sexta-feira, janeiro 11, 2008

A “coragem” de acusar os mortos
e de não falar dos poderosos vivos

Maria Eugénia Neto deu uma entrevista ao Expresso. Embora saiba o que diz, a viúva de Agostinho Neto não diz (tudo) o que sabe. Terá, com certeza, as suas razões. Duas questões são contudo, para mim, reveladoras.

À pergunta “conheceu Jonas Savimbi?”, respondeu “não muito bem”. Apesar disso, a viúva de Agostinho Neto disse achar que o fundador da UNITA “foi um criminoso terrível”.

Quando interrogada sobre se Eduardo dos Santos está há muito tempo no poder, a viúva de Agostinho Neto disse “não quero falar nisso”. E porquê? “Porque não quero criar problemas”.

Por outras palavras, é cómodo, barato e até pode dar milhões, acusar de “criminoso terrível” alguém que já morreu.

Por outras palavras, é cómodo, barato e até pode dar milhões, não falar de alguém que, para além de estar vivo, tem poder para calar qualquer um, mesmo que seja a viúva do primeiro presidente.

9 comentários:

AGRY disse...

Não quero crucificar a senhora mas...nestas coisas ou se é isento ou muda-se de canal

Pedagogos do Futuro disse...

Eis a vantagem que esta ferramenta teconológica (a internet) nos proporciona. Tudo o que a imprensa escreve, ou fala, deve-se à um interesse. Mas qual interesse está obscurecido nas edições, entrevistas, depoimentos que se dão à imprensa? Daí que pessoas com capacidade de questionar, ler nas entrelinhas e analisar com criticidade o assunto em pauta evitando que apenas a verdade que se tentou mostrar seja a definitiva.

Anónimo disse...

A sra. Eugénia (transmontana de gema) dá uma entrevista a pedido, para atacar o livro publicado por dois historiadores (Dalila e Álvaro Mateus), mas impossibilitada de contrariar os factos históricos relatados no mesmo, limita-se a insultar a Senhora Doutora Dalila Mateus.

A sra. Eugénia (transmontana de gema) incapaz de comentar os crimes do marido, limita-se a ignorar ou fingir ignorar os factos.

A sra. Eugénia (transmontana de gema) do alto da importância que não tem, permite-se analisar a História e tentar alterá-la.

A sra. Eugénia (transmontana de gema), inventa factos (as fapla em 1977 não teriam 15 generais p.e.) para ocultar o que sabe, mas que vai dizendo que não sabe.

A sra. Eugénia (transmontana de gema), insinua-se como mãe fundadora, (considerando o criminoso marido como pai fundador, tal como Mubutu se considerava), de um Povo que não o seu, apenas para ter mais uns minutos de fama.

A sra. Eugénia (transmontana de gema) faz gala em mostrar o seu ódio, o seu desprezo por todos os que morreram na purga de 1977, para ela eram criminosos que mereciam tudo o que lhes fizeram.

Os angolanos não merecem esta sra. Eugénia (transmontana de gema), nem os transmontanos já agora.

Uabalumuka

Camilo disse...

Amigo Orlando.
Vou procurar ler esta entrevista.
Há dias, li num blogue que a "Camarada Eugénia Neto" (era assim que eu em Angola ouvia falar dela) terá dito por meias palavras que o "Fundador da Nação Angolana" terá sido "assassinado" em Moscovo.
Ou seja: ela terá dado essa ideia.
Bom, se assim foi, ainda hoje me lembro da foto tirada à entrada do avião.
Neto não foi sozinho nessa "viagem de estudo e amizade"...
Em tempo:
Eu disse "Fundador da Nação Angolana"?
Eu queria dizer:AFUNDADOR!!!

Paulo F. Silva disse...

Angola pela boca dos angolanos é assunto falado sempre com emoção, de forma exacerbada. Não é por feitio dos angolanos, é mesmo porque Angola é algo que só sente com paixão. Resultado: nem sempre se acerta.
Este “post” do Orlando é, uma vez mais, prova disso mesmo, da paixão, nem sempre acertada, como os angolanos falam/pensam/escrevem de Angola.
O comentário à entrevista tem quase uma semana de atraso, em relação à data da sua publicação original, o que é estranho, mas ainda assim li com atenção a prosa do Orlando. O que choca o Alto Hama, aparentemente, é a referência a Savimbi, nas palavras de Maria Eugénia Neto, como um “criminoso terrível”, e a recusa assumida da entrevistada em falar do actual presidente da República de Angola, Eduardo dos Santos: “Não quero falar disso” (…) “porque não quero criar problemas”. Por isso, entendo, o Orlando titula o “post” do seguinte modo: “A ‘coragem’ de acusar os mortos e de não falar dos poderosos vivos”.
Como li a entrevista há mais de uma semana, obriguei-me, no fim de semana, a relê-la de fio a pavio, porque na sexta-feira passada, data de publicação do “post”, senti a escrita do Orlando como algo de profundamente injusto para com uma pessoa que, sendo absolutamente irrelevante na História de Angola, viveu alguns dos seus principais momentos ao lado de quem, goste-se ou não, só poderá figurar em lugar cimeiro.
Na entrevista fala-se de coisas muitíssimo mais importantes do que as referidas considerações a Savimbi e Eduardo dos Santos, mas sobre isso… zero! As observações, a meu ver mal informadas e equivocadas, de Maria Eugénia ao 27 de Maio, a Nito Alves e a Dalila Mateus são disso exemplo. As afirmações/insinuações relativas à morte de Agostinho Neto na URSS são outro bom exemplo. Tal como a ruptura com Viriato da Cruz.
Mas sobre isso, o Orlando passa ao lado. Eu percebo-o. O que ele quer mesmo é defender a honra de Savimbi – o que acho que faz muito bem, sobretudo se for uma atitude genuína – e bombardear politicamente José Eduardo dos Santos – que também entendo como muito válido. Mas para se defender Savimbi não se pode, em momento algum, querer fazer dele um santo. Na história da libertação de Angola, no pré e no pós-independência, não há santos: Agostinho Neto, Jonas Savimbi e Holden Roberto, todos, sem excepção, entre muitos outros, mataram e/ou mandaram matar gente do seu próprio povo. O que acaba por ser uma consequência natural de quem lutou, em circunstâncias muito específicas, pelos seus ideais. Percebe-se que assim tenha acontecido. E não é pelo facto de terem morrido que ninguém, agora, pode ousar atirar-lhes uma acusação. Era o que faltava! A menos que, pelo facto de também já terem morrido, e portanto não poderem defender-se, se recusarem de ora em diante comentários/considerações/acusações a Jesus Cristo ou a Karl Marx…
Quanto aos “poderosos vivos” (leia-se Eduardo dos Santos) de quem Maria Eugénia recusa falar, o Orlando ignora, momentaneamente, em que condições a frase é pronunciada. Mais: poderiam ter sido acertadas condições prévias para a realização da entrevista – precisamente para não incomodar nem entrar em ruptura com os “poderosos vivos” –, mas Maria Eugénia assume, permite que seja publicado na sua boca, que sobre determinado assunto não quer falar. E esse instante, goste-se ou não do que vem lá escrito, goste-se ou não da personagem, é um acto de coragem que só se pode aplaudir. E aplaudir com emoção, porque Maria Eugénia Neto, até à data, não deixou de viver no país que passou a ser também o seu.

Camilo disse...

O País Angola, é da Maria Eugénia Neto,do Paulo F.Silva, do Orlando, do irmão do Orlando, da minha mulher, da minha filha e, porque não? Também é meu.
Não será tanto meu como será dos que enumero, mas... contento-me com um bocadinho.
Lamento desapontar o amigo Paulo F. Silva, mas, pelo que li -e sinto- o ORLANDO tem razão.
Pelo menos, não esconde a "cabeça na areia".
Coisa muito em voga...
Devido ao bem-estar.
A posição do Orlando é a minha.
Não convém falar "nos vivos" porque podem ficar "incomodados"...
E lá se vai o tal "bem estar".
Um Abraço, ORLANDO!!!

Camilo disse...

Não podia deixar de fazer aqui mesmo, nesta postagem do Orlando, este comentário.
Hoje mesmo acabei de ler a entrevista da "Camarada Maria Eugénia Neto" dava à revista "ÚNICA"-Expresso.
Fiquei fora de mim.
Esta mulher é mesmo digna de ser a viúva dum sanguinário;
dum assassino;
dum carniceiro;
dum matador.
Uma desavergonhada, mentirosa, ignóbil!!!

camilo,17/1/2008.

Anónimo disse...

As lamentações da Maria Eugénia Neto não têm nexo nesta altura mesmo que queiram furjar uma imagem mais inocente de toda a governação do Dr Agostinho Neto.
A verdadade tem que ser dita a menos que sejamos todos falsos e hipócritas, insensatos e todos comerciantes das memorias de milhares de pessoas grandes contribuintes da luta de libertação nacional.
Não podemos tolerar oportunistas que venham tirar partido primeiro da titularidade da fundação do mpla que nunca fundaram,depois da fundação da oma que nunca fundaram e do prestigio da prestação de tantos outros intelectuais que foram usados em prol da ganancia de poder e de objectivos pessoais.
Os mais sérios e pacíficos do mpla por sinal os cérebros da fundação que são seis :Viriato da cruz.Mario Pinto de Andrade,Hugo josé Azancot de Menezes,Lucio Lara,Eduardo Macedo dos Santos, Matias Migueis.
O Agostinho Neto por razões pessoais e de ambição política logo conseguiu antagonizar-se com os fundadores do qual ele beneficiou dessa delegação por vários factores.
Para não partilhar as ideias com a estrutura original do qual ele era beneficiário decidiu começar torpedear tudo e tdos que revalacem maior capacidade e que constituicem ameaças.
Começou a fazer perseguição a todos não escapando vários atentados em Brazzaville para assassinar e intimidar um dos fundadores do MPLA E primeiro presidente Mario Pinto de Andrade ,ao Hugo josé azancot de Menezes fez-lhe uma perseguição ao ponto de lhe mandar meter uma bomba no seu carro e instruir o minirtério da saude para não empregar o Dr hugo josé azancot de Menezes na capital (Brazzaville) e tranferi-lo para uma cidade distrital.
Depois desta barbaridade e perseguições e as matanças do 27 de maio que mais ha a esconder.
Toda verdade tem que vir a tona .
O MPLA não sairá fragilizado por esclarecer a verdade.
Pelo contrario sairá revigorado com outro espírito e com a oportunidade de se rever e reposicionar-se .
Porque afinal a razão de ser do MPLA os seus estatutos ,a obra feita pelos fundadores do mpla e fundadoras ,algumas esposas dos fundadores que participaram inclusívê na criação da bandeira(testemunho de algumas viúvas dos fundadores ainda vivas,esperandoe desejando que não morram depressa para bem dos oportunistas ,para relatar de uma vez por toda e denunciar as mentiras de alguns lobbys que a custa dessa historia falseada constroem castelos da areia movediça e durante tanto tempo criaram seus impérios mas vivendo aterrorizados com a verdade que vai surgindo aos bocados.

Anónimo disse...

A natural que ela tenha que defender o seu esposo que foi o primeiro presidente de Angola.
Mas que o Neto foi Sanguinário isto ninguem pode negar.
Desda perseguição ao Mario Pinto de Andrade impedindo que todas as embaixadas o apoiassem,obrigando quase a humilha-lo e vários atentados falhados; a cumplicidade de várias pessoas a perseguição e mandado colocar uma bomba no seu carro e obrigando as autoridades a não o empregarem na capital obrigando-o a arranjar emprego numa cidade distrital.