sexta-feira, agosto 21, 2009

Vermelho de sangue sem fé

Nos córregos da esperança fecundei o olhar de um país de sonho sem qualquer latitude. A quimera era apenas uma lança que feria de morte a raiz de uma tão cobarde atitude.

A minha criança negra recusa pétalas celestes de amanhã nascidas da nossa terra queimada. Sonhar é algo que não se usa porque até a esperança é vã e a vida uma morte alada.

Huambo, Huíla, Benguela, mapa acéfalo de recortes e de pitangas mais agrestes. Amorfismo da minha cela, de grades feitas de mortes sem cruz, beijos ou vestes.

Tulemba, espírito reinante, irmão ganguela do passado, passado mortífero que assola. Jamais a Mãe preta será amante daquele espírito bom e amado do avoengo Ginga ou Txissola.

Quimera sim do Upuango, qual Kissange nas noites do Bié, na negridão da noite Luena. Nosso, esse rio Cubango vermelho de sangue sem fé, negro de vida nada serena.

3 comentários:

emiliarebelo disse...

parabens lando este poema esta lindo

Orlando Castro disse...

Obrigado Emília.

Vindo de ti sei que é um elogio sincero, sentido e sofrido pelo que amamos lá longe na nossa terra.

Um beijo,

Orlando

Anónimo disse...

Embora não entenda algumas palavras que escreveu, entendi apenas que é das coisas mais bonitas, tocantes, tristes e verdadeiras que já li.
Faz cair as lágrimas...
Ainda bem que há pessoas como o Orlando.