandes Homens. E tu és um deles.

No seu primeiro discurso como presidente da bancada parlamentar do maior partido da oposição angolana, Sakala recordou que "a maior parte da população vive no limiar da pobreza, com menos de um dólar por dia, sendo incapaz de satisfazer as suas necessidades básicas".

Por outras palavras: “poucos têm milhões e milhões têm pouco, ou nada”.

"Só o crescimento da economia nacional fora das áreas estratégicas do petróleo e dos diamantes poderá resolver o problema do desemprego e combater as desigualdades sociais", afirmou o líder parlamentar da UNITA, mostrando que conhece como poucos a realidade da Angola profunda.

Nesse sentido, defendeu a necessidade de "um orçamento virado para o crescimento e para o progresso social e não algo que mantenha imutável a situação de pobreza, o nível de analfabetismo e as assimetrias regionais".

Alcides Sakala tem a sabedoria de quem sentiu, tantas vezes de forma dolorosa, os dois lados da História de Angola e, honrando esse conhecimento, vai lutar para que os milhões que têm pouco passem a ter algo mais.

Juntando a experiência das matas à dos grandes areópagos da política internacional, Alcides Sakala vai mostrar que nunca se esqueceu que Angola não se define – sente-se.

E de uma coisa todos podemos ter a certeza: Alcides Sakala sente Angola como poucos, como muito poucos.

Ao entrevistá-lo para o Jornal de Notícias (trabalho hoje publicado e que foi retomado pelo Notícias Lusófonas e pelo Pululu) reconfirmei (sei, meu caro Alcides, que isso não era preciso) que ele continua a mostrar como se deve amar Angola.

sexta-feira, setembro 29, 2006

“Alto Hama» censurado pelos donos da verdade

Embora censurado (pelo silêncio) nos considerados (sobretudo auto-considerados) grandes meios de comunicação social portuguesa, até mesmo nos que são pagos com os nossos impostos, o livro “Alto Hama – Crónicas (diz) traídas” está a merecer alguma atenção de todos aqueles a quem a moribunda Luosofonia diz alguma coisa.

Recordo que foi apresentado no passado dia 23, na Casa de Angola em Lisboa em cuja cerimónia esteve presente o vice-ministro das Finanças do Governo de Angola, Arlindo Sicato.

Nesta altura o livro. Editado pela Papiro com o apoio da Casa de Angola, está à venda nos seguintes locais: Livraria Buchholz, Livraria Augusto Sá da Costa, Lda,, Livraria Barata, Bulhosa Twin Towers, Bulhosa Cascais, Bulhosa Oeiras, Bulhosa Campo Grande, El Corte Inglês, El Corte Inglês ( Vila Nova de Gaia) e nas livrarias Bertrand do Chiado, Fórum Aveiro, Colombo, Norteshoping, Picoas, Amoreiras Shoping, Dolce Vita (Coimbra), Vasco da Gama II e Antas.

O livro, com prefácio de Eugénio Costa Almeida, é uma colectânea de crónicas publicadas no Notícias Lusófonas (http://www.noticiaslusofonas.com), tem 200 páginas e custa 15 euros.

Reproduzo as últimas linhas do livro “(…) Não esqueçam, contudo, que têm na vossa frente matéria de facto que pode sustentar o vosso veredicto, o que, reconheçamos, já me distingue dos que sabem tudo… mas não fazem nada”.

Boa leitura.

Adenda: A apresentação no Porto terá lugar no dia 19 de Outubro, pelas 21 hoars, na Bertrand do Centro Comercial Parque Nascente.

quinta-feira, setembro 28, 2006

«Hugo Chávez amigo, Sócrates está contigo»

O primeiro-ministro de Portugal deveria estar satisfeito. Porquê? Porque é o único líder europeu, segundo leio no Notícias Lusófonas a quem (com a devida vénia) “roubei” o título, distinguido com o "privilégio" da aparecer ao lado do presidente da Venezuela. Uma fotografia de José Sócrates com Hugo Chavez está a ser usada como trunfo pelo Presidente venezuelano nas ruas de Caracas, ou não existisse no país uma importante comunidade de origem portuguesa.

Numa primeira reacção, o Governo português disse que "não tinha conhecimento" da existência do cartaz. Disse-o pela voz do seu assessor David Damião, jornalista que deixou há anos a profissão para integrar a equipa de António Guterres, certamente como prémio pelo bom desempenho feito na cobertura eleitoral... enquanto jornalista.

(Um dia destes vamos vê-lo como director de um qualquer jornal).

De opinião contrária foi a do encarregado de negócios da Embaixada portuguesa na Venezuela, Emídio da Veiga Domingos, que disse que a a fotografia já está "talvez há duas semanas" na estrada que leva ao aeroporto da cidade.

Mais. Veiga Domingos diz que "logo que tivemos conhecimento, contactámos as autoridades portuguesas competentes". Pelos vistos a informação terá sido arquivada num qualquer envelope 10.

Agora Sócrates mandou dizer que está chateado pelo abuso do bolivariano Chávez e quer explicações.

Será que o presidente da Venezuela vai dizer de sócrates o que disse de Bush? Ou seja, que também é um Diabo? Neste caso socialista.

Lusofonia in English e é para quem quer

Como se sabe, se é que isso interessa alguma coisa, Timor-Leste pertence (cada vez mais sem alma nem coração) a uma coisa que ainda dá pelo nome de Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

No entanto, ao contrário do que acontecia com o seu anterior primeiro-ministro, Mari Alkatiri, o país tem agora no comando José Ramos Horta que, certamente na defesa da língua portuguesa tem como “Acessor de Informação e Média” (sic) um senhor que dá pelo nome de Julian Swinstead e que nem “bom dia" sabe dizer em português.

Porque será que sou levado a pensar que é australiano? Bem, pouco interessa para o caso.

O que interessa, e interessa – é certo – cada vez menos, é que o primeiro-ministro de um país (ou território como lhe chama grande parte da Imprensa) da CPLP tem como assessor (“acessor” não existe) alguém que não fala uma palavra em português.

O que interessa, e interessa – é certo – cada vez menos, é que a Lusofonia está em coma para gáudio de quem, inclusive, tem ou deveria ter responsabilidades na preservação (ao menos nisso) da língua portuguesa.

Assim sendo, o melhor é José Sócrates (estava para escrever a Direcção da CPLP, mas como nem sei se isso existe) liderar o processo de extinção (tanto faz que seja em português ou inglês) da Comunidade de Países de Língua Portuguesa e, já agora, oferecer uma medalha de mérito a José Ramos Horta.

quarta-feira, setembro 27, 2006

A luz regressou 23 anos depois a Galanga

A vila de Galanga, a cerca de 100 quilómetros da capital provincial do Huambo, no planalto central da minha amada Angola, voltou a ser abastecida com energia eléctrica, depois de... 23 anos sem luz.

O fornecimento de energia eléctrica é assegurado por um gerador de 100 KVA, que permite assegurar a iluminação pública e o abastecimento de cerca de duas centenas de casas.

O gerador, inaugurado pelo governador provincial do Huambo, Paulo Kassoma, representou um investimento de cerca de 190 mil dólares, suportado pelo governo local. Na intervenção que proferiu na cerimónia de inauguração, o governador provincial alertou para a necessidade de ser assegurada a manutenção do gerador, para que a população local possa continuar a beneficiar do fornecimento de energia eléctrica.

"Estamos a fazer tudo o que é possível para fornecer electricidade a todas as localidades, mas isso só será possível se os serviços de energia colaborarem no acompanhamento dos sistemas geradores e distribuidores de electricidade", afirmou.

Por seu lado, o director provincial de Energia e Águas, Adolfo Elias, disse que vai ser ministrado um curso de formação para permitir que cada localidade possa contar com três pessoas especializadas na manutenção dos geradores.

A vila de Galanga foi uma das mais atingidas pelo conflito armado em Angola, que destruiu a maior parte dos edifícios e explorações agrícolas, assim como os sistemas de fornecimento de energia e de captação e abastecimento de água à população.

No quadro do Programa de Melhoria dos Serviços Básicos à População, lançado pelo governo angolano, estão em curso os trabalhos de reabilitação da rede de abastecimento de água, que deverão estar concluídos em Dezembro. Este projecto, que conta com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), inclui a reabilitação das condutas, a construção de chafarizes públicos e a ligação da rede a instalações públicas e a residências particulares.

Pelo sim e pelo não, Moçambique na Francofonia

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, vai participar na XI Cimeira da Organização Internacional da Francofonia (OIF), quarta e quinta-feira em Bucareste, na qual Moçambique vai ser admitido na organização como membro-observador.

Moçambique endereçou o pedido formal de adesão à OIF no início deste ano.

Com a integração na OIF, Moçambique passa a fazer parte de todas as principais comunidades linguísticas internacionais, uma vez que já é membro de pleno direito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da Comunidade dos Países de Língua Inglesa (Commonwealth) e da Organização da Conferência Islâmica.

A integração na Commonwealth foi justificada pelo Governo moçambicano com o facto de todos os países vizinhos de Moçambique terem o inglês como língua oficial.

Para a entrada na Organização da Conferência Islâmica terá sido relevante o facto de a religião islâmica ser uma das mais influentes no país, apesar de o governo moçambicano ter defendido a opção com as oportunidades de maior cooperação com os países muçulmanos.

Pelo sim e pelo não...

terça-feira, setembro 26, 2006

Multinacionais zarpam para Espanha.
Letizia está grávida. Que mais querem?

Cavaco Silva, presidente da República portuguesa, aconselha que as empresas sedeadas em Portugal deixem de “chorar” a avancem para Espanha. É um bom conselho. Mas o melhor é passarem a sede para lá. Pagam menos impostos, têm menos burocracia, os combustíveis são mais baratos etc.. E, é claro, como compatriotas que são, sempre podem abrir uma filial nas terras lusas.

Cavaco referia-se aos empresários portugueses. Mas é claro que as multinacionais têm toda a razão e legitimidade para fazer o mesmo. Isto é: mandar Portugal às malvas e fazer as malas para Espanha.

A General Motors Europeia vai sair de Azambuja e desloca a produção da Opel para Espanha. A Johnson Controls, que produz em Portugal componentes interiores para automóveis, vai fechar para já duas das três unidades que funcionam no país.

E para onde vão? Para onde? Claro. Para Espanha.

A multinacional norte-americana, quarto maior fornecedor de componentes para automóveis no mundo, pretende encerrar as fábricas de Nelas e Portalegre.

A fábrica de Nelas, a maior da multinacional em Portugal, tem cerca de 500 trabalhadores e a de Portalegre perto de 330. Ao todo, são cerca de 830 postos de trabalho em risco.

A terceira fábrica da Johnson Controls, Vanpro, recebe boa parte da produção das outras duas e resulta de uma parceria com os franceses da Faurecia, para fornecer a VW Autoeuropa, localizada em Palmela. As perspectivas em relação a esta unidade, de acordo com o jornal Público, também são incertas.

Mas, para compensar tudo isto, Cavaco foi dos primeiros a saber que a princesa Letizia estava grávida. Haverá algo que pague este sublime prazer de ser dos primeiros a saber tal coisa?

É claro que não…

segunda-feira, setembro 25, 2006

Austrália derrota a Lusofonia
- Mascarenhas diz não a Timor

O ex-Presidente cabo-verdiano António Mascarenhas Monteiro acaba de anunciar que já não vai para Timor-Leste. Monteiro decidiu declinar o convite que lhe foi feito por Kofi Annan para ser seu representante especial e chefiar a missão da ONU em Díli. Por trás dessa recusa, estão «reservas» por parte de alguns dos implicados no processo timorense.

Embora não tenha sido dito textualmente de onde terão surgido as «reservas», facilmente se conclui que elas partem da Austrália, uma potência que tem dado as cartas e viciado o jogo quando muito bem entende.

Camberra mantém neste momento vários efectivos no terreno para manter a paz e a segurança em Díli. Não será certamente do seu agrado submeter os seus efectivos ao comando de um lusófono, no caso, António Mascarenhas Monteiro.

Isto para não falar dos interesses económicos em jogo: Timor-Leste poderá transformar-se nos próximos anos num grande produtor de petróleo e gás natural.

E, enquanto isso, a CPLP vai pensar se pensa que deve pensar numa eventual reacção.

Assim vai a Lusofonia a caminho do fim…

domingo, setembro 24, 2006

Obrigado Mestre Eugénio Costa Almeida

«Orlando Castro quer manter a notícia nas pontas dos seus dedos e transmiti-la com a seriedade e a agudeza que o caracteriza aos seus fiéis leitores sem se sentir subjugado pelos ditames de um qualquer capataz que terão promovido a chefe e a quem a nova legislação portuguesa parece querer dar o direito de “mexer” – leia-se adulterar sempre que isso lhe possa convir – as notícias dos seus colaboradores», afirmou ontem Eugénio Costa Almeida na apresentação do meu livro «Alto Hama – Crónicas (diz) traídas».

Eugénio Costa Almeida acrescentou: «Será, talvez por isso, que esta sua obra tenha tido destaque em sites informativos da Lusofonia (destaque-se o Luanda Digital), no portal dos jornalistas, num jornal português, O Primeiro de Janeiro – órgão onde Orlando Castro já trabalhou – que não noutros, nomeadamente nos do Grupo empresarial onde, diariamente, presta a sua colaboração, os quais primaram pela omissão; ressalve-se que o Jornal de Notícias, edição de Lisboa, colocou uma pequena informação deste lançamento. »

Já no Diário de Notícias, continuou o apresentador e prefaciador do livro, «que hoje fez um destaque das obras deste trimestre que vai entrar, nem uma linha. Surpresa? Não! todos os que, como nós, prestam colaboração sem esperar endeusamentos já estamos habituados.»

Eugénio Costa Almeida termina dizendo: “Alto Hama, crónicas (diz)traídas” é uma obra para se comprar, ler, meditar e ser, também, um princípio para ler as crónicas de Orlando Castro no Notícias Lusófonas onde muitas outras que aqui poderiam ter sido incluídas esperam pela vossa visita. »

Que mais posso dizer? Apenas, Obrigado Mestre Eugénio Costa Almeida

sexta-feira, setembro 22, 2006

O Jornalismo faz-se de notícias
e não de pedidos ou de favores

«Porque carga de chuva a imprensa portuguesa, no seu mais lato sentido, não fez (espero que ainda) nenhuma referência ao teu livro que amanhã será apresentado na Casa de Angola, em Lisboa?», pergunta-me um amigo que, em boa hora (digo eu), deixou o Jornalismo para se dedicar à produção de conteúdos.

A pergunta tem todo o fundamento e o meu amigo Amadeu já sabe qual é a resposta. Mesmo assim, porque haverá quem tenha a mesma dúvida e não saiba a resposta, ela aqui vai.

Quando comecei nesta profissão (eu sei que foi há muito, muito tempo), ensinaram-me que no Jornalismo a única tarefa humilhante é a que se realiza com mentira, deslealdade, ódio pessoal, ambição mesquinha, inveja e incompetência.

Hoje as coisas são diferentes. Muito diferentes. Hoje o que vale é a mentira, a deslealdade, o ódio pessoal, a ambição mesquina, a inveja e a incompetência. Portanto...

O Jornalismo faz-se (ou deve fazer-se) de notícias e não de pedidos, de favores. Se eu fosse ao “colega” X pedir, então sim, o lançamento do livro seria notícia. Mas como não fui, não vou e nunca irei...

Todos (?) nos recordamos que quando um cão morde um homem, isso não é notícia. Notícia será (seria) se o homem mordesse o cão. Em alguns media nada disto é verdade. O cão pode morder e ser notícia, desde que... O homem pode morder e não ser notícia, desde que...

«Desde que» significa ligações, conhecimentos, interesses etc.. Se o dono do cão que mordeu conhecer um «jornalista», de preferência chefe, passa a ser notícia. Se o dono do cão que foi mordido pelo homem não conhecer um «jornalista», de preferência chefe, não é notícia.

A este (des)propósito, deixem-me registar aqui algumas excepções à regra. Para além de vários blogs, O Primeiro de Janeiro, Notícias Lusófonas, Jornal Digital, Lusomátria, Portal dos Jornalistas e Luanda Digital noticiaram o lançamento.

Nota: Como bem lembra um dos comentários, também o Jornal da Nova Democracia (http://www.demoliberal.com.pt) noticiou o lançamento. Foi, aliás, dos primeiros. As minhas desculpas pela falha.

quinta-feira, setembro 21, 2006

«Memórias de um guerrilheiro»
que ama Angola como ninguém

Acabei agora de ler o livro “Memórias de um guerilheiro” de Alcides Sakala, meu velho e querido amigo dos tempos (entre outros) dos bancos da escola no Huambo.

Para além de outras considerações, a leitura lembrou-me um artigo de Eugénio Costa Almeida, recentemente publicado no seu http://pululu.blogspot.com/ em que afirma que “independentemente das simpatias partidárias ou do carácter dos mesmos, existem (para além de Agostinho Neto), pelo menos, mais dois grandes líderes que devem gozar do estatuto de Herói Nacional: Holden Roberto e Jonas Savimbi”.

Quem ler o livro, ultrapassando as gralhas, as repetições e a descuidada revisão, compreenderá porque, sempre que falo de Jonas Savimbi, recordo a frase que ele me disse, em 1975 no Huambo e a propósito da sua determinação em defender os milhões que têm pouco em detrimento dos poucos que têm milhões: «Há coisas que não se definem - sentem-se».

Quem ler o livro compreenderá porque, no seu primeiro discurso como presidente da bancada parlamentar da UNITA, Alcides Sakala disse: "Vivemos numa sociedade marcada pela riqueza excessiva de uns e pela pobreza extrema da maioria».

Quem ler o livro compreenderá porque, no seu primeiro discurso como presidente da bancada parlamentar da UNITA, Alcides Sakala disse: "A maior parte da população vive no limiar da pobreza, com menos de um dólar por dia, sendo incapaz de satisfazer as suas necessidades básicas".

Quem ler o livro compreenderá porque, no seu primeiro discurso como presidente da bancada parlamentar da UNITA, Alcides Sakala disse: "Só o crescimento da economia nacional fora das áreas estratégicas do petróleo e dos diamantes poderá resolver o problema do desemprego e combater as desigualdades sociais".

Alcides Sakala tem a sabedoria de quem sentiu, tantas e tantas vezes de forma dolorosa, os dois lados da História de Angola e, honrando esse conhecimento, luta para que os milhões que têm pouco passem a ter algo mais. Juntando a experiência das matas à dos grandes areópagos da política internacional, Alcides Sakala mostra que nunca se esqueceu que Angola não se define – sente-se.

E de uma coisa todos podemos ter a certeza: Alcides Sakala sente Angola como poucos, como muito poucos. Sente Angola como a sentiu o Mais Velho.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Parabéns Sr. Presidente!
- 27 anos no poder é obra

O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, completa amanhã 27 anos no cargo, sendo um dos políticos não eleitos há mais tempo no poder em todo o mundo, mas a data passa totalmente despercebida no calendário político do país.

O aniversário da chegada ao poder, que ocorreu a 21 de Setembro de 1979, quando sucedeu a Agostinho Neto, não será assinalado com qualquer iniciativa, ao contrário do que sucede em todo o país com o aniversário natalício do Presidente da República. Não deixa, contudo, de ser uma ditadura.

Todos os anos, esta situação é comentada pela imprensa privada angolana, que recorda as numerosas iniciativas que se realizam um mês antes, em Agosto, para assinalar o aniversário do Presidente, data que deveria ser do foro privado e é festejada em público, enquanto a posse presidencial não merece qualquer referência.

Pois. As ditaduras têm destas coisas...

José Eduardo dos Santos, que é actualmente um dos políticos há mais tempo no poder em todo o mundo, foi empossado na Presidência da República por um dirigente do MPLA, numa altura em que Angola vivia num regime de partido único.

O novo Presidente tinha 37 anos quando, a 21 de Setembro de 1979, foi investido no cargo, sucedendo a António Agostinho Neto, que tinha morrido poucos dias antes em Moscovo na sequência de uma intervenção cirúrgica.

Nas únicas eleições realizadas no país depois das independências, proclamadas a 11 de Novembro de 1975, José Eduardo dos Santos venceu a primeira volta das presidenciais, mas o resultado obtido não foi suficiente para a sua eleição.

A segunda volta, que deveria ter disputado com Jonas Savimbi, na altura líder da UNITA, acabou por nunca se realizar depois do maior partido da oposição ter rejeitado os resultados eleitorais, comprovadamente viciados. Na sequência desse diferendo, o país voltou a mergulhar num conflito armado, que apenas terminou com a morte em combate de Jonas Savimbi, em Fevereiro de 2002, o que inviabilizou a conclusão do processo eleitoral iniciado dez anos antes.

No início de 2005, quando o país começou a supostamente preparar a realização das próximas eleições, ainda sem data marcada, José Eduardo dos Santos quis esclarecer as dúvidas levantadas por alguns políticos da oposição e solicitou ao Tribunal Supremo e à Assembleia Nacional que se pronunciassem sobre a questão, definindo se existiam condições para convocar as presidenciais ou se era necessário concluir o processo anterior.

A opinião dos dois órgãos, apoiada pela generalidade dos principais partidos da oposição e dos comentadores políticos, defendeu a impossibilidade de realizar a segunda volta das presidenciais de 1992, não só porque um dos candidatos morreu, mas também porque o eleitorado sofreu profundas alterações.

A dúvida que agora permanece é saber se José Eduardo dos Santos se vai recandidatar nas próximas eleições, que se estima que possam realizar-se durante o último trimestre de 2007. Em Agosto de 2001, o Presidente angolano anunciou publicamente que não tencionava voltar a candidatar-se ao cargo, remetendo-se depois ao silêncio sobre esta questão nos anos seguintes.

Esse silêncio apenas foi rompido em Abril de 2006, durante a visita a Angola do primeiro-ministro português José Sócrates, quando José Eduardo dos Santos admitiu que ainda não tinha tomado uma decisão final sobre o assunto.

Para a maioria dos analistas políticos angolanos não existe, no entanto, qualquer dúvida, manifestando a convicção de que ele será o candidato do MPLA nas presidenciais, o que lhe permitiria ser legitimado no cargo pelo voto popular.

ONU escolheu Mascarenhas Monteiro

O ex-Presidente da República de Cabo Verde António Mascarenhas Monteiro foi indigitado como representante especial de Kofi Annan para Timor-Leste. Uma honra (digo eu) para a Lusofonia.

Mascarenhas Monteiro deverá acumular essas funções com as de chefe da missão da ONU em Timor-Leste, a UNMIT, como prevê a recente resolução do Conselho de Segurança que prorroga o mandato daquela missão por seis meses.

A UNMIT é chefiada desde 2004 pelo japonês Sukehiro Hasegawa, cujo mandato termina hoje. António Mascarenhas Monteiro, 62 anos, foi o primeiro Presidente da República de Cabo Verde eleito democraticamente e desempenhou dois mandatos sucessivos. Mais tarde, foi presidente do Supremo Tribunal de Justiça cabo-verdiano.

terça-feira, setembro 19, 2006

Notícias Lusófonas é um nobre
e raro exemplo para a Lusofonia

O António Ribeiro, para além de assinar as Lusófias, é o «maluco» que aguenta o barco, eu diria porta-aviões, que dá pelo nome de Notícias Lusófonas (www.noticiaslusofonas.com) .

Entre outros navios da esquadra, o Notícias Lusófonas está há oito anos a descobrir novos mundos e a dar novos mundos ao Mundo da Lusofonia.

Ou seja, como escreveu o maior dos maiores (Luís de Camões) «De África tem marítimos assentos/É na Ásia mais que todas soberana/Na quarta parte nova os campos ar/E se mais mundo houvera, lá chegara!».

Pena é que que os ilustres protagonistas dos areópagos políticos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa não queiram ver o contributo ímpar que o António Ribeiro tem dado à Lusofonia.

Mas, pelo contrário, os leitores do Notícias Lusófonas estão atentos. Mais de seis mil visitas por dia é OBRA.Ainda pouco se falava de Lusofonia quando, em finais de 1996, o António Ribeiro decidiu criar, na Internet, um espaço privilegiado para a comunicação entre todos os falantes da língua de Camões independentemente do local de habitação.

Mercê do apoio dos visitantes e sempre atento às suas aspirações, o António Ribeiro, com o seu Portugal em Linha, foi desenvolvendo novas secções e novos serviços.

Mas faltava ainda algo que, mesmo noutros serviços ou jornais existentes, ainda não estava concretizado: Um espaço de notícias para toda a Comunidade Lusófona.

Assim, em Outubro de 1997, nascia o Notícias Lusófonas. Desde essa data publicou, primeiro mensalmente, depois quinzenalmente e, por fim - sempre respondendo às solicitações dos leitores - semanalmente, uma súmula de notícias acerca do que ia acontecendo um pouco por todas as Comunidades Lusófonas.

Sempre animado da sua velha (mais sempre nova) paixão pela Lusofonia, o António Ribeiro resolveu renovar o Notícias Lusófonas e fazer - uma vez mais - o que não existe em toda a Comunidade Lusófona: um jornal (digno desse nome) online com notícias dos vários países lusófonos e das comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo, com actualização dinâmica e diária, contendo ainda entrevistas e artigos de opinião.

Obrigado António.

Jornalistas (que ainda o têm)
estão com a corda no pescoço

O Estado português (Governo e deputados) é dono da verdade. Disso não tenho dúvidas. Sabe tudo e nunca tem dúvidas. Só falta dizer que tudo isso é a bem da Nação. No que ao Jornalismo concerne, aí tem cérebros que metem no bolso qualquer especialista do… Burkina Faso.

Quer agora o Estado português (quer e assim vai ser) consagrar que os Jornalistas não se podem opor a “modificações formais introduzidas nas suas obras” pelos seus superiores hierárquicos, anulando dois direitos fundamentais protegidos pela Constituição da República (artigos 37.º e 38.º) – o direito à liberdade de criação e o direito à liberdade de expressão.

Ainda bem que, no caso deste blogue, o caso não se coloca.

Traduzindo a ideia dos especialistas do Burkina Faso, perdão, do Estado português, é possível ao chefe pôr tudo do avesso e atribuir essa estratégia a um autor que, afinal, nada tem a ver com a questão.

Ou seja, poderia neste texto substituir Burkina Faso por EUA. Estão a ver? Tudo isso poderia, ou poderá, ser feito porque o Estado concede expressamente à estrutura hierárquica da redacção a faculdade de alterar, sem consentimento do autor, os trabalhos originais criados, desde que aquela invoque, "designadamente", "necessidades de dimensionamento (...) ou adequação ao estilo" do órgão de informação:

Por outras palavras, por uma questão de “dimensionamento” passavam o Burkina Faso (duas palavras com muitas batidas) para EUA (palavra exacta para a dimensão desejada).

No protesto do Sindicato dos Jornalistas (que também assinei) lê-se que será “posta em causa a relação de confiança entre o jornalista e as fontes de informação”, que será legitimada a “amputação de obras à revelia do autor, com a consequente eliminação de partes fundamentais das peças, incluindo de depoimentos vitais à compreensão do seu contexto”, etc. etc..

Em síntese, e por uma questão de “adequação ao estilo” deste blogue, será possível (quase) tudo, desde adulterar até manipular, passando pela censura e terminando na nova regra de ouro: comer e calar.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Educação Física ou uma forma
de tapar o sol com uma peneira?

Dizem-me que a disciplina de Educação Física conta como qualquer outra para os candidatos que, em 2007, vão tentar entrar no Ensino Superior em Portugal, seja em Medicina ou Arquitectura (dois cursos onde as médias de acesso são sempre elevadas). Haverá para isso, com certeza, razões que, por agora, a minha razão desconhece.

Que tipo de Educação Física têm os alunos do Ensino Secundário? Provavelmente futebol (pois claro!) e talvez uma ou outra modalidade ligada ao desporto e não necessariamente à Educação, física neste caso.

E então, quem não tiver jeito (por opção ou por natureza) para o futebol corre o risco de ver a sua média geral baixar uns pontos.

Conheço um caso, que aliás está na origem deste texto, de um jovem que tem boas notas em tudo menos na tal Educação Física. “Que me exijam boas notas a Metemática e a Português, tudo bem. Mas a esta Educação Física, valha-me Deus”, comentou o aluno.

Acresce, já que Deus foi chamado para aqui, que para mal dos pecados desse jovem, ele praticou durante cinco anos Natação e pratica há dois Karaté. “Não me venham dizer que em matéria de Educação Física não estou bem preparado”, desabafou.

Pois! E em futebol? Aí não. Desde logo, acrescenta num misto de revolta e clarividência, “porque o futebol pode ser tudo menos um exemplo de alma sã em corpo são”.

É claro que estes argumentos não chegam ao Ministério da Educação. Ou será que chegam?

domingo, setembro 17, 2006

«Alto Hama», sábado dia 23
na Casa de Angola, em Lisboa

Na impossibilidade de convidar directamente muita (boa) gente, aqui fica o convite para que compareçam no próximo sábado, dia 23, na Casa de Angola em Lisboa (Tv. Da Fábrica das Sedas, nº 7), pelas 16 horas, para a sessão de lançamento do meu livro «Alto Hama».

O livro tem prefácio de Eugénio Costa Almeida, que também fará a apresentação, é editado pela Papiro Editora com o (vital) apoio da Casa de Angola. São crónicas que, ao longo dos últimos anos, foram publicadas no Notícias Lusófonas (http://www.noticiaslusofonas.com/) e que abordam temáticas relacionadas com os países da Lusofonia.

Segundo o prefaciador, obviamente meu amigo, sou “um criador de artigos, não um produtor, ou mercador de conteúdos”; contesto “os cada vez mais yes-men que pululam na moderna sociedade ocidentalizada, muito produto-dependente de certos recheios que lhes oferecem”; rejeito, “liminarmente, os ‘capatazes’ que gerem a comunicação social”; aplaudo “sem reservas os chefes de redacção que assumem a notícia”. “Não aceito nem reconheço o jornalismo que se alimenta, quase exclusivamente, das mais questionáveis reputações, dos devaneios e dos escândalos, de detritos das realizações humanas – em suma, daqueles que transformaram a arte e cultura jornalística em algo de banal, fútil, paradoxal ou doentio”.

O livro é, ainda de acordo com Eugénio Costa Almeida, «uma obra onde se analisam alguns casos respeitantes a Portugal; Angola – a sua mui amada Angola, para raiva de uns quantos –; a lusofonia e toda as vertentes que a envolvem, como a CPLP, a africanidade e alguns sectores não africanos; assim como o jornalismo.»

sábado, setembro 16, 2006

Israel, a Rota dos Móveis e a GNR

Tentei hoje conhecer o novo Pavilhão Rota dos Móveis (que raio de nome!) situado em Lordelo, uma freguesia do Concelho de Paredes e do Distrito do Porto. Tentei mas não consegui. Tudo porque lá ia decorrer um evento desportivo que envolvia Portugal e Israel. A GNR, com cães, passou a pente fino as instalações e os curiosos que por ali andavam tiveram de dar à sola. Lembrei-me então de algo de que ouvi falar há muito, muito tempo: alma sã em corpo são.

Entre os filhos (os que podiam estacionar o carro no recinto do pavilhão) e os enteados (que, como eu, tinham de deixar o carro longe, mesmo transportando dois velhotes de 80 anos) sobrou tempo para, a partir do exemplo, pensar como vai este mundo.

Israel continua a ter necessidade de segurança máxima, não vá algum extremista resolver colocar Lordelo no mapa dos atentados.

A GNR (ou, melhor, o elemento com quem falei) continua a ter dificuldade em contar até 12 sem ter de se descalçar. A única coisa que sabia dizer era: “não pode passar para o pavilhão”.

O caso fez-me lembrar um episódio passado há 30 anos ali ao lado, na freguesia de Rebordosa. Um GNR veio identificar-me por ter sido testemunha de um acidente de viação.

- Qual é sua profissão? Perguntou-me com a autoridade que a farda lhe conferia.

- Jornalista, respondi ao mesmo tempo que reparei que ele escrevera jornaleiro.

Alertei-o para o lapso. “Eu sei o que estou a fazer! Meta-se na sua vida”, respondeu-me com a tal autoridade que a farda lhe conferia.

Resultado. Quando o Tribunal de Paredes me convocou para o julgamento, lá vinha a designação profissional: jornaleiro.

Coisas da vida!

sexta-feira, setembro 15, 2006

Estado desconhece salário e cargos
de 30 mil funcionários públicos. Boa!

O Estado (português, é claro!) desconhece o salário de 26.897 dos seus funcionários e a relação jurídica de emprego de outros 30.636, segundo a informação extraída da base de dados da Administração Pública, a que o “Diário Económico” teve acesso. O documento concluiu que existem 558.813 funcionários públicos, mas desconhece a ocupação e a remuneração de cerca de 30 mil trabalhadores, por falta de informação dos serviços.

O mesmo argumento é apontado para o desconhecimento das habilitações literárias de 12.149 dos seus funcionários.

Os dados oficiais apontam para que mais de 408 mil tenham sido contratados por nomeação através de concurso, 30.748 foi por contrato individual de trabalho e mais de 42 mil estão a contrato a termo.

A grande maioria dos funcionários – mais de 340 mil – aufere salários entre os 500 e os dois mil euros e cerca de 140 mil têm ordenados entre os dois mil e os seis mil euros. Há ainda 636 pessoas na administração central com salários acima de seis mil.

Quanto às habilitações literárias, o documento aponta para a existência de 200 mil trabalhadores com licenciatura e 39 mil com bacharelato. Apenas 11 mil possuem mestrado e 9500 doutoramento.

A actualização da base de dados da Administração Pública devia estar concluída em Abril deste ano, mas o Ministério das Finanças deu mais um mês para a finalização dos trabalhos, tendo em conta a fraca adesão dos serviços na prestação da informação.

Por este motivo, a direcção-geral da Administração Pública emitiu uma nota interna onde adiava também a aplicação das penalizações previstas, que consistiam em cortes de dez por cento nos orçamentos de cada organismo que tivesse falhado a informação.

Lusofonia enfrenta “uma encruzilhada”

Para África, “rapidamente e em força”. A frase lembra a ditadura de Salazar, mas contextualizada pelo jornalista e escritor Orlando Castro adquire novo significado, próprio de um português nascido em Angola que acompanha atentamente o que se passa do lado de lá do Mediterrâneo.

De acordo com o autor de «Alto Hama – Crónicas (diz)traídas», livro que a Papiro Editora lança dia 23 na Casa de Angola, em Lisboa, as relações de Portugal com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa vivem uma fase de indefinição, e diante dessa encruzilhada torna-se evidente a urgência de “olhar África com olhos de ver, sem espírito paternalista ou neo-colonialista”, resgatando laços atados pelas gerações que viveram a colonização, que agora ameaçam perder-se, com a Lusofonia a perder terreno para a Francofonia.

Explicando que «Alto Hama» é “um título simbólico, facilmente reconhecido por quem tenha estado em Angola”, porque diz respeito a uma região daquele país que fica justamente “no meio de uma encruzilhada”, Orlando Castro afirmou que “a decisão de voltar a África há muito deveria ter sido tomada” pelo Estado: “Portugal virou-se excessivamente para a Europa, mas o futuro está em África.

A CPLP deve ser valorizada e Portugal, pela sua responsabilidade como antiga potência colonizadora, tem de ser líder nesse processo”. Ao jeito directo e frequentemente polémico do autor, o livro, que tem por base crónicas publicadas ao longo de anos no site «Notícias Lusófonas», aborda “essencialmente questões políticas e económicas dos países da CPLP, com especial preponderância para Portugal e Angola”, permitindo “definir posições” sobre as temáticas abordadas.

Carla Teixeira em "O Primeiro de Janeiro" de hoje.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Hezbollah acusado de crimes
de guerra contra civis israelitas

Afinal, mau grado os acérrimos defensores que tem em Portugal, o movimento xiita libanês Hezbollah foi considerado culpado de crimes de guerra contra civis israelitas no recente conflito com Israel, acusou hoje a Amnistia Internacional.

"Durante o mês que durou o conflito, o Hezbollah lançou perto de 4000 'rockets' para o norte de Israel (...), um quarto dos quais foi lançado directamente para zonas urbanas", anunciou a organização de Direitos Humanos com sede em Londres.

A Amnistia sublinha, mau grado os que em Portugal falam de Israel como um Estado terrorista, que o balanço dos bombardeamentos - 43 mortos e 33 feridos graves - teria sido muito mais grave se centenas de milhares de israelitas não tivessem fugido e se as cidades e vilas não estivessem equipadas com abrigos eficazes.

O Hezbollah utilizou, nomeadamente, "rockets katioucha" modificados, carregados com milhares de esferas metálicas, com o objectivo de atingirem alvos o mais longe possível. Oito dessas munições, afirma a Aministia, causaram a morte de oito funcionários dos caminhos-de-ferro.

"A escala dos ataques do Hezbollah contra as cidades e vilas israelitas, a escolha de armas usadas e as declarações da direcção, confirmando a intenção de atingir civis, indicam claramente que o Hezbollah transgrediu as leis da guerra", afirmou a secretária-geral da Amnistia, Irene Khan.

Por outro lado, a Amnistia tinha já acusado Israel, em Agosto, de ter igualmente cometido "crimes de guerra" no Líbano, visando "deliberadamente" instalações civis e de ter utilizado bombas de fragmentação no final do conflito.

Para Irene Khan, "o facto de Israel ter igualmente cometido violações graves não justifica, de modo nenhum, as violações levadas a cabo pelo Hezbollah. Os civis não podem pagar o preço da conduta de cada campo".

quarta-feira, setembro 13, 2006

BAD reforça aposta nos PALOP

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) vai reforçar a sua presença nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) para aumentar a "eficiência" do apoio concedido, afirmou hoje o presidente da instituição financeira de apoio ao desenvolvimento.

Donald Kaberuka (foto) adiantou que o BAD vai abrir uma delegação em Luanda no terceiro trimestre de 2007 e prepara o alargamento das competências da que já existe em Maputo, país com o qual o banco tem comprometido um apoio de 250 milhões de dólares (197 milhões de euros) nos próximos dois anos.

Maputo, segundo disse fonte oficial do BAD, vai coordenar todas as actividades do BAD na região da África Austral, tornando-se na maior delegação regional.

"Estamos a ter alguns problemas e temos de fazer mais para melhorar a eficácia das nossas operações" nos países da África lusófona, afirmou Kaberuka, em declarações à margem da visita que efectuou a Lisboa, durante a qual esteve reunido com empresários e os ministros das Finanças e Negócios Estrangeiros.

Estes "problemas", referiu, dizem respeito às "condições acordadas", nomeadamente em termos de prazos e desembolso de verbas, que muitas vezes não são cumpridos, afirmou Kaberuka.


Cabo Verde afasta-se da Europa?

O Presidente cabo-verdiano considerou hoje que a ideia da adesão de Cabo Verde à União Europeia, defendida por Mário Soares e Adriano Moreira, deixou de estar na ordem do dia, defendendo apenas a via da cooperação. Será a melhor opção? Ou é algo que indicia alguma colisão com o Governo?

Em relação ao pedido de estatuto especial, que o primeiro- ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, pretendia ver formalizado até final do ano passado e que ainda não aconteceu, o Presidente afirmou que "é melhor deixar a questão como está" e "permitir que o processo avence por si", justificando que não se trata de uma "prioridade".

"Cabo Verde encontra-se numa área geográfica que precisa de garantir a segurança, a protecção das suas águas territoriais e dos seus recursos. De acordo com a situação actual, parece-nos de grande interesse uma cooperação com os nossos vizinhos, mas também com a Europa nesta matéria", disse.

Mário Soares e Adriano Moreira lançaram em 2005 uma petição para a plena adesão de Cabo Verde à UE, considerando que a proximidade cultural e geográfica justifica esta pretensão, mas numa visita oficial a Portugal, em Maio do ano passado, o primeiro-ministro cabo- verdiano considerou que se trata de algo "muito complexo e difícil".

Questionado pela Lusa sobre se discutiu este assunto no encontro que manteve com o ex-Presidente português, Pedro Pires referiu que a reunião se destinou apenas a abordar a cooperação entre a Fundação Mário Soares e a Fundação Amílcar Cabral, de que é fundador, e formas de a desenvolver.

terça-feira, setembro 12, 2006

Está (quase) tudo explicado
- QI de Bush é dos mais baixos

George W. Bush tem, dizem, Quoficiente de Inteligência (QI). A ser verdade é, contudo, o mais baixo de todos os presidentes norte-americanos, desde o início do século XX, à excepção de um. Warren Harding, considerado como «o presidente falhado», ocupou a Casa Branca nos anos vinte. Já se desconfiava…

Estima-se que o QI de Bush seja 20 pontos mais baixo do que o do seu predecessor, Bill Clinton, o que criou um efeito de contraste, que salientou as fraquezas do actual chefe do governo.

Dean Keith Simonton, psicólogo na Universidade da Califórnia, fez uma tabela dos valores de QI aproximados de vários presidentes norte-americanos.

De acordo com o diário Political Psycology, Keith Simonton estima que o QI de Bush se situe entre 111,1 e 138,5. «O valor normal para um licenciado é de 120. Assim, o presidente norte-americano está dentro da média.

Bush pode ser «muito mais inteligente» do que o estudo mostra, mas revela uma prestação medíocre no que diz respeito a questões estéticas e culturais, demonstrando ser pouco aberto a novas experiências ou ideias.

No estudo psíquico, o presidente norte-americano obteve um resultado de zero, ao passo que Bill Clinton e Kennedy obtiveram 82.

O estudo mostra também que Bush pontuou pouco num indicador chamado «complexidade interactiva», que significa que «só vê as coisas por uma perspectiva, a sua». Este resultado, de acordo com especialistas, «só é comparável ao de fundamentalistas islâmicos», embora o de Bin Laden «seja mais baixo ainda».

E assim vai o Mundo…

segunda-feira, setembro 11, 2006

Chissano vence Prémio Chatham House 2006

O ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano foi o vencedor do segundo Prémio Chatham House, que distingue os esforços de estadistas para a implementação das relações internacionais, anunciou hoje a organização britânica.

Joaquim Chissano foi escolhido pelo voto dos membros daquela organização, tendo ultrapassado os dois outros finalistas, Hamid Karzai, presidente do Afeganistão, e a presidente da Comissão de Direitos Humanos da ONU, Louise Harbour.

«O Prémio Chatham House reconhece a contribuição (de Joaquim Chissano) não apenas para a paz e a estabilidade em Moçambique, mas também para a melhoria das relações com os países vizinhos. Moçambique tornou-se num país com o qual outros devem aprender», declarou o director da organização, Victor Bulmer-Thomas, ao anunciar o vencedor.

Presidente de Moçambique entre 1986 e 2005, eleito democraticamente a partir de 1994, Joaquim Chissano, 66 anos, chefiou o governo de transição que preparou a independência de Moçambique, em 1975.

Foi, depois, o primeiro titular da pasta dos Negócios Estrangeiros do novo país e sucedeu a Samora Machel na Presidência moçambicana, após a morte deste último num misterioso acidente de avião em 1986.

Com a introdução do multipartidarismo, em 1994, Chissano venceu as eleições presidenciais desse ano e as de 1999, mas recusou candidatar-se em 2004 a um novo mandato, cedendo, no partido, a posição a Armando Emílio Guebuza, igualmente da FRELIMO, que sempre ocupou o poder em Moçambique.

A cerimónia de entrega do Prémio Chatham House vai realizar-se a 16 de Outubro em Londres. Na sua primeira edição, em 2005, este Prémio distinguiu o presidente da Ucrânia, Victor Iuchtchenko.

domingo, setembro 10, 2006

A propósito do 11 de Setembro

Alguém disse que «nós somos filhos e agentes de uma civilização milenária que tem vindo a elevar e converter os povos à concepção superior da própria vida, a fazer homens pelo domínio do espírito sobre a matéria, pelos domínios da razão sobre os instintos»

Chegados às portas da globalização, às moedas únicas e, quiçá, a um modelo federal de estados, é razoável pensar que são cada vez mais os instintos e cada vez menos as razões. De um lado e do outro residem argumentos válidos, tão válidos quanto se sabe (é da História) que para os senhores do poder (hoje terroristas, amanhã heróis - ou ao contrário) o importante é a sociedade que tem de ser destruída e não aquela que tem de ser criada.

É isso que pensam, por exemplo, George W. Bush, Osama bin Laden, Saddan Hussein, Tony Blair e Robert Mwgabe. Aliás, G. Geffroy dizia pura e simplesmente que o importante é avançar por avançar, agir por agir, pois em qualquer dos casos alguns resultados hão-de aparecer.

Os EUA estão a avançar, feridos que foram no seu orgulho de polícias do Mundo. Com eles estão uma série de países, nem todos de forma sincera. Não será o caso dos europeus mas é, com certeza, o caso de muitos estados árabes que, com medo do cão raivoso, aceitaram (mesmo que contrariados) a ajuda do lobo.

Quando se aperceberem (alguns já se aperceberam), o lobo terá derrotado o cão e preparar-se-á para os comer a eles. O lobo, como mais uma vez se confirma, não terá necessariamente de ter nacionalidade norte-americana.

Aliás, os homens do tio Sam são especialistas em criar lobos onde mais lhes convém. Em certa medida Osama bin Laden, tal como Saddam Hussein, são lobos «made in EUA». Ao contrário do que pensam os ilustres operacionais da NATO, do FBI da CIA ou de qualquer coisa desse tipo, ninguém tem neste planeta (pelo menos neste) autoridade e poder ilimitados.

O mesmo se aplica em relação aos agora chamados de terroristas. Mas, como os instintos ultrapassam a razão, ambos estão convencidos que são donos e senhores da verdade absoluta. O confronto foi, é e será, por isso, inevitável.

Significará esta tese que a 3ª Guerra Mundial está aí ao dobrar da próxima esquina? Para mim significa exactamente isso. Só falta saber a que distância está a próxima esquina.

Os agora terroristas (segundo a terminologia ocidental, que já usou igual epíteto - entre outros - para Yasser Arafat, recordam-se?) poderão não ter a mesma capacidade bélica do que os EUA e seus aliados. Vão ser humilhados, sobretudo pelo número dos mortos que o único erro que cometeram foi terem nascido.

São as leis da razão? Não. São as leis dos instintos. Instintos que vão muito além das leis da sobrevivência. Entram claramente (tal como entrou Bin Laden) na lei da selva em que o mais forte é, durante algum tempo mas nunca durante todo o tempo, o grande vencedor.

A 3ª Guerra Mundial começou porque o Mundo Árabe só está do lado dos EUA por questões estratégicas, por opções instintivas. Bem ou mal, em matéria de razão os árabes estão com os seus... e esses não são os nossos (?) heróis.

É claro que, transitoriamente, alguns admitiram aliar-se aos EUA. Foi a opção, neste exacto contexto, pelo mal menor. Mesmo assim, avisaram que não admitirão ataques a outros países árabes. Pelo menos desde a Guerra dos Seis Dias, a aprendizagem dos árabes tem sido notável. Aceitam o que os EUA definem como inimigos, enforcam até os seus pares com a corda fornecida pelos norte-americanos mas, na melhor oportunidade, enforcam americanos com a corda enviada de Nova Iorque.

Até agora os atentados são a resposta mais visível desta 3ª Guerra Mundial. Com bombas, aviões ou antrax vão preparando o terreno. Não tardará muito, tal como fizeram com os soviéticos no Afeganistão, vão utilizar o próprio armamento do Ocidente. E, quando entenderem, também poderão fazer uso de armamento nuclear.

Então? Então é preciso ir em frente. Sem medo. Olho por olho, dente por dente. No fim, o último a sair - cego e desdentado - que feche a porta e apague a luz...

Nota: O autor da transcrição feita no primeiro parágrafo é António de Oliveira Salazar.

sábado, setembro 09, 2006

Carta a um (bom e velho) amigo

Ao tempo que combinei tomar um café contigo, meu caro Jorge Monteiro Alves. Combinei mas (ainda) não cumpri. Como dizia a outra, eu sei que tu sabes que eu sei que a amizade não se define, sente-se. Mas, embora sentindo-a, não era mau que a praticasse. Pois.

Acredita, meu velho, que o meu silêncio (qual refúgio escondido nos córregos sinuosos da sobrevivência) não significa que me tenha rendido aos capatazes ou que, como muitos que conhecemos, tenha esquecido os amigos.

Nada disso. Como tu há poucos. Tão poucos que seria um crime perder-te. E embora, nos últimos meses, tenha feito pouco (muito pouco, reconheço) para regar a nossa amizade, acredita que não há machado que corte a raiz à admiração, pessoal e profissional, que sinto por ti, por muito que isso desagrade aos donos da verdade.

Meu caro Jorge Monteiro Alves,

Tenho estado em silêncio mas, nas esquinas da memória ou nos recantos do coração, falo muitas vezes contigo, recordo muitas vezes as nossas conversas, os nossos cafés ...

Sei que não é o bastante. Sei que mereces mais e muito melhor. Talvez com a esperança de pagar, ou pelo menos diminuir, a dívida de gratidão que tenho para contigo, aqui fica em circuito aberto o meu testemunho de amizade e a promessa de que, custe o que custar, um dia destes vou tomar o tal café.

Aceita um forte abração.

Darfur? O que é que isso interessa?
- Será por serem apenas pretos?

O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, afirma que Darfur está à beira de uma “catástrofe” humanitária, alertando que o Exército sudanês poderá estar a preparar uma nova ofensiva contra a região. E o que que isso interessa? Aos donos e senhores do mundo (EUA e Europa) nada. Será porque são pretos?

“Centenas de pessoas continuam a morrer vítimas da violência incessante e milhares estão a ser forçadas a abandonar as suas casas. Se as coisas não melhorarem caminhamos para uma catástrofe de grandes proporções”, escreve o chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Pregar, bem prega “frei” Guterres. Mas o que é que isso interessa aos donos do mundo? Nada. Será porque são pretos?

Guterres sublinha que a violência na região não dá sinais de abrandamento e diz ter recebido informações de que o Governo sudanês enviou milhares de soldados para combater as duas facções rebeldes que não ratificaram o acordo de paz. “É necessária uma acção internacional urgente para pressionar as partes em conflito e todas as pessoas envolvidas no terreno a deixarem as agências humanitárias trabalharem em segurança. Milhares de vidas dependem disso”, alerta o alto-comissário, sublinhando que é cada vez mais perigoso viajar de carro na região.

Pregar, bem prega “frei” Guterres. Mas o que é que isso interessa aos donos do mundo? Nada. Será porque são pretos?

O Conselho de Segurança da ONU aprovou na semana passada uma resolução que prevê o envio de 20 mil capacetes azuis para Darfur, em substituição da pequena e mal equipada força da União Africana (UA), mas o Governo sudanês recusa a presença de mais soldados estrangeiros no seu território.

Pois. Bem prega “frei” Guterres. Mas o que é que isso interessa aos donos do mundo? Nada. Será porque são pretos?

sexta-feira, setembro 08, 2006

Do MPLA à UNITA, da UNITA ao MPLA

Ser de Direita, de Esquerda ou de qualquer outra coisa não deveria constituir crime. Mas não é assim em Portugal. Ser do MPLA, da UNITA ou de qualquer outra coisa não deveria constituir crime. Mas não é assim em Angola... e em Portugal.

Os angolanos que se assumem como tal, nas ocidentais praias lusitanas, foram e são (até quando?) catalogados. Não é bom porque é do MPLA, não é bom porque é da UNITA. Ou seja, as pessoas não valem pelo que são mas, antes, pela eventual (porque em muitos casos nem isso existe) ligação partidária.

E, é claro, assim não se vai lá.

Ou aprendemos a que a nossa liberdade termina onde começa a dos outros, ou então continuaremos a vegetar nas latrinas do subdesenvolvimento, mesmo que a conta bancária esteja cheia de euros, dólares ou cuanzas.

Essa de se rotularem os angolanos e, a partir daí, se decidir que eles servem ou não para determinada função é algo que não lembraria ao Diabo, mesmo que ele seja jornalista, empresário ou qualquer outra coisa de (re)nome.

Será que, como acontece em muitos casos em Portugal, é preciso mostrar o cartão do partido no poder para ser bom profissional? Será que só se é bom médico se se for filiado no MPLA? Será que só se é bom jornalista se se tiver a benção de José Eduardo dos Santos?

E se tudo isto é grave, mais o é quando há falta de factos se resolve baralhar tudo. Ou seja, os da UNITA acusarem que fulano é do MPLA e os do MPLA dizerem que o mesmo fulano é da UNITA.

E, é claro, assim não se vai lá. Não vai mesmo.

Maus ventos sopram na Guiné-Bissau

Maus ventos, de novo pelos canos das espingardas, sopram na Guiné-Bissau. Um elemento de um grupo supostamente desconhecido que hoje se envolveu num tiroteio em Bissau com soldados do Exército guineense disse aos jornalistas que as armas que transportava se destinavam aos rebeldes de Casamança (Senegal).

Máximo Senguibo, apresentado como chefe do grupo e dono da canoa em que eram transportadas as armas, é uma dos cinco pessoas detidas por soldados guineenses na sequência de intensos tiroteios que se registaram na madrugada de hoje, na zona do Porto de Bandim, arredores de Bissau. Senguibo, cuja nacionalidade não foi divulgada, falava aos jornalistas após ter sido impelido para tal, num gesto inédito, pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) da Guiné-Bissau, general Tagmé Na Waie.

No entanto, e sem qualquer explicação, ao mesmo tempo que Senguibo falava, os soldados juntaram cartazes de Malam Bacai Sanhá, utilizados na campanha e leitoral das eleições presidenciais de 2005, às armas apreendidas.

Político ligado ao PAIGC, Malam Bacai Sanhá disputou e perdeu a segunda volta das presidenciais contra o actual chefe de Estado guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, fixando residência em Dacar, Senegal, desde Agosto de 2005.

Máximo Senguibo indicou que foi "contratado" para se deslocar a Bissau com a sua canoa para transportar armas e munições "para os homens do Comandante Vié" até Varela, 200 quilómetros a norte de Bissau.

As armas, metralhadoras AKM, lança-morteiros, granadas e foguetes de sinalização, indiciam terem sido enterradas durante um longo período, tendo sido recentemente tiradas do esconderijo. Recentemente, Tagmé Na Waie foi alvo de duras críticas e acusações públicas por parte de dois oficiais militares que tinham sido detidos alegadamente por ordens do CEMGFA guineense.

Em conferência de imprensa, o comodoro Lamine Sanhá e o tenente-coronel Almami Alan Camará, de etnia Mandinga, islamizada, detidos por alegada tentativa de assassínio do CEMGFA guineense, acusaram Na Waie de perseguição aos oficiais militares que professam a religião islâmica.

Até hoje, Tagmé Na Waie não respondeu nem deu esclarecimentos sobre o assunto.

quinta-feira, setembro 07, 2006

No top dos melhores presidentes
e também dos maiores ditadores

Os embaixadores angolanos na África do Sul, Espanha, Polónia e China elogiaram recentemente a forma "abnegada" como o presidente da República, José Eduardo dos Santos, tem conduzido os destinos do país, nas vertentes social, económica e política.

(É tudo verdade mau grado a “New Stateman” incluir o presidente angolano no “top 10” dos maiores ditadores do Mundo)

Numa nota de felicitações, por ocasião do 64º aniversário natalício do chefe de Estado, o líder da missão diplomata angolana na África do Sul, Miguel Neto, realçou a coragem e determinação demonstradas pelo mais alto mandatário na defesa dos interesses do povo e nação angolana, sublinhando igualmente a firmeza de José Eduardo dos Santos na condução de um processo de paz ímpar e na construção de uma sociedade democrática, que constitui motivo de regozijo.

(É tudo verdade mau grado a “New Stateman” incluir o presidente angolano no “top 10” dos maiores ditadores do Mundo)

Já o embaixador na Espanha, Armando da Cruz Neto, afirmou que a sua missão reitera confiança e apoio total ao chefe de Estado, ao labor que este tem desenvolvido em prol da paz e da unidade nacional, acrescentando estar convicto que o presidente continuará a dirigir acções para colocar o país em patamares mais altos.

(É tudo verdade mau grado a “New Stateman” incluir o presidente angolano no “top 10” dos maiores ditadores do Mundo)

Para a embaixadora na Polónia, Lizeth Satumbo Pena, a dedicação do presidente tem merecido o respeito dos angolanos e da comunidade internacional, tendo em conta as performances sócio-económicas e política que o país alcançou nos últimos anos, abrindo-se grandes perspectivas para o melhoramento do nível de vida dos cidadãos.

(É tudo verdade mau grado a “New Stateman” incluir o presidente angolano no “top 10” dos maiores ditadores do Mundo).

África e Brasil “seguram” a TAP

A TAP aumentou a receita gerada no mercado português para todos os sectores de rede internacionais nos primeiros sete meses deste ano, destacando-se o crescimento em 32% nas rotas de África e de 9% para o Brasil.


A maior taxa de crescimento das rotas de África já transparecia dos dados de tráfego do Aeroporto de Lisboa para o primeiro semestre, onde se regista um crescimento de 28,3% tendo como destino Luanda.

A companhia portuguesa vai entretanto lançar o sexto voo semanal para Natal (Brasil) no seu “programa” de Inverno, que começa a 29 de Outubro, juntando ainda o quinto voo para Luanda que começou este Verão como reforço da operação mas que se manterá.

Ainda a nível do longo curso, a TAP espera abrir "em breve a quarta frequência semanal na rota Lisboa-Maputo-Joanesburgo.

Como se constata, para África rapidamente e em força...

Comunidades lusófonas ou portuguesas?

As emissões do canal de televisão em língua portuguesa dedicado às comunidades lusófonas vão arrancar a 25 de Novembro em Paris. O CLP TV vai emitir para toda a Europa. Espero (desejo) que a programação não se assemelhe à, por exemplo, da RTP/África que passa (quase) sempre ao lado de África em geral e da lusófona em particular.


Empregando 60 pessoas, o canal de televisão, que conta com o apoio de um grupo de 30 empresários portugueses, terá ainda correspondentes em algumas capitais europeias.

E as comunidades lusófonas de e nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa?

Segundo um responsável da empresa, António de Morais Cardoso, "é um projecto da lusofonia para a lusofonia", pois o público alvo são todos os cidadãos oriundos dos países de língua portuguesa residentes na Europa.

Esse desiderato será possível sem que estes cidadãos saibam o que se passa nos países de origem? Se os correspondente do canal só vão estar em algumas capitais europeias...

Esperemos para ver. Para mau já temos a RTP/África.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Gentalha sem chipala nem nome

Sob a conveniente capa da cobardia anónima, proliferam na Internet uns seres acabados de chegar das copas das árvores, sejam de uma qualquer floresta africana ou amazónica ou, ainda, de uma jaula do Jardim Zoológico de Lisboa.

Na falta de capacidade intelectual para mais, refugiam-se no anonimato para mostrarem que já conseguem, embora com dificuldade, andar de pé. É uma evolução. No entanto, ainda faltam algumas gerações para que atinjam o nível dos Homens.

Habituados a viver na selva, entendem que a razão da força é a única lei. Espero que algum amestrador lhes ensine, mesmo que mostrando bananas ou ginguba, que nos países civilizados o que conta é a força da razão.

Aliás, também não seria mau juntar algumas lições de português pois, optimista como sou, acredito que acabarão por aprender a escrever coisas com sentido… a não ser que, por manifesta inadaptação, resolvam regressar às copas das árvores.

Más notícias da frente africana

O Banco Mundial divulgou hoje uma hierarquia de 175 países em função da facilidade de realização de negócios, em que o Brasil aparece como o país lusófono melhor classificado, depois de Portugal. Timor-Leste é o pior. Cabo Verde mantém a 125ª posição, ficando entre a Croácia, acima, e as Filipinas. Todos os outros países de língua portuguesa situam-se abaixo da 127ª posição ocupada pela Palestina (Cisjordânia e Faixa de Gaza).

Moçambique, por exemplo, que perdeu três lugares em relação á edição anterior, surge no 140º lugar. Os restantes integram o grupo dos 20 últimos, com Angola a surgir em 156º, uma descida de um lugar, e São Tomé e Príncipe em 169º, uma baixa de duas posições. A Guiné-Bissau mantém-se como o antepenúltimo país da hierarquia (173º).

Como se não bastassem estas (más) notícias para estragar o meu (crónico) optimismo, Angola é o País Africano de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) com a taxa de mortalidade infantil mais elevada, atingindo 133 crianças por cada mil. A taxa de mortalidade infantil na Guiné-Bissau é de 114 por cada mil, enquanto Moçambique apresenta o valor mais baixo (94).

Mas o que são estas notícias comparadas com aquela que nos diz que edição de 2010 da Taça das Nações Africanas (CAN) vai ser disputada em Angola?

Murça zero, Lusofonia ainda menos

No Auditório Municipal de Murça, no Norte de Portugal, nos passados dias 1, 2 e 3 de Julho, decorreu o "Encontro Zero da Lusofonia" que, segundo a organização, “reuniu artistas plásticos, poetas e escritores portugueses e brasileiros”. Independentemente do valor de todas as iniciativas que visem valorizar a Lusofonia, é caricato fazer um encontro onde só estiveram portugueses e brasileiros. Em Portugal estão, 365 dias por ano, artistas de todos os outros países lusófonos…

”No decorrer dos três dias do evento, a vida e obra de vários escritores e poetas esteve em destaque, nomeadamente os homenageados Miguel Torga, Fernando Pessoa e Vinicius de Morais”. Será só isto a Lusofonia?

”Na galeria do Auditório, foi inaugurada uma exposição de artes plásticas e de bibliografia de escritores e artistas presentes no encontro”. Então é um encontro da Lusofonia ou uma exposição de meia dúzia de amigos?

“Para além do debate e troca de ideias, realizaram-se recitais de poesia, uma noite de fados e a actuação de um grupo de cantares da região. O encontro culminou com um passeio pelo Douro – Património Mundial da Humanidade. Com a colaboração do Círculo Cultural Miguel Torga, Junta de Freguesia de S. Martinho de Anta e Câmara Municipal de Sabrosa, os participantes puderam visitar a casa do escritor Miguel Torga e outros locais representativos como a escola primária onde estudou e o consultório, na freguesia natal de S. Martinho de Anta. O passeio terminou com a visita ao Museu do Douro, em Peso da Régua.”

Reunir meia dúzia de amigos que se entendem em português não é, digo eu, um encontro lusófono, por muito válidas que sejam – repito – todas as iniciativas culturais, turísticas ou de promoção pessoal.

”Este evento, o primeiro do género realizado no Interior Norte de Portugal, designado de Zero, contou com o apoio da Biblioteca Municipal de Murça, sendo objectivo da Comissão Organizadora, constituída pelos escritores Carmo Vasconcelos, Moisés Salgado e Joaquim Evónio, tornar este encontro anual, a realizar-se no país de Camões e a abranger todas as nações lusófonas”.

Mesmo sendo o Zero, era fácil e barato à organização levar a Murça artistas representativos de toda a Lusofonia. Bastava para isso olhar com olhos de ver para o muito que, na matéria, é feito em Portugal por artistas de toda a Lusofonia.

terça-feira, setembro 05, 2006

Algo de novo nas bandas lusófonas

Algo de estranho se passa, digo eu, em alguns países da Lusofonia. Então não é que o Governo de São Tomé quer reduzir impostos sobre o rendimento na ordem de 15 por cento, de modo a incentivar o investimento privado e a relançar a economia nacional? Então não é que os ministros do Trabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP anunciaram hoje, em Bissau, terem-se comprometido a adoptar mecanismos de combate "cerrado" ao desemprego e todas as formas de exclusão social no espaço lusófono?

Segundo a vice-primeira-ministra são-tomense, Maria Tebus Torres, o projecto governamental de redução de impostos entrará em vigor ainda este mês, depois de analisado e aprovado dentro de dias pela Assembleia Nacional, Parlamento são-tomense.

A decisão visa "encorajar empresários nacionais e estrangeiros a injectarem mais dinheiro no mercado nacional e alargar mais a área de negócios" numa perspectiva de relançar a economia do País.

A decisão do executivo implicará, naturalmente, o combate ao aumento, sem controlo, de preços de produtos no mercado nacional, uma vez que, projecta-se reduzir os impostos relativos ao desalfandegamento de mercadorias, sobretudo, as de primeira necessidades.

A estratégia tem por finalidade dinamizar outros sectores da actividade económica do país, sobretudo, o turismo, através de redução do imposto relativo ao pagamento pela transacção de propriedade imobiliária, nomeadamente, casa e terreno na vertente de investimento.

Não fora o anúncio (segundo a minha interpretação) de que não haverá eleições em Angola em 2007 (o ministro da Administração do Território, Virgílio Fontes Pereira, diz que, caso decorram no próximo ano, "seguramente" terão lugar durante a época das chuvas), e eu estaria aqui e dizer que, finalmente, as coisas mudam para melhor.

Mas, mesmo assim, as coisas parecem caminhar no bom sentido.

Expresso dá um Sol da sua graça

O semanário Expresso reduz o preço de capa em 20 cêntimos, passando a custar 2,80 euros a partir do próximo sábado, disse hoje o administrador executivo do grupo Impresa para a área dos jornais, Pedro Norton. A 16 de Setembro estará nas bancas a primeira edição do semanário "SOL", que será "um jornal diferente, inovador e inteligente", promete o director José António Saraiva, na apresentação da publicação.

A decisão do Expresso foi possibilitada pela poupança em papel que a adopção do formato 'berliner' (tamanho menor que o actual 'broadsheet') irá permitir ao grupo, explicou o responsável.

O Sol será "diferente porque é diferente de tudo o que existe, inovador porque aposta nas novas tecnologias e nos novos temas, e inteligente porque sendo muito sintético, muito directo e muito objectivo, é um jornal que vai reflectir profundamente sobre o nosso tempo", justificou José António Saraiva.

"Temos vindo a aumentar o preço do jornal por causa dos aumentos do preço do papel, mas agora vamos poupar cerca de duas toneladas de papel e é justo que essa poupança se reflicta também no preço" de cada exemplar do semanário, referiu Pedro Norton durante a apresentação, hoje realizada em Lisboa, do "novo" Expresso.

"A nossa perspectiva é ter em cada leitor um colaborador. Cada leitor do "SOL" será, potencialmente, um repórter do jornal", explicou José António Saraiva.

O formato 'berliner' (do Expresso) - único em toda a Península Ibérica - será adoptado a partir da próxima edição (a 9 de Setembro) na sequência de um conjunto de mudanças que o administrador classifica como "a maior transformação na história do Expresso".

o "SOL" conta com o naipe de colunistas mais forte de todos os jornais", "temas e grafismos exclusivos" e a determinação em "marcar a agenda política" nacional, diz Saraiva.

Além do tamanho, o semanário (Expresso) irá ainda "passar a ter cores, letra maior e mais espaçada, fotografias maiores e compactação da informação", explicou o director Henrique Monteiro.

Pois. O Expresso dá um Sol da sua graça, e o Sol promete em Expresso de novidades...

O Independente… Prado Coelho

«Mentiam com o maior desplante. E de certo modo desconsideravam ou mesmo desprezavam as pessoas sobre quem escreviam. Um jornalismo deste tipo não pode ser levado a sério», afirma Eduardo Prado Coelho (Público 4 Set 06) a propósito de O Independente. É fácil (para além de tradicional) atirar pedras quando o caixão está na cova.

Não consigo, contudo, perceber como é que Prado Coelho consegue, no mesmo texto, dizer que «o desaparecimento de uma publicação é sempre uma perda para o pluralismo e a diversidade jornalística».

Em que é que ficamos? Mentiam, desprezavam, não podiam ser levados a sério mas, mesmo assim, são uma perda? Quem mente e despreza não pode ser uma perda para o pluralismo nem para a diversidade jornalística.

«O Independente lançou um estilo novo na imprensa portuguesa. Nada a ver com a tradição da nossa imprensa. Destacou-se pela crítica irreverente (sobretudo no ataque ao "cavaquismo", que talvez nunca imaginassem que viesse a ganhar a respeitabilidade que tem hoje), pelo humor, pelos trocadilhos nos títulos (sobretudo com os nomes das pessoas), e com a procura, e muitas vezes eles vinham ter com eles, de escândalos que alimentassem cada número semanal.»

Terá sido isto «mentir com o maior desplante»? Terá sido isto «desprezar as pessoas»? Terá sido isto um «jornalismo que não pode ser levado a sério»?

A ida dos jornalistas que passaram pelo Independente para outros importantes meios fizeram com que eles deixassem de “mentir” e de “desprezar”?

A dar como correctas as conclusões deste, e de tantos outros, fazedores de opinião que nunca se enganam e que raramente têm dúvidas, O Comércio do Porto e A Capital, por exemplo, não mentiam, não desprezavam e faziam um jornalismo sério. E o que lhes aconteceu?

segunda-feira, setembro 04, 2006

Angola organiza Taça das Nações Africanas

A edição de 2010 da Taça das Nações Africanas (CAN) vai ser disputada em Angola, anunciou hoje a Confederação Africana de Futebol, numa cerimónia realizada no Cairo, onde o organismo tem a sua sede.

A candidatura de Angola à organização da CAN2010 derrotou na fase final de selecção as que tinham sido apresentadas pela Líbia, pela Nigéria e pelo Gabão e Guiné Equatorial, numa proposta conjunta.

A proposta apresentada por Angola prevê a construção de quatro novos estádios, com capacidade superior a 20.000 lugares cada, num investimento estimado entre 100 e 140 milhões de dólares (entre 78 e 109 milhões de euros).

Os novos estádios serão construídos em Luanda, Benguela, Lubango e Cabinda, as quatro cidades angolanas que vão receber os jogos da CAN2010.

Por outro lado, a Federação Angolana de Futebol (FAF), com o apoio do Governo, também se comprometeu com a construção de novas unidades hoteleiras nestas quatro cidades, além da reabilitação de outras que já existem.

A realização da CAN2010 em Angola implicará também substanciais melhorias ao nível da rede de estradas do país, das condições existentes nos aeroportos e do funcionamento das unidades de saúde, entre outras infra-estruturas.

A FAF deu também garantias quanto à disponibilidade para emissões de televisão via satélite a partir das províncias de Cabinda, Huíla e Benguela.

A organização da CAN2010 deverá ficar centralizada no recém inaugurado Centro de Conferências de Talatona, nos arredores de Luanda, o qual também deverá acolher o Congresso da CAF que será organização por ocasião da prova.

domingo, setembro 03, 2006

Chávez presidente vitalício
tal como Eduardo dos Santos?

Angola foi um motivo de inspiração para o presidente venezuelano, Hugo Chávez. Não propriamente o país mas, sobretudo, o encontro com José Eduardo dos Santos. Para além de se mostrar convicto de vencerá as eleições presidenciais de Dezembro, Chávez comprometeu-se publicamente a convocar um referendo que lhe permita ser presidente vitalício. Ora aí está!

O discurso do governante venezuelano foi realizado logo que terminou as viagens à China, Malásia, Síria, Angola e Cuba. Tudo países democráticos.

"Em 2010, quando completar os meus três anos do próximo mandato (2007-2013), eu mesmo vou solicitar um referendo popular para perguntar ao povo se está de acordo que eu seja sempre presidente", disse Chávez com uma expressão cubano-angolana de elevado sentido democrático.

O presidente venezuelano venceu em Agosto de 2004 um inédito referendo revogatório, solicitado pela oposição, no qual foi ratificado no cargo com quase 60% dos votos. Chávez relembra os "grandes avanços" da sua "revolução", como chama ao processo de mudanças rumo ao modelo "socialista bolivariano" que pretende implantar na Venezuela, quinto exportador mundial de petróleo e quarto abastecedor mais importante dos EUA.

O chefe de Estado sustentou que seus concorrentes à Presidência são os "candidatos do império americano" e do "mister diabo", como se referiu a seu homólogo dos EUA, George W. Bush, qualificado também como "terrorista, genocida e louco".

Em Angola, reconheço, a situação é (parece ser, pelo menos) diferente e José Eduardo dos Santos está muitos, mesmo muitos, pontos acima de Hugo Chávez.

No entanto, a similitude quanto ao apego ao cargo é algo que deve preocupar. Desde logo porque Eduardo dos Santos está no Poder sem legitimidade popular, seja por eleições ou por referendo.

Será que em 2007 as coisas vão mudar? Podem continuar na mesma, mas ao menos que sejam legitimadas pelo voto dos angolanos.

Colonizador australiano critica timorenses

Depois de tomar conta de um país que considera ser o seu quintal, a Austrália continua a responsabilizar o governo (?) timorense pelo que de mau se passa, de nada valendo o facto de os principais dirigentes timorenses serem seus aliados.

O governo australiano declarou hoje que o Timor-Leste deve ser responsável pelos seus assuntos internos e procurar soluções para os seus problemas.

Pena é que, ao contrário de Mari Alkatiri, Ramos Horta e Xanana Gusmão não tenham (ainda) percebido que os australianos não são uma solução para o problema. São, isso sim, um problema para a solução.

"Os timorenses têm que aprender a resolver os seus problemas e não continuar à espera de que a comunidade internacional faça tudo por eles", declarou o ministro australiano de Negócios Estrangeiros, Alexander Downer.

Downer tem razão. Os problemas são para os timorenses, o petróleo (entre outras riquezas) é que é para a Austrália. Tão simples quanto isso.

As declarações de Downer constituem uma reacção à apreciação feita ontem pelo primeiro-ministro timorense, José Ramos Horta, que acusou as forças internacionais estacionadas no seu país pela evasão de meia centena de prisioneiros de uma cadeia de Díli.

Quando, e se, o major Alfredo Reinado disser tudo o que sabe (não só sobre a fuga da cadeia) ver-se-á que Camberra tem culpas no cartório. Muitas culpas.

"A Austrália ou a Nova Zelândia, Portugal, a Malásia ou o secretário-geral da ONU não podem ser responsabilizados pelos problemas do Timor-Leste", declarou Downer numa crítica onde meteu todos no mesmo saco, até mesmo aqueles (caso da GNR) que de facto nada têm a ver com a fuga.

"Os timorenses agora são uma nação independente e têm de ser responsáveis pelos seus assuntos internos", acrescentou o chefe da diplomacia australiana numa afirmação digna de registo do anedotário internacional.

Nação independente? Não. Não brinquem com a minha chipala.

sábado, setembro 02, 2006

Russos regressam a Angola
... sem nunca de lá terem saído

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, afirmou hoje o empenho do seu país em participar no processo de reconstrução angolano, destacando o papel que pode desempenhar o banco de capitais russos que vai abrir em Angola. Boas notícias? Sim, para Moscovo. Sem nunca terem deixado de lá estar, os russos voltam agora com uma nova "máscara"... a bem dos angolanos, dirá (pois claro!) Putin e Cª.

"Vamos participar na elaboração de planos de médio e longo prazo para o desenvolvimento da economia angolana", afirmou, em Luanda, o chefe da diplomacia russa, acrescentando que o seu país é um "parceiro económico efectivo" de Angola.

É sim senhor. Quem não se recorda?

Nesse sentido, salientou existir um entendimento para acelerar o processo que culminará com a assinatura de "um acordo para a defesa e a promoção de investimentos russos na economia angolana".

Defesa e promoção similar à dos (bons) velhos tempos soviéticos... só que com novo cenário embora, creio, com velhos actores.

Serguei Lavrov falava aos jornalistas no final de uma audiência com o vitalício presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que encerrou a curta visita que hoje efectuou à capital angolana. Na audiência, que se prolongou por cerca de uma hora, Serguei Lavrov entregou a José Eduardo dos Santos uma mensagem do seu homólogo russo, Vladimir Putin, cujo conteúdo não foi divulgado.

Não foi divulgado, nem precisava. O MPLA, que não Angola e muito menos os angolanos, tem de pagar velhas contas ao fiel amigo russo.

Antes da deslocação ao Palácio Presidencial da Cidade Alta, o chefe da diplomacia russa visitou as instalações onde vai funcionar o VTB, instituição bancária de direito angolano e capitais russos que está a preparar o início da sua actividade.

Nas declarações que proferiu na altura, Serguei Lavrov frisou a importâ ncia que este banco poderá desempenhar na promoção dos investimentos russos em Angola.

"Este banco vai contribuir para o fluxo de capitais e de projectos russos", afirmou, recordando que o VTB "é a primeira estrutura financeira criada em África com a participação de capital russo".

Para Serguei Lavrov, o novo banco "promoverá a cooperação entre empresários de Angola e da Rússia, atrairá empresários russos e prestará serviços financeiros importantes". Disso ninguém tenha dúvidas.

No mesmo sentido, o ministro angolano dos Negócios Estrangeiros, João Miranda, considerou que a deslocação do seu homólogo russo às futuras instalações do banco "é um sinal de que a Rússia está determinada a aprofundar a cooperação com Angola". Pudera!

O VTB-África, que visa o financiamento de projectos de grande dimensão em Angola e no continente africano, arrancará com um capital de 10 milhões de dólares, dos quais 66 por cento pertencem ao Banco de Comércio Externo da Rússia e os restantes 34 por cento são assumidos por empresários angolanos.

Empresários angolanos? Sim, certamente. Mas, com mais rigor, empresários do MPLA.

Monteiro, Portas e a (nova) Direita

Como jornalista acompanhei há alguns anos a actividade política quer de Manuel Monteiro quer de Paulo Portas. Conheci, e alguns ainda estão (bem) no activo, políticos do CDS/PP que estão sempre do lado de quem está no Poder e, como se isso não bastasse, estão igualmente sempre contra quem lá deixou de estar.

É confrangedor ver, a propósito do Manifesto da Direita em Portugal que o líder do PND protagoniza, tanta gentalha a cuspir no prato que tantas vezes a alimentou.

Sob o comando de Paulo Portas (infelizmente, digo eu, Ribeiro e Castro não conta para este jogo), tanto o partido enquanto tal, como alguns dos assalariados a título individual, tentam dizer que a ideia de Manuel Monteriro é inócua. Se a mesma ideia fosse de Paulo Portas, aí passaria a genial.

Ou seja, não se analisa e debate a mensagem, mata-se o mensajeiro.

Com este Manifesto, Manuel Monteiro retirou a Portas um dos seus principais trunfos. O de ser ele a avançar com este mesmo manifesto, com a mesma ideia de refundir e refundar a Direita.

Por outras palavras, Manuel Monteiro lutou com alma e coração pelo CDS/PP porque acreditava no partido, na Direita e no que o distinguia do PSD. Já Paulo Portas, acreditou no CDS/PP enquanto instrumento de aproximação, ou até mesmo de fusão, com o PPD/PSD.

Como diz Pacheco Pereira na Sábado, «para prosseguir esse objectivo, Portas vendeu o seu corpo político a tudo, - ao PS, ao PSD, à Constituição Europeia, ao estatismo anti-liberal, –, mas não o conseguiu e ficou num limbo de onde não sabe sair.» Diz ainda Pacheco Pereira que Portas «tem um partido na mão, mantendo Ribeiro e Castro numa teia de que não se consegue livrar, mas hesita em querer ou não o CDS-PP porque não sabe o que lhe é mais útil, a única consideração que conta. »

No caso de Manuel Monteiro, e como se dizia (ainda se diz?) noutros tempos em Angola, vai de derrota em derrota até à vitória final, mau grado o muito engenho (o que não é sinónimo de seriedade) e perspicácia (o que não é sinónimo de coerência) de Paulo Portas.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Mulher com calças? Cabritos sofrem!

O rei Bingo Bingo, máxima autoridade tradicional da região do Cuito Cuanavale, no leste de Angola, proibiu as mulheres de usarem calças, sob pena de pagarem uma multa de dois cabritos ou 10 mil cuanzas (cerca de 100 euros).

A decisão, que consta de um decreto recentemente aprovado pelo soberano onde se estabelecem novas regras de conduta que devem ser seguidas pelos súbditos, determina a proibição de uso pelas mulheres de qualquer peça de vestuário "destinada ao homem".

"Qualquer soba (autoridade tradicional local) que encontrar uma mulher a usar calças ou outro vestuário destinado aos cidadãos do sexo masculino deve multá-la em dois cabritos ou 10 mil cuanzas", refere o decreto real, divulgado em Luanda pela Rádio Ecclesia, emissora católica.

A preocupação do rei do Cuito Cuanavale com o uso indevido de vestuário masculino levou-o a solicitar a "estreita colaboração da polícia e de todas as forças da lei" para que sejam presas todas as mulheres infractoras.

O decreto real estabelece também novas regras nas relações entre homens e mulheres, determinando que "o homem que engravidar uma moça em idade escolar e não queira casar com ela pode pagar uma multa de quatro cabeças de gado bovino ou o equivalente em cuanzas".

Para o casamento, o soberano estabeleceu que o "alembamento" (dote) a pagar pelo homem à família da noiva será de "duas cabeças de gado bovino", especificando que os animais podem ser entregues vivos ou "convertidos em dinheiro equivalente". Totalmente afastada fica a possibilidade, até agora comum, de pagar o dote em cerveja ou refrigerantes.

O rei do Cuito Cuanavale estabeleceu ainda que as ofensas morais implicam o pagamento de uma multa de uma cabeça de gado bovino, enquanto o homicídio obriga ao pagamento de 10 cabeças de gado bovino à família da vítima, sendo ainda o autor da morte "entregue à justiça do governo".

O mesmo acontece a quem for encontrado a consumir produtos estupefacientes, estabelecendo o decreto real que "deve ser entregue à polícia nacional". Nestes casos, o soberano entendeu que deveria poupar trabalho aos tribunais e definiu que os consumidores de drogas devem "permanecer presos durante 10 meses".

O decreto real também abrange a área do ensino, determinando que os alunos que tiverem cinco faltas injustificadas devem ser denunciados ao soba, que os castigará "com trabalho na horta ou na lavra".

Por outro lado, apenas os cristãos ficam autorizados a realizar a circuncisão dos filhos nas unidades de saúde, enquanto os restantes súbditos são obrigados a "obedecer a todas as regras da cerimónia segundo os costumes locais".

Quem não respeitar estas regras "não terá qualquer ajuda", determinando ainda o rei que os sobas que não fizerem respeitar este decreto serão punidos com uma multa de "dois cabritos".