O acervo do nacionalista Mário Pinto de Andrade, que viveu entre os anos 1928 a 1990, foi hoje, em Luanda, entregue ao MPLA e ao Estado angolano. Ao MPLA e ao Estado angolano, registe-se.
A cerimónia de entrega decorreu na sede do MPLA, sob orientação do seu secretário-geral, Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse", e da ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, e foi presenciada por participantes do processo dos 50, deputados a Assembleia Nacional, membros do Bureau Político e do Comité Central do partido.
O acervo, já devidamente estruturado e digitalizado pela Fundação Mário Soares, é composto de cinco mil páginas, onde constam a documentação pessoal, incluindo passaportes com dados falsos, académica, política, cultural e correspondências trocadas com outros nacionalistas, entre os quais António Agostinho Neto, primeiro presidente de uma das duas repúblicas declaradas a 11 de Novembro de 1975.
Na cerimónia, Henda do Carmo, filha de Mário Pinto de Andrade, falou do nacionalista como combatente da liberdade e pediu para que se mantêm vivo os seus ideais.
Para ela, Mário Pinto de Andrade defendia o direito a liberdade de todos os cidadãos, incluindo o de manifestação de ideias políticas, culturais, entre outras.
Já o nacionalista Fernando da Costa Andrade "Ndunduma" defendeu a necessidade de preservar e divulgar os feitos daqueles que se debateram pela conquista da independência do continente africano.
"Deve-se transmitir sobretudo às crianças e jovens, de modo a darem continuidade à história", explicou o político, que destacou os feitos de António Agostinho Neto, António Jacinto, Viriato Cruz e Mário Pinto de Andrade, este último homenageado hoje por ocasião do seu octogésimo aniversário natalício.
Mário Pinto de Andrade foi presidente do MPLA entre os anos 1960 a 1962 e deixa, entre outras obras, "A Guerra do Povo na Guiné Bissau", "Antologia Temática de Poesia Africana", "Caderno de Poesia Negra de Expressão Portuguesa".
Entre 1949 e 1952, juntamente com Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Francisco José Tenreiro, Alda Espírito Santo, entre outras figuras da época, Mário Pinto de Andrade promoveu actividades culturais, na então Casa dos Estudantes do Império, no Clube Marítimo e no Centro de Estudos Africanos, em Lisboa, sob o signo da "redescoberta" de África.
Que parte foi entregue ao MPLA? Que parte foi entregue ao Estado angolano? O que é que isso importa? Se MPLA e Estado são uma e a mesma coisa, seja feita a vontade aos donos do poder...
Creio, no entanto, que Mário Pinto de Andrade merecia mais e melhor. Merecia que o seu acervo fosse simplesmente entregue ao seu Povo: os angolanos.
2 comentários:
Nada de admirar num partido de origem comunista, o mesmo partido sobre o qual o historiador angolano Carlos Pacheco disse ser um partido protofascista.
A memória de Mário Pinto de Andrade, este sim um verdadeiro angolano porque conhecia bem génese cultural e social de Angola, terá de ser bem escondida e porventura destruída para que não se desmascare a vergonha que foi a "liderança" de Agostinho Neto e de quem lhe sucedeu. A memória de Mário Pinto de Andrade será sempre uma bofetada na memória daqueles que o perseguiram no partido e dos que hoje em dia tentam, com o maior dos despudores, aproveitar-se dela em benefício próprio.
Se o camarada Mário Pinto de Andrade foi um GRANDE nacionalista, porque razão o MPLA tem medo de explicar por que motivo este partido não deixou o nosso camarada ser governante em sua própria terra, lê-se - Angola, e foi obrigado pelo seu próprio partido a exilar-se, ser recebido pelo PAIGC, e ter cargo no governo da Guiné?
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