sábado, fevereiro 28, 2009

Marcas que ficam, trabalhadores que vão

In:
http://www.controlinveste.pt/Pt/Imprensa/NoticiaInterior.aspx?content_id=1155910

«A evolução acentuadamente negativa do mercado dos media, em particular na área da imprensa tradicional, e a profunda quebra de receitas do sector impõem à Global Notícias Publicações e à Jornalinveste Comunicação uma opção difícil mas inadiável: iniciar um processo de despedimento colectivo que abrange 122 colaboradores, em diferentes áreas das duas empresas.

Trata-se de uma decisão que, ponderando o respeito e a dignidade de todos os envolvidos, é assumida na plena consciência dos custos sociais que provoca, mas também na certeza de que só uma empresa viável, económica e financeiramente saudável, pode garantir a sobrevivência de várias centenas de postos de trabalho e a continuidade dos inestimáveis serviços que os nossos jornais, alguns deles centenários, vêm prestando à comunidade, com qualidade e independência.

É hoje impossível ignorar a profunda retracção dos mercados de media, que se tem vindo a agravar nos últimos meses, particularmente na área da imprensa, no quadro de uma crise global cujos efeitos directos e indirectos já atingem todos os sectores económicos.

Com este pano de fundo, têm vindo a desenvolver-se um conjunto de acções de reestruturação, a todos os níveis, que todavia se têm revelado ainda insuficientes para permitir inverter os desequilíbrios existentes.

É, pois, responsabilidade da Administração assumir a urgência de respostas adequadas, tornando-se indispensável ir mais longe nas suas políticas de contenção de custos e de reestruturação, de modo a ultrapassar os obstáculos de mercado e de conjuntura. Naturalmente, que além desta medida, tão difícil, outras foram e serão tomadas.

Ciente da acrescida responsabilidade social que lhe advém do facto de gerir um grupo de media cujo objecto tem associado um conceito de serviço à colectividade, e que lhe impõe a ponderação de valores, princípios e mais exigentes critérios éticos, a Administração garante aos seus colaboradores, clientes, parceiros e à sociedade portuguesa em geral que tudo fará para garantir a sustentabilidade das suas empresas e a perenidade dos seus principais títulos, assegurando que a legalidade no processo ora iniciado será respeitada.

A Administração
Porto, 15 de Janeiro de 2009»

In

Em matéria de comunicação social
José Sócrates é mestre dos mestres

O deputado do PSD Luís Campos Ferreira condenou hoje as “ameaças” e “tentativas de condicionamento” da comunicação social por parte do primeiro-ministro, acusando José Sócrates de ter uma “personalidade política bipolar”.

Não exagerem. Sócrates não precisa de ameaçar e, por isso, não ameaçou. Sócrates não precisa de condicionar e, por isso, não condicionou.

Campos Ferreira disse também que as afirmações de José Sócrates surgem na sequência das “tontarias” do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, de “critica e insulto a alguns orgãos de comunicação social que não obedecem à cartilha”.

Convenhamos que são cada vez menos os que não obedecem à cartilha. Aliás, se este PS voltar a ganhar as eleições, o certo é que acabem todos aqueles que não obedecem. Se numa legislatura fizeram o que fizerem, em duas será o fim da liberdade e da diversidade de opiniões.

Nesta matéria, o PSD ainda tem de aprender muito com o PS. Em matéria da manipulação que faz em alguma comunicação social, Sócrates chegou tão cedo que a Oposição ainda não deu por isso.

O Governo do soba maior José Sócrates chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”.

O Governo do soba maior José Sócrates chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente".

O Governo do soba maior José Sócrates chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, vender o acessório e demitir o essencial, vender o socialismo e demitir o realismo, vender a embalagem vazia.

O Governo do soba maior José Sócrates chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, convencer os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista de barriga cheia do que um ilustre Jornalista com ela vazia.

O Governo do soba maior José Sócrates chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, convencer os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe (socialista, obviamente).

O Governo do soba maior José Sócrates chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, mostrar aos Jornalistas que ter um cartão do PS é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.

Se até os chineses têm o direito de criticar...

Tal como em Portugal, também o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, diz qualquer coisa como: olhai para o que digo e não para o que faço.

De facto, Jiabao declarou hoje no seu primeiro encontro com internautas do país, que os chineses "têm direito a criticar o Governo".

Wen Jiabao, que apenas pôde responder a algumas das dezenas de milhar de perguntas que lhe foram dirigidas desde que o "histórico" chat foi anunciado hoje de manhã, afirmou que a população "tem o direito de saber o que o governo está a fazer e a pensar e a expressar as suas críticas acerca da política governamental".

Cópia fiel do que se passa nas ocidentais praias lusitanas a norte, embora cdada vez mais a sul, de Marrocos.

O primeiro-ministro, que goza de grande popularidade entre os chineses, seleccionou duas dezenas de perguntas entre as mais de 14 mil que os internautas emitiram e manteve a conversação através dos portais Web da agência noticiosa oficial - "Xinhua" - Nova China (www.xinhuanet.com) - e do Governo (
http://www.gov.cn/).

A China é o país com mais internautas do Mundo, com 300 milhões, e apesar da limitações que sofre com a censura a internet é o meio de expressão mais utilizado pelo chineses, pelo menor controlo estatal que tem, comparado com outros meios de comunicação.

Nas tais ocidentais praias, a censura é outra. Mais subtil, mais engenhosa, mais... Augusto Santos Silva.

E então Hugo Chávez não vem?
- Será por culpa do Magalhães?

O partido do presidente venezuelano Hugo Chávez não consta da lista de convidados internacionais presentes no XVI Congresso do PS português que decorre em Espinho. Que pena! Mas não faltam ilustres correligionários, como é o caso do MPLA.

Cá para mim e à socapa (como é timbre da equipa de Sócrates) Hugo Chávez vai ser o representante especial do primeiro-ministro de Portugal na reunião de líderes da União Europeia, que vai decorrer amanhã, em Bruxelas...

A presença de convidados internacionais é uma das mais significativas da história do PS, como destacou o presidente do partido, Almeida Santos, mas o Partido Socialista Unido da Venezuela, de Hugo Chávez, não se fez representar em Espinho, apesar de ter sido oficialmente convidado.

Marcam presença no congresso de Espinho representantes de Angola, Brasil, Bulgária, Cabo Verde, China, Espanha, França, Grécia, Guiné-Bissau, Holanda, Itália, Marrocos, Polónia, S. Tomé e Príncipe, Suécia, Tunísia, Turquia e Ucrânia.

Não sei qual foi a razão para o PS do Burkina Faso estar ausente. Vou indagar. Talvez Augusto Santos Silva explique a razão da ausência. Se calhar, digo eu, quando ouviram falar em “malhar” resolveram ficar em casa.

A delegação chinesa é a mais numerosa, com o Comité Central do Partido Comunista Chinês a fazer-se representar pelo director do Centro de Investigações de Documentos, Leng Rong, a sub-directora geral do Departamento Internacional, Yu Xiaoxuan, o sub-chefe de Divisão do Centro de Investigações de Documentos, Wang Jianwu, e o sub-Chefe de Divisão do Departamento Internacional, Ouyang Xuemei. Também o Primeiro Secretário da Embaixada, Hao Qingzhu, integra a delegação chinesa.

O MPLA angolano está representado pelo Secretário Internacional, Paulo Teixeira Jorge e pelo Chefe da Divisão do Departamento de Relações Internacionais, Manuel Pedro Chaves.

Do Brasil marcam presença o Secretário-Geral do PDT, Manoel Dias, e o Representante do PT em Portugal, Manuel Andrade. Cabo Verde marcará presença através Secretário Internacional do PAICV e Ministro do Ambiente, José Maria Veiga, e pelo Representante do PAICV em Portugal, Joaquim Neves.

Ainda na área dos países lusófonos o destaque vai para a presença de Joaquim Rafael Branco, presidente do MLSTP/PSD e primeiro-ministro de São Tomé e Princípe.

Diz-me quem convidas e saberei em quem votar.

Pós-graduação em gestão da comunicação

As áreas de media e entretenimento vão ser alvo de uma pós-graduação "pioneira" em Portugal que pretende focar os alunos na parte empresarial da comunicação como forma de inovar os modelos de gestão do sector.

A pós-graduação arranca a 20 de Março na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, e é coordenada pelos investigadores Paulo Faustino e Rogério Santos.

"Apesar de haver alguns estudos publicados na área, esta pós-graduação pretende suprimir uma lacuna de mercado na oferta deste tipo de formação", explicou à Lusa o também professor de economia e gestão dos media Paulo Faustino.

Sublinhando tratar-se de uma pós-graduação "pioneira" em Portugal pela "introdução académica da parte económica e empresarial da actividade da comunicação", Paulo Faustino lembra que o actual cenário de crise na indústria levanta diversas questões de adaptação de novas formas de negócio.

"A questão-chave que a actual crise levanta é o acelerar de um pensamento sobre como desenvolver um novo modelo de negócio menos dependente da publicidade", defendeu o investigador.

Uma das soluções para superar a crise é, segundo avançou, definir as empresas de media e entretenimento "como produtoras de conteúdos" mas também "como disseminadoras desses conteúdos, o que pode passar por organização de conferências, acções de merchandising ou eventos".

Paulo Faustino não vê um fim próximo para a actual crise do mercado da comunicação e, por isso, "ao invés de fazer previsões prefere pensar na forma como esta crise pode induzir os meios de comunicação social a inovar os seus modelos de gestão".

De entre os candidatos até ao momento encontram-se redactores de órgãos de comunicação social, pessoas ligadas à gestão de empresas bem como recém-licenciados que pretendem prosseguir estudos sobre a indústria da comunicação.

O curso - cujo projecto foi nasceu durante a 8ª Conferência Mundial de Economia e Gestão dos Media, realizada na UCP em de Maio de 2008 - faz parte de um "modelo estratégico" da universidade, que tem ainda um "conjunto de outros projectos a ser desenvolvidos na área", adiantou Paulo Faustino.

As aulas serão apresentadas por docentes nacionais mas também por especialistas nacionais e internacionais na área como o cice-presidente da comissão executiva da Impresa, Pedro Norton, o administrador da Sojormedia/Grupo Lena Francisco Santos, o administrador da produtora Música no Coração Luís Montez ou o pivot da TVI Pedro Pinto.

Além deste nomes contam-se ainda especialistas internacionais como o director do International Journal of Media Management, Alan Albarran, o professor de jornalismo da Faculdade de Ciências da Informação na Universidade Complutense de Madrid, Fernando Miguel Peinado e o perito em economia dos media Robert Picard.

"Estes são alguns dos docentes convidados pela sua experiência em projectos académicos similares a nível internacional", concluiu o coordenador da pós-graduação.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

José Sócrates quer dar ao “Omo”
o êxito do seu querido Magalhães

O secretário-geral do PS queixou-se hoje de ser alvo de sucessivas campanhas negras contra a sua dignidade e honra. E tem razão. Por serem tão negras é que, quando falo de Portugal, foge-me a palavra e por regra só me vem à cabeça o Burkina Faso.

"Há um combate a travar pela decência da nossa vida democrática. Quero dizer-vos que também estou aqui porque não podemos deixar que vençam aqueles que fazem política com as armas da calúnia, da difamação e dos ataques pessoais", declarou José Sócrates no seu primeiro discurso no congresso do PS, em Espinho.

De facto, a decência é algo que anda distante da política portuguesa. Tão distante que eu sei que a minha liberdade termina onde começa a do primeiro-ministro, mas o primeiro-ministro não sabe que a sua liberdade termina (ou deveria terminar) onde começa a minha.

Sócrates frisou que a democracia vive do "confronto das ideias, do debate, franco e leal, da força das convicções, e do respeito pelos adversários políticos".

Confronto de ideias desde que as ideias dos outros não colidam com as de José Sócrates. Debate? Sim, desde que não se alterem as verdades postas a debate pelos donos do Poder. Respeito pelos adversários políticos? Onde? Ah. No Burkina Faso.

O secretário-geral do PS visou também alguma comunicação social que tem resistido à mordaça imposta por Sócrates & Cª (Augusto Santos Silva), dizendo que o poder em democracia está no povo e não "em directores de jornais".

Pois é verdade. Quanto aos directores, adminsitradores e donos de jornais que vão comer à mão de Sócrates & Cª (Augusto Santos Silva) esses, creio eu, são os que utlizam “omo” para banquear a campanha negra e, assim, desempenharem um papel essencial ao bem estar da Nação.

"Umas atrás de outras essas campanhas são sempre desmascaradas e desmentidas. A verdade acabou sempre por vir ao de cima", começou por dizer o líder socialista.

Se a verdade vem sempre ao de cima, não há razões para que José Sócrates tema a acção dos directores de jornais. Aliás, são tão poucos que um dia destes vão também ser obrigados a pensar com a barriga.

Atente-se. Se numa legislatura Sócrates & Cª (Augusto Santos Silva) conseguiu reduzir a liberdade e diversidade de expressão ao seu mais pequeno nível, o que não fará se lá continuar mais outra?

Por alguma razão António Barrero diz que o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, “é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.

Cavaco Silva escolheu o Homem que afirmou:
“Sócrates é a mais séria ameaça à liberdade”

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, nomeou António Barreto como presidente da Comissão do Dia de Portugal e designou a cidade de Santarém como sede das comemorações este ano.

Gostei. Gostei porque, citando António Barreto, “este é o mundo em que vivemos: a mentira é uma arte. Esta é a nossa sociedade: o cenário substitui a realidade. Esta é a cultura em vigor: o engano tem mais valor do que a verdade”.

Gostei. Gostei porque, citando António Barreto, em Portugal “os ex-assessores agora chamados de "Press officers e Media consultants", falam todos os dias com os administradores, directores e jornalistas das televisões, das rádios e dos jornais e escrevem notícias com todos os requisitos profissionais, de modo a facilitar a vida aos jornalistas”.

Gostei. Gostei porque, citando António Barreto, esses ex-assessores “mentem de vez em quando. Exageram quase sempre. Organizam fugas de imprensa quando convém. Protestam contra as fugas de imprensa quando fica bem. Recompensam, com informação, os que se conformam. Castigam, com silêncio, os que prevaricaram. São as fontes. Que inundam ou secam.”

Gostei. Gostei porque, citando António Barreto, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, “é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.

Então qual é a solução? Despedir, despedir

«Jornal de Notícias vendeu mais cerca de 10 mil exemplares em 2008

A maioria das publicações generalistas chegaram ao fim de 2008 com mais exemplares vendidos do que no ano anterior. Dos cinco diários de informação geral, que cresceram 20 mil jornais, foi o Jornal de Notícias que registou a maior subida, de 93790, passando para 101 206 cópias.

Semelhante performance registou o Diário de Notícias, que subiu 3 756 exemplares, situando-se nos 39 993 jornais. Percentualmente, este crescimento representa uma subida de 10,2% e 10,4%, respectivamente, das duas publicações da Controlinveste. Dos diários, o que menos subiu foi o Público, tendo uma variação de 582 cópias (1,4%).

De acordo com os dados divulgados ontem pela Associação Portuguesa para o Controlo e Tiragens (APCT), o semanário Expresso, que continua a ser a publicação generalista com maior circulação paga, registou uma subida de 1,3% para 119 876. Segue-se o Correio da Manhã, com um aumento de 2,6% para 118 353 cópias. O 24 horas cresceu 4,3% para 37 327 jornais. Apenas o semanário Sol não seguiu a tendência, com uma quebra de 4,2% para 46 759.

Nas revistas de informação geral, a Sábado foi a única a crescer, 13,9%, para 74 195 cópias, enquanto que a Visão perdeu 1,2%, para 100 202, e a Focus caiu 23,1%, para 11 307.

Na área financeira, o Diário Económico cresceu 1684 exemplares, o Semanário Económico 1225 e o Jornal de Negócios 986.

Já no caso dos desportivos, as duas publicações diárias (A Bola não é auditada pela APCT), O Jogo e o Record registaram uma quebra. O primeiro de 8,2% e o segundo de 3,5%. »

In:

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Isto é que vai uma crise!

Olhando para o Jornal de Notícias, verifica-se que, diz o próprio jornal, «foram lidos mais jornais diários no último trimestre de 2008, muito graças à subida do "Jornal de Notícias". Quanto ao período estudado anteriormente pela Marktest, o JN foi o que registou um salto maior na audiência.»

Se vender mais 10 mil exemplares por dia
não evita despedimentos, encerre-se o país

Os cinco diários generalistas portugueses venderam no ano passado mais 20 mil exemplares por dia do que em 2007, tendo todos os títulos registado crescimentos, segundo o relatório do organismo que controla a circulação da imprensa, hoje divulgado.

E, neste caso, vender mais significa para alguns despedir os que fazem esses jornais. É caso para dizer que o crime compensa ou... é fartar vilanagem.

De acordo com a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragens e Circulação (APCT), todos os diários generalistas melhoraram as suas vendas, com o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias (nos quais, tal como no 24 Horas e O Jogo, decorre um processo de despedimento colectivo envolvendo 119 profissionais) a protagonizarem as maiores subidas.

No total, os cinco jornais - Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Correio da Manhã, Público e 24 Horas - venderam mais 5,7 por cento em 2008, somando quase 340 mil unidades por edição.

Os maiores crescimentos foram registados pelo Diário de Notícias e pelo Jornal de Notícias, que aumentaram as suas vendas em mais de 10 por cento em relação a 2007, o que não os impediu de serem incluídos no processo de despedimentos que o grupo Controlinveste desencadeou no início deste ano.

Segundo o relatório da APCT, o Diário de Notícias passou de vendas de 36.237 exemplares em 2007 para quase 40 mil no ano passado, ou seja, mais 10,4 por cento.

Em termos absolutos, a maior subida foi do Jornal de Notícias, que vendeu, em média, mais 10 mil exemplares diários no ano passado, voltando a ultrapassar a fasquia das 100 mil unidades diárias.

Com uma subida de vendas de 10,2 por cento, o JN passou para uma média de 101.206 exemplares, aproximando-se do líder Correio da Manhã, detido pela Cofina.

Apesar de todos terem aumentado a sua circulação paga (vendas em banca e assinaturas), o Correio da Manhã manteve-se como o diário mais vendido em Portugal, aumentando em 2,6 por cento o número de exemplares comprados por dia e passando para os 118.353.

No terceiro lugar entre os mais vendidos ficou o Público, que protagonizou a menor subida - 1,4 por cento -, tendo vendido em 2008 uma média de 42.346 jornais por dia.

Com um aumento de 4,3 por cento, o 24 Horas - outro dos títulos da Controlinveste - vendeu no ano passado uma média de 37.327 exemplares diários.

Continuem a dá-lo e usem, ou não, vaselina

O “Retrato da Semana” que António Barreto publicou no jornal português Público de 27 de Janeiro de 2008, e já aqui abordado, deveria ser suficiente para fazer rolar algumas cabeças do Governo, a começar pela do primeiro-ministro, bem como de muitos responsáveis pela imprensa (lato sensu).

Nada disso aconteceu, acontece ou acontecerá. E porquê? Porque “este é o mundo em que vivemos: a mentira é uma arte. Esta é a nossa sociedade: o cenário substitui a realidade. Esta é a cultura em vigor: o engano tem mais valor do que a verdade”.

Segundo António Barreto, os ex-assessores agora chamados de "Press officers e Media consultants", falam todos os dias com os administradores, directores e jornalistas das televisões, das rádios e dos jornais e (no que aos jornalistas respeita) “escrevem notícias com todos os requisitos profissionais, de modo a facilitar a vida aos jornalistas”.

Acrescenta António Barreto que “mentem de vez em quando. Exageram quase sempre. Organizam fugas de imprensa quando convém. Protestam contra as fugas de imprensa quando fica bem. Recompensam, com informação, os que se conformam. Castigam, com silêncio, os que prevaricaram. São as fontes. Que inundam ou secam.”

O texto de António Barreto é demolidor para os que, por serem filhos de boa gente, se sentem atingidos. Apesar disso, tudo vai ficar na mesma.

Será porque os jornalistas não são filhos de boa gente? Será porque já não existem jornalistas? Será porque se deixam comprar por um prato de lentilhas? Será porque querem ser “Press officers e Media consultants”?

De facto, por muito que me custe, começo a ver que, ao fim de trinta e tal anos, a minha profissão (não tanto pelo corrupto silêncio dos maus, mas pela indiferença dos bons) está a ser cada vez mais um antro muito mal frequentado.

Talvez agora muitos compreendam o que há anos ando a pregar. Talvez agora os alunos do ISLA de Vila Nova de Gaia se espantem menos com o que eu disse, no passado dia 19 de Novembro, na primeira sessão da iniciativa “Milénio da Comunicação”.

Ou seja, que “o jornalismo está em extinção e no seu lugar aparecem os produtores de conteúdos”.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Ascensão e queda de um Jornal de Notícias

«Há coisas que não mudamos. Como não mudámos no passado. Continuamos fiéis ao nome que ostentamos no cabeçalho e a nossa maior preocupação são as notícias. Se existe algum segredo nas mudanças que temos operado no Jornal de Notícias esse é o de nunca vendermos a alma: procuramos dar voz aos que não têm voz. (...) São princípios claros que exercitamos diariamente em nome dos 115 anos de história em que este jornal se tem afirmado».

Nesta altura, que foi ontem na História do JN, o jornal ainda era líder de vendas e de audiências. Era. Era o primeiro dos primeiros. Hoje é o primeiro dos últimos.

Foi com orgulho que fiz parte da equipa que tornou o JN líder nacional, na altura sob a liderança de Freitas Cruz, Armando da Fonseca e Fernando Martins. Quando o jornal mudou de rumo demiti-me das funções hierárquicas que tinha, regressando às funções de redactor.

Na carta de demissão, expliquei que o JN deixara de ter a sua própria personalidade jornalística, travestindo-se de acordo com a verdade absoluta que, tanto quanto já me parecia na altura, era genética em alguns dos que acabavam de chegar para comandar o porta-aviões.

“Não deve haver na história de Imprensa mundial melhores jornalistas especializados no que os outros (sobretudo os outros do lado de dentro) querem que eles digam, do que os dos JN (salvam-se algumas honrosas excepções)”, escrevi nessa altura.

Acrescentei, igualmente, que “para mal dos nossos pecados, a precariedade profissional de muitos os obriga a aceitar fazer tudo o que o «chefe» manda (mesmo sabendo que este para contar até 12 tem de se descalçar)”, facto que me recusava a aceitar.

Terminava dizendo que “os tempos são (mesmo) outros. Por isso é preciso abalar algumas coisas, antes que essas coisas nos abalem a nós”.

Ninguém quis saber. Todos continuaram a cantar e a rir no convés, enquanto o navio se afundava. Os craques entenderam que não era preciso abalar as coisas. O resultado está à vista. As coias abalaram de tal maneira que o porta-aviões mete água por todos os lados.

Mas enquanto não afundar totalmente, lá vemos os craques a cantar e a rir. Craques que ficaram muito ofendidos quando na despedida à Redacção, o então Director, Frederico Martins Mendes, teve a ousadia de falar no meu nome (ver o seu livro “Memórias de Notícias do Jornal”, página 358).

Ainda há espaço para mais facadas

São muitos, cada vez mais, os que ao meu lado fogem sem pensar e me vão apunhalando, quase sempre pelas costas. São poucos, cada vez menos, os que pensam, sem fugir. Por cada punhalada, recebem uma promoção, uma gratificação, um elogio. Mas, como dizia o Mais Velho, ainda é a dor que nos faz andar, ainda é a angústia que nos faz correr, ainda são as lamúrias e as lamentações, que de vários cantos do país nos chegam, que nos fazem trabalhar; Ainda é a razão dos mais fracos contra os mais fortes que nos faz marchar.

Em Portugal é vital pensar, na horizontal
ou de joelhos, apenas e só com a barriga!

Por alguma razão há cada vez mais “jornalistas” a pensar com a barriga. E, se calhar, até fazem bem. Basta olhar para o que ganham na RTP, a televisão pública (paga por nós), Judite de Sousa (14.720 euros), José Alberto de Carvalho (15.999 euros) ou José Rodrigues dos Santos (14.644 euros).

Além disso, o Presidente da República, Cavaco Silva, recebe mensalmente o salário ilíquido de 10.381 euros e o primeiro-ministro, José Sócrates, recebe 7.786 euros.

Mas numa empresa onde não há crise, sucedem-se os exemplos de como pensar com a barriga é fácil, é barato e dá milhões:

Director de Programas, José Fragoso: 12.836 euros; Directora de Produção, Maria José Nunes: 10.594; Pivôt João Adelino Faria: 9.736; Director Financeiro, Teixeira de Bastos: 8.500; Director de Compras, Pedro Reis: 5.200; Director do Gabinete Institucional, Afonso Rato: 4.000; Paulo Dentinho, jornalista: 5.330; Rosa Veloso, jornalista: 3.984; Ana Gaivotas, relações públicas: 3.984; Rui Lagartinho, repórter: 2.530; Rui Lopes da Silva, jornalista: 1900; Isabel Damásio, jornalista: 2.450; Patrícia Galo, jornalista: 2.846; Maria João Gama, RTP Memória: 2.350; Ana Fischer, ex-directora do pessoal: 5.800; Margarida Neves de Sousa, jornalista: 2.393; Helder Conduto, jornalista: 4.000; Ana Ribeiro, jornalista: 2.950; Marisa Garrido, directora de pessoal: 7.300; Jacinto Godinho, jornalista: 4.100; Patrícia Lucas, jornalista: 2.100; Anabela Saint-Maurice: 2.800; Jaime Fernandes, assessor da direcção: 6.162; João Tomé de Carvalho, pivôt: 3.550; António Simas, director de meios: 6.200; Alexandre Simas, jornalista nos Açores: 4.800; António Esteves Martins, jornalista em Bruxelas: 2.986 (sem ajudas); Margarida Metelo, jornalista: 3.200.

Que uma parte do mundo dos media portugueses, onde supostamente deveriam também, ou sobretudo, trabalhar jornalistas, está pelas ruas da amargura (serão até mais córregos do que ruas) já não é novidade para ninguém.

A verdade, contudo, é que grande parte da culpa, se não mesmo a quase totalidade, é dos chamados jornalistas, uma espécie profissional cada vez mais semelhante às alternadoras (ou, como agora se diz, alternadeiras) que a troco de uns cobres vão para onde der mais jeito, apunhalam colegas (quase sempre pelas costas) e tanto “trabalham” na hoizontal como de joelhos.

Também nesta profissão não basta ser sério. É preciso parecê-lo. Ora, o que mais acontece, é que os jornalistas (há, obviamente algumas boas e louváveis excepções) não são sérios mas querem passar a imagem de que o são.

E assim vai, a caminho do fim, o jornalismo. E assim vai, a caminho do sucesso, o comércio jornalístico. Tudo, é claro, a bem da Nação.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

JN, DN, 24 Horas, O Jogo

«Com uma relevância crescente na vida dos portugueses, a Controlinveste é um dos maiores grupos de media em Portugal, com presença nos sectores da imprensa, rádio, televisão e internet.

O grupo gere ainda um diverso conjunto de participações em empresas com actividade na área da publicidade, comunicação multimédia, produção de conteúdos e design, telecomunicações, desporto, entre outras.»

Jornal de Notícias:
«Solidez. Confiança. Proximidade. São estes os valores por que se rege o Jornal de Notícias. A aposta diária em conteúdos relevantes e de proximidade, a par da objectividade e rigor com que os diversos temas são abordados por profissionais dedicados e experientes fazem do Jornal de Notícias, de Norte a Sul do país, o jornal em que milhões confiam.»

Diário de Notícias:
«Dispensa apresentações. Com mais de 140 anos de história, continua nos dias de hoje um importante título na imprensa nacional.Tem mantido ao longo dos tempos a capacidade de se reinventar e adaptar a novas realidades e exigências dos leitores, sem nunca perder o carisma e o seu lugar como o jornal de referência dos grandes temas económicos e políticos da vida nacional e internacional. Os seus conteúdos são ricos e diversificados, fazendo do DN um jornal completo, abrangente e de confiança. »

24 Horas:
«Num registo jornalístico diferente do DN e JN, o 24horas é o jornal mais irreverente do Grupo. Com uma imagem gráfica forte e apelativa, que assume o formato de uma revista de qualidade ao sábado e ao domingo, o 24horas mantém o leitor sempre informado sobre as personalidades, os casos e os temas mais quentes da actualidade.»

O Jogo:
«Todos os dias, a melhor e mais completa informação desportiva. O Jogo é um jornal desportivo que tem duas edições – uma a norte e outra a sul – e procura dar diariamente uma visão abrangente, isenta e factual dos principais acontecimentos desportivos, com especial enfoque no campeonato de futebol da 1ª Liga, nas principais ligas de futebol internacionais, em modalidades como o basquete, ténis e desportos motorizados.»

In: http://www.controlinveste.pt/Pt/Media/ListaJornais.aspx

Se Portugal fosse um Estado de Direito,
ter razão poderia adiantar. Como não é...

O Conselho de Redacção do “Jornal de Notícias” (JN) exigiu, em Março de 2005, a “estabilidade e progresso do projecto jornalístico” e o respeito de “todos os direitos e garantias dos seus profissionais” caso se concretizasse a venda do título à Controlinveste.

Em resposta ao pedido de parecer da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) sobre a operação de venda dos activos da Portugal Telecom no sector da comunicação social à Controlinveste, o Conselho de Redacção do JN assumiu que não cabia aos jornalistas “escolher os accionistas da empresa proprietária da publicação”, mas salientou que lhes cabe “defender os princípios da liberdade de expressão e do pluralismo informativo” de forma independente “face a todos os poderes e ao poder da própria Empresa”.

Assim, e tendo em conta o papel do JN no mercado português, aquele órgão considerou que a AACS devia obter do comprador garantias sólidas de que este “asseguraria a estabilidade e progresso do projecto jornalístico em todas as suas implicações, sejam de conteúdo sejam do respectivo quadro redactorial”.

É o seguinte o texto, na íntegra, do parecer de então do Conselho de Redacção do “Jornal de Notícias”:

«Consultado pela Alta Autoridade para a Comunicação Social sobre a operação de venda dos activos da Portugal Telecom no sector da comunicação social à Controlinveste, nos quais se inclui o "Jornal de Notícias", e tendo presente as suas atribuições e competências, o Conselho de Redacção é de parecer que:

1. Não cabendo aos jornalistas de um órgão de informação escolher os accionistas da empresa proprietária da publicação ou o modo de organização empresarial, cabe-lhes porém defender os princípios da liberdade de expressão e do pluralismo informativo, bem como os direitos, os deveres e as garantias protegidos pelas convenções internacionais, pela Constituição da República e pelas leis ordinárias, gozando de plena independência face a todos os poderes e ao poder da própria Empresa.

2. Para além do êxito económico-financeiro que representa no mercado português, o "Jornal de Notícias" é um órgão de informação geral de grande expansão, profundamente identificado com os problemas e anseios de importantes extractos da população portuguesa e procura dar resposta aos inúmeros centros de interesse dos seus leitores, perante os quais consolidou as suas orientações editoriais pautadas pela liberdade de expressão, pluralismo informativo e independência face a quaisquer poderes.

3. Ao mesmo tempo que importa preservar o JN como entidade externamente reconhecida como essencial nos alicerces do pluralismo informativo e da liberdade de imprensa nos quais se funda a própria democracia, é indispensável proteger o espaço de liberdade, de iniciativa, de autonomia editorial, de atenção desinteressada pelos problemas das pessoas, das instituições e das regiões que o jornal historicamente representa.

4. Sem embargo do reconhecimento do papel de cada um dos componentes do importante agregado de meios de informação presentemente plasmado tanto na Empresa Global Notícias como no grupo Lusomundo Media, importa ainda garantir a preservação e o reforço da viabilidade do "Jornal de Notícias", assegurando a perenidade do seu projecto.

5. O futuro do JN e a sua manutenção no lugar cimeiro do panorama da imprensa que continua a ocupar está dependente da crescente valorização do projecto jornalístico que ele representa, para a qual concorrem tanto o respeito pelos direitos e garantias dos profissionais ao seu serviço como o incentivo à sua contínua dedicação e criatividade.

6. Nesta conformidade, a Alta Autoridade para a Comunicação Social deve obter do comprador garantias sólidas de que este:

a) Preservará efectivamente o Estatuto Editorial, as linhas editoriais e as características essenciais do "Jornal de Notícias";

b) Assegurará a estabilidade e progresso do projecto jornalístico em todas as suas implicações, sejam de conteúdo sejam do respectivo quadro redactorial, respeitando escrupulosamente todos os direitos e garantias dos seus profissionais;

c) Assegurará a viabilidade e o desenvolvimento do JN.»

Ainda há quem não se cale

http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=22088&catogory=Manchete

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Ser de plasticina é o que está a dar

Em Portugal, segundo um estudo da consultora Gallup publicado em Dezembro do ano passado, 20% dos portugueses (ainda) acreditam nos jornalistas.

Este dado revela que os portugueses são um povo de brandos costumes, ingénuo e fácil de aldrabar, sobretudo por quem tem o poder.

Se o estudo fosse feito apenas entre os jornalista, veríamos com certeza uma percentagem bem mais inferior. Quem labuta nesta profissão com ética e liberdade sabe bem que ela está cheia de escumalha, escória, ralé e por aí fora, sobretudo a nível dos que têm o poder e dos que, na esperança de um prato de letilhas, aceitam ser capachos (“pessoa que se curva servilmente perante aqueles de quem depende").


Sei desde há muito, mas sobretudo desde a altura em que mercenários tomaram conta quer da profissão quer dos jornais que transformaram em linhas de enchimento, que os verdadeiros jornalistas têm a sobrevivência no fio de uma navalha que é manipulada por sipaios acéfalos que tudo fazem para agradar aos chefes do posto.

E porque, naturalmente, todos queremos sobreviver e ter uma vida digna, a quase todos os que ainda têm coluna vertebral resta deixá-la em casa e integrar as linhas de montagem onde coabitam quer jornalistas quer autómatos.

Eu sabia que eram poucos os que têm coluna vetebral e que sabem que só é derrotado quem deixa de lutar. Mas enganei-me. Pelos vistos já não sou poucos... são menos ainda.

E o resto são cantigas para embalar
a CPLP, o Felino e utopias similares

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) realiza desde hoje, em Cabo Ledo, província angolana do Bengo, exercícios militares conjuntos que têm como objectivo a preparação de uma brigada de manutenção de paz em África. E o resto são cantigas.

Participam nos exercícios “Golfinho Fase I - Mapex”, 250 militares, concentrados na unidade dos Comandos das Forças Armadas de Angola, em Cabo Ledo.

As manobras vão ter a duração de uma semana e têm como objectivo preparar a brigada especial da SADC para operações de manutenção da paz, no âmbito da força de alerta da União Africana.

Na cerimónia de abertura, o vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general Geraldo Sachipengo “Nunda”, disse que as manobras permitirão “testar a operacionalidade” da Brigada em Estado de Alerta, no quadro da sua missão de observação e controlo, apoio à pacificação, intervenção num estado-membro, tendo em vista a restauração da paz e a segurança e na prevenção de eventuais conflitos.

“Não nos devemos limitar aos resultados alcançados mas sim, com afinco e rigor, estabelecer relações de cooperação e de solidariedade cada vez mais abrangentes, com vista ao alcance e preservação dos interesses e objectivos comuns que estiveram na base da criação da brigada em estado de alerta da comunidade regional”, salientou o oficial angolano.

Por seu lado, o chefe do exercício “Golfinho Fase I - Mapex”, Matthendele Moses Dlamini, anunciou que a Brigada em Estado de Alerta da SADC está preparada para intervir na República Democrática do Congo (RDC) e Madagáscar, “para ajudar a restaurar a paz nesses países”.

Segundo Dlamini, “a Brigada em Estado de Alerta da região deve funcionar como elemento importante na pacificação dos Estados de África”.

O exercício Golfinho com componentes militar, policial e civil, prevê três fases. A primeira é a preparação, a planificação e o exercício no mapa de Angola.

A segunda inclui um exercício de posto de comando, a decorrer em Moçambique e a terceira corresponde à combinação entre os dois exercícios anteriores, com homens no terreno, a realizar-se na África do Sul.

Participam no exercício militar, Angola, África do Sul, Botsuana, Lesoto, Ilhas Maurícias, Moçambique, Malaui, Madagáscar, Namíbia, RDCongo, Congo/Brazzaville, Suazilândia, Zimbabué e Zâmbia.

Desemprego em alta... a bem da Nação!

No mês de Janeiro inscreveram-se nos centros de emprego portugueses 70.334 trabalhadores desempregados, um aumento de 27,3 por cento em relação ao mês homólogo de 2008 e de 44,7 por cento quando comparado com Dezembro.

Para este ano estima-se, por exemplo, que o BCP tenha lucros de 326 milhões de euros em 2009 (antes a previsão era de 603 milhões de euros) e de 358 milhões de euros em 2010 (a previsão anterior era de 705 milhões de euros).

De acordo com dados que o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) hoje divulgou, no final do mês passado estavam inscritos nos centros de emprego do Continente e Regiões Autónomas 447.966 desempregados, número que representa 85,5 por cento de um total de 523.986 pedidos de emprego.

Para este ano estima-se, por exemplo, que o BCP tenha lucros de 326 milhões de euros em 2009 (antes a previsão era de 603 milhões de euros) e de 358 milhões de euros em 2010 (a previsão anterior era de 705 milhões de euros).

O "fim de trabalho não permanente", principal motivo de inscrição de desempregados, representava 38,1 por cento das inscrições efectuadas ao longo deste mês nos Centros de Emprego do Continente. "Este motivo continua a atingir a maior representatividade no Algarve, região onde justificou cerca de 58,0 por cento das inscrições. No Norte o motivo ´foi despedido`, reuniu 28,0 por das inscrições de desempregados da região", revela a "Informação Mensal do Mercado do Emprego" do IEFP.

Para este ano estima-se, por exemplo, que o BCP tenha lucros de 326 milhões de euros em 2009 (antes a previsão era de 603 milhões de euros) e de 358 milhões de euros em 2010 (a previsão anterior era de 705 milhões de euros).

Lucro: excesso da receita sobre os gastos de uma firma; ganho; proveito; interesse; utilidade; vantagem.

domingo, fevereiro 22, 2009

O jornalismo de papel desaparecerá?

O jornalismo (verdadeiro jornalismo) está a acabar nos jornais de papel. Não creio, contudo, que esse meio acabe tão cedo. Já não será feito por jornalistas, mas haverá sempre autómatos capazes de alinhar alguns textos.

Obama sabe sobretudo onde está o petróleo

O governo angolano já tem a certeza de que a administração norte-americana, liderada por Barack Obama, vai dar um novo impulso às “já boas relações” entre Luanda e Washington.

“É com agrado que verificamos que Angola é um país importante para os EUA. Temos recebido muitas visitas de governantes e militares dos EUA e acredito que a nossa posição geoestratégica poderá também influenciar as relações com Washington”, afirmou recentemente o porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Angola, Abreu de Braganha.

É verdade. Então essa referência às visitas de militares dos EUA tem muito que se lhe diga. É só aguardar mais uns meses.

Por sua vez, o analista político Justino Pinto de Andrade disse que a expectativa que possui “não é propriamente em relação a algo de positivo que possa acontecer para Angola”, porque “o mais importante” é que as medidas de caráter económico que Obama vai tomar para os EUA ultrapassarem a crise “vão influenciar a estabilidade dos outros países”.

A diferença de opinião entre Justino Pinto de Andrade e Abreu de Braganha mostra, contudo, que o primeiro tem uma visão universalista e global, enquanto o segundo olha mais para um umbigo. Não deixam, contudo, de ser opiniões válidas.

Em relação a Angola, Justino Pinto de Andrade destacou que “vai continuar a ter importância para os EUA como fornecedor de petróleo”, todavia frisou que a intenção de Barack Obama iniciar uma política de não dependência do petróleo poderá ser má para os países fornecedores.

Eis o ponto. O petróleo. Lateralmente, tal como afirma Abreu de Braganha, Justino Pinto de Andrade também acredita que os EUA vão “emparceirar com Angola na resolução dos conflitos regionais”.

“Angola é um actor relevante, tem fama de rico, militarmente é forte, é um país estável, rodeado de países instáveis como a República Democrática do Congo, o Zimbábue. Acho que a administração Obama vai procurar dialogar com quem é estável”, apontou.

Aliás, Angola e os EUA deverão assinar em breve um acordo de cooperação nas áreas do investimento e comércio, segundo revelou em Luanda o embaixador norte-americano, Dan Mozena.

"Aguardo que a actual administração venha a ser mais célere no tocante à organização para a assinatura deste documento", disse Dan Mozena aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

O embaixador norte-americano, que durante o encontro entregou uma carta de Barack Obama ao Presidente angolano, lembrou as "longas" relações existentes entre os dois países e admitiu que os Estados Unidos possam contribuir mais no combate à malária em Angola.

Dan Mozena transmitiu ainda a José Eduardo dos Santos a intenção da companhia de aviação norte-americana Delta Airlines efectuar voos directos para Angola a partir de Junho ou Setembro.

Correntes de opinião no MPLA?
- Isso é que era bom. Era, era!

A União das Tendências do MPLA, que supostamente se apresenta como corrente interna do partido no poder em Angola desde Novembro de 1975, revela que quer ir ao congresso marcado para Dezembro como uma corrente de opinião. Para que tude fique na mesma, o mais aconselhável é que apareça alguém a dizer que é diferente, que é contra.

Salvador Augusto, (militante do MPLA desde 1974) e coordenador adjunto desta corrente, foi entrevistado pelo Angolense e, segundo o jornal, "deu a cara para criticar a falta de diálogo interno no partido no poder e aconselhar o Camarada José Eduardo dos Santos a não concorrer à presidência do partido que dirige (no VI congresso)".

Sendo o MPLA o que é, ligeiramente diferente da ortodoxia que o caracterizou enquanto emanação da então União Sovética, poder-se-á pensar que tem margem de manobra interna para permitir relevantes correntes de opinião. Nada mais errado. José Eduardo dos Santos continua, em matéria de liderança e das suas ramificações, a só permitir dissidências ou opiniões divergentes desde que estejam devidamente controladas.

Salvador Augusto, voluntariamente ou não, está a servir a estratégia da direcção do MPLA que, desta forma, dá um cunho de democraticidade (devidamente controlado) a uma ditadura que se irá prolongar ao longo dos anos, para penar dos angolanos.

Eduardo dos Santos está "democraticamente" a dar corda a eventuais correntes de opinião diferentes das oficiais mas, como já o demonstrou, fará o que for necessário, e se for necessário, para que aqueles a quem deu a corda se enforquem nela.

Quando interrogado se a União das Tendências do MPLA se apresenta como uma corrente de descontente dentro do partido no poder, Salvador Augusto esclareceu que "descontente não seria o termo para caracterizar uma corrente que exige pura e simplesmente aos militanres que em comissão de mandato dirigem o partido que se respeitem os estatutos e programas vigentes".

Ficamos, portanto, a saber que nesta altura os MPLA permite que todas as correntes de opinião tenham lugar, desde que não cuspam no prato que lhes dá comida, desde que tenham o cuidado de pensar mais com a barriga do que com a cebeça.

sábado, fevereiro 21, 2009

Entre a beira da estrada e a estrada da Beira

O primeiro-ministro das ocidentais praias lusitanas cada vez mais perto de Marrocos, José Sócrates, disse hoje que “o país pede aos seus líderes políticos e empresariais que proponham soluções para a crise e não que descrevam a crise”.

Muito bem. Melhor ainda seria se José Sócrates percebesse que ele próprio não é solução para o problema mas, antes, um problema para a solução. E como não compreende (nem mesmo com as explicações de Augusto Santos Silva), fica sentado na beira da estrada a tentar convencer os portugueses que está a caminhar na estrada da Beira.

O primeiro-ministro diz (e se ele o diz eu ponho-me em sentido) que esta é a “crise mais séria dos últimos 100 anos”, pelo que o país (penso que se referia a Portugal) “não pode cometer o erro de ficar parado”, sendo por isso necessárias “soluções pragmatistas” que “ousem contribuir para resolver os problemas".

Tem sido, aliás, isso que muitos empresários estão fazer. Passam a crise para os empregados (despedindo-os) e continuam a viver à grande e à francesa. É que, convenhamos, a crise não é igual para todos. À falência vão as empresas mas nunca os empresários.

“Não há político no activo que tenha vivido uma crise semelhante. Lembro-me de haver recessão nos Estados Unidos, no Japão e mesmo na Europa, mas não tenho memória de toda a Europa, a Rússia, os EUA e até a China se encontrarem nessa situação, numa crise à escala mundial”, disse num rasgo de inegável inteligência José Sócrates.

“Este é o momento em que os portugueses se viram para o Estado e o que precisamos é de confiança e ânimo, porque nunca vi o pessimismo criar um posto de trabalho”, afirmou o primeiro-ministro, utilizando uma frase que seria igualmente digna na boca dos seus amigos Hugo Chávez, Muammar Kadhafi ou José Eduardo dos Santos.

“Os países com mais sucesso valorizam os que arriscam”, disse ainda José Sócrates. E tem razão. É por isso que Portugal está cada vez mais próximo do Burkina Faso. Neste quintal lusitano, quem se arrisca a pensar de forma diferente do Poder (político, económico, empresarial) é recompensado com o despedimento.

Tal como no Burkina Faso, em Portugal valoriza-se os que não erram sem aquilatar de saber que há tanta genta a não errar porque, simplesmente, nada faz.

Chávez amigo, Sócrates está contigo

O Partido Socialista de Portugal convidou o líder do Partido Socialista Unido da Venezuela, Hugo Chávez, para assistir ao Congresso que arranca na próxima sexta-feira, em Espinho.

Penso que o PS fez muito bem em convidar o democrata Chávez. Creio, aliás, que irá convidar igualmente outros democratas amigos de José Sócrates, como Muammar Kadhafi, José Eduardo dos Santos e – quem sabe? – Robert Mugabe.

A notícia faz manchete na edição de hoje do jornal Sol. O semanário refere que o convite ainda não teve resposta. É a primeira vez que o PS faz semelhante convite. Os socialistas justificam o convite com o relacionamento estreito que existe com a Venezuela.

E, de facto, são tantas as semelhanças que faz todo o sentido.

Segundo o advogado Hermán Escarrá, “há vários presos políticos, presos pessoais e presos por capricho do regime instaurado na Venezuela, e cujo titular e responsável é o cidadão Hugo Rafael Chávez Frías”.

Ainda de acordo com o advogado, na Venezuela há “ausência do Estado de Direito, violações permanentes da Constituição, nulas garantias democráticas, violação generalizada dos Direitos Humanos, concentração do poder na figura presidencial e nula autonomia e independência dos Poderes Públicos”.

Como se vê, os amigos são para as ociasiões. E já lá vai o tempo em que o mesmo José Sócrates, chamou “radical e populista” ao agora seu amigo do peito, Hugo Chávez.

Mudam-se os tempos...

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

«Despedir quando há lucros
“é um bocadinho vergonhoso”»

Segundo o Diário de Notícias (DN), «os três jornais generalistas pagos da Controlinveste aumentaram as vendas durante os primeiros dez meses de 2008, em comparação com o mesmo período de 2007.”

Diz ainda o DN que “apesar da crise, os jornais diários tiveram uma circulação paga superior em cerca de 6% à registada em 2007.»


Olhando para o Jornal de Notícias, verifica-se que, diz o próprio jornal, «foram lidos mais jornais diários no último trimestre de 2008, muito graças à subida do "Jornal de Notícias". Quanto ao período estudado anteriormente pela Marktest, o JN foi o que registou um salto maior na audiência.»

Ver:

«Controlinveste em situação financeira perigosa»

«A empresa proprietária dos jornais 'Diário de Notícias', 'Jornal de Notícias', '24 Horas', TSF Rádio e outras publicações encontra-se com graves problemas de solvência. Segundo as nossas fontes, o DN e o 24 Horas têm dado prejuízos na ordem de milhões de euros e o patrão da empresa Joaquim Oliveira já solicitou à banca o adiamento de alguns pagamentos a que estava obrigado. O único jornal que está a sustentar financeiramente a Controlinveste é o 'Jornal de Notícias'. »

João Severino em:
http://pauparatodaaobra.blogspot.com/2009/02/controlinveste-em-situacao-financeira.html

Magalhães entra na área da Francofonia
onde está incluído São Tomé e Príncipe!

A JP SÁ Couto, a empresa portuguesa que contou com José Sócrates como o seu melhor vendedor, vai entregar até finais de Março os restantes 200 mil portáteis Magalhães às escolas portuguesas de primeiro ciclo e tem negociações comerciais mais avançadas na Líbia e Marrocos, disse hoje o responsável da empresa.

Quanto a Marrocos, até pela cada vez mais estreita proximidade geográfica, acredito que alinhem na coisa. No entanto, não creio que agora que é o líder da União Africana, Muammar Kadhafi vá na cantiga. Mas nunca se sabe. Aliás, dada a grande e sólida amizade com José Sócrates, até será possível ver o Magalhães espalhado por essa África.

"Contamos até ao final de Março ter tudo resolvido, porque já temos mais de 200 mil entregues, do lote de pouco menos 500 mil [que estavam previstos]", disse o responsável para a área dos mercados internacionais da JP Sá Couto, Luís Pinto, que falava à margem do lançamento pela Portugal Telecom do Sapo Moçambique e do Programa Magalhães.

Luís Pinto lembrou que a empresa tem projectos com contrato entre Portugal e a Venezuela e está em negociações com propostas comerciais, mais avançados no México e na Líbia. Além disso, afirmou que a empresa está "percorrer uma série de países da área francófona em África, como o Gabão, os Camarões, o Senegal, a Costa de Marfim, São Tomé e Príncipe e Chade" e da América Latina, como a Venezuela , a Argentina e o Chile.

E eu, que não tenho o Magalhães, até julgava que quando se falasse de São Tomé e Príncipe seria no contexto não da Francofonia mas da Lusofonia.

Que falta faz o Magalhães para eu ultrapassar esta ignorância!

“We don’t wanna put in!”
ou a cólera no Zimbabué?

O número de casos de cólera no Zimbabué aumentou para 80.250 e o número de mortes eleva-se a 3.759, disse hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra.

Mas será que isto é noticiosamente relevante? Claro que não. Aposto que vai ter mais destaque na comunicação social o facto de Vladimir Putin não gostar da canção que a Geórgia leva ao festival da Eurovisão (“We don’t wanna put in!”).

A porta-voz da OMS, Fadela Chaib, afirmou que os números incluiam todos os casos e mortes comunicados desde o início da epidemia em Agosto e até quinta-feira.

A epidemia de cólera está a alastrar rapidamente no Zimbabué devido à falência do sistema de saúde do país e à deficiente manutenção das infra-estruturas como a rede de água e de esgotos.

Cabinda é uma presa nas garras
da sociedade MPLA & petrolíferes

Nzita Tiago, presidente da FLEC, denuncia os rumores «tendenciosos e infundados», alimentados pela «má-fé de alguns membros da FLEC» que promoveram suspeitas sobre as ligações de membros do movimento.

O líder da resistência desmentiu que responsáveis do movimento tivessem sido excluídos da FLEC e acusou as iniciativas que visam provocar «falhas» no seio do movimento e do Governo provisório onde «a unidade da direcção desestabiliza os detractores».

Garantindo que existe unanimidade na visão de todos os dirigentes, negou que a FLEC seja um movimento tribal ou místico reafirmando que a direcção e o governo provisório mantêm a confiança em «todos os seus membros».

«Em nenhum momento se deve dar razão aqueles que apenas aspiram à destruição do nosso movimento» afirmou Nzita Tiago, «Cabinda é hoje uma presa entregue pelos angolanos às potências petrolíferas e financeiras».

Nzita Tiago considerou que chegou a hora de pôr um termo definitivo à ocupação de Cabinda por Angola e insistiu que a posição «categórica e firme» da FLEC é negociar com Angola o futuro de Cabinda tendo em conta o temperamento pacífico do povo de Cabinda e o seu desejo de ascender à independência por um meio não violento «salvo se circunstancias obriguem diferentemente», sublinhou.

Nzita Tiago afirmou que a FLEC espera poder encontrar-se com «uma delegação oficial de Angola a fim de negociar os problemas fundamentais» de Cabinda e obterem rapidamente as «decisões concretas que tirem os dois países do impasse actual devido à incompreensão contínua das autoridades angolanas, responsáveis da catástrofe».

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Jonas Savimbi, o meu Presidente

Faz domingo sete anos que o meu Presidente foi assassinado. Mau grado a vontade, os avisos e as pressões dos quadrúpedes ruminantes, com ou sem gibas sobre o dorso, que em Angola e Portugal nasceram a saber tudo e são donos divinos da verdade, volto a publicar – como, aliás, faço todos os anos desde 2002 – o texto que escrevi na altura em que se confirmou que Jonas Savimbi tinha sido morto em combate:

O Povo Angolano, Angola, África e todos os que pugnam pelos ideais de liberdade e democracia no Mundo, estão de luto. Luto por diversas razões.

O Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente da UNITA, tombou heroicamente em combate! Tombou heroicamente em combate o meu Presidente.

Tão heroicamente que as Forças Armadas de Angola (ou pelo menos parte delas) tiveram necessidade de O humilhar... mesmo depois de morto. Trataram o meu Presidente como um cão raivoso, como um troféu de caça.

Até na morte Jonas Savimbi atemorizou os militares de José Eduardo dos Santos.

Os adversários, ou até mesmo os inimigos, merecem respeito. E isso não aconteceu. As FAA não humilharam Jonas Savimbi, humilharam uma grande parte do Povo Angolano.

A África perdeu um dos seus mais insignes filhos, cuja vida e obra O situam na senda dos arautos da História Africana como N'Krumahn, Nasser, Amílcar Cabral, Senghor, Boigny e Hassan II.

O Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente da UNITA, o meu Presidente, tombou em combate ao lado das suas tropas e do Povo mártir, apanágio só concedido aos Grandes da História.

Deixou-nos como maior e derradeiro legado a sua coragem e o consentimento do sacrifício máximo que pode conceder um combatente da liberdade, a sua Vida.

Fiel aos princípios sagrados que nortearam a criação da UNITA, o Dr. Savimbi, rejeitando sempre e categoricamente os vários cenários de exílios dourados, foi o único dos líderes angolanos que sempre viveu e lutou na sua Pátria querida.

A ela tudo deu e nada tirou, ao contrário de outros com contas, palácios e mansões no estrangeiro.

Fisicamente o meu Presidente morreu. Fisicamente o meu Presidente foi humilhado. Mas uma coisa é certa. Não há exército que derrote, mate ou humilhe uma cultura, um povo, uma forma eterna de ser e de estar.

Jonas Savimbi, o meu Presidente, continuará a ter quem defenda essa cultura, esse povo, essa forma eterna de ser e de estar.

«Há coisas que não se definem - sentem-se». Foi isto que em 1975 me disse, no Huambo, Jonas Malheiro Savimbi. É isto que José Eduardo dos Santos nunca compreendeu.

A UNITA não se define - sente-se. Jonas Malheiro Savimbi não se define - sente-se. Angola não se define - sente-se.

E porque se sente, e não há maneira de matar o que se sente, é que Jonas Malheiro Savimbi, o meu Presidente, continuará vivo.

Vivo no esforço pela paz em Angola, vivo pela dignificação dos angolanos, vivo pela liberdade, vivo pela coerência... vivo porque os heróis não morrem nem são humilhados.

Obrigado Presidente.

Jornalistas timorenses intimidados

O processo criminal movido contra o jornalista José Belo pela ministra da Justiça, Lúcia Lobato, está a ser alvo de uma petição-contestação por parte de jornalistas de outros países anglófonos limítrofes a Timor-Leste, como é o caso da Austrália e da Nova Zelândia. O protesto visa ser entregue ao Presidente da República de Timor-Leste, Ramos Horta, actualmente em visita à Nova Zelândia e Austrália.

José Belo, jornalista do jornal timorense Tempo Semanal foi acusado pela ministra de difamação criminal depois de ter publicado denúncias sobre a corrupção que envolve o governo timorense de Xanana Gusmão suportado pela Aliança de Maioria Parlamentar.

O suporte do processo-crime são velhas leis indonésias que limitam a liberdade de expressão e informação, leis essas que nos tempos da ocupação indonésia valeram àquele jornalista penas de prisão por escrever contra a ocupação indonésia.

Paradoxalmente, a ministra Lúcia Lobato, fez-se valer dessas leis obsoletas e castradoras para mover o referido processo-crime contra o jornalista, alegadamente por este denunciar eventuais acções de corrupção que indiciavam elementos do governo, familiares e amigos dos mesmos.

O documento vem assinado por 85 jornalistas e levanta questões que requerem o compromisso do governo timorense no sentido de respeitar a liberdade de expressão e de informação.

Segundo Cathy Harper, signatária do documento, “José Belo está habituado a ser impopular com as autoridades porque fazia parte da resistência contra a Indonésia e foi enviado para a prisão por alegadas actividades anti-indonésias, é um paradoxo que agora seja o próprio governo timorense a querer prendê-lo”.

Por seu lado, José Belo declarou que está “pronto para ser preso devido àquelas leis e na mesma prisão” em que os indonésios o detiveram acusando do mesmo “crime” de que o governo timorense o acusa.

Cathy Harper salienta que “José Belo é o principal editor do
Tempo Semanal”, uma referência no jornalismo timorense e que aquilo que acontecer ao jornalista terá repercussões na classe a nível de passarem a temer represálias se pretenderem elaborar denúncias relacionadas com o governo.

Segundo afirma um grupo denominado Kolkos, que está envolvido na elaboração em novas leis para regular a mídia, “existem vários exemplos recentes de jornalistas que foram intimidados com ameaças de acções judiciais por parte de governantes depois de se referirem a casos de corrupção ou outros que possam ser mal aceites pela população".

A deputada Fernanda Borges declarou sobre o caso que lhe desagrada a situação de não haver liberdade de expressão “porque mais tarde ou mais cedo alguém vai bater à sua porta e dizer que você não disse a verdade sobre mim e então vai para a prisão”. A deputada referiu ainda que neste momento os tribunais estão a ser utilizados para esse fim, para calarem as pessoas.

In:

Eu conluio, tu conluias, ele conluia...

A eurodeputada socialista Ana Gomes lamentou hoje a supressão da referência a Portugal na resolução sobre a CIA aprovada pelo Parlamento Europeu, afirmando que mais uma vez funcionou o "conluio" do "centrão" entre direita e esquerda.

O Parlamento Europeu aprovou hoje, em Bruxelas, uma resolução sobre a utilização de países europeus pela CIA para transporte e detenção ilegal de prisioneiros, sem qualquer referência específica a Portugal, suprimida por iniciativa da delegação do PS.

No texto final, aprovado hoje no hemiciclo com 334 votos a favor, 247 contra e 87 abstenções, "caiu" a referência a voos em Portugal "durante o Governo (Durão) Barroso", tal como constava na versão original do projecto de resolução comum.

Ana Gomes confirmou hoje ter-se manifestado contra a queda da referência, por considerar que havia elementos novos que a justificavam, e considerou "muito significativo que a referência a Portugal tenha caído" na sequência de um "conluio de gente de direita e de esquerda" que, na sua opinião, "de alguma maneira só chama mais a atenção para o que há a esconder no que toca ao envolvimento de Portugal".

A deputada reconheceu que "a formulação que estava no texto era bastante imprecisa", já que atribuía novos elementos a relatos da imprensa, quando "o que é relevante são os factos novos e os elementos novos, e os elementos novos sem dúvida existiam, desde que o relatório (da comissão temporária do PE sobre os voos da CIA) foi aprovado em 2007".

Entre esses elementos que considera novos apontou um relatório da organização Reprieve "que identifica voos autorizados por Portugal", e que a Procuradoria Geral da República "considerou relevante", daí a investigação em Portugal ainda estar em curso, e uma lista de voos de e para Guantanamo até final de 2007 "que mostram que continuaram a ser aprovados mesmo depois de o PE ter iniciado a investigação".

Segundo Ana Gomes, "há outros elementos que mostram que há particulares responsabilidades do governo de Durão Barroso na operação de todo o processo de transferência de detidos para Guantanamo e de Guantanamo para prisões secretas".

A terminar, a deputada comentou que, da mesma forma que foi suprimida a referência a Portugal, países com claro envolvimento nos processos de transferência de prisioneiros ficaram de fora da resolução, o que atribuiu ao tal "conluio".

"O 'centrão' que quer mandar os assuntos para debaixo do tapete, o 'centrão' do conluio não existe só em Portugal", disse.

Por seu turno, o eurodeputado Carlos Coelho, que presidiu à comissão temporária do PE, indicou hoje que se absteve na votação da resolução, explicando que, por um lado não poderia votar contra um texto que "recorda valores essenciais do respeito pelos Direitos Humanos, pelo Estado de Direito e pela procura da verdade", mas, por outro, não podia votar favoravelmente um texto que pretende "instrumentalizar o PE para lutas de política interna".

Para Carlos Coelho, esta resolução aparece "fora de tempo, pois ainda decorrem diligências no Parlamento Europeu", e a sua aprovação antes de se concluir o processo é "uma precipitação que gera erros".