A macabra e putrefacta situação do jornal “O Primeiro de Janeiro” gerou, como é natural, muitas reacções, sobretudo por parte de alguns jornalistas. Desde logo, em matéria de opinião (coisa rara nesta classe profissional) a regra foi estar calado, mesmo que isso viole uma das principais regras da profissão: jornalista que não vive para servir, não serve para viver.
Por outras palavras, nem por verem a casa do vizinho (mais uma) a arder têm o cuidado de pôr as barbas de molho. Muitos, ainda quero acreditar que não sejam a maioria, fecham-se no seu pequeno tacho, cultivam o silêncio e dizem amén ao que o “padre” lá do sítio vai debitando.
Solidariedade? Isso é que era bom. Quase sempre céleres a criticar o colega do lado (tantas vezes de forma anónima), estão agora enclausurados em justificações nanicas, virados para o espelho e na esperança de que o chefe não lhes pergunte o que pensam.
E, de facto, o melhor é não perguntar o que pensam. É que, cada vez mais, não pensam e só têm uma pequena ideia que apenas vai um pouco mais além quando sabem o que esse mesmo chefe pensa. Um fenómeno crescente de mimetismo.
É claro que, quando um dia destes o fogo tocar nas suas barbas, vão querer a solidariedade que não deram aos outros, vão querer reacções que não tiveram quando era necessário, vão querer que os ajudem a contar até 12 sem que tenham necessidade de tirar os sapatos.
Julgam muitos deles (ainda quero acreditar que não sejam a maioria) que a mentira, a deslealdade, o ódio pessoal, a ambição mesquina, a inveja e a incompetência são condições basilares para se ser jornalista. Num país acéfalo, bajulador e subserviente essas ideias têm dado bons resultados. No entanto, mais dia menos dia, tudo isso irá por água abaixo.
Se calhar vão essas ideias e até o próprio país. Mas se tiver de ser, que seja!
Ver: “O Primeiro de Janeiro”, Jornalistas e jornaleiros
http://www.petitiononline.com/pelojn/petition.html
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