quinta-feira, janeiro 31, 2008

Manuel Pizarro na pasta da Saúde
- Finalmente uma excelente escolha

O texto que se segue foi aqui publicado no dia 5 de Dezembro de 2006. Foi um texto sincero, mau grado alguns – e até o próprio – o terem entendido como crítico… embora elogiando. Igualmente sincera é hoje a sua repetição, sem alterar uma vírgula, no dia em que Manuel Pizarro foi escolhido para Secretário de Estado da Saúde. Finalmente, creio, o primeiro-ministro parece disposto a ser salvo pela crítica do que assassinado pelo elogio. O tempo dirá, mas arrisco a dizer que os portugueses ficaram a ganhar, a ganhar muito, com a escolha do Pizarro. Uma excelente escolha.

Embora não tenha sido com o meu voto que o Partido Socialista de José Sócrates conseguiu a maioria absoluta, devo reconhecer (fica sempre bem!) que o PS está a fazer obra no Governo, sendo para isso fundamental a qualidade da equipa que escolheu. Seja no Executivo ou no Parlamento. Admiro tanta capacidade profissional e tanta dedicação à causa (que me parece mais partidária do que pública).


Tenho um (é pouco, mas já não é mau) amigo no PS que é um exemplo dessa dedicação e desse altruísmo que leva alguns socialistas a pôr na prática o lema de que quem não vive para servir não serve para viver.

Esse meu amigo (que até tem tempo para me sugerir que a vida para mim seria melhor se deixasse de dizer o que penso) é médico, deputado, vereador de uma câmara municipal e integra a administração de dois organismos geridos pelo Estado.

E tudo isto (não diz ele mas digo eu) à custa de muitos sacrifícios pessoais, familiares e até financeiros. Não é qualquer um que tem uma tão nobre noção da causa pública, a ponto de – repare-se – trabalhar em tantas coisas ao mesmo tempo. E trabalhar bem. É verdade que ele não ficou assim quando foi para o PS, é assim desde nascença.

Que me perdoem os dois leitores que tenho aqui no Alto Hama e que, supostamente, esperariam um ataque ao PS. Não estou convertido mas tenho de reconhecer e enaltecer este paradigmático caso.

Veja-se. Esse meu amigo é um excelente deputado (se o não fosse, Sócrates não o queria); um bom vereador (se bem que numa barricada que não é a minha) e não menos exímio membro de dois conselhos de administração de dois organismos geridos pelo Estado.

Como se não fosse suficiente, ainda arranja tempo para ajudar os amigos em qualquer outro assunto e, tantas e tantas vezes, para dar consultas de borla aos mais necessitados. É obra.

É pena ser socialista. Mas não há ninguém perfeito, pois não meu caro Manuel Pizarro?

Dia da Mocidade Portuguesa?
- Não. Dia da Defesa Nacional

As mulheres portuguesas vão ser obrigadas a participar no Dia da Mocidade Portuguesa, perdão, da Defesa Nacional, a partir de 2010, depois de serem feitas "experiências piloto" em 2009, anunciou hoje no Parlamento o secretário de Estado da Defesa.

"É intenção do Governo, indo ao encontro do parecer da comissão parlamentar de Defesa Nacional, estender a obrigatoriedade de participação” no dia da Mocidade Portuguesa, perdão, da “Defesa Nacional a todos os cidadãos", afirmou João Mira Gomes.

O Dia da Mocidade Portuguesa, perdão, da Defesa Nacional é um dever militar, instituído em 1999 na Lei do Serviço Militar, aplicando-se apenas aos homens e só foi posto em prática pela primeira vez em 2004, com o fim do Serviço Militar Obrigatório (SMO), durante o Governo PSD/CDS.

Segundo a lei, o Dia da Mocidade Portuguesa, perdão, da Defesa Nacional tem por objectivo "sensibilizar os jovens para a temática da defesa nacional e divulgar o papel das Forças Armadas".

600 mil pessoas traficadas na Europa

Mais de 600 mil pessoas são traficadas anualmente dentro do território europeu, um cenário que a Convenção do Conselho da Europa relativa à Luta contra o Tráfico de Seres Humanos, que entra em vigor amanhã, quer combater. Isso não impede os europeus de, ao velho estilo, dar lições aos outros neste e noutras matéria.

"Finalmente, a Europa tem uma arma eficaz contra a escravatura moderna", afirmou hoje o secretário-geral do Conselho da Europa, Terry Davis. Armas eficazes a Europa sempre teve, embora poucas vezes as tenha utilizado como deve.

O documento é, segundo o secretário-geral, "um marco dentro dos esforços da Europa para bloquear esta situação escandalosa". Quase apetece dizer “porreiro pá!”.

Mais de 80 por cento das vítimas de tráfico humano na Europa são mulheres e crianças, das quais cerca de 70 por cento são forçadas a prestar serviços de natureza sexual, referiu o mesmo responsável.

Outras vítimas, na Europa, são vendidas para exploração laboral, adopções ilegais e transplantes de órgãos.

"Depois do tráfico de armas e drogas, o tráfico de seres humanos é a terceira actividade criminal mais lucrativa no mundo inteiro", destacou Terry Davis.

E assim se faz a história do velho continente que teima, em tantas e tantas coisas, dar lições a África sem olhar para si.

RDP África perto de si? Perto de quem?
Em Portugal sé de Coimbra para baixo

A RDP África é uma estação que pertence ao grupo Radiodifusão Portuguesa e que emite, em FM, em Portugal para Lisboa, Faro e Coimbra e quatro dos cincos países africanos de Língua Portuguesa - Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Não está mal, e se o Norte de Portugal onde existe uma importante comunidade afro-portuguesa não tem direito a ouvir a RDP África, pelos vistos Angola também não.

O objectivo fundamental da RDP África, segundo o apresentado no “perfil do canal”, é funcionar como placa giratória de informação lusófona e as suas emissões encerram fortes componentes de informação e cultura lusófonas, a partir da atenção que se coloca na obtenção de elementos informativos e outros oriundos de Portugal, Palop e Brasil.

Enquanto isso, os afro-portugueses, os luso-africanos e os africanos que residem no Norte de Portugal, tal como os residentes em Angola, ficam a ver navios. Uns nas ocidentais praias lusitanas, outros bem mais abaixo, naquele que se prepara para ser a locomotiva da Lusofonia.

Uma rádio cada vez mais perto de... alguns.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Hélder Vaz quer pôr a CPLP na ordem
- Veremos se consegue, se o deixam...

O novo director-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o guineense Hélder Vaz, quer acabar com a "indiferença" da comunicação social em relação à Lusofonia, para chegar aos cidadãos dos "oito".

"Penso que a Lusofonia é uma responsabilidade comum dos cidadãos e das instituições, mas também dos órgãos de comunicação social. Uma das minhas intenções é mobilizar a comunicação social para que faça parte da CPLP", afirmou Hélder Vaz, acrescentando que o "apoio" da comunicação social é fundamental para alcançar a "visibilidade" que têm por exemplo a Commonwealth britânica e a Francofonia.

"Terá de ser através da comunicação social que chegamos ao público em geral, não há outra forma. As pessoas hoje têm uma percepção clara de que a União Europeia é uma comunidade a que pertencem, mas estão longe de ver a CPLP enquanto tal", defendeu.

Não é, obviamente, um plágio. Mas há muitos anos que, entre outros, eu (no Notícias Lusófonas, na Orlando Press Room e no Alto Hama) e o Eugénio Costa Almeida (também no NL e no Pululu) andamos a dizer tudo isto que agora diz Hélder Vaz.

Veremos se, como é hábito na CPLP, a montanha não vai parir mais um ratinho.

Morrer pelo elogio ou viver pela crítica?

O chefe da bancada parlamentar da UNITA, o meu velho amigo Alcides Sakala, disse à Voz da América que o seu partido está bastante inconformado com a maneira como, nos últimos tempos, os bens públicos têm passado para as mãos de entidades privadas sem concurso público, acrescentando que o país vive um «socialismo familiar» onde pessoas bem posicionadas na nomenklatura do partido no poder dispõem de todas as facilidades de acessos a bens pertencentes ao Estado.

Mais uma vez, o Alcides tem razão. Desta vez a questão relaciona-se com a entrega de mão beijada, isto é por ajuste directo, da gestão do canal 2 da TPA à família do presidente de Angola e do MPLA, José Eduardo dos Santos.

Fica-me, contudo, uma dúvida. Porque será que a UNITA continua a reagir (como lhe cabe) em vez de agir (como seria aconselhável)?

Eu sei, como todos sabemos, que as avenidas das oportunidades são só para os membros do poder, estando à Oposição reservados alguns estreitos e minados córregos. Mesmo assim, julgo eu, seria possível utilizar o engenho, a arte, o espírito de sacrifício, a capacidade de luta para avançar por conta própria, sem esperar à sombra do coqueiro do Estado.

A UNITA, como bem sabe o Alcides Sakala, tem gente capaz de por iniciativa própria, com meios próprios, pensar e executar projectos de grande valia para os angolanos, seja em que campo de actividade for.

Para que isso se concretize só é necessário saber se a UNITA quer ser salva pela crítica ou assassinada pelo elogio.

terça-feira, janeiro 29, 2008

(Re)modela enquanto não te (re)modelam

É possível (embora eu não creia) que os portugueses tenham o conjunto de ministros (que não um Governo) que merecem. Seja qual for o caso, a verdade é que a democracia, tal como grande parte do país, continua enferma. Ao contrário dos países de sucesso, o Governo aposta em inverter as regras, e atira para os subalternos a responsabilidade que é dos chefes.

O país está derrapar? Mudam-se os ministros. O país continua a derrapar? Mudam-se os ministros. O país bateu no fundo? Mudam-se os ministros. Quando será que alguém (o presidente da República, por exemplo) explica ao primeiro-ministro José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa que a crise não se resolve substituindo ministros?

A crise só tem algumas hipóteses de ser resolvida se se substituir o próprio primeiro-ministro.

Como primeiro-ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa não está a ser uma solução para o problema mas, isso sim, um problema para a solução, mesmo quando mascara a incompetência substituindo alguns ministros.

As sombras que acompanham José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, tal como as que acompanharam ­– por exemplo - os últimos anos de Cavaco Silva na chefia do Governo, estão sempre de acordo com o chefe... pelo menos enquanto ele o for. Nenhuma sombra lhe vai dizer que, afinal, conhecer as cores do arco-íris não faz de ninguém um pintor.

E, também grave, é o facto de José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa escolher alguns bons ministros mas para ministérios errados. Se esta (re)modelação “socretina” fosse seguida pelo treinador do Manchester United, lá teríamos o Cristiano Ronaldo a jogar na equipa de basquetebol.

Assim, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa lá vai «cantando e rindo» enquanto, cada vez mais, o país chora. Lá vai auto-elogiando os seus amigos, um pouco ao estilo (para muito pior, reconheço) de António Guterres que chegou a prometer ir às «fuças» da Direita.

No entanto, quando der por isso, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa verá que é país (e o próprio o PS) a ir-lhe às «fuças».

segunda-feira, janeiro 28, 2008

… e se os jornalistas tivessem
um pouquinho de vergonha?

O “Retrato da Semana” que ontem António Barreto publicou no Público deveria ser suficiente para fazer rolar algumas cabeças do Governo, a começar pela do primeiro-ministro, bem como de muitos responsáveis pela imprensa (lato sensu). Nada disso aconteceu, acontece ou acontecerá. E porquê? Porque “este é o mundo em que vivemos: a mentira é uma arte. Esta é a nossa sociedade: o cenário substitui a realidade. Esta é a cultura em vigor: o engano tem mais valor do que a verdade”.

Segundo António Barreto, os ex-assessores agora chamados de "Press officers e Media consultants", falam todos os dias com os administradores, directores e jornalistas das televisões, das rádios e dos jornais e (no que aos jornalistas respeita) “escrevem notícias com todos os requisitos profissionais, de modo a facilitar a vida aos jornalistas”.

Acrescenta António Barreto que “mentem de vez em quando. Exageram quase sempre. Organizam fugas de imprensa quando convém. Protestam contra as fugas de imprensa quando fica bem. Recompensam, com informação, os que se conformam. Castigam, com silêncio, os que prevaricaram. São as fontes. Que inundam ou secam.”

O texto de António Barreto é demolidor para os que, por serem filhos de boa gente, se sentem atingidos. Apesar disso, tudo vai ficar na mesma. Será porque os jornalistas não são filhos de boa gente? Será porque já não existem jornalistas? Será porque se deixam comprar por um prato de lentilhas? Será porque querem ser “Press officers e Media consultants”?

De facto, por muito que me custe, começo a ver que, ao fim de trinta e tal anos, a minha profissão (não tanto pelo corrupto silêncio dos maus, mas pela indiferença dos bons) está a ser cada vez mais um antro muito mal frequentado.

Talvez agora muitos compreendam o que há anos ando a pregar. Talvez agora os alunos do ISLA de Vila Nova de Gaia se espantem menos com o que eu disse, no passado dia 19 de Novembro, na primeira sessão da iniciativa “Milénio da Comunicação”. Ou seja, que “o jornalismo está em extinção e no seu lugar aparecem os produtores de conteúdos”.

Angola lança canal para a Lusofonia
- Mais uma vitória do Emídio Rangel

No passado dia 13, escrevi aqui (a propósito do diferendo com o ministro português Augusto Santos Silva) que o Emídio Rangel é assim mesmo. Quando atira, atira a matar e com tudo o que tiver. Despeja o carregador (embora tenha sempre mais alguns atestados para o que der e vier). Talvez desperdice muitas munições. Mas ele não sabe jogar à defesa. O ataque é a sua melhor defesa. Com ele não há empates. Ou ganha ou perde. Quase sempre ganha.

Agora chega a notícia de que o Estado angolano vai lançar no próximo ano um canal de notícias concebido por Emídio Rangel e que pretende emitir para todos os países de língua oficial português.

Se o canal foi de facto concebido por ele, não tenho dúvidas de que, mais uma vez, Emídio Rangel vai ganhar a aposta. Aliás, a simples (um ovo de Colombo que outros tiveram na mão mas não conseguiram equilibrar) ideia de lançar um canal de informação para ser transmitido para todos os canais de língua oficial portuguesa é uma vitória.

Vitória para Angola e para o Emídio Rangel e, é claro, uma derrota para quem deveria há muito ter levado a carta a Garcia, a começar por esse elefante branco que dá pelo nome de Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Assim, logo a seguir às eleições, começarão os trabalhos para pôr no ar mais um pilar da Lusofonia, assumindo Angola o papel de locomotiva de um projecto que será certamente uma demonstração de vitalidade.

Aliás, o êxito deste projecto (e para ter garantia de êxito Luanda escolheu um dos melhores) irá também provar que Angola será a locomotiva de muitas outras coisas boas, tanto no contexto africano como lusófono.

domingo, janeiro 27, 2008

José Sócrates ainda não percebeu que vai nu

O primeiro-ministro de Portugal, secretário-geral do PS, dono da verdade, Licenciado em engenharia civil, Pós-graduado em Engenharia Sanitária, na Escola Nacional de Saúde Pública, militante do Partido Socialista desde 1981, de seu nome José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, rejeitou hoje com toda a autoridade moral que (não) tem, as "lições de esquerda" que alguns tentam dar ao Governo, sublinhando que nunca um executivo deixou tantas marcas nas políticas sociais. Presumo que nem mesmo o de António Guterres, antes e depois de ter prometido ir às fuças da direita.

"Alguns estão a tentar dar lições de esquerda ao PS, mas não me recordo de um período onde um Governo tivesse deixado tantas marcas de esquerda", afirmou José Sócrates, no encerramento de um encontro do PS/Setúbal, que terminou hoje na OTA, perdão, em Alcochete.

De facto, este Governo deixa marcas em tudo o que toca. Algumas de tal maneira expressivas que durarão anos a passar e que, é claro, custarão muitos sacrifícios a quem tiver de pagar a
factura.

Depois de fazer um "ponto da situação" do domínio económico, onde recordou as "alterações estruturais" levadas a cabo pelo executivo, nomeadamente ao nível da consolidação das contas públicas, na segurança social e administração pública, José Sócrates centrou o seu discurso nas políticas sociais, recusando a ideia de que o Governo abandonou as “políticas de esquerda”.

Consolidou as contas públicas? Talvez ande lá perto. Mas, lembrando que deve haver alguma razão para que só 7% (sete por cento) dos portugueses ainda acredite nos políticos, será uma medida estrutural tirar aos pobres para dar aos que ganham – como diz Cavaco Silva – 30 vezes mais do que a média dos portugueses?

Sócrates puxa dos galões para dizer que foi o seu governo quem criou o complemento solidário para idosos, que considerou ser "uma marca de consciência social, que honra qualquer Governo, em particular um Governo do PS".

Pois criou. E daí? Consciência Social não está em dar o peixe, está em ensinar a pescar. Está em dar condições aos filhos para que eles possam ser solidários para com os pais. Essa de tirar aos filhos (acabando com a classe média) para dar aos pais, pode honrar qualquer governo socialista, mas não honra um governo que seja decente.

"Dizem que o Governo tem feito uma boa gestão, mas tem esquecido a consciência social, (...) mas este Governo avançou com uma das maiores medidas para combater a pobreza nos idosos", referiu José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.

Combater a pobreza nos idosos? Basta ver o que se passou com o homem de 79 anos (creio que deveria ser idoso…) que, em Vila Real, teve de ir de táxi para casa e completamente nu. Foi, aliás, um bom exemplo do combate à pobreza. No dia seguinte Portugal ficou com menos um pobre. O homem morreu no mesmo hospital onde lhe tinha sido dada alta… embora sem roupa.

Tão grave como ter um primeiro-ministro que confunde a letargia da criação com a criação da letargia é, na minha opinião, ter um primeiro-ministro que acredita ser Deus e que, por isso, impõe a razão da força à força da razão.

Esquecendo-se que mais vale ter um adversário inteligente do que um amigo estúpido, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa conseguiu reunir à sua volta o maior número de estúpidos por metro quadrado que, por fidelidade tachista, são incapazes de lhe dizer que ele vai como o seu conterrâneo de Vila Real, nu.


Recuso-me a fazer figura de urso

Centenas de jornalistas estão inscritos no Movimento Informação é Liberdade (MIL), entidade portuguesa que em breve terá uma comissão organizadora que promoverá uma assembleia geral para eleição dos seus órgãos sociais. Não faço parte do MIL porque me recuso a fazer figura de urso só porque isso convém à estratégia de marketing do director do circo.

De acordo com o MIL, “o objectivo, a curto e médio-prazo, é muito simples: o MIL será interlocutor em todos os processos de discussão de matérias de interesse para a classe dos jornalistas, como por exemplo a autoregulação e o acesso à profissão”.

E se o mais relevante para os jornalistas, “a curto e médio-prazo”, é a “autoregulação e o acesso à profissão”, não tenho dúvidas de que o MIL está a confundir a estrada da Beira com a beira da estrada, valorizando o acessório e esquecendo o essencial que, digo eu, vai muito além do umbigo de alguns, tenham ou não experiência curricular nas assessorias políticas e ou empresariais.

Quando o principal problema dos jornalistas portugueses é a perda da liberdade de expressão, não aceito fazer figura de urso só porque o primeiro-ministro é convidado de honra do circo mediático.

Quando, por questões de sinergia, se tenta uniformizar a informação de modo a cercear a diversidade de visões sobre o mesmo assunto (diapasão da liberdade), não aceito fazer figura de urso só porque o dono circo mediático viu o “urso” propriamente dito ser colocado como assessor de um qualquer político.

Quando, já ao dobrar da esquina, está a certeza de que um jornalista terá de escrever sobre o mesmo assunto para os jornais “A”, “B” e “C”, emitir o som para a rádio “D”, a imagem para a televisão “E” etc., vir-se dizer que a curto prazo devemos estar preocupados com a auto-regulação e com o acesso à profissão, é querer tapar o sol com uma peneira… sem sequer ter peneira, embora tendo peneiras.

Os jornalistas, os do MIL e muitos outros, estão como o tolo no meio da ponte. Não sabem se devem ir para a frente ou para trás. No entanto, preocupados com essa dúvida existencial, ainda não repararam que, afinal, nem ponte há...

sábado, janeiro 26, 2008

Estamos entregues à bicharada


Um homem que tinha 79 anos recorreu ao hospital de Vila Real (norte de Portugal) com dores de barriga, gripe e fraqueza. Deram-lhe alta de madrugada. O taxista que o foi buscar encontrou-o numa maca sem roupa. No dia seguinte voltou ao hospital, onde faleceu.

Na Alemanha, os restos mortais de um cidadão angolano foram enterrados em sacos de plásticos por falta de apoio das autoridades angolanas.

Em Angola, país (o meu país) que ocupa o segundo lugar da lista de países africanos mais afectados pela mosca tsé tsé, portadora da doença do sono, o ministro da Defesa, de seu nome Kundy Paihama, afirma que o que sobra das suas refeições dá aos cães e não aos pobres.

Segundo a UNICEF, os dados sobre a taxa de mortalidade infantil de menores de 5 anos coloca seis países da Lusofonia (Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Cabo Verde) acima dos valores admissíveis.

Ou seja, estamos entregues à bicharada, chamem-se as hienas José Sócrates, Eduardo dos Santos etc. etc. etc..

20% dos portugueses ainda acreditam em nós
- como são puros e simples estes portugueses

Em Portugal, segundo um estudo da consultora Gallup, os professores merecem a confiança de 42% dos inquiridos, muito acima dos 24% que acreditam nos líderes militares e na polícia, dos 20% que confiam nos jornalistas e dos 18% que optam pelos líderes religiosos. Os políticos são os que menos têm a confiança dos portugueses, já que contam com o apoio de apenas 7%.

Como jornalista espanta-me que 20% dos portugueses acreditem, ainda acreditem, em nós, tantos são os maus exemplos que diariamente por aí aparecem e que revelam (mas, ao que parece, os portugueses desconhecem essa realidade) a nossa total subversão da ética, da deontologia, da moral e da competência.

Ainda não há muito tempo, há no activo quem disso se lembre, havia a censura. Hoje não há censura, há autocensura. Antes havia a censura, hoje há os critérios editoriais. Antes havia censura, hoje há audiências. Antes havia censura, hoje há lucros. Antes havia Jornalismo, hoje há comércio jornalístico.

Ainda não há muito tempo, há no activo quem disso se lembre, a única tarefa humilhante no Jornalismo era a que se realizava com mentira, deslealdade, ódio pessoal, ambição mesquinha, inveja e incompetência. Hoje nada é humilhante desde que dê lucro.

Ainda não há muito tempo, há no activo quem disso se lembre, um Jornalista nunca (nunca) vendia a sua assinatura para textos alheios, tantas vezes paridos em latrinas demasiado aviltantes. Hoje é tudo uma questão de preço.

Ainda não há muito tempo, há no activo quem disso se lembre, se o Jornalista não procurava saber o que se passava no cerne dos problemas era, com certeza, um imbecil. Antes, se o Jornalista conseguia saber o que se passava mas, eventualmente, se calava, era um criminoso. Hoje há cada vez mais imbecis e criminosos.

Ainda não há muito tempo, há no activo quem disso se lembre, os Jornalistas erravam muitas vezes. Hoje não erram. E não erram porque há cada vez menos Jornalistas.

Ainda não há muito tempo, há no activo quem disso se lembre, os Jornalistas sabiam que estavam todos os dias em cima de um tapete rolante que andava para trás. Se queriam ganhar terreno tinham de correr. Não bastava caminhar. Hoje os operários da imprensa ou se limitam a andar nesse tapete e quando derem fé não saíram do mesmo sítio ou, em muitos casos estimulados pelos chefes da linha de enchimento, resolvem andar no sentido do tapete…

Mas como os portugueses são gente simples, ainda há 20% que acreditam em nós. Ou dizem que acreditam.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

http://ma-schamba.com

O Ma-Schamba foi transferido para o Tubarão Esquilo. Desde hoje o blog reside neste endereço. Um óbvio e, como sempre, aliciante, convite a seguirem até lá. Continua válido o acordo que José Pimentel Teixeira fez com o mundo: “em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio” (R. Nassar).

Não basta ser sério, mas em Angola…

Eugénio Costa Almeida acaba de lançar o alerta no Pululu sobre a entrega do Canal 2 da Televisão Pública de Angola (TPA) a Tchizé, “uma das filhas do presidente – e quase certo, infelizmente porque seria melhor que ficasse como reserva da Nação, (re)candidato às presidenciais – José Eduardo dos Santos”.

Tanto quanto o Alto Hama apurou, "não se trata da privatização daquele canal mas, antes, da aposta em novos programas de entretenimento, dirigidos sobretudo para o público jovem, de modo a que esta faixa da população se identifique mais com a TPA”

Aliás, ainda há três dias, a TPA garantia em comunicado que “ambos os canais irão manter-se obviamente, como canais públicos, não estando previsto a sua privatização”.

Comungo, apesar de tudo, das preocupações quanto à isenção da TPA no contexto eleitoral que se avizinha, não me parecendo correcto que a filha de um dos candidatos e actual presidente seja a “dona” da programação (ou será mais do que isso?) de um canal público.

Angolano enterrado em sacos de plástico

Acabo de ler no Club-K que “os restos mortais do malogrado Toco Polulu, foram enterrados em sacos de plásticos no passado dia 17 de Janeiro num dos cemitérios de Würzburg Estado de Bayern por falta de apoio das autoridades angolanas”.

Depois de o Ministro da Defesa de Angola, Kundy Paihama, ter há uns anos aconselhado o povo a comer farelo porque “os porcos também comem e não morrem”, e de ter dito agora que “dorme bem, come bem e que o que resta no prato dá aos cães e não aos pobres”, já nada me espanta.

Fico, contudo, triste por saber que um compatriota foi enterrado envolto em sacos de plástico porque as autoridades angolanas no país não tiveram a hombridade de lhe pagar um caixão.

E assim, a par da construção de uma luxuosa torre de 70 andares em Luanda, se faz a história de Angola…

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Portugal vai ajudar (porreiro, pá!)
as vítimas das cheias no Zambeze


Ao tempo que se sabe que Moçambique atravessa uma situação complicada por causa das cheias. Ao tempo que diversas organizações humanitárias alertam para o drama. Ao tempo que outros países já enviarem ajuda. Agora, ao que parece (sim, ao que parece) Portugal acordou e vai ajudar alguns dos mais de 80 mil cidadãos deslocados.

Como á habitual, o Governo de Lisboa estava a dormir depois de lautas refeições e de acesas discussões nos areópagos da macro-política, parecendo agora acordar.

Segundo o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de José Sócrates, João Gomes Cravinho, a ajuda suada dos cofres lisboetas será de 305 mil euros que serão (um dias destes, presumivelmente) enviados para o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades.

A decisão de disponibilizar os 305 mil euros foi tomada hoje mas já na quarta-feira o governo tinha, segundo Cravinho, concedido uma ajuda superior a 20 mil euros à Fundação Aga Khan, que está no vale do Zambeze a fazer um levantamento das necessidades para dar apoio.

Convenhamos, contudo, que Portugal está atento. Demorar vinte dias a decidir que se vai mandar ajuda (logo no início deste mês se soube que o Zambeze ia fazer estragos) e sei lá quantos a enviá-la, é prova provada de que Lisboa está atenta.

Aliás, pelo saber de experiência feito, os moçambicanos já quase conseguem viver sem comer. Quase.

Líderes apoiam a exploração da sua terra

Os governos ocidentais de uma forma geral e os portugueses em particular, continuam a confundir o gato com a onça no que a África respeita. Mais, muito mais do que olhar para os africanos, Portugal olha, permite que se olhe e incentiva a que se olhe apenas para as riquezas africanas.

Como muito bem dizia Paulo Morais num artigo publicado em Maio do ano passado no Diário Económico, “muita da designada cooperação económica é apenas e tão só uma nova forma de exploração, que se alicerça no conluio entre poderosas empresas europeias e os ditadores locais”.

É claro que, do ponto de vista dos euros ou dos dólares, esta estratégia empresarial tem êxito garantido. Dir-me-ão, com toda a legitimidade e razão, que as empresas não são instituições de misericórdia. É claro que não são. E se o não são nos países de origem, muito menos o serão nos países onde só vão sacar.

É pena. Bem poderiam fazer história se se lembrassem que os africanos são gente. Aceito, contudo, que me digam que antes de serem as empresas a pensar que os africanos são gente, deveriam ser os seus próprios líderes a pensar nisso. E, é claro, eles só pensam em si.

“Não têm direito a ter opinião”

Confrontado com a insatisfação já manifestada pela população de Felgueiras (Portugal) com o encerramento do SAP (Serviço de Atendimento Permanente) local, Alcindo Salgado Maciel Barbosa (foto), presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, foi lapidar: “As pessoas têm direito a ter expectativas, mas não têm direito a ter opinião".

Os portugueses, sobretudo os que frequentam como utentes os SAP, já desconfiavam que os seus direitos estavam a ser ultrajados. Agora ficaram com a certeza. É-lhes mantido, por enquanto e segundo Maciel Barbosa, o “direito a ter expectativas” mas não - é claro – o direito a ter opinião.

Opinião podem ter, calculo eu, os donos da verdade da política portuguesa, começando pelo primeiro-ministro e acabando no primeiro-ministro, com algumas excepções devidamente autorizadas pelo primeiro-ministro.

Bem vai dizendo, enquanto tiver direito a ter opinião, António Barreto que José Sócrates “não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação”.

E enquanto José Sócrates, com a ajuda de todos os Macieis Barbosas deste deserto, não me impedir de ter opinião, fiquem sabendo que na minha opinião este primeiro-ministro português é, de facto, “a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.

Pedir aos pobres dos países ricos
para dar aos ricos dos países pobres

O secretário-geral da Fretilin (partido que, sem maioria absoluta, venceu as eleições de 30 de Junho de 2007), Mari Alkatiri, exigiu hoje a demissão do primeiro-ministro Xanana Gusmão e a convocação de eleições legislativas antecipadas em Timor-Leste, em 2009.

"O Governo já demonstrou não saber governar", acusou o ex-primeiro-ministro a propósito deste governo cuja legalidade constitucional é, desde logo, duvidosa.

Mari Alkatiri diz que o Governo de Xanana Gusmão revela "incompetência generalizada, caça às bruxas, esbanjamento, corrupção generalizada, nepotismo e interferência inaceitável na justiça".

O Governo "não têm plano nem têm programa. Pensa que a única forma é transformar Estado em instituição de misericórdia, dando esmolas", afirmou Alkatiri numa demolidora radiografia do mau estado do Estado.

Lapidarmente, Alkatiri diz que "vamos ter um país de pensionistas e um povo que vive de subsídios".

É claro que nem Xanana Gusmão se vai demitir, nem haverá eleições em 2009. Toda a comunidade internacional, incluindo Portugal e a CPLP, sabem que Xanana não tem qualidades para ser primeiro-ministro, como sabem que Ramos Horta também não tem capacidade para ser presidente.

Esta constatação não serve, contudo, para grande coisa. Tudo vai ficar na mesma. Ou seja, vamos continuar a ver as autoridades timorenses (com o criminoso apoio da comunidade internacional) a pedir ajuda aos pobres do países ricos, para dar aos ricos do país pobre que continuará a ser Timor-Leste.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Somos o que os outros querem que sejamos?

É mesmo. Somos poucos mas ainda vamos andando por aí. Somos, concordo, uma espécie em vias de extinção. Um dia destes alguém se lembrará que, afinal, é preciso manter a espécie. É que sem Jornalistas a liberdade será uma miragem. Com o fim dos Jornalistas chegará também ao fim a liberdade.

Podem crer.

Ou será que somos muitos mas não vamos andando por aí? Ou será que não somos uma espécie em vias de extinção mas, antes, uma extinção em vias de ser espécie? Ou será que com esta liberdade os Jornalistas são uma miragem? Ou será, ainda, que com o fim da liberdade chegarão os Jornalistas?

Pensem nisso!

terça-feira, janeiro 22, 2008

Jonas Savimbi e o Estado angolano

O túmulo do antigo líder e fundador da UNITA, Jonas Savimbi, morto em combate em Fevereiro de 2002, foi parcialmente destruído por um grupo de jovens, entretanto detidos pela polícia e identificados como pertencente à JMPLA, e que roubaram a placa de bronze em que estavam gravados o nome do malogrado, as datas do seu nascimento e falecimento e as circunstancias que envolveram o acontecimento.

Este actos não surgiram, creio eu, pelo facto de o secretário de Estado da Cooperação de Portugal, João Gomes Cravinho, ter comparado em Novembro de 2005, numa entrevista ao Expresso, Jonas Savimbi a Hitler, nem sequer devido à tese do ministro da Defesa de Angola, Kundy Paihama, de que os kwachas não são pessoas.


Aconteceram estes actos, como vão acontecer outros, porque o Estado angolano tarda em entender que com a morte de Savimbi, Angola, bem como África, perdeu um lutador pela liberdade que, com os muitos defeitos que tinha, não mandou os angolanos comer farelo (como o fez Kundy Paihama) nem disse que dava a comida que lhe sobrava aos cães e não aos pobres, como o fez Kundy Paihama, sem que nada lhe aconteça.

Aconteceram estes actos, como vão acontecer outros, porque o Estado angolano tarda em entender que não adianta tentar humilhar Jonas Malheiro Savimbi como fizeram as Forças Armadas de Angola (ou pelo menos parte delas). Eu sei que, mesmo morto, Jonas Savimbi atemoriza os militares de José Eduardo dos Santos e até o próprio presidente da República.

Aconteceram estes actos, como vão acontecer outros, porque o Estado angolano tarda em entender que tentar humilhar Jonas Savimbi é tentar humilhar uma grande parte do Povo Angolano.

Aconteceram estes actos, como vão acontecer outros, porque o Estado angolano tarda em entender que com a morte de Jonas Savimbi, África perdeu – goste-se ou não - um dos seus mais insignes filhos.

Aconteceram estes actos, como vão acontecer outros, porque o Estado angolano tarda em entender que Jonas Savimbi, ao contrário dos Kundy Paihamas do regime, tombou em combate ao lado das suas tropas e do Povo mártir, um apanágio só concedido aos Grandes da História.

Aconteceram estes actos, como vão acontecer outros, porque o Estado angolano tarda em entender que Jonas Savimbi deixou-nos como maior e derradeiro legado a sua coragem e o consentimento do sacrifício máximo que pode conceder um combatente da liberdade, a sua Vida.

Aconteceram estes actos, como vão acontecer outros, porque o Estado angolano tarda em entender que Jonas Savimbi, fiel aos princípios sagrados que nortearam a criação da UNITA, rejeitou sempre e categoricamente os vários cenários de exílios dourados, tendo sido o único dos líderes angolanos que sempre viveu e lutou na sua Pátria querida, a Ela tudo tendo dado e nada tendo tirado, ao contrário de outros com contas, palácios e mansões no estrangeiro.

Aconteceram estes actos, como vão acontecer outros, porque o Estado angolano tarda em entender que a UNITA não se define - sente-se. Que Jonas Malheiro Savimbi não se define - sente-se. Que Angola não se define - sente-se.

Quando o Estado angolano entender tudo isto, então sim, Angola será uma Nação e um Estado de Direito.

Portugal tem os reformados mais pessimistas
- Muito gostam eles de atazanar José Sócrates


Portugal tem os reformados mais pessimistas da Europa e uma população activa que vai pelo mesmo caminho, ao considerar que terá pensões insuficientes para fazer face às suas necessidades, revela um barómetro hoje divulgado. Muito gostam os portugueses de atazanar o excelso primeiro-ministro José Sócrates.

A perda de rendimentos com a reforma acentua-se no caso português, onde tanto reformados como activos esperam más condições financeiras e onde a qualidade de vida dos reformados está abaixo da média na Europa Ocidental.

Qualidade de vida dos reformados abaixo da média na Europa Ocidental? Pode lá ser? Bom. Mas mesmo que seja, sempre está uns pontitos acima do que se passa no Burkina Faso, não é sr. primeiro-ministro?

Dois terços dos portugueses inquiridos consideram que o valor da reforma que têm ou pensam vir a ter é ou será "insuficiente para suprir as necessidades - uma proporção que aumenta entre as mulheres e as classes sociais mais baixas".

De facto, e nisso Sócrates tem razão, os portugueses são uns mal agradecidos. Pelo menos não lhes é dito (utilizando a frase do ministro angolano da Defesa, Kundy Paihama) que comam farelo “porque os porcos também comem e não morrem”. Não lhes é dito por enquanto, é claro.

A seguir à Hungria e à República Checa, Portugal é o país europeu onde as pensões são mais baixas e seriam precisos em média mais 110 euros por pessoa para fazer face às despesas domésticas básicas, uma realidade que mais uma vez tem maior incidência nas classes sociais mais baixas.

Não está mal. Se Portugal é baixo em quase tudo, está por baixo em quase tudo, até por uma questão de coerência deve continuar assim. Não é isso, sr. primeiro-ministro?

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Samakuva, Paihama, os porcos e os cães

Enquanto o Presidente da UNITA, Isaías Samakuva, quer mudar o regime para que a maioria dos angolanos que são pobres e vivem num país rico, deixem de ser pobres, o Ministro da Defesa de Angola, Kundy Paihama, depois de ter há uns anos aconselhado o povo a comer farelo porque “os porcos também comem e não morrem”, diz agora que “dorme bem, come bem e que o que resta no prato dá aos cães e não aos pobres”.

Enquanto para Isaías Samakuva “é preciso que haja vontade de correr e ganhar o desafio, é necessário que todos participem da corrida para que possamos andar todos na mesma cadência e atingirmos todos o objectivo que é tomar o rumo das nossas vidas, tomar o rumo do nosso país”, Kundy Paihama diz que semanalmente manda um avião às suas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para si e para os seus filhos e outra para os seus cães.

Enquanto o presidente da UNITA quer mudar tudo, não acabando com os ricos mas, isso sim, acabando com os pobres; enquanto luta para que o seu partido se preocupe com os milhões que dividem o nada com o pouco, Kundy Paihama trata esses milhões abaixo de cão, já que a estes não falta comida.

Eu sei (e felizmente são muitos os que também sabem, embora sejam poucos os que se atrevem a dizê-lo) que Kundy Paihama continua a pensar que existem angolanos de primeira e de segunda, estando entre os dois os seus cães. Continua a pensar que uns são pessoas e que os outros são kwachas, estando entre os dois os seus cães.

Por nada terem a ver com esta “guerra”, as minhas desculpas ao presidente da UNITA, aos porcos e aos cães por os ter colocado lado a lado com essa coisa que dá pelo nome de Kundy Paihama e cujas semelhanças com gente são mera coincidência.

domingo, janeiro 20, 2008

Para o ministro Paihama os cães são
mais importantes do que os angolanos

No passado dia 12, o Ministro da Defesa de Angola, Kundy Paihama, “botou faladura” num comício na Sede do Município da Matala e, quanto a mim, prestou um alto serviço ao país e até, digo-o em consciência, ao mundo democrático.

“Não percam tempo a escutar as mensagens de promessas de certos Políticos”, disse com o seu habitual brilhantismo oratório o ministro da Defesa, acrescentando: “Trabalhem para serem ricos”.

Digam lá que Kundy não é o espelho fiel do rei Eduardo dos Santos?

Continuemos com as verdades do ministro que, digo eu, deveriam fazer parte das enciclopédias políticas das universidades angolanas e, porque não?, de todo o mundo civilizado.

“Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”, afirmou o Ministro da Defesa de Angola, Kundy Paihama. Não, não há engano. Reflectindo a filosofia basilar do MPLA, Kundy disse exactamente isso: o que sobra não vai para os pobres, vai para os coitados dos cães.

E por que não vai para os pobres?, perguntam vocês e eu também. Não vai porque não há pobres em Angola. E se não há pobres, mas há cães…

Continuemos com o discurso do ministro: “Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães”.

Nem mais, senhor ministro. A liga de protecção dos animais (dos cães, no caso) agradecem e certamente vão atribuir-lhe uma medalha de mérito.

É claro que, embora reconhecendo a legitimidade que os cães do ministro da Defesa de Angola têm para reivindicar uma boa alimentação, não posso deixar de dar um conselho aos milhões de angolanos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.

Não. Não se transformem em cães para ter um prato de comida. Escolham antes dar um tiro nos cornos do ministro. Deste e de todos quantos, por não viverem para servir, não servem para viver.

Sócrates preocupado com ameaças terroristas

O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje que o Governo leva “muito a sério” todas as ameaças terroristas e já redobrou esforços e atenções para recolher “todas as informações e desenvolver todas as pistas” em torno dos recentes alertas. Os portugueses, sobretudo os que mal ganham para comer, os reformados, os desempregados e os que não são afectos à liderança do PS também levam a sério, não as ameaças, mas os actos de terrorismo que sobre eles este Governo pratica.

William Tonet ameaçado de morte (parte III)

Com o dedo no gatilho, como se matar jornalistas fosse a solução, os inimigos da democracia e do pluralismo político em Angola escreveram ao William Tonet a carta que a seguir transcrevo. Carta anónima, como é óbvio. Os autómatos que a escreveram, os acéfalos que a mandaram escrever, os mentecaptos que estão de acordo com ela podem, contudo, ter uma certeza: podem matar o mensageiro, mas nunca calarão a mensagem.

«Nós só lhe queremos avisar que o senhor tem estado a pisar o risco vermelho, por muitas vezes, principalmente contra os generais e alguns dirigentes deste país. Você se coloca como advogado dos ditos autóctones, mas fique a saber que estes não lhe vão ajudar quando te tomarmos medidas drásticas.

A sua raiva, não deve ser atingida a todos nós pois não temos nada a ver se o senhor foi ou não reconhecido pela Presidência da República, pelo que fez no Moxico, nos acordos do Luena e onde se diz haver uma dívida para consigo.

Se é isso deve resolver junto de quem lhe deve e não meter-se connosco e denegrir a nossa imagem.

Somos militares e oficiais superiores e ainda mandamos neste país e podemos mais tarde ou mais cedo aplicar-lhe medidas activas, pois estamos fartos das suas criticas e denúncias contra nós.

Por outro lado só queremos lhe avisar também para parar por não adiantar continuar a ser advogado do seu amigo Miala, pois ele está a sentir o peso do nosso poder. O poder de quem manda mesmo neste país.

O nosso poder real e efectivo. Por isso lhe avisamos que não vai haver lei, para lhe defender, por termos o controle de tudo e de todas as instituições. Ele vai ficar mesmo lá. Preso e não vale a pena sonhar que o comandante-em-chefe lhe vai safar.

Quando você defende o Miala apostou no cavalo errado pois ele não se importará amanhã de lhe fazer mal, de trair, como fez a muitos de nós que o ajudamos no passado e, no final queria tirar-nos o nosso dinheiro e desgraçar a vida das nossas famílias.

Ele está a pagar a ousadia de tentar desvendar a vida dos outros inclusive do camarada presidente e agora parece que lhe está a utilizar e ao seu jornal, como se ele fosse a vitima.

Não é vitima. Ele sabe o que fez e sabe que iríamos reagir desta maneira, para salvaguarda do poder real.

Por aí você já pode ver que está a ser utilizado, por um homem que nunca mais vai ser ninguém neste país. Assim estás a ser burro, pois ele não vai te dar os milhões que te prometeu, porque vamos lhe tirar tudo, o mesmo que nos queria fazer.

Ele vai andar na rua da amargura, por ter tido a ousadia de querer mostrar ao mundo que é o mais honesto de todos e os outros é que roubam, então vamos lhe mostrar que também sabemos fazer as coisas, mais do que ele pensava e fazendo recurso a própria lei, que hoje controlamos. Não é a toa que nos principais órgãos da Justiça, tais como a Procuradoria Geral da República, o Tribunal Supremo e mesmo o novo Tribunal Constitucional, temos a sua testa generais, que têm primeiro de cumprir as orientações militares e só depois discutir, se tiverem tempo.

Ele estava a pensar que era intocável e está atrás das grades. Está bem preso e já vai com sorte porque não o matamos, mas se você não parar pode ter a certeza que é lá onde você poderá ir também ou para outro sítio pior. Como quem avisa amigo é aconselhamos a parar com a tua assanhadice de quereres ser herói, pois fica a saber que aqui os heróis morrem mesmo.»

sábado, janeiro 19, 2008

“Criança Futuro”, Miala e Amões

"Espero poder contribuir para a erradicação da pobreza e da miséria no País. A minha eleição compromete-me a implementar urgentemente acções que ofereçam aos cidadãos angolanos melhores condições de vida", disse Valentim Amões (na foto) em declarações à Imprensa prometendo trabalhar para concretização da moção de estratégia, aprovada no Congresso do MPLA, em Dezembro, quando foi eleito para o Comité Central.

Valentim Amões era um dos maiores impulsionadores do projecto filantrópico "Criança Futuro", que tinha como patrono o antigo director dos Serviços de Inteligência Externa (SIE), general Fernando Garcia Miala.

Numa carta anónima que circulou em Luanda, os responsáveis do projecto “Criança Futuro”, cujo patrono é – repito – o general Miala - foram ameaçados de morte.

Hoje, no Huambo, o avião em que viajava Valentim Amões caiu e ele morreu.

Coincidências? Talvez.

Que alguém cumpra, se as coincidências deixarem, a promessa de Amões de contribuir para a erradicação da pobreza e da miséria em Angola.

William Tonet ameaçado de morte (parte II)

Há em Angola, como em Portugal, como em todo o mundo, uma espécie de pessoas que não gostam dos jornalistas. Terão, com certeza, os seus motivos. E para imporem as suas razões arranjam maneira dos jornalistas chocarem contra uma bala, tropeçarem num “gorila”, pisarem uma mina, terem um incêndio em casa ou ficarem sem emprego.

William Tonet (de quem sou amigo) está agora a sofrer ameaças de morte. Há, é verdade, angolanos que não gostam do que ele escreve. No entanto, nada disto é novo para ele. É claro que, na esperança de ver Angola ser um estado de direito, ele acredita que a força da razão é mais importante do que a razão da força, mensurável quando alguém tem o dedo no gatilho.

William Tonet (que não sei se continua a ser meu amigo) é, goste-se ou não – eu gosto – um marco na História de Angola. Sejam quem for os seus inimigos (mal seria se não tivesse muitos) podem ter a certeza de que não conseguirão alterar esse marco. Quem luta por dar voz a quem a não tem nunca desaparecerá, será eterno.

Ser amigo do William Tonet é também um perigo. Os tentáculos dos que manipulam a razão da força chegam a todo o lado. E não se limitam aos que são amigos do inimigo. Atingem os que são amigos do amigo do inimigo, os que são familiares dos amigos do amigo do inimigo e por aí fora.

O William Tonet há muito que mostrou ter qualidades guerreiras. Se assim não fosse não teria sobrevivido à “selva” onde exerce a sua profissão. Triunfos? Sim, teve muitos, destacando-se desde logo o facto manter um jornal independente e uma coluna vertebral erecta.


O William Tonet (de quem sou amigo mas que não sei se continua a ser meu amigo) é daqueles angolanos que nunca serão derrotados porque nunca deixará de lutar sejam quais forem as ameaças.

Ataque terrorista em Portugal? Quem se atreveria?

Os serviços de segurança portugueses desvalorizaram hoje o alerta de uma eventual ameaça terrorista por considerarem que Portugal não seria um "alvo directo" de um possível atentado. É claro que não é. A não ser que, como diz o meu filhote, os terroristas tenham estudado por um livro onde Portugal aparece como uma província de Espanha.

O jornal espanhol El País avançou hoje que Portugal é um dos países europeus que os serviços secretos espanhóis consideram em risco de sofrer um atentado terrorista ligado à deslocação à Europa na próxima semana do presidente do Paquistão.

Não. Não me parece. Quem quererá fazer mal a Pervez Musharraf? Ninguém. É um santo democrata que ao trocar os taliban por George W. Bush mostrou que, afinal, entre uns e outro venha o diabo e escolha.

"Os serviços de informação portugueses receberam uma comunicação de serviços secretos estrangeiros, que Espanha também confirmou, de que Portugal, juntamente com Espanha, França, Reino Unido e eventualmente Alemanha estariam sob ameaça terrorista iminente ligada ao terrorismo islâmico", afirmou à agência Lusa o coronel Leonel de Carvalho, do Gabinete Coordenador de Segurança, acrescentando que "estamos convencidos de que Portugal pode ter sido colocado nesse conjunto de países face à sua continuidade geográfica com Espanha e não por a ameaça ter como alvo directo Portugal".


É isso. Aí está uma das explicações: Província de Espanha ou o mais europeu dos países africanos. A outra é a que Portugal já tem terror que dá para dar e vender.

A política "estapafúrdia" do actual Governo

"As pessoas vão passar a nascer em casa ou a morrer em casa, para além daqueles que já andam a nascer pelo caminho. A esquerda moderna deve reforçar o Estado social e não desmantelar o Estado social".

"Estaria a mentir se dissesse que me reconheço no actual Governo. Não, não me reconheço.

"Não compreendo esta política, não só das taxas moderadoras para tratamentos e cirurgias (uma dupla tributação), como a extinção de urgências e de Serviços de Atendimento Permanente e o encerramento de maternidades em zonas do interior, seja qual for a fundamentação técnica".

"Isso é um erro colossal, porque as pessoas se sentem desprotegidas e abandonadas pelo Estado, sobretudo em regiões do país onde não há mais nada".

"Se tiram os serviços públicos do interior, as pessoas sentem-se abandonadas e desprotegidas, não foram criadas alternativas, as coisas não foram explicadas e é tudo feito por atacado".


Eu, reconheço, não diria melhor. E mesmo estando, política e historicamente a milhas do autor (Manuel Alegre numa entrevista à jornalista Flor Pedroso, da Antena 1), tiro o chapéu a quem consegue enfrentar – para já sem grandes êxitos – o ditador José Sócrates.

William Tonet ameaçado de morte

A onda de intimidação contra cidadãos que defendem democraticamente situações anómalas nas sociedades modernas continua a crescer cada dia que passa em Angola. Depois de responsáveis da Associação Justiça, Paz e Democracia terem sido recentemente ameaçados de cadeia por estarem contra vários atropelos à justiça angolana, desta vez o “aviso” de morte coube ao jornalista e director do Semanário Folha 8, William Tonet, numa carta anónima escrita em letra de computador sem no entanto ter uma assinatura.

A mesma sorte, tiveram os responsáveis do projecto Criança Futuro, cujo patrono é o ex-chefe dos Serviços de Inteligência Externa Fernando Garcia Miala, também ameaçados de morte numa carta anónima.

Falando a rádio Despertar no dia 18 de Janeiro de 2008, William Tonet disse que a carta traz consigo avisos que não abonam em nada a sã vivência que o país procura.

Entretanto o também jurista não admira esta “febre” de intimidações que se regista um pouco por todo lado.

“ É verdade que a nossa sociedade está estigmatizada em classes. Os muito pobres e outros muito ricos, e quando alguém se calhar dá voz a quem não tem voz, isto preocupa determinados sectores. Não posso aferir em concreto quem será, mas nós naturalmente desconfiamos ter uma certa proveniência”, revelou.

Mas no meio de tudo isto, o jornalista William Tonet mostra-se sereno e diz que vai continuar a trabalhar em prol dos que não têm voz, tendo aproveitado a ocasião para lembrar uma frase bíblica que diz: viemos do pó e voltamos para o pó.

“Estamos serenos, estamos aqui a fazer o nosso trabalho e a dizer que todos enquanto mortais vamos para o mesmo caminho, estamos em cima da terra de passagem, mas não pudemos abdicar das nossas convicções. Não vamos recuar, não nos vamos deixar intimidar, esperando sim que o nosso país possa mudar e possa ser mais justo, possa naturalmente dar iguais oportunidade a todos e não haja coronéis dispostos a fazer justiça por mãos próprias”, rematou.

Isto acontece numa altura em que o jornalista e correspondente da Rádio Ecclésia no Namibe, Armando Chicoca, vai ser posto em liberdade no dia 21 de Janeiro de 2008, depois de cumprir uma pena correcional de 30 dias acusado de desobediência à ordem pública.

Fonte: Kwacha.net

sexta-feira, janeiro 18, 2008

CALE-se2 arranca amanhã em Gaia

É já amanhã que começa a segunda edição do “CALE-se” Festival Nacional de Teatro, com a apresentação da comédia “A CANTORA CARECA”, a cargo do Aquilo Teatro, da Guarda

O arranque do festival contará também com a presença da patrona, a actriz Adelaide João (a “Deolinda” da série “Os Batanetes”, da TVI), que apadrinha a edição de 2008. O festival decorre na Associação Recreativa de Canidelo (Rua do Meiral, 51), em Vila Nova de Gaia (Portugal). Os espectáculos têm início marcado para as 21.45 horas.

No “CALE-se 2” participam oito grupos de teatro, oriundos de oito distritos. Em disputa estão oito prémios, que serão atribuídos aos trabalhos que um júri entender serem merecedores das respectivas atribuições.

Um outro prémio será entregue por maioria dos votos do público para a escolha de “Melhor Espectáculo”. A sessão de entrega de prémios será no dia 15 de Março.

Quem rouba só pode ser chamado de ladrão

A UNITA, ou alguém por ela, teima em vender gato por lebre. Este é mais um exemplo de como se desprestigia uma organização que se presume séria. O http://www.echosdelangola.org publica textos retirados de outras publicações e não cita as fontes nem os autores. Isto só tem um nome: roubo. E os que roubam só têm um nome: ladrões. É pena que a UNITA não ponha cobro a esta ladroagem que só serve para denegrir a sua imagem.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Morreu o jornalista angolano Manuel Dionísio

O jornalista angolano Manuel Dionísio (à esquerda na foto e ao lado de Sebastião Coelho) morreu hoje, dia em que completava 53 anos, na capital portuguesa, vítima de doença prolongada, foi hoje anunciado em Luanda.

A directora da rádio Luanda Antena Comercial (LAC), Luísa Fançony, onde o jornalista trabalhou, confirmou o falecimento de Manuel Dionísio considerando-o um histórico do jornalismo angolano.

Luísa Fançony disse ainda que a sua perda é "irreparável" e apontou Dionísio como um dos "ícones" do jornalismo angolano detentor de um "humor refinado".

"Manuel Dionísio foi um intelectual completo e inteligente, com um jeito de fazer humor que atingia bem no fundo a quem dirigia a sua mensagem, por vezes crítica", salientou Luísa Fançony.

Manuel Dionísio que apresentava o programa de sábado "Bom-dia", na LAC, numa dupla com o jornalista Mateus Gonçalves, foi também durante muitos anos editor de cultura do Jornal de Angola, único diário do país.

Foto cedida por http://malambas.blogspot.com/

Terrorismo? Se Cravinho diz…

O governo português considerou hoje que não existem informações sobre a existência de bases terroristas na África Ocidental, mas adiantou que alguns países com instituições "fragilizadas" possam servir para actividades criminosas. Será que Lisboa está bem informada? Tenho dúvidas. Muitas dúvidas.

Numa entrevista à Agência Lusa, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português, João Gomes Cravinho, indicou tratar-se de uma questão que tem de ser tratada, "com celeridade", em fóruns multilaterais entre europeus e africanos. Celeridade para procurar os indícios?

"Não temos indicações de bases terroristas na África Ocidental. A fragilidade das instituições permite, porém, actividades criminosas e, entre elas, temos de colocar a possibilidade das de natureza terrorista, nomeadamente o branqueamento de capitais, que as financiam", afirmou Cravinho, um especialista na defesa dos poderes instituídos.

Recusando acreditar que a África Ocidental, nomeadamente a Guiné-Bissau, sirva já de "base para o terrorismo", Gomes Cravinho referiu, porém, que seria "ligeiro" considerar a detenção como um "mero acidente de percurso". Ah! Afinal há indícios.

Indícios e dúvidas. Cá para mim, os países da África Ocidental, nomeadamente os lusófonos, podem não ter bases terroristas, mas não seria mau estar-se atento ao recrutamento e ao funcionamento como placas giratórias. Não é por nada, mas prevenir se calhar é o melhor remédio…

Jornalista reprova palavras de Xanana Gusmão

«A fim de melhor compreender a amplitude do significado das palavras proferidas por Xanana Gusmão, dirigidas aos jornalistas timorenses na passada terça-feira, procurámos saber o que os jornalistas pensam sobre tais declarações. Melhor que ninguém, os profissionais da informação poderão quilatar sobre o significado daquilo que Xanana Gusmão proferiu. O jornalista Orlando Castro, do Jornal de Notícias - também autor do Alto Hama na blogosfera - transmitiu-nos o seu parecer, que publicamos seguidamente:

"As palavras de Xanana Gusmão são um atentado à liberdade de informação e uma forma ditatorial de dizer aos jornalistas que só podem publicar o que o Governo, ou mais exactamente o primeiro-ministro, quer. Além disso violam de forma clara e inequívoca todas as regras de um Estado de Direito que, pelos vistos, não se aplicam a Timor-Leste.

As claras tendências ditatoriais de Xanana são igualmente comprovadas pelo facto de, mesmo depois de uma ameaça tão explícita e censória, não ter havido nenhuma reacção quer dos organismos internacionais ligados aos jornalistas, quer das próprias instituições internacionais, casos da ONU e da CPLP.

Assim, ao velho estilo do “quero posso e mando”, Xanana comporta-se como o principal inimigo da democracia e do pluralismo de opiniões (que quando lhe foi útil tão bem usou em seu proveito), querendo que a liberdade dos jornalistas termine onde começa a sua, mas esquecendo criminosamente que a sua liberdade também termina onde começa a dos jornalistas.

No entanto, Xanana revela igualmente alguma infantilidade política ao ser tão claro e incisivo nas ameaças. De facto, nas democracias ditas mais evoluídas ou estabilizadas (como é o caso de Portugal), o primeiro-ministro não diria o que disse Xanana. Ou mandaria alguém da sua confiança dizê-lo (ao estilo de atirar a pedra e esconder a mão) ou trataria de “comprar” quem manda nos jornalistas (ou até mesmo os jornalistas) para que estes ficassem calados..

É para mim evidente que Xanana só está interessado na divulgação da sua verdade, esquecendo que aos jornalistas cabe dar voz a quem a não tem, dar expressão a outras verdades não oficiais nas nem por isso menos verdades.

É claro que Xanana Gusmão pode mandar prender os jornalistas que se recusem a ser meras correias de transmissão da propaganda oficial. Pode fazer com que eles choquem contra uma bala perdida. Pode fazer com que passem a ficar desempregados. Pode tudo isso. Pode ele como podem todos os ditadores que, mesmo em democracia, têm o poder nas mãos.

No entanto, nunca os Xananas deste mundo conseguirão prender, matar ou desempregar a liberdade. E não o conseguirão porque a força da razão acaba sempre por vencer a razão da força."»

In http://timorlorosaenacao.blogspot.com/

Edifício de 70 andares em Luanda
(que se lixem os que passam fome)

Luanda terá um edifício de 70 andares. Com 325 metros de altura, a “Torre de Angola”, que será o maior edifício construído no país, vai albergar vivendas de luxo, hotéis, escritórios e lojas. Parabéns. Ao ritmo que cresce a economia angolana, nada como uma torre de luxo. O resto pouco importa. Que se lixem, que se continuem a lixar, os milhões de angolanos reais que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome.

Elaborado pela empresa angolana Rael Empreendimentos, em parceria com a construtora espanhola Urbanizaciones Rhiconsa, a torre, que terá um espaço de 200 mil metros quadrados, surge com o propósito de mostrar que Angola é um dos actuais pólos de massificação e fomento do desenvolvimento em África, diz o Jornal de Angola (JA). E diz bem.

O resto pouco importa. Que se lixem, que se continuem a lixar, os milhões de angolanos reais que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome.

Diz o JA que “com capacidade de reflectir as potencialidades económicas e o actual espírito do país, a “Torre de Angola” será, de acordo com os seus projectistas, uma referência nacional e um ícone da capital, que albergará uma cidade dentro da cidade”. Bem dito.

O resto pouco importa. Que se lixem, que se continuem a lixar, os milhões de angolanos reais que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome.

Construída para ser uma referência arquitectónica do género, a par das existentes em países como a África do Sul e o Egipto, o edifício mostrará o nível de crescimento e a grande possibilidade que o país tem de se tornar numa das maiores potências económicas do continente. Segundo os mentores do projecto, o facto de Angola ser um dos potenciais centros económicos de África é uma razão para que a sociedade angolana desfrute melhor do advento da paz, tendo construções de alto nível, cujo valor realce o nome do país além fronteiras.

E é assim que se vai fazendo a história de uma parte do meu país. A outra é feita com os milhões de angolanos reais que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Se não fosse o facto de sem comer morrermos…

Digam lá que o homem, o engenheiro, o primeiro-ministro, não a sabe toda. Digam lá? Com a história da inflação, uma entre muitas história para encantar tolos, José Sócrates arrecadou 112 milhões de euros de receita (in)devida. O PSD chama-lhe "imposto escondido" cobrado a milhões de portugueses. É verdade, mas quem se está a rir com a nossa desgraça é José Sócrates.

E é simples. Nem é preciso ter um curso de inglês técnico ou de economista agrário. Basta ter lata. E lata, convenhamos, é coisa que não falta ao primeiro-ministro.

Pagar, paga-se pela inflação real. Receber, quando se recebe, é pela inflação prevista. E assim é pelo menos desde 2005. E assim se chega, mais coisa menos coisa, a uma receita orçamental (extra)ordinária dos mais de 110 milhões de euros.

Estão a ir ao nosso bolso? É claro que sim. Este Governo não tem feito outra coisa. Aos não socialistas (que não são aumentados, não arranjam emprego, não são promovidos, são despedidos) custa mais, muito mais, do que aos outros.

De que adianta vir o PSD (que também tem muitas culpas no cartório) dizer que este estratagema rosa vai atingir este ano cerca de três milhões de portugueses entre trabalhadores no activo, funcionários públicos e reformados com rendimentos modestos entre 500 e 1200 euros?

A solução passa por mostrar aos portugueses de bem que José Sócrates não é a solução para o problema mas que é, com ou sem diploma, um problema para a solução. Ou seja, é preciso solucionar o que resta, para ver se depois ainda sobra alguma coisa válida.

Se calhar não sobra. Mas quanto mais tarde pior. Ou será que temos de esperar que Sócrates empregue os 150 mil (socialistas) portugueses? Ou será que temos de ir nessa treta de terminar a legislatura?

Ou será que Portugal só vai acordar quando vir que na altura em que estamos a aprender a viver sem comer… morremos?

Portugal é conhecido pelas burlas e fraudes fiscais

O presidente da Eurojust, José Luís Lopes da Mota, disse hoje no Parlamento português que naquele organismo europeu "Portugal é conhecido como o país das burlas e fraudes fiscais, sobretudo relacionados com o IVA". Francamente. O que mais irão “inventar” para denegrir a imagem e o desempenho do Governo de José Sócrates?

O procurador-geral adjunto Lopes da Mota falava aos deputados das Comissões de Assuntos Europeus e de Assuntos Constitucionais sobre a Eurojust, um órgão europeu de cooperação judiciária em matéria penal, no domínio da perseguição da criminalidade grave e organizada de natureza transnacional.

Quanto à tipologia de crimes tratados pelo organismo, as burlas e fraudes fiscais lideram a lista portuguesa, seguindo-se o tráfico de droga e o branqueamento de capitais.

"É curioso que Portugal é conhecido na Eurojust como o país das burlas e fraudes fiscais, nomeadamente relacionados com o IVA", referiu.

No conjunto dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), o maior número de crimes tratados por esta unidade europeia de cooperação judiciária relaciona-se com o tráfico de droga, burlas, fraudes e branqueamento de capitais.