quinta-feira, janeiro 17, 2008

Jornalista reprova palavras de Xanana Gusmão

«A fim de melhor compreender a amplitude do significado das palavras proferidas por Xanana Gusmão, dirigidas aos jornalistas timorenses na passada terça-feira, procurámos saber o que os jornalistas pensam sobre tais declarações. Melhor que ninguém, os profissionais da informação poderão quilatar sobre o significado daquilo que Xanana Gusmão proferiu. O jornalista Orlando Castro, do Jornal de Notícias - também autor do Alto Hama na blogosfera - transmitiu-nos o seu parecer, que publicamos seguidamente:

"As palavras de Xanana Gusmão são um atentado à liberdade de informação e uma forma ditatorial de dizer aos jornalistas que só podem publicar o que o Governo, ou mais exactamente o primeiro-ministro, quer. Além disso violam de forma clara e inequívoca todas as regras de um Estado de Direito que, pelos vistos, não se aplicam a Timor-Leste.

As claras tendências ditatoriais de Xanana são igualmente comprovadas pelo facto de, mesmo depois de uma ameaça tão explícita e censória, não ter havido nenhuma reacção quer dos organismos internacionais ligados aos jornalistas, quer das próprias instituições internacionais, casos da ONU e da CPLP.

Assim, ao velho estilo do “quero posso e mando”, Xanana comporta-se como o principal inimigo da democracia e do pluralismo de opiniões (que quando lhe foi útil tão bem usou em seu proveito), querendo que a liberdade dos jornalistas termine onde começa a sua, mas esquecendo criminosamente que a sua liberdade também termina onde começa a dos jornalistas.

No entanto, Xanana revela igualmente alguma infantilidade política ao ser tão claro e incisivo nas ameaças. De facto, nas democracias ditas mais evoluídas ou estabilizadas (como é o caso de Portugal), o primeiro-ministro não diria o que disse Xanana. Ou mandaria alguém da sua confiança dizê-lo (ao estilo de atirar a pedra e esconder a mão) ou trataria de “comprar” quem manda nos jornalistas (ou até mesmo os jornalistas) para que estes ficassem calados..

É para mim evidente que Xanana só está interessado na divulgação da sua verdade, esquecendo que aos jornalistas cabe dar voz a quem a não tem, dar expressão a outras verdades não oficiais nas nem por isso menos verdades.

É claro que Xanana Gusmão pode mandar prender os jornalistas que se recusem a ser meras correias de transmissão da propaganda oficial. Pode fazer com que eles choquem contra uma bala perdida. Pode fazer com que passem a ficar desempregados. Pode tudo isso. Pode ele como podem todos os ditadores que, mesmo em democracia, têm o poder nas mãos.

No entanto, nunca os Xananas deste mundo conseguirão prender, matar ou desempregar a liberdade. E não o conseguirão porque a força da razão acaba sempre por vencer a razão da força."»

In http://timorlorosaenacao.blogspot.com/

1 comentário:

Anónimo disse...

E' facil para um jornalista dar opinioes e pareceres sobre a governacao de um pais longinquo quando a sua unica responsabilidade profissional e' de garantir que os artigos que escreve estejam prontos para sairem na seguinte edicao.

Para um PM de um pais que tem a responsabilidade de garantir a seguranca e estabilidade de toda uma nacao as coisas nunca sao assim tao simples.

A liberdade de expressao e' um direito que acarreta tambem serias responsabilidades e quando o exercicio irresponsavel desse direito tem o potencial de por em causa a estabilidade nacional de um pais e lancar o povo para a miseria o governo tem a responsabilidade e o dever de usar todas as avenidas legais ao seu dispor para por termo a essa ameaca.

Claro que o Sr. jornalista iluminado pode dizer que a liberdade de expressao esta a cima de tudo mas garanto-lhe que se perguntar aos timorenses eles dir-lhe-ao primeiro que gostariam de poder parar de fugir de um lado para o outro com o pouco que teem carregados as costas, e que para isso ser possivel e' imperativo que o pais se mantenha estavel.

Passe bem wporque a maioria dos timorenses ainda nao o podem fazer.