África vive nesta altura um período quase generalizado de paz e sossego. Será para durar? Todos, ou quase, esperamos que sim. Todos, ou quase, tememos que não.
Não há notícias graves do Chade, do Quénia, do Sudão, da República Centro-Africana, do Ruanda, da Etiópia, da Somália. É bom sinal e, se calhar, tempo para pensar.
Pensemos então. Se calhar a comunidade internacional e sobretudo a velha Europa (de onde saíram as antigas potências coloniais de África) continuam a dormir descansadas, a comer do bom e melhor e ir negociando a venda de armas para que eles, os africanos, posam voltar a matar-se uns aos outros e ela possa ficar com as riquezas do continente.
Como se África já não tivesse problemas que cheguem, a comunidade internacional (Europa, EUA, ONU) deve estar a pensar como voltar a incendiar, ou a fornecer o fogo, este mártir continente. Como convém, a fome continua lá e para provocar mais umas guerras pouco mais é preciso.
O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, certamente voltará a dizer um dias destes (espero que não) que “é necessária uma acção internacional urgente para pressionar as partes em conflito e todas as pessoas envolvidas no terreno a deixarem as agências humanitárias trabalharem em segurança. Milhares de vidas dependem disso”.
Certamente obterá a garantia oficial de que a comunidade internacional tudo fará para acabar com estes sucessivos genocídios. Mas, a fazer fá nos exemplos mais recentes, o que, na verdade, EUA, Europa, ONU querem dizer é: “que se lixem, são pretos”.
Pois são. E depois venham falar de terrorismo no Ocidente, da al-Qaeda, de Bin Laden.
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