Uma grande concentração populacional, a presença de cães vadios em zonas urbanas e um saneamento básico deficiente explicam o surto de raiva em Luanda, afirmou hoje Virgílio Almeida, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa.
Razão tinha Kundy Paihama quando, no dia 12 de Janeiro de 2008, “botou faladura” num comício na Sede do Município da Matala e disse: “Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”.
E por que não vai para os pobres?, perguntam vocês, eu também, tal como os milhões (ou serão só meia dúzia?) que todos os dias passam fome. Não vai porque não há pobres em Angola. E se não há pobres, mas há cães… é preciso alimentá-los bem.
E se todos fizessem como Kundy Paihama, não heveria cães com raiva. Continuaria a haver, é claro, angolanos a morrer à fome. Mas entre morrer à fome e morrer contaminado com raiva...
“Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães”, disse Paihama.
Não admira, por isso, que todos os angolanos procurem, afinal, ter a mesma sorte que os cães de Kundy Paihama. Tiveram, contudo, pouca sorte. Os cães que lhes tocaram em sorte estão cheios de raiva.
É claro que, embora reconhecendo a legitimidade que os cães do ministro da Defesa do MPLA e do regime que (des)governa Angola desde 1975 têm para reivindicar uma boa alimentação, não posso deixar de dar um conselho aos milhões, os tais 68%, de angolanos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.
Não. Não se transformem em cães para ter um prato de comida. Reivindiquem o direito tão simples de comer como os cães de Kundy Paihama.
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