A FRELIMO, partido no poder desde que Moçambique se tornou independente, considerou hoje que "a corrupção desapareceu" das instituições do Estado em Moçambique, como resultado da campanha que empreendeu nos últimos cinco anos contra o fenómeno.
Se a mentira fosse sinónimo de riqueza, certamente Moçambique seria dos países mais ricos do mundo.
A FRELIMO esquece-se que, neste momento, Estado e FRELIMO são – infelizmente para os moçambicanos – uma e a mesma coisa. Além disso, com afirmações deste género está a tentar passar um atestado de menoridade e de estupidez ao povo que, todos os dias, comprova que a corrupção nas instituições do Estado é pão nosso (deles) de todos os dias.
O suborno aos funcionários públicos tem sido apontado por organizações nacionais e internacionais como um dos maiores flagelos do Estado moçambicano, entre muitos outros, entre quase todos os países africanos.
O porta-voz da FRELIMO, Edson Macuácuá, apontou hoje "a transparência" no sector público como uma das conquistas dos últimos cinco anos, quando falava aos jornalistas, à margem da IV sessão do Comité Central do partido, que decorre desde quinta-feira na Matola, a cerca de 20 quilómetros de Maputo.
"A corrupção desapareceu do sector público em Moçambique. Os cidadãos já não se sentem pressionados a tirar dinheiro para verem os seus problemas resolvidos na saúde e na educação" sublinhou Edson Macuácuá.
Numa coisa, reconheço, Edson Macuácuá tem razão. Os moçambicanos “já não se sentem pressionados a tirar dinheiro para verem os seus problemas resolvidos”. E não são pressionados porque já entendem o suborno como algo tão natural como respirar. Já o fazem sem qualquer tipo de pressão.
O porta-voz do partido disse ainda que os últimos cinco anos de governo da FRELIMO imprimiram a descentralização e desconcentração das atribuições dos órgãos centrais do Estado para os órgãos locais, permitindo a apropriação pelas comunidades do processo de combate à pobreza.
"A governação dos últimos cinco anos assentou na ampla participação dos cidadãos. Essa metodologia gerou ganhos no combate à pobreza absoluta no país", afirmou Edson Macuácuá.
Também é verdade. Os poucos que têm milhões continuam a ter mais milhões, os milhões que têm pouco continuam a ter cada vez menos.
Foto: Ponte (pois claro!) Armando Guebuza no rio Zambeze
1 comentário:
Lá no Sustentabilidade É Acção achamos este blogue viciante. Passe por lá para levar o "selo".
Cumprimentos
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