A Global Witness vem mais uma vez apresentar como novo algo que, no caso de Angola, já dura desde 1975, altura em que depois da oferta em bandeja de sangue por parte dos portugueses, o MPLA solidificou o poder com a ajuda de russos, cubanos, portugueses, brasileiros etc..
Parecendo ter descoberto a pólvora, a Global Witness diz que accionistas de uma empresa autorizada a concorrer à exploração de petróleo em Angola têm o mesmo nome de altos responsáveis do Estado angolano, incluindo o de Manuel Vicente, presidente da Sonangol, a petrolífera estatal.
E então onde está a novidade? Sempre assim foi e, sempre com a conivência internacional, assim continuará a ser e bem da economia dos poucos que têm milhões e,é claro, para mal dos milhões que têm pouco, ou nada.
De acordo com a Global Witness, os registos da Sociedade de Hidrocarbonetos de Angola (SHA), publicados no Diário da República angolano em Abril do ano passado, nomeiam Manuel Domingos Vicente, nome do presidente da Sonangol, como um dos accionistas da SHA em Agosto de 2008, bem como Manuel Vieira Hélder Dias Júnior "Kopelipa", chefe da Casa Militar do Presidente José Eduardo dos Santos.
A Sonangol é a companhia criada pelas autoridades angolanas que atribui as licenças de exploração de petróleo, pelo que, a confirmar-se a presença do seu presidente na estrutura accionista da SHA, pode significar "abuso de poder", afirmou Diarmid O'Sullivan, um dos activistas da Global Witness, em declarações à agência Lusa.
Afirmou, mas mal. É que falar de “abuso de poder” só faz sentido nos países que são verdadeiros estados de direito democrático. Não é, manifestamente, ainda o caso de Angola.
Segundo este responsável da Global Witness, anteriores referências davam a SHA como tendo negócios na Guiné-Bissau e sendo propriedade de Manuel Vieira Hélder Dias Júnior, conhecido por "Kopelipa" e chefe da Casa Militar do Presidente José Eduardo dos Santos.
Nos documentos vistos pela Global Witness, Manuel Dias Júnior é outro nome referido como accionista, tal como José Pedro de Morais Júnior, nome do ministro das Finanças em 2007.
"Não podemos provar mas seria uma coincidência muito improvável ter dois grupos de pessoas com os mesmos nomes, ambos envolvidos no sector do petróleo, um de dirigentes governamentais e outro de investidores privados, sem qualquer ligação", vincou O'Sullivan.
"Se anda como um pato e fala como um pato, então provavelmente é mesmo um pato", ilustrou, usando uma expressão popular inglesa.
O Departamento de Estado norte-americano referiu, no seu relatório de 2008, que é comum dirigentes angolanos possuírem participações em empresas que realizam negócios com os seus ministérios, lembra a Global Witness. Pois é. E onde está o mal?
A organização britânica tem por missão expor a exploração corrupta de recursos naturais e desde 1999 que acusa as autoridades angolanas de má administração do sector petrolífero.
E se fosse má administração só do sector petrolífero...
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