quarta-feira, janeiro 30, 2008

Morrer pelo elogio ou viver pela crítica?

O chefe da bancada parlamentar da UNITA, o meu velho amigo Alcides Sakala, disse à Voz da América que o seu partido está bastante inconformado com a maneira como, nos últimos tempos, os bens públicos têm passado para as mãos de entidades privadas sem concurso público, acrescentando que o país vive um «socialismo familiar» onde pessoas bem posicionadas na nomenklatura do partido no poder dispõem de todas as facilidades de acessos a bens pertencentes ao Estado.

Mais uma vez, o Alcides tem razão. Desta vez a questão relaciona-se com a entrega de mão beijada, isto é por ajuste directo, da gestão do canal 2 da TPA à família do presidente de Angola e do MPLA, José Eduardo dos Santos.

Fica-me, contudo, uma dúvida. Porque será que a UNITA continua a reagir (como lhe cabe) em vez de agir (como seria aconselhável)?

Eu sei, como todos sabemos, que as avenidas das oportunidades são só para os membros do poder, estando à Oposição reservados alguns estreitos e minados córregos. Mesmo assim, julgo eu, seria possível utilizar o engenho, a arte, o espírito de sacrifício, a capacidade de luta para avançar por conta própria, sem esperar à sombra do coqueiro do Estado.

A UNITA, como bem sabe o Alcides Sakala, tem gente capaz de por iniciativa própria, com meios próprios, pensar e executar projectos de grande valia para os angolanos, seja em que campo de actividade for.

Para que isso se concretize só é necessário saber se a UNITA quer ser salva pela crítica ou assassinada pelo elogio.

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