domingo, janeiro 06, 2008

Macacos a mais para árvores a menos
ou o melhor do tal reino dos socialistas


«Não andasse nisto uma tão feia manifestação de promiscuidade entre o Estado, os partidos e os negócios, e bem se poderia dizer que era a anedota do ano!», escreve hoje, no Jornal de Notícias, Freitas Cruz.

Será um erro exigir que cada macaco esteja no seu galho, sendo que a anã floresta portuguesa tem macacos a mais e árvores a menos? Será um erro exigir que negócios sejam negócios e que política seja política?

Se assim não for, e há muito que não é assim, continuaremos a ter uma perigosa promiscuidade entre estas duas (ou será apenas uma?) importantes variantes da vida nacional.

Aliás, a propósito dos símios, foi essa promiscuidade que fez com que o macaco acabasse por «comer» a mãe...

De há muito que os portugueses se habituaram a ver os agentes da vida pública todos misturados numa orgia colectiva que, cada vez mais, mostra que a moralidade e a equidistância são valores pouco relevantes para um país que está acostumado a jogar no sistema de todos a monte e fé em Deus… até porque, entre outros, a montanha do processo Casa Pia vai parir um ratinho.

Para comprovar tudo isso nem é preciso apelar à memória (também ela um valor irrelevante na nossa sociedade), basta ver como o Estado socialista (no caso) transforma políticos pigmeus em supostos gigantes da gestão empresarial, (com)provando que para se ser “bom” não é preciso dar provas, basta ter cartão do partido.

Dir-se-ia que, mais uma vez, não basta ser sério. Também é preciso parecê-lo. Mas, infelizmente e cada vez mais, os políticos, os administradores de empresas e os jornalistas (entre muitos outros) nem são sérios nem parecem sê-lo.

E quando, o que é raro, aparece um qualquer político, um qualquer empresário, um qualquer jornalista a dizer que não basta ter um piano para ser músico, logo surgem os arautos da desgraça (políticos, empresários e jornalistas) a dizer que o Carmo e a Trindade vão cair.

E para que não caiam sugerem que tudo fique na mesma. Ou seja, que continuemos a ver gentalha que não tem capacidade para coisa alguma e que, por isso, opta por ir para a política (pudera!) como método eficaz para logo a seguir ser administrador de alguma coisa pública, seja um banco, um instituto, uma fundação etc..

E enquanto isso, o país continue a cantar e a rir... embora de barriga cada vez mais vazia.

3 comentários:

anA disse...

Orlando.
A sua mensagem, "só é derrotado quem deixa de lutar." ficou registada indelevelmente.

Um abraço e obrigada

Pedagogos do Futuro disse...

Caríssimo. Parece-me que política tem o mesmo perfil em qualquer lugar. Vou me pegar ao último parágrafo para argumentar sobre. Disse o jornalista: "E para que não caiam sugerem que tudo fique na mesma. Ou seja, que continuemos a ver gentalha que não tem capacidade para coisa alguma e que, por isso, opta por ir para a política (pudera!) como método eficaz para logo a seguir ser administrador de alguma coisa pública, seja um banco, um instituto, uma fundação etc..."
Ora, esse modelo é um modelo perverso que teve início aí mesmo na Europa e que alguns o conhece como neo-liberalismo. Se está sob a bandeira do socialismo é uma outra história, mas esse modelo é aquele que protege aos que se propõem a perpetuar as desigualdades com uma diferença brutal entre as classes. Mas isto é também um circulo virtuoso onde estas instituições financiam alguns políticos para que estes possm manter a política do "meu negócio primeiro" para depois, e só depois, permitir algo para os menos favorecidos.

António Veríssimo disse...

Que macacos...

Porreiro, pá!

Abraço