quinta-feira, janeiro 17, 2008

Edifício de 70 andares em Luanda
(que se lixem os que passam fome)

Luanda terá um edifício de 70 andares. Com 325 metros de altura, a “Torre de Angola”, que será o maior edifício construído no país, vai albergar vivendas de luxo, hotéis, escritórios e lojas. Parabéns. Ao ritmo que cresce a economia angolana, nada como uma torre de luxo. O resto pouco importa. Que se lixem, que se continuem a lixar, os milhões de angolanos reais que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome.

Elaborado pela empresa angolana Rael Empreendimentos, em parceria com a construtora espanhola Urbanizaciones Rhiconsa, a torre, que terá um espaço de 200 mil metros quadrados, surge com o propósito de mostrar que Angola é um dos actuais pólos de massificação e fomento do desenvolvimento em África, diz o Jornal de Angola (JA). E diz bem.

O resto pouco importa. Que se lixem, que se continuem a lixar, os milhões de angolanos reais que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome.

Diz o JA que “com capacidade de reflectir as potencialidades económicas e o actual espírito do país, a “Torre de Angola” será, de acordo com os seus projectistas, uma referência nacional e um ícone da capital, que albergará uma cidade dentro da cidade”. Bem dito.

O resto pouco importa. Que se lixem, que se continuem a lixar, os milhões de angolanos reais que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome.

Construída para ser uma referência arquitectónica do género, a par das existentes em países como a África do Sul e o Egipto, o edifício mostrará o nível de crescimento e a grande possibilidade que o país tem de se tornar numa das maiores potências económicas do continente. Segundo os mentores do projecto, o facto de Angola ser um dos potenciais centros económicos de África é uma razão para que a sociedade angolana desfrute melhor do advento da paz, tendo construções de alto nível, cujo valor realce o nome do país além fronteiras.

E é assim que se vai fazendo a história de uma parte do meu país. A outra é feita com os milhões de angolanos reais que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome.

2 comentários:

AGRY disse...

Esta promiscuidade, esta megalomania do tipo kadafyana, constitui um desafio à imaginação de qualquer neocolonialista que se preze.
Como diz o jornalista Orlando, “que se lixem, que se continuem a lixar, os milhões de angolanos reais que continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome”.

Terra disse...

Também falei sobre o assunto no meu blog, tendo tomado a liberdade de te "linkar".
Um abraço.