segunda-feira, agosto 31, 2009

“Assalto ao Santa Maria” em ante-estreia mundial, próximo dia 6, em Viana do Castelo

A longa-metragem “Assalto ao Santa Maria” tem ante-estreia mundial marcada para o próximo dia 6 de Setembro (domingo), pelas 21h30 no Teatro Municipal Sá de Miranda, em Viana do Castelo.

O filme, que teve o navio hospital Gil Eannes como principal cenário da rodagem, foi produzido por José Mazeda (TAKE 2000) e realizado por Francisco Manso e conta a história do acto revolucionário para denunciar os regimes de Salazar e Franco.

O filme, que tem o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual, do Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual, da RTP, da Televisão da Galiza, da Câmara Municipal de Viana do Castelo e da Fundação Gil Eannes, foi rodado em vários locais, mas foi no navio hospital fundeado em Viana do Castelo que decorreram as principais cenas do filme, onde aliás participaram centenas de figurantes vianenses.

Na ante-estreia mundial do filme, que antecipa a entrada no circuito comercial cinematográfico até ao final do ano, vão estar em Viana do Castelo alguns dos actores do filme, que incluem Pedro Cunha, Leonor Seixas, Carlos Paulo, Alfonso Algra, António Pedro Cerdeira, André Gomes, Vitor Norte, Maria D'Aires, entre outros.

A longa-metragem do produtor José Mazeda e do realizador Francisco Manso conta a história de Zé, um jovem emigrante português que, em 1960, passa por um período difícil na Venezuela. O acaso coloca no seu caminho o capitão Henrique Galvão, um dos mais proeminentes opositores do regime do ditador Salazar. Fascinado por Galvão, Zé junta-se a um grupo de exilados políticos portugueses e galegos que, sob o comando do militar português, preparam a mais sensacional acção de protesto jamais levada a cabo: o assalto e ocupação do paquete "Santa Maria", jóia da coroa da marinha mercante lusitana.

O assalto, que começou no dia 21 de Janeiro de 1961, no porto venezuelano de La Guaira, leva Henrique Galvão e os seus homens a navegar pelo Atlântico Sul durante onze dias inesquecíveis. Perseguidos pela esquadra americana e escrutinados pela imprensa internacional, os assaltantes do "Santa Maria" têm de lutar contra as tensões internas, as tentativas de sabotagem e o descontentamento dos passageiros, ao mesmo tempo que tentam passar ao mundo uma mensagem de liberdade e esperança contra as ditaduras da Península Ibérica.

Mas, para Zé, essa viagem vais ser muito mais do que a aventura perigosa e visionária que a história registará. Vai ser também o palco para uma extraordinária história de amor com Ilda, uma jovem passageira portuguesa cujo destino se entrelaça inexoravelmente com o seu. Uma paixão intensa pela qual vale a pena viver, tanto quanto vale a pena morrer pelo ideal da liberdade.

domingo, agosto 30, 2009

Esta também é fuba made in Portugal
mas não é do mesmo saco do PS/PSD!

O presidente do CDS-PP apresentou hoje um programa eleitoral que fixa como prioridades a reabilitação da economia, o combate ao desemprego e a consolidação orçamental.

Paulo Portas defende um reforço das pensões com verbas retiradas a beneficiários do Rendimento Mínimo que "vivem à custa do contribuinte" e avisa que "o país não sai da cepa torta" com o bloco central.

Devolver a economia portuguesa ao crescimento, reabilitar a política fiscal, reforçar a segurança e a autoridade do Estado, assim como os apoios sociais e às pequenas e médias empresas, constituem os eixos prioritários do programa

Um conjunto de propostas que passa pela defesa de um aumento das pensões mínimas e do apoio às instituições particulares de solidariedade social.

O programa eleitoral foi produzido por "20 grupos de trabalho" sob a coordenação de Assunção Cristas, cabeça-de-lista por Leiria.

Ontem, durante uma deslocação de pré-campanha a Penedono, o presidente do CDS-PP voltou a colocar a tónica na necessidade de rever as condições de atribuição do Rendimento Mínimo, de forma a captar verbas para "melhorar as pensões" rurais, sociais e mínimas "de um milhão de pensionistas".

"Vou deslocar uma parte do que está no Rendimento Mínimo. Prefiro apoiar quem trabalhou toda a vida do que quem às vezes abusa do Rendimento Mínimo porque não quer trabalhar, mas quer viver à custa do contribuinte", sustentou Paulo Portas.

"O dinheiro que aí se vai buscar é aplicado em pensões, porque essas sim, eu tenho a certeza de que são dadas a pessoas que trabalharam a vida inteira. Isto é uma grande diferença entre o CDS e qualquer outro partido", insistiu.

Chamado a comentar os elogios do antigo ministro socialista Joaquim Pina Moura ao programa eleitoral do PSD, Paulo Portas não se mostrou surpreendido: "Esta semana vi o professor Deus Pinheiro fazer um elogio ao PS, agora vejo o doutor Pina Moura fazer um elogio ao PSD. Cheira-me que o centrão, o bloco central, anda em movimento".

"Mas com o bloco central, o país não sai da cepa torta", acrescentou o presidente do CDS-PP.

Ramos-Horta gaba-se à grande e à indonésia
e diz que o país será (pois claro!) um paraíso

Timor-Leste tem um plano de investimentos públicos para 10 anos que visa criar milhares de empregos e dotar o país de estradas e de um novo aeroporto, segundo o presidente da República, José Ramos-Horta.

Numa entrevista publicada em Julho passado pela revista «Foreign Policy», Ramos-Horta aponta como prioritária a construção de infra-estruturas.

"Precisamos de investimento massivo em estradas, estradas e estradas. Se quisermos desenvolver a agricultura e garantir segurança alimentar, promover o turismo e possibilitar o acesso das pessoas à saúde e à educação, precisamos de estradas", frisou, acrescentando tratar-se de um projecto para 10 anos que irá criar milhares de empregos.

"Construiremos quatro mil quilómetros de estradas, um novo aeroporto e um porto. À medida que desenvolvermos as infra-estruturas, atrairemos investimento estrangeiro para o turismo", prosseguiu.

Ramos-Horta adiantou ainda que Timor-Leste está a negociar com a operadora de telecomunicações Digicel a entrada no território, acabando assim com o monopólio da Timor Telecom, detida pela Portugal Telecom.

Com a entrada da Digicel, Ramos-Horta estima que Timor-Leste possa vir a aumentar de 150 mil para 500 mil a 800 mil os utilizadores de telemóvel.

Na mesma entrevista, Ramos-Horta criticou ainda aqueles que consideram Timor-Leste um "estado falhado".

"Alguns génios norte-americanos e europeus, que escrevem em jornais ditos acadêmicos, rotularam-nos como um estado falhado. [...] Alguns desses pseudo-intelectuais nos Estados Unidos parecem esquecer-se que Timor-Leste, juntamente com a China, está a financiar a dívida norte-americana", disse Ramos-Horta.

"Então quem é um estado falhado - os Estados Unidos ou Timor-Leste?, questionou.

Citando dados de uma pesquisa do Instituto Internacional Republicano dos Estados Unidos, Ramos-Horta adiantou que no final de 2008 os níveis de confiança no Presidente da República atingiam os 83%, na polícia 82% e no primeiro-ministro, Xanana Gusmão, 79%, enquanto mais de 60% dos timorenses concordavam com o rumo do país.

"Vamos celebrar o 30 de Agosto numa economia florescente. Díli e o resto do país estão em paz, a polícia e o exército reconciliados, vamos celebrar a data numa altura em que a cooperação entre Timor-Leste e a Indonésia está no seu melhor", citou.

Ramos-Horta rejeita a ideia de um tribunal internacional para julgar os crimes cometidos durante a ocupação indonésia e no referendo de 1999, mostrando-se favorável à aprovação de uma lei que ponha "simplesmente fim aos trágicos capítulos do passado".

O chefe de Estado timorense mostrou-se ainda confiante na capacidade da Polícia Nacional de Timor-Leste para assumir responsabilidade total pelo sector de segurança, afirmando-se favorável a que a transferência de poderes da ONU se faça até 2012.

sábado, agosto 29, 2009

Ingratidão Timorizada

«30 de Agosto de 1999, o mundo apoiou a libertação de Timor-Leste. Os interesses económicos dos norte-americanos e australianos sobrepuseram-se a tudo o mais. Há dez anos, o povo timorense teve a esperança de dias melhores. As promessas de uma libertação e independência condignas e em benefício dos habitantes do território ainda estão por cumprir.

Um punhado de amigos de Timor-Leste tudo fizeram para que os dirigentes timorenses tivessem a felicidade sonhada. Debalde.

Acima de tudo, esse punhado de mulheres e homens que sempre estiveram ao longo de mais de duas décadas a ajudar ao "milagre" foram postos de parte tal como se atira um escarro à parede. Que fiquem com o escarro.»

In:
http://pauparatodaaobra.blogspot.com

Eu não digo? Nem Deus faria melhor...

O parlamentar do partido maioritário em Angola (MPLA, no governo desde 1975) Cristóvão da Cunha, disse hoje, em Malanje, que as sucessivas vitórias alcançadas por Angola nos últimos tempos, no desporto, são fruto da projecção do... Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Falando à Angop, sobre o contributo daquele que é o presidente de Angola há 30 anos no sector desportivo, o deputado não tem dúvidas (se as tivesse não seria deputado) que José Eduardo dos Santos tem sido o impulsionador neste domínio e em todas as modalidades.

E quem diz no desporto diz na política, na economia, na literatura, na ciência, no ensino, na pintura, na medicina, na astrologia, na química, na matemática, na agricultura e em tudo em que os leitores se lembrem.

"O camarada presidente tem contribuído bastante para o desenvolvimento do desporto e as sucessivas vitórias somadas no desporto, devem-se a ele", frisou o deputado.

Por sua vez, o governador em exercício da província de Malanje, Gaspar Neto, disse que o presidente de Angola tem sido um exímio desportista, que também praticou futebol e basquetebol na juventude, espírito este que tem criado para o país no contexto actual.

Ora tomem lá! E o Manuel José, Luís Magalhães, Mantorras e companhia que se cuidem. Quem sabe da matéria é Eduardo dos Santos.

"Todos os feitos do país, têm liderança do presidente José Eduardo dos Santos e o desporto não foge à regra", ressaltou o governante, para quem o chefe de Estado tem sido determinante no crescimento desportivo.

Bajulação? Não. Claro que não. Enquanto espera pela atribuição de um Prémio Nobel especial (terá de ser um que acumule todas as categorias), José Eduardo dos Santos vai tendo o reconhecimento de todos aqueles que se o não fizerem não sobrevivem.

Sejam cidadãos de primeira...

O ministro dos Assuntos Parlamentares do Governor português continua a malhar no PSD e no CDS-PP, acusando-os de "inacção" e de ausência de perspectiva de equidade no combate à crise, e o PCP e o Bloco de Esquerda de revelaram "cegueira ideológica".

No inequívo uso dos seus poderes, ei-lo que volta a malhar à esquerda e à direita, nos que vivem nos vãos de escada ou nos que não sabem a diferença entre Salazar e os democratas.

Augusto Santos Silva considera que a oposição "sucumbe à demagogia". Demagogia que, como todos sabem, é uma característica atávica de todos os portugueses de segunda, ou seja, de todos aqueles que não são do PS.

"A direita falha em critérios essenciais na resposta à actual crise, começando logo por falhar no requisito da iniciativa", sustenta o maior (a seguir a José Sócrates) perito dos peritos portugueses, considerando que PSD e CDS-PP também não assumem uma defesa do princípio da "equidade social" ao proporem baixas generalizadas de impostos.

Brilhante. Melhor do que Augusto Santos Silva como catedrático do anedotário português só mesmo... José Sócrates.

Já em relação ao PCP e Bloco de Esquerda, forças políticas que disse pertencerem "à esquerda extremista", o ministro dos Assuntos Parlamentares diz que "propõem o regresso ao paradigma colectivista".

"Estão cegos por preconceitos ideológicos que os impediram de perceber o quanto foi essencial estabilizar o sistema financeiro para responder à crise", atacou.

Ora aí está. Bons só mesmo os socialistas. Todos os outros são uma escumalha que não merece sequer ser considerada como portuguesa.

"O PS é portador de uma liderança e de uma plataforma política para mobilizar o conjunto da sociedade", sustenta o ministro.

Sustenta e bem, e isto já para não falar da sua própria sustentação e luta para manter o tacho. Creio, contudo, que os tais portugueses de segunda já perceberam que este PS não é uma solução para o problema. É, isso sim, um problema para a solução.

Não sei, contudo, se não irão optar por procurarem ser portugueses de primeira. E para isso, pelos vistos, é condição “sine qua non” ser do PS.

Santos Silva vai malhar nele, ai vai, vai!

Joaquim Pina Moura, ex-ministro das Finanças do Governo de António Guterres, disse ao semanário “Expresso” que considera o programa eleitoral do PSD “mais duro e mais focado” do que o do PS.

Nas palavras do ex-ministro ao semanário, o PSD apresentou um documento “clarificador” e “divisor de águas” e que tem como base a “assunção de que os recursos são escassos”. Pina Moura defende que não se pode continuar a deixar crescer a despesa pública.

“Por muito que o PS tenha feito nas políticas sociais, e fê-lo desde 1995, com os governos de António Guterres, há um limite que decorre da escassez de recursos disponíveis que torna incomportável a continuação do crescimento da despesa pública”, avisou Pina Moura ao “Expresso”.

A liberdade é (e está) em risco

No próximo dia 5 de Setembro, o Núcleo de Matosinhos (Porto – Portugal) da Amnistia Internacional, a Câmara Municipal de Matosinhos e o FERCO/Portugal (Federacção Internacional de Cartoonistas) vão promover a inauguração da exposição "A Liberdade é um risco".

“A liberdade é um risco” será inaugurada no Teatro Constantino Nery, em Matosinhos. A cerimónia terá lugar a partir das 17 horas.

O programa incluiu a intervenção dos responsáveis pelas três instituições e um momento musical a cargo de Manuel Freire.

Durante a abertura da exposição “A liberdade é um risco”, estarão presentes caricaturistas, disponíveis para fazer caricaturas dos visitantes que o desejarem.

Refira-se que esta é a segunda apresentação em público desta exposição. A primeira aconteceu em Lisboa e teve como objectivo assinalar o Dia da Liberdade de Expressão.

sexta-feira, agosto 28, 2009

Receita pode ser seguida em Portugal...

O primeiro-ministro italiano , Silvio Berlusconi, vai avançar com acções legais contra vários meios de comunicação social da Europa pela cobertura da sua vida privada, exigindo um milhão de euros ao jornal italiano La Repubblica por "difamação".

"Isto acontecerá pela primeira vez na história da Itália", anunciou hoje o jornal italiano informando na primeira página sobre o processo iniciado no dia 24 pelo chefe do governo italiano.

Desde Maio passado, o diário publica todos os dias dez perguntas incómodas dirigidas a Berlusconi sobre sua controvertida vida privada desde que a esposa anunciou o pedido de divórcio, insinuando que ele tinha ligações a menores de idade.

O advogado de Berlusconi, Niccolo Ghedini, confirmou hoje à imprensa local que vai accionar por difamação publicações de Espanha, França, além de Itália, pela divulgação de informações "caluniosas" sobre o líder político. Ghedini disse também que está a examinar a possibilidade de queixas contra a imprensa da Grã-Bretanha.

A questão contra o La Repubblica está a ser motivo de polémica em Itália e de "alarme" no Sindicato de Jornalistas italianos.

"Trata-se de um ataque directo ao jornalismo", reagiu o presidente da Federação Nacional da Imprensa, Roberto Natale.

A ação judicial contra um dos jornais mais influentes do país, próximo do centro-esquerda, foi duramente criticado pelo líder do Partido Democrático (PD), Dario Franceschini.

"Trata-se de um acto de intimidação contra a liberdade de imprensa", declarou Franceschini, que denunciou uma "anomalia" na democracia da Itália.

Segundo o advogado de Berlusconi, entre outros meios que serão objecto de acção estão a revista francesa Le Nouvel Observateur por ter publicado uma matéria intitulada "Poder, Sexo e Mentiras", e o jornal espanhol El País pela divulgação de fotografias de pessoas nuas na mansão de Berlusconi, na Sardenha.

Consta, segundo fontes anónimas (como mandam os manuais do jornalismo moderno em Portugal), que os assessores jurídicos do governo português estão a seguir com redobrada atenção esta questão...

Cruz Vermelha e Crescente Vermelho lançam
concurso sobre "Boas notícias para África"

A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho lançam concurso de jornalismo subordinado ao tema “Boas Notícias para África". Esta é uma oportunidade para os jornalistas revelarem as histórias que destacam os desenvolvimentos positivos que acontecem todos os dias em África.

Em 2008, um estudo independente, encomendado pela Federação Internacional, procurou analisar a informação divulgada através dos Meios de Comunicação e concluiu que o uso de termos negativos na cobertura mediática era três vezes mais frequente do que os positivos na cobertura de notícias em África.

O concurso “Boas Notícias para África” está aberto a todos os jornalistas que colaboram regularmente com a imprensa escrita, serviço noticiosos, rádios ou televisões de África. Os jornalistas são convidados a submeter as suas histórias ou peças de rádio e televisão que demonstrem os desenvolvimentos positivos que têm vindo a verificar-se em África.

É inegável que África enfrenta importantes desafios. As alterações climáticas estão a contribuir para um aumento da frequência e da intensidade dos desastres; desastres como o VIH, a malária e a cólera causam inúmeras mortes todos os anos e dezenas de milhões de pessoas lutam para ter acesso a produtos alimentares.

Não se trata de ignorar estes desafios reais enfrentados pelas comunidades em África, mas sim destacar histórias de resistência e força e de mecanismos de resposta que ajudam as comunidades a ultrapassar e a prevenir os desastres. São estas histórias que constituem as sementes do desenvolvimento.

As candidaturas serão aceites até dia 1 de Novembro de 2009. Os vencedores da competição serão anunciados na Assembleia Geral da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho em Nairobi, Quénia, que irá decorrer entre os dias 18 e 21 de Novembro.

Para mais Informações:

Os jornalistas podem enviar um e-mail para good.news@ifrc.org Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ou visitar
www.ifrc.org/believe

quinta-feira, agosto 27, 2009

Artigo do Alto Hama na Nova Democracia

Não foi o primeiro e se calhar não será o último...

Culto da personalidade do soba ou forma
de lamber botas e garantir bons tachos??

A “visão estratégica” do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, perante a crise económica internacional, foi decisiva para a manter a estabilidade macroeconómica e desenvolver acções inseridas no processo de diversificação da economia nacional.

Ou seja, também na economia, tal como em todas as outras vertentes da vida, e da morte, dos angolanos, Deus tem um representante directo (ou será ele próprio?) no país. Sem Eduardo dos Santos seria o fim.

E quem faz este culto da personalidade ao soba é, pois claro, o próprio ministro da Economia, Manuel Nunes Júnior. Se calhar mais do que um culto é uma forma de lamber as botas ao chefe de um clã que, bem vistas as coisas, representa quase 100 por cento do Produto Interno Bruto de Angola.

O ministro dissertava durante a primeira jornada sócio-comunitária sobre “A visão estratégica de Zedú para a superação dos efeitos da crise económica e financeira mundial, em Angola”, no âmbito das comemorações do seu 67º aniversário natalício, que se assinala amanhã.

E porque se trata de um aniversário, também eu me junto às louvaminhas dedicadas a José Eduardo dos Santos.

É obra. 67 anos de vida e 30 como presidente, o que faz de Eduardo dos Santos um dos políticos não eleitos (mas isso é irrelevante) há mais tempo no poder em todo o mundo.

Será isso sinal de ditadura? Não. Pelo contrário. É a democracia “made in petróleo” que mantém o MPLA no poder desde 1975.

E se amanhã se festejam os 67 anos de vida, no próximo dia 21 de Setembro celebram-se os 30 da sucessão de Agostinho Neto.

José Eduardo dos Santos tinha 37 anos quando, a 21 de Setembro de 1979, foi investido no cargo, sucedendo a António Agostinho Neto, que tinha morrido poucos dias antes em Moscovo na sequência de uma intervenção divulgada como cirúrgica... no sentido clínico.

Nas únicas eleições presidenciais realizadas no país depois das independências proclamadas a 11 de Novembro de 1975 (uma em Luanda e outra no Huambo), José Eduardo dos Santos venceu a primeira volta, mas o resultado obtido não foi suficiente para a sua eleição. O que, em termos práticos, nada significou.

A segunda volta, que deveria ter disputado com Jonas Savimbi, na altura líder da UNITA, acabou por nunca se realizar depois do maior partido da oposição ter rejeitado os resultados eleitorais, comprovadamente viciados. Viciação repetida, embora com mais sofisticação, nas legislativas do ano passado.

Na sequência desse diferendo, o país voltou a mergulhar num conflito armado, que apenas terminou com a morte em combate de Jonas Savimbi, em Fevereiro de 2002, o que inviabilizou a conclusão do processo eleitoral iniciado dez anos antes.

No início de 2005, quando o MPLA começou a supostamente preparar a realização de eleições livres, José Eduardo dos Santos quis esclarecer as dúvidas levantadas por alguns políticos da oposição e solicitou ao Tribunal Supremo e à Assembleia Nacional que se pronunciassem sobre a questão, definindo se existiam condições para convocar as presidenciais ou se era necessário concluir o processo anterior.

A opinião dos dois órgãos, apoiada pela generalidade dos principais partidos da oposição e dos comentadores políticos, defendeu a impossibilidade de realizar a segunda volta das presidenciais de 1992, não só porque um dos candidatos morreu, mas também porque o eleitorado sofreu profundas alterações.

A dúvida que agora permanece é saber se José Eduardo dos Santos se vai recandidatar, se haverá eleições, pelo que se estima que possam realizar-se quando o MPLA tiver todas as garantias de que o seu candidato vai arrasar qualquer adversário.

Em Agosto de 2001, o Presidente angolano anunciou publicamente que não tencionava voltar a candidatar-se ao cargo, remetendo-se depois ao silêncio sobre esta questão nos anos seguintes.

Esse silêncio apenas foi rompido em Abril de 2006, durante a visita a Angola do primeiro-ministro português e grande apologista do MPLA, José Sócrates, quando José Eduardo dos Santos admitiu que ainda não tinha tomado uma decisão final sobre o assunto.

Para a maioria dos analistas políticos angolanos não existe, no entanto, qualquer dúvida, manifestando a convicção de que ele será o candidato do MPLA nas presidenciais, o que lhe permitiria ser legitimado no cargo pelo voto popular.

E a fazer fé nos resultados das legislativas, nem valeria a pena haver eleições presidenciais.

Há quem diga, por falta de melhor argumento, que dar os parabéns adiantados dá azar. Se calhar é por isso que o Alto Hama se adiantou, seja em relação ao aniversário natalício seja quanto à posse como presidente....

Obrigado leitores amigos do Alto Hama

Mais de três mil textos publicados. Mais de 286 mil visitas. Obrigado amigos. O poder das ideias continua acima, muito acima, sempre acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

quarta-feira, agosto 26, 2009

A propósito do Zé (Carmo)... o Zé (Saraiva)

Dizem fontes bem informadas, anónimas como mandam os manuais do jornalismo moderno em Portugal, que foi o José Carmo, repórter fotográfico do Jornal de Notícias, quem atropelou o carro em que seguia Pinto da Costa e não, como alguns malditos jornalistas disseram, o contrário.

Não sei (muito) bem porquê, mas quando penso neste caso e em tantos outros nos quais os jornalitas atropelam balas, lembro-me de um outro velho amigo, colega e Director que, embora já tenha partido, de vez em quando aparece no meio da malta: o José Saraiva.

O Zé sabia, ao contrário de outros que por aqui e por aí andam, que na profissão de Jornalista a única tarefa humilhante é a que se realiza com mentira, deslealdade, ódio pessoal, ambição mesquinha, inveja e incompetência.

O Zé sabia, ao contrário de outros que por aqui e por aí andam, que um Jornalista nunca (nunca) vende a sua assinatura para textos alheios, tantas vezes paridos em latrinas demasiado aviltantes.

O Zé sabia, ao contrário de outros que por aqui e por aí andam, que se o Jornalista não procura saber o que se passa no cerne dos problemas é, com certeza, um imbecil. E sabia que se o Jornalista consegue saber o que se passa mas, eventualmente, se cala é um criminoso.

O Zé sabia, ao contrário de outros que por aqui e por aí andam, que o chefe é o primeiro a chegar e o último a sair, tal como sabia que se o chefe for imposto por decreto os seus colaboradores não passarão de voluntários devidamente amarrados.

O Zé sabia, ao contrário de outros que por aqui e por aí andam, que um chefe não é apenas o que comanda mas, sobretudo, o que dá o exemplo. O Zé também sabia que, ao contrário de outros que por aqui e por aí andam, pensar que se é bom director só porque se usa gravata ou porque alguém lhe deu o título, é, mais ou menos, como pensar que se é pintor só porque se conhecem as cores do arco-íris.

O Zé sabia, ao contrário de outros que por aqui e por aí andam, que estamos todos os dias em cima de um tapete rolante que anda para trás e que, por isso, se nos limitarmos a caminhar, ficamos com a sensação de que avançamos mas, de facto, estamos sempre no mesmo sítio.

O Zé sabia, ao contrário de outros que por aqui e por aí andam, que muitos de nós para esconder as meias rotas preferem não tirar os sapatos, tal como sabia que uns perguntam o que não sabem, e só são ignorantes durante o tempo que leva a chegar a resposta, e que outros preferem ficar ignorantes toda a vida.

Zé: Tenho pena que nem todos os que contigo privaram tenham levado em conta o que sabias, mesmo que nem sempre o praticasses. Tenho pena. Mas, como vês, alguns guardaram o que de melhor sabias e que lhes permite contar até 12 sem tirar os sapatos... mesmo estando desempregados por ordem dos tais que andam por aqui e por aí...

E viva a incompetência em Ramalde

«Muitos dos jardins do Bairro da Previdência, em Ramalde, no Porto, foram cobertos de saibro... por engano. Afinal, a intervenção de requalificação do exterior do empreendimento só prevê o saibro - prensado - em caminhos pedonais.

O manto de saibro que, há poucas semanas, começou a cobrir as zonas verdes do bairro surpreendeu os moradores. Muita gente continua sem saber, afinal, o que se pretende fazer.

"Não pode ter-se uma janela aberta por causa da poeira. E quando vier a chuva vai ser uma lama desgraçada", apontou Eulália Fernandes, que tem alguns montes de saibro mesmo em frente a casa. "Quando chover, isto vai tudo para o saneamento", acrescentou António Alberto.

Nas ruas interiores do bairro, os automóveis dos moradores ostentam uma camada de pó considerável. E há árvores cujas raízes e parte inferior do tronco ficaram sob o saibro. "Como é que vão conseguir a água para sobreviver?", questionam moradores.

Manuel Maio, presidente da Junta de Ramalde, desdramatiza a situação. E garante que tudo já foi explicado a um grupo de residentes numa reunião, que realizou na passada sexta-feira.

"Houve um lapso da empresa que é responsável pela manutenção dos espaços verdes. Foi colocado saibro a mais", esclareceu, ao JN, o autarca. "Nos jardins, o saibro será retirado ou, então, será colocada terra por cima", acrescentou Manuel Maio, assegurando que as actuais zonas verdes continuarão a ser verdes.

A intervenção insere-se no projecto de requalificação dos espaços exteriores do bairro, que contempla zonas de estacionamento com piso em paralelo e asfalto, zonas verdes com relva e arbustos e passagens pedonais em saibro prensado. Também está previsto o reforço da iluminação pública. A Junta de Ramalde sublinha que o arranjo exterior do bairro, agora concretizado, era uma aspiração antiga dos moradores.

Fernando Novais, morador, criticou o facto da intervenção ter sido iniciada sem ter sido dado qualquer esclarecimento à população, que continua sem conhecer os contornos da operação.

Há vários anos que os moradores do Bairro da Previdência reclamam a requalificação dos espaços exteriores. E chegaram mesmo a entregar na Junta de Freguesia, há alguns anos, um projecto elaborado por um residente para a renovação das zonas para aparcamento, sublinhou Santos Sousa, que também habita no Bairro da Previdência. Aliás, a questão do estacionamento é uma das principais controvérsias. Os moradores temem que as alterações impostas reduzam substancialmente os lugares disponíveis.

Contactada pelo JN, a Câmara do Porto, através do Gabinete de Comunicação, referiu que a discórdia centrava-se no piso dos lugares de estacionamento e que, como os moradores não queriam saibro, vai ser colocado um piso em cubos de granito.

Moradores já foram obrigados a fazer vigilância na urbanização

Moradores do Bairro da Previdência já chegaram a fazer vigilância à porta dos respectivos blocos, para garantir a segurança e dissuadir a presença de grupos ligados a actividades marginais. "Cheguei a estar aqui, com outras pessoas, até à uma da manhã. Eu estava com dois grandes cães", contou Eugénio Silva, sublinhando que a vigilância popular acabou por dar algum resultado.

Antes, contou ao JN, sucediam-se os roubos aos automóveis estacionados nas ruas interiores da urbanização, que inclui 25 blocos de habitação.

O Bairro da Previdência conta mais de meio século. Segundo explicaram os moradores, pertencia à Segurança Social, mas a maioria dos residentes já adquiriu a respectiva habitação. Até por isso, verifica-se que há preocupação com a manutenção dos blocos, evitando que a degradação tome conta das casas.

O reforço da iluminação pública, previsto na actual empreitada de requalificação dos espaços exteriores, contribuirá para o aumento do sentimento de segurança dos moradores. "Ainda temos os postes da altura da inauguração do bairro", apontaram, ao JN, alguns dos residentes. »

Nota: O título original é: «Encheram o bairro de saibro por engano»

Culpado ou inocente até prova em contrário?

O ex-líder do PSD, Marques Mendes, recomendou ao partido que reforce as suas preocupações com a ética e voltou a defender uma lei que impeça políticos (isto é em Portugal) acusados ou condenados por crimes graves de se candidatarem a eleições.

"É um desafio que tenho feito a todos os partidos mas recomendaria de uma forma particular ao único partido em que tenho confiança, o meu partido, recomendaria em particular ao PSD que reforçasse cada vez mais as suas preocupações com a ética e a credibilidade da vida política", afirmou Marques Mendes, num jantar-conferência na Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide até domingo.

Apontando agora - como se fosse coisa recente -, a falta de ética na vida política como um dos "pecados capitais" que mina e fragiliza a democracia, o antigo líder social-democrata voltou a falar das situações em que um político, autarca, deputado ou governante está condenado por um crime especialmente grave, nomeadamente corrupção ou fraude fiscal.

"Acho que a bem dele, a bem da instituição e a bem da política não deve poder candidatar-se a eleições", defendeu, ressalvando, contudo, que para si esta não é tanto uma questão de leis, apesar de em alguma situações ser "bom haver uma lei".

Recordando o fundador do partido que nos anos 70 disse que "a política sem ética é uma vergonha", Marques Mendes classificou esse problema como uma "questão que está a corroer a nossa democracia".

E está desde quando? Há alguém que, em sã consciência, possa atirar a primeira pedra?

"Ninguém é obrigado a fazer política, só vem para a política quem quer mas quem vem para a política só pode estar de uma forma: com seriedade, com honestidade, com dedicação, com competência", sublinhou Marques Mendes, idealizando um quadro que peca por ingenuidade.

Contudo, acrescentou, "não é preciso ser monge", bastando ser um exemplo de seriedade, honestidade e credibilidade. Se estes valares tivessem força de lei, certamente que o Parlamento português teria lá apenas meia duzia de gatos-pingados.

Marques Mendes reconheceu, porém, que isto nem sempre tem vindo a acontecer, tendo já existido situações que afrontam estes princípios. Por isso, preconizou, só há uma solução: "Cortar a direito, custe o que custar, doa a quem doer".

Concordo. E cortar a direito teria, terá, de significar começar do zero, refundar o país. Mas será isso possível? Claro que não. Aliás, desde 1974 que PPD/PSD e PS repartem o bolo e não estão interessados em que a democracia saia prestigiada.

"Na esmagadora maioria dos casos não é preciso nenhuma lei para colocar ética na política: basta que quem manda, quem decida, tenha a coragem de aplicar estes princípios, estes valores", declarou, recordando que nas autárquicas de 2005, quando era líder do PSD afastou alguns candidatos "em nome da credibilidade".

Mas será que esses afastamentos não visaram apenas desviar as atenções de outros casos, chamemos-lhe do tipo BPN?

"Às vezes, é preferível saber que se vai perder uma eleição mas afirmar uma linha política de credibilidade, porque as convicções e a pureza dos princípios são muito mais importantes do que os sentidos de oportunidade ou as lógicas de conveniência", defendeu.

Isto é verdade, mas apenas – na lógica portuguesa – quando se não está no poder, seja ele o do partido ou o do país. Basta ver o estado do país ao longo das últimas décadas. PSD e PS não só permitiram como incentivaram a substituição do primado da competência pelo da subserviência. Por isso não se queixem.

As listas eleitorais do PSD incluem dois arguidos em processos judiciais, António Preto e Helena Lopes da Costa, pelo Círculo de Lisboa, o que motivou duras críticas à direcção por parte do líder da Distrital Carlos Carreiras, entre outras pessoas ligadas ao partido.

Como outros "pecados capitais" que "minam a qualidade da democracia", o antigo líder social-democarata apontou o défice de competitividade e solidariedade, a falta de liberdade de escolha na educação, a crise na Justiça e o actual sistema eleitoral.

E então se são estes males que imperam no país, em parte também com culpas de Marques Mendes, o melhor mesmo é encerrar o país para balanço, para venda a retalho ou simplesmente para declarar falência.

terça-feira, agosto 25, 2009

Posso, com vossa licença, rir-me?

Um fotógrafo do "Jornal do Burkina Faso", que se publica em Ouagadougou, foi hoje abalroado pelo carro no qual Thomas Zerbo abandonava o tribunal (sim, lá também os há!) onde decorreu o julgamento que o opõe a Noëlie Chevrier, não tendo depois o seu motorista respeitado uma ordem da Polícia (sim, lá também os há!) para parar.

O fotógrafo, Saye Sankara, acompanhava a saída da ex-companheira de Thomas Zerbo, pela rua estreita onde se encontra o Tribunal de Ouagadougou, quando o carro de Zerbo (conduzido pelo seu motorista, que é também arguido num dos processos em julgamento) passou a grande velocidade.

O repórter ficou comprimido entre o veículo de Thomas Zerbo e outro carro que estava ali estacionado, embatendo no espelho retrovisor e acabando mesmo por cair.

Um polícia que escoltava Noëlie Chevrier assistiu ao acidente e ordenou ao condutor do carro que parasse, mas o motorista não obedeceu.

Entretanto, como mandam as regras, o director do "Jornal do Burkina Faso" exigiu já um pedido de desculpas que, tudo leva a crer, será apresentado por Thomas Zerbo, com a promessa complementar da colocação de alguns anúncios.

Também o Sindicato dos Jornalistas do Burkina Faso exigiu um pedido expresso de desculpas, de modo a que tudo fique na santa paz de Deus. E assim será.

Esta não é uma história do Burkina Faso mas, como a outra, de uma qualquer república das bananas.

PS gasta 9,1 milhões de euros em agências
e estudos de mercado. Quem pode, pode!!

O PS vai gastar um terço do orçamento da campanha autárquica, 9,1 milhões de euros, em estudos de mercado e agências de comunicação, enquanto que o PSD reservou apenas 205 mil euros para esse tipo de despesa.

A CDU, como habitualmente, não vai gastar um cêntimo em agências de comunicação, enquanto o CDS-PP reserva 70 mil euros e o Bloco de Esquerda 24 mil.

PS e PSD estão também longe um do outro no orçamento previsto para comícios e espectáculos: 5,7 milhões para os socialistas e apenas 441 mil euros para os sociais-democratas.

Até o Bloco de Esquerda vai gastar mais que o PSD em espectáculos, apresentando um orçamento de 520 mil euros, enquanto o CDS-PP reserva 70 mil euros e a CDU, a nível central, aponta para 60 mil euros.

A CDU estima gastar cerca de 10 milhões de euros no total, indicando no orçamento entregue à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos que conta gastar, a nível central, um milhão de euros.

No orçamento para brindes e ofertas, PS e PSD estão mais próximos, com os socialistas a reservarem 4,46 milhões de euros e os sociais-democratas 3,76 milhões.

A comunicação impressa e digital custará ao PS 9,3 milhões de euros, o valor mais alto do total de 30,5 milhões de euros previstos para as despesas previstas para a campanha.

Quanto ao PSD, que orçamentou um total de 21,9 milhões de euros de despesas, prevê gastar mais de metade do total orçado, 11,5 milhões, em propaganda, comunicação, estruturas, cartazes e telas.

Os custos administrativos e operacionais pesam mais no orçamento do PSD, quase seis milhões de euros, enquanto o PS espera gastar 1,6 milhões, a CDU 500 mil euros (a nível central) e o Bloco de Esquerda 306 mil euros.

O Bloco de Esquerda prevê gastar 1,6 milhões em propaganda, contando também com estruturas e cartazes, enquanto o CDS-PP espera gastar 455 mil euros e a CDU 360 mil euros.

O BE vai gastar cerca de 40 mil euros com ofertas, a CDU 50 mil e o CDS-PP mais do dobro, com 105 mil euros previstos para este item no seu orçamento de campanha.

Sem mais comentários...

... a bem da Nação, carago!

Sarkozy compra casa no reino lusitano

Segundo o Diário Digital, Nicolas Sarkozy e Carla Bruni adquiriram uma casa em Portugal. Não sei se acredite. Depois deste jornal ter dito aos seus leitores que a Guiné-Bissau e a Guiné-Conacri são uma e a mesma coisa (ver «Jornalismo (?) puro e duro...» e «Junta militar governa a Guiné-Bissau? - Se o Diário Digital o diz é... jornalismo»), começo a pensar que a casa deverá situar-se em Espanha.

Dando, no entanto, o benefício da dúvida ao Diário Digital, vejamos a importância da compra da casa no reino lusitano, recordando que Nicolas Sarkozy e Carla Bruni não dão ponto sem nó.

Depois de conhecida a notícia de que Sarkozy e Carla estão a planear ter um bebé em 2011, torna-se mais clara a possível aposta na compra de uma casa nas ocidentais e pacatas (embora nem sempre seguras) praias lusitanas.

Ao que parece, Sarkozy e Carla pensam vir mesmo viver para Portugal e, dessa forma, beneficiar da proposta do PS de “dar” 200 euros em conta poupança por cada nascimento, como estratégia para incentivar a natalidade.

Sarkozy terá inclusive consultado o seu quase amigo e ainda primeiro-ministro português, José Sócrates, indagando-o sobre a longevidade da proposta socialista, mesmo sabendo que esse montante só poderá ser mexido quando a criança completar os 18 anos.

Decisiva terá sido a constatação, explicada por Sócrates com recurso ao “computador” ibero-americano Magalhães, de que a conta do filho terá um juro idêntico ao das contas jovens, a prazo, actualmente existentes no mercado.

Sarkozy e Carla consideraram que de facto isso era um bom incentivo à poupança e uma ajuda para o futuro da criança.

Consta que Nicolas Sarkozy, conhecedor do facto de José Sócrates ser useiro e vezeiro em prometer e depois não cumprir, conseguiu já uma garantia escrita autenticada pelo próprio governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.

Contra a opção lusitana está o facto de o Governo de Zapatero, em Espanha, também socialista, dar um subsídio de 2500 euros por cada nascimento. Para evitar conflitos diplomáticos, Sarkozy estará a pensar em ter um outro filho em Espanha, dividindo depois os dividendos pelas duas crianças...

segunda-feira, agosto 24, 2009

Como aqui se tem dito e redito...

O presidente do Instituto Sá Carneiro, Alexandre Relvas, acusou hoje o Governo português de promover o controlo económico dos órgãos de informação, por "grupos que lhe poderão garantir uma comunicação favorável". Novidade? Só para quem não lê o que aqui no Alto Hama (e não só) se anda a dizer há anos.

"São sistemáticas as tentativas de limitar a liberdade de informação, resultantes de decisões da entidade reguladora, da política de propaganda do Governo, ou da promoção também pelo Governo do controlo económico dos órgãos de informação, por grupos que lhe poderão garantir uma comunicação favorável", afirmou Alexandre Relvas, numa intervenção na abertura da VII Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide até domingo.

Novidade? Só para quem não lê o que aqui no Alto Hama (e não só) se anda a dizer há anos.

Num discurso onde deixou alguns conselhos aos jovens, nomeadamente para não dependerem da política e a terem "vida e profissão", porque só desta forma não terão dependências ou de lutar por lugares, Alexandre Relvas falou também da necessidade de respeito absoluto da liberdade e dos valores do Estado de Direito.

"No nosso tempo, por exemplo, a liberdade de expressão e informação é uma questão decisiva a que não podemos deixar de estar atentos", alertou.

Pos é. Ainda ontem e talvez pela centésima vez, aqui escrevi o que se segue:

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente".

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), convencer os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista da banha da cobra do PS, mas de barriga cheia, do que um ilustre Jornalista com ela vazia.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), convencer os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe (socialista, obviamente).

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), mostrar aos Jornalistas que ter um cartão do PS é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.

Como reles bordel... o “jornalismo”

É cada vez mais corrente (e então quando se entra em períodos eleitorais...) a ideia de que os jornalistas portugueses têm, ou querem ter, o poder absoluto de informar.

Nada mais falso. Para começar, só têm o poder que o poder económico, empresarial e político lhes aceita dar. Depois, se informar é uma das prioridades dos jornalistas, não o é para os que na maioria dos casos fazem jornais, rádio ou televisão.

Hoje (salvo muito poucas excepções) não se fazem jornais, fazem-se linhas de enchimento de conteúdos de linha branca em forma de papel, rádio, televisão ou Internet. E fazem-se à medida e por medida do cliente. E o cliente não é o público. É quem paga, é quem manda.

A coisa está brava? Não, não está. Estaria se falássemos de Jornalismo. Resta, contudo, a certeza de que é mais a parra do que a uva. Desde logo porque, ao contrário do que seria de esperar, os «macacos» não estão nos galhos certos. E quando assim acontece (e acontece muitas vezes), os produtores de conteúdos procuram apenas sobrevalorizar as ideias de poder em detrimento do poder das ideias.

A convivência entre os diferentes poderes não tem sido fácil. O suposto Estado de Direito democrático em Portugal ainda é uma criança e, como tal, há muitos vícios, deformações e preconceitos herdados ou estimulados que a muitos dá jeito conservar.

É claro que o «quero, posso e mando» que hoje está instituído por essas Redacções fora, apenas serve quem entende que jornalismo é uma mera forma de propaganda. Propaganda sobretudo político-económica.

Mas esta discussão, que alimento como forma de salubridade mental, é uma forma de tapar o sol com uma peneira. Tenho a exacta noção de que os Jornalistas são comidos à grande e à francesa com a conivência activa de muitos que tendo a Carteira Profissional de Jornalista, que trabalhando nas Redacções, não passam de néscios a quem foi dado o poder de um capataz.

O problema principal reside no facto de que (basta ver as Redacções), médicos, advogados, arquitectos, engenheiros, treinadores de futebol, amigos, filhos e amantes serem “jornalistas”.

O jornalismo que vamos tendo, qual reles bordel, aceita tudo e todos. É um pouco semelhante à política

E, de facto, aos jornalistas falta-lhe cada vez mais autoridade moral para contestar o que quer que seja. Se todos podem ser jornalistas, porque carga de água não podem os jornalistas ser deputados, assessores de políticos, publicitários etc.?

Podem. Tal como podem, depois regressar às Redacções para serem fiéis acéfalos dos amos a quem antes serviram.

domingo, agosto 23, 2009

Limpar Portugal começando por cima

José Sócrates tornou regra de ouro no (mau) reino lusitano a norte, embora cada vez mais a sul, do seu congénere marroquino, que a liberdade dos jornalistas tem de acabar onde começa a dele, mas entende que a dele não tem limites.

Por alguma razão, há já bastante tempo mas sempre com plena actualidade, António Barreto disse que José Sócrates “não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação”.

António Barreto acrescentou ainda, de forma lapidar, que “o primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.

Habituado a que os trabalhadores das redacções dos órgãos de comunicação social (Jornalistas são, como é óbvio, outra coisa substancialmente diferente) lhe vão comer à mão, Sócrates não consegue conviver quer com a liberdade de expressão quer com o contraditório.

É por isso que se dá bem com a sua própria sombra, bem como com outras sombras que com ele estão sempre de acordo. Sócrates prefere ser assassinado pelo elogio do que salvo pela crítica. É um direito que lhe assiste. O problema está que quer transformar o país num amontoado de acéfalos e invertebrados portadores do cartão de militante do PS.

O azedume do primeiro-ministro quando vê algum jornalista (eu sei que é raro) reflecte igualmente a frustração que deve sentir por não ter conseguido, embora tenha tentado e continue a tentar, transformar muitos jornalistas nos tais acéfalos e invertebrados ao serviço (bem pago) da sua causa.

Aliás, se este PS voltar a ganhar as eleições, o certo é que acabem todos aqueles que teimam em ser Jornalistas. Se numa legislatura Sócrates fez o que fez, em duas será o fim da liberdade de expressão e da diversidade de opiniões.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente".

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), convencer os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista da banha da cobra do PS, mas de barriga cheia, do que um ilustre Jornalista com ela vazia.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), convencer os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe (socialista, obviamente).

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), mostrar aos Jornalistas que ter um cartão do PS é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.

Voltem a dar-lhe a vitória e depois vão ver a liberdade a apenas tentar sobreviver nos córregos sinuosos da recordação.

Nota: A imagem que ilustra este texto foi ximunada do:
http://limparportugal.ning.com
e diz respeito à campanha “Vamos limpar a floresta portuguesa num só dia - 20-03-2010”.

E que tal uma voltinha ao bilhar grande?

O secretário-geral do PS, José Sócrates, afirmou hoje, na sua primeira presença na "Festa da Liberdade" dos socialistas madeirenses, que "o insulto degrada a democracia e a liberdade e é uma arma dos fracos".

Então é por isso que o PS está cada vez mais fraco, que a democracia e a liberdade estão cada vez mais degradadas. É caso para agradecer a José Sócrates tão claro esclarecimento.

"Não venho aqui para dar lições de boa educação, nem para ensinar boas maneiras ou o que é de bom gosto. O insulto degrada a democracia e a liberdade e é uma arma dos fracos. Os que insultam, insultam-se a si próprios", disse Sócrates num improviso, penso eu, muito bem escrito pelo mestre do malabarismo dialéctico, de seu nome Augusto Santos Silva.

Sócrates salientou que nos próximos actos eleitorais a escolha é "entre duas atitudes", argumentando ser entre "o PS que se empenha para resolver os problemas do país" e os outros quatro partidos que baseiam as suas políticas "na descrença, pessimismo e maledicência, dizendo mal do PS e do Governo que quer puxar pelo país e está empenhado no combate à crise".

Ao malhar, como diria Santos Silva, em todos os outros, os portugueses ficaram a saber pela boca do perito dos peritos, que nesta altura só existe Deus no céu e Sócrates em Portugal.

É claro que ninguém diz (pudera!) a José Sócrates que ele não é a solução para os problemas portugueses mas, antes, um sério problema para a solução. Eu, entre mais alguns, há muito que me atrevi a dizê-lo e por isso estou no desemprego.

"Não é com maledicência e pessimismo que se resolve qualquer problema do país", realçou Sócrates. E tem razão. O problema do país só se resolve quando os que se julgam donos da verdade, como é o caso deste PS, forem dar uma volta ao bilhar grande.

Sócrates quebra orfandade madeirense

O secretário-geral do PS-Madeira, Agostinho Soares, admite que a presença de José Sócrates na festa do Fonte do Bispo, hoje, servirá para "atenuar o sentimento de orfandade" que reina entre os socialistas madeirenses. Só entre os socialistas madeirenses?

O secretário-geral nacional do PS participa pela primeira vez na Festa da Liberdade, promovida pelos socialistas madeirenses na Fonte do Bispo, Calheta. Finalmente o perito dos peritos socialistas foi à Madeira numa tentativa de secar o jardim.

José Sócrates foi repetidamente convidado para estar presente na festa da Fonte do Bispo, mas recusou sempre, alegando razões de agenda. Daí, talvez, a tal questão da orfandade. Também se não fosse agora não seria, creio eu, tão cedo.

"Havia, de facto, uma espécie de sentimento de orfandade espalhado pelos militantes que ansiavam José Sócrates entre nós e é com enorme satisfação que todos quererão dar um abraço ao secretário-geral do PS", disse Agostinho Soares. Nem mais. Abraços é o que é preciso, embora a gripe A aconselhe a ter alguns cuidados de proximidade.

"Naturalmente que vai atenuar o sentimento de orfandade, porque não só entre os militantes se falava da necessidade da presença do secretário-geral, como também entre as pessoas mais ou menos próximas do PS não havia quase dia nenhum que não se falasse da necessidade e do quanto que era bom que ele cá viesse mostrar a confiança nos socialistas madeirenses", acrescentou.

O PS espera ter 15 mil pessoas na Fonte do Bispo que, para além da parte de animação e musical com Paco Bandeira e João Portugal, terá a componente política com intervenções de vários dirigentes regionais.

Paco Bandeira deverá brindar os presentes com a conhecida canção, “Ó Elvas, ó Elvas... derrota à vista”.

De traição em traição se faz a (pequena) história de alguns generais como Nunda

Quem matou Jonas Savimbi? Não só, mas sobretudo militares a quem Savimbi ensinou tudo e que, por um prato de lagostas, o trairam. Entre eles o próprio Geraldo Sachipengo Nunda (foto).

Segundo contou ao Semanário Angolense o vice-chefe do Estado-Maior General das FAA, general Geraldo Sachipengo Nunda, baseando-se em testemunhos e relatos de soldados e oficiais que estiveram directamente na acção que resultou na morte de Jonas Savimbi, ao fim de vários dias no encalço da coluna do lide da UNITA, este foi surpreendido no momento exacto e que descansava numa tenda de campanha acabadinha de montar, na suposição de que havia ludibriado os seus perseguidores.

E quem eram os perseguidores? Não só, mas sobretudo militares a quem Savimbi ensinou tudo e que, por um prato de lagostas, o trairam. Entre eles o próprio Geraldo Sachipengo Nunda.

«Ele saiu da tenda a correr, mas alguém disse que era Jonas Savimbi que ia a correr. Então, a tropa atira e ele cai de frente mas não morre.Depois virou-se e, ainda de joelhos, disse:“sou eu, não me matem”», contou o general Nunda, também ele um traidor, certamente orgulhoso de ter contribuído para a morte do Homem que lhe ensinou tudo o que sabe.

Segundo Geraldo Sachipengo Nunda, outros dois antigos coronéis das FALA, Kivo e Calado, também comprados pelo MPLA a troco da traição não só a Savimbi como a uma grande parte do povo angolano, estiveram na última linha de combate em perseguição de Savimbi, e viram-no a sucumbir aos disparos.

Uma hora depois do líder rebelde ter expirado, já o general Nunda (certamente com mais uma estrela nos ombros), que estava em permanência no posto de comando dessa operação em Luena, chegava ao local na companhia de outros altos responsáveis militares governamentais, entre os quais os generais Kopelipa e Hanga, bem como o subcomissário Panda.

Não se sabe ao certo, mas é curial pensar-se que Geraldo Sachipengo Nunda tenha manifestado a sua satisfação pela morte de Savimbi, não fosse o MPLA arrepender-se das mordomias que lhe dera.

Seja como for, Geraldo Sachipengo Nunda está muito bem onde está e terá sempre consigo os louros de ter traído Jonas Savimbi, a UNITA e o povo que ela representava. E cesteiro que faz um cesto...

sábado, agosto 22, 2009

Um mamarracho na Igreja dos Clérigos

Obra famosa pela sua torre e com a qual forma um conjunto arquitectónico muito conhecido na cidade do Porto (Portugal), a Igreja dos Clérigos é um edifício barroco projectado pelo arquitecto Nasoni que, julgo eu, nunca pensou ver lá o relógio que a foto documenta.

A história da Igreja dos Clérigos, remonta à Irmandade dos Clérigos, que se havia instituído no Porto. A Irmandade resultou da fusão de três instituições de beneficência criadas na cidade durante o século XVII, com a finalidade de socorrer clérigos em dificuldades. Creio eu, contudo, que nessa altura o relógio seria outro...

Eram elas a Confraria dos Clérigos Pobres de Nossa Senhora da Misericórdia, fundada em 1630; a Irmandade de S. Filipe de Nery, fundada em 1665; e por último, a Confraria dos Clérigos de S. Pedro. A nova instituição acabaria logo por juntar, através de esmolas e outras dádivas, capital próprio, mas faltava-lhes uma casa própria ou uma igreja para as suas funções religiosas, pois na altura a instituição funcionava na Igreja da Misericórdia, no Porto.

É, precisamente a 31 de Maio de 1731 que se realiza uma assembleia-geral, presidida por D. Jerónimo Távora e Noronha, principal mecenas de Nasoni, com a finalidade de se decidir sobre a proposta da construção de uma nova igreja para a Irmandade dos Clérigos. Sem aquele relógio, está bom de ver (julgo eu).

Para a construção do novo templo, a Irmandade aceitaria uma doação de um terreno baldio situado no cimo de uma calçada que ia da fonte de Arca até ao Adro dos Enforcados (um terreno fora da antiga muralha fernandina, onde eram sepultados os criminosos sentenciados na forca e os que morriam fora da religião; devido à nova construção da igreja e torre dos Clérigos, aquele adro foi mudado para outro lugar, junto aos terrenos do Hospital de Santo António).

Foi nomeada igualmente uma comissão de quatro irmãos para administradores dessa obra. As propostas para o título de padroeira da igreja foram três: Senhora do Socorro, Senhora das Necessidades ou Senhora da Assunção, ficando esta última.

A primeira pedra da igreja é lançada no dia 23 de Junho de 1732 (não se sabe a hora porque não existia o relógio...), justamente na presença do arquitecto Nicolau Nasoni, tocando todos os sinos dos diferentes templos da cidade ao mesmo tempo para comemorar esse facto.

As obras começaram a seguir a bom ritmo, mas ao fim de algum tempo ficaram totalmente paradas. A razão deveu-se provavelmente a várias intrigas movidas pelo pároco de Santo Ildefonso, preocupado com a ocorrência que o novo templo vinha a estabelecer. Ou por fata do relógio...

A expulsão do mestre pedreiro António Pereira, aliado do referido pároco e a sua substituição por Miguel Francisco da Silva não alterou grandemente o estado das obras. Em 1745, numa vistoria, não foram aprovados os alicerces da frontaria e decidiu-se então que tudo se desfizesse e fosse tudo refeito de novo com a grandeza que a obra parecia merecer.

(...) A obra é um notável exemplo da síntese da arquitectura barroca e rocaille do Norte de Portugal... agora violentada no seu interior pela peregrina ideia de lá colocar aquele relógio, um verdadeiro mamarracho que violenta o interior da Igreja. Digo eu, como é óbvio.

Fernando Lelo come e cala ou, se o não fizer,
pode chocar contra uma pobre bala perdida

As autoridades angolanas (ou seja, as do MPLA) libertaram da prisão militar do Iabi, em Cabinda, o jornalista Fernando Lelo que fora condenado a 12 anos de cadeia, alegadamente por ter atentado contra a Segurança de Estado que, no caso de Cabinda, é uma força ocupante.

A libertação deveu-se, ao que parece, à conclusão de que a prisão resultou de vários excessos dos serviços de segurança no território ocupado por Angola.

Há cerca de dois meses os juízes tinham sido postos ao corrente das irregularidades que levaram à detenção do mesmo mas, entretanto, a sua libertação ficou dependente das garantias de que o jornalista não iria processar o Estado.

Ao que tudo indica, Fernando Lelo não vai intentar qualquer acção judicial contra as autoridades angolanas, não porque não tenha matéria de facto suficiente, mas porque se o fizer porá em risco a sua própria vida.

Se acaso pensasse que Angola é um Estado de Direito (tal ideia não abonaria a sua inteligência), Fernado Lelo não teria dificuldade em provar a sua razão. Mas como ele sabe em que país vive, optará por se calar ou, eventualmente, adiar o confronto.

Aliás, à boa maneira da democracia reinante no MPLA e, consequentemente, em Angola, Lelo foi devidamente esclarecido que ou comia e calava ou voltaria a bater com os costados nas prisões do regime.

Fernando Lelo foi preso em 15 de Novembro de 2007, no seu local de trabalho em Cabinda pelas forças ocupantes de Angola, de forma ilegal e clandestina e compulsivamente transferido para a cadeia militar de S. Paulo em Luanda. Em 31 de Março deste ano foi transferido para Cabinda de modo a estar mais longe da capital.

O julgamento, apesar de feito à medida do MPLA, não provou nenhuma das acusações proferidas pelo Ministério Público, nomeadamente, o seu apoio material e moral à guerrilha. Pelo contrário, ficou demonstrado que no dia em que os factos relatados ocorreram, Lelo estava a trabalhar, havendo registo mecanográfico da sua presença no local de serviço.

Fernando Lelo cometeu, contudo, vários “crimes”. Desde logo foi colaborador da Voz da America, facto só por si passível de condenação maior ao abrigo das leis ditatoriais do regime que governa Angola desde 1975.

Além disso, fez parte de um grupo próximo a Flec e recusou juntar-se a essa outra farsa que dá pelo nome de Bento Bembe. As duas coisas juntas são consideradas pelo regime como um crime de extrema gravidade. Tão grave que, apesar de ser civil, foi julgado num tribunal militar.

E assim se faz a história de Angola onde é impossível, porque são uma e a mesma coisa, saber onde acaba o MPLA e começa o Estado. Onde continua a haver angolanos de primeira (os do MPLA), de segunda (os que não são do MPLA) e de terceira (os que são da UNITA, da FNLA e dos outros partidos).

sexta-feira, agosto 21, 2009

MPLA e Estado são uma e a mesma coisa(Mário Pinto de Andrade merecia melhor)

O acervo do nacionalista Mário Pinto de Andrade, que viveu entre os anos 1928 a 1990, foi hoje, em Luanda, entregue ao MPLA e ao Estado angolano. Ao MPLA e ao Estado angolano, registe-se.

A cerimónia de entrega decorreu na sede do MPLA, sob orientação do seu secretário-geral, Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse", e da ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, e foi presenciada por participantes do processo dos 50, deputados a Assembleia Nacional, membros do Bureau Político e do Comité Central do partido.

O acervo, já devidamente estruturado e digitalizado pela Fundação Mário Soares, é composto de cinco mil páginas, onde constam a documentação pessoal, incluindo passaportes com dados falsos, académica, política, cultural e correspondências trocadas com outros nacionalistas, entre os quais António Agostinho Neto, primeiro presidente de uma das duas repúblicas declaradas a 11 de Novembro de 1975.

Na cerimónia, Henda do Carmo, filha de Mário Pinto de Andrade, falou do nacionalista como combatente da liberdade e pediu para que se mantêm vivo os seus ideais.

Para ela, Mário Pinto de Andrade defendia o direito a liberdade de todos os cidadãos, incluindo o de manifestação de ideias políticas, culturais, entre outras.

Já o nacionalista Fernando da Costa Andrade "Ndunduma" defendeu a necessidade de preservar e divulgar os feitos daqueles que se debateram pela conquista da independência do continente africano.

"Deve-se transmitir sobretudo às crianças e jovens, de modo a darem continuidade à história", explicou o político, que destacou os feitos de António Agostinho Neto, António Jacinto, Viriato Cruz e Mário Pinto de Andrade, este último homenageado hoje por ocasião do seu octogésimo aniversário natalício.

Mário Pinto de Andrade foi presidente do MPLA entre os anos 1960 a 1962 e deixa, entre outras obras, "A Guerra do Povo na Guiné Bissau", "Antologia Temática de Poesia Africana", "Caderno de Poesia Negra de Expressão Portuguesa".

Entre 1949 e 1952, juntamente com Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Francisco José Tenreiro, Alda Espírito Santo, entre outras figuras da época, Mário Pinto de Andrade promoveu actividades culturais, na então Casa dos Estudantes do Império, no Clube Marítimo e no Centro de Estudos Africanos, em Lisboa, sob o signo da "redescoberta" de África.

Que parte foi entregue ao MPLA? Que parte foi entregue ao Estado angolano? O que é que isso importa? Se MPLA e Estado são uma e a mesma coisa, seja feita a vontade aos donos do poder...

Creio, no entanto, que Mário Pinto de Andrade merecia mais e melhor. Merecia que o seu acervo fosse simplesmente entregue ao seu Povo: os angolanos.

Vermelho de sangue sem fé

Nos córregos da esperança fecundei o olhar de um país de sonho sem qualquer latitude. A quimera era apenas uma lança que feria de morte a raiz de uma tão cobarde atitude.

A minha criança negra recusa pétalas celestes de amanhã nascidas da nossa terra queimada. Sonhar é algo que não se usa porque até a esperança é vã e a vida uma morte alada.

Huambo, Huíla, Benguela, mapa acéfalo de recortes e de pitangas mais agrestes. Amorfismo da minha cela, de grades feitas de mortes sem cruz, beijos ou vestes.

Tulemba, espírito reinante, irmão ganguela do passado, passado mortífero que assola. Jamais a Mãe preta será amante daquele espírito bom e amado do avoengo Ginga ou Txissola.

Quimera sim do Upuango, qual Kissange nas noites do Bié, na negridão da noite Luena. Nosso, esse rio Cubango vermelho de sangue sem fé, negro de vida nada serena.

Se a mentira fosse um sinónimo de riqueza
Moçambique seria muito, mas muito, rico!

A FRELIMO, partido no poder desde que Moçambique se tornou independente, considerou hoje que "a corrupção desapareceu" das instituições do Estado em Moçambique, como resultado da campanha que empreendeu nos últimos cinco anos contra o fenómeno.

Se a mentira fosse sinónimo de riqueza, certamente Moçambique seria dos países mais ricos do mundo.

A FRELIMO esquece-se que, neste momento, Estado e FRELIMO são – infelizmente para os moçambicanos – uma e a mesma coisa. Além disso, com afirmações deste género está a tentar passar um atestado de menoridade e de estupidez ao povo que, todos os dias, comprova que a corrupção nas instituições do Estado é pão nosso (deles) de todos os dias.

O suborno aos funcionários públicos tem sido apontado por organizações nacionais e internacionais como um dos maiores flagelos do Estado moçambicano, entre muitos outros, entre quase todos os países africanos.

O porta-voz da FRELIMO, Edson Macuácuá, apontou hoje "a transparência" no sector público como uma das conquistas dos últimos cinco anos, quando falava aos jornalistas, à margem da IV sessão do Comité Central do partido, que decorre desde quinta-feira na Matola, a cerca de 20 quilómetros de Maputo.

"A corrupção desapareceu do sector público em Moçambique. Os cidadãos já não se sentem pressionados a tirar dinheiro para verem os seus problemas resolvidos na saúde e na educação" sublinhou Edson Macuácuá.

Numa coisa, reconheço, Edson Macuácuá tem razão. Os moçambicanos “já não se sentem pressionados a tirar dinheiro para verem os seus problemas resolvidos”. E não são pressionados porque já entendem o suborno como algo tão natural como respirar. Já o fazem sem qualquer tipo de pressão.

O porta-voz do partido disse ainda que os últimos cinco anos de governo da FRELIMO imprimiram a descentralização e desconcentração das atribuições dos órgãos centrais do Estado para os órgãos locais, permitindo a apropriação pelas comunidades do processo de combate à pobreza.

"A governação dos últimos cinco anos assentou na ampla participação dos cidadãos. Essa metodologia gerou ganhos no combate à pobreza absoluta no país", afirmou Edson Macuácuá.

Também é verdade. Os poucos que têm milhões continuam a ter mais milhões, os milhões que têm pouco continuam a ter cada vez menos.

Foto: Ponte (pois claro!) Armando Guebuza no rio Zambeze

Paz de barriga vazia é mais do que meio caminho andado para todas as guerras!

África vive nesta altura um período quase generalizado de paz e sossego. Será para durar? Todos, ou quase, esperamos que sim. Todos, ou quase, tememos que não.

Não há notícias graves do Chade, do Quénia, do Sudão, da República Centro-Africana, do Ruanda, da Etiópia, da Somália. É bom sinal e, se calhar, tempo para pensar.

Pensemos então. Se calhar a comunidade internacional e sobretudo a velha Europa (de onde saíram as antigas potências coloniais de África) continuam a dormir descansadas, a comer do bom e melhor e ir negociando a venda de armas para que eles, os africanos, posam voltar a matar-se uns aos outros e ela possa ficar com as riquezas do continente.


Como se África já não tivesse problemas que cheguem, a comunidade internacional (Europa, EUA, ONU) deve estar a pensar como voltar a incendiar, ou a fornecer o fogo, este mártir continente. Como convém, a fome continua lá e para provocar mais umas guerras pouco mais é preciso.

O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, certamente voltará a dizer um dias destes (espero que não) que “é necessária uma acção internacional urgente para pressionar as partes em conflito e todas as pessoas envolvidas no terreno a deixarem as agências humanitárias trabalharem em segurança. Milhares de vidas dependem disso”.

Certamente obterá a garantia oficial de que a comunidade internacional tudo fará para acabar com estes sucessivos genocídios. Mas, a fazer fá nos exemplos mais recentes, o que, na verdade, EUA, Europa, ONU querem dizer é: “que se lixem, são pretos”.

Pois são. E depois venham falar de terrorismo no Ocidente, da al-Qaeda, de Bin Laden.