Um grupo de jornalistas alvo do despedimento colectivo de 123 trabalhadores da Controlinveste enviou a vários responsáveis políticos uma carta em que alerta para equívocos no processo levado a cabo pela empresa no início do ano.
Quanto a mim é uma completa perda de tempo. Responsáveis políticos? Onde? Se fossem responsáveis se calhar não eram políticos, pelo menos nesta praça. Além disso, basta ver quantos se interessaram pelo inequívoco e lancinante problema que está subjacente ao despedimento: a perda da liberdade de expressão.
No documento a que a agência Lusa teve acesso, enviado à Entidade Reguladora para a Comunicação Social e a vários responsáveis políticos, entre eles o Presidente da República, o primeiro-ministro e os cinco grupos parlamentares, os subscritores queixam-se de que "os jornalistas abrangidos pelo despedimento colectivo foram alvo de uma avaliação efectuada expressamente para a ocasião".
Enviar uma carta destas, e logo na altura em que Cavaco Silva e José Sócrates estão é preocupados em escolher a moldura para a carta que receberam do presidente dos EUA, Barack Obama, é chover no molhado.
Este é mais um exemplo de que num Estado que não é de Direito o que conta é a razão da força (Controlinveste) e não a força da razão (os despedidos).
Ao que parece, nessa carta os signatários dizem que se está perante um despedimento "selectivo", por "tratar-se de jornalistas que internamente têm vindo a chamar à atenção e a reclamar sobre o desvio editorial” e sobre (...) “diárias violações do Código Deontológico dos Jornalistas".
Têm toda a razão. Do que conheço do processo, os jornalistas despedidos foram vítimas de uma operação cirúrgica que, contudo, ainda tem mais capítulos. Por outras palavras, como aqui é dito há muito, muito, tempo, todos os jornalistas que teimam em pensar com a cabeça e não com a barriga, são para abater. Abater e ponto final.
Importa, contudo, dizer que as listas de gente a abater não foram elaboradas pela Controlinveste. Quem as elaborou, quem listou todos aqueles que pensam com a cabeça, foram supostos jornalistas, supostos colegas, que dirigem as diferentes publicações do grupo.
Estamos, por isso, a ser assassinados (na maior parte dos casos pelas costas, como é típico do nanismo intelectual reinante) por outros “jornalistas”. Importa não o esquecer. Importa nunca o esquecer.
1 comentário:
Então, parece que cá tenho as minhas razões para pensar como penso.
Ou seja, se a cultura do rigor e da isenção prevalesse na edição de um jornal, os oportunistas seriam naturalmente "engolidos".
Ora, como quem cala consente, o resultado foi exactamente o oposto. São eles que agora dominam a situação.
Mas,apesar de tudo, não acredito que este "Poder" tenha longa vida. Ainda hei-de vê-los a "chorar"...
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