A visita oficial do presidente sul-africano, Jacob Zuma, a Angola visa duas coisas essenciais: abrir uma nova era no diálogo e nas relações entre Pretória e Luanda e, é claro, agradecer ao MPLA tudo o que ele fez e não fez (um dia se saberá) pelos sul-africanos do ANC.
Como é natural, José Eduardo dos Santos prefere Zuma a Thabo Mbeki, prefere o radicalismo e populismo do actual presidente sul-africano. Desde logo porque, quanto mais radicais forem os líderes da região, mais moderado parece o presidente angolano.
E se as relações entre os dois países foram distantes e até algo antagónicas desde 1994, ano em que o ANC, aliado histórico do MPLA, chegou ao poder na África do Sul, com Zuma a coisa parece resolver-se com mais facilidade devido à perspicácia política de Eduardo dos Santos que, reconheça-se, está muito à frente da estratégia de Zuma.
Recorde-se que, no caso do Zimbabué, só Angola (ou, melhor, o MPLA) e Moçambique (ou, melhor, a FRELIMO) nunca pediram a a cabeça do presidente Robert Mugabe.
Ao contrário do MPLA e da FRELIMO, tanto a UNITA como a RENAMO denunciram a "cumplicidade" dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) com o presidente do Zimbabué, exigindo que Robert Mugabe fosse pregar para outra freguesia.
"A atitude dos países da região não é surpresa para nós. A postura dos governos da SADC foi sempre de cumplicidade, uma vez que são camaradas do tempo das guerras de libertação e tudo o que fazem encontra uma certa conivência entre eles", afirmou então, Abril de 2008, Isaías Samakuva.
Por sua vez, Afonso Dhlakama afirmou que "os governos da África Austral devem parar de falar, e agir para isolar Mugabe e mostrar solidariedade com o povo do Zimbabué. Devem cortar relações com ditadores como Mugabe".
Para bons entendedores (há poucos) registe-se que é natural que, por razões de uma longa amizade entre a ZANU-PF, a FRELIMO e o MPLA, todos no poder desde a independência, Moçambique e Angola vejam com desgosto a eventual saída de Mugabe.
E é também por tudo isto que tanto a UNITA como a RENAMO nunca chegarão a ser governo. O Ocidente prefere dirigentes como Eduardo dos Santos, Jacob Zuma, Armando Guebuza ou – apesar de tudo – Robert Mugabe.
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