terça-feira, setembro 05, 2006

O Independente… Prado Coelho

«Mentiam com o maior desplante. E de certo modo desconsideravam ou mesmo desprezavam as pessoas sobre quem escreviam. Um jornalismo deste tipo não pode ser levado a sério», afirma Eduardo Prado Coelho (Público 4 Set 06) a propósito de O Independente. É fácil (para além de tradicional) atirar pedras quando o caixão está na cova.

Não consigo, contudo, perceber como é que Prado Coelho consegue, no mesmo texto, dizer que «o desaparecimento de uma publicação é sempre uma perda para o pluralismo e a diversidade jornalística».

Em que é que ficamos? Mentiam, desprezavam, não podiam ser levados a sério mas, mesmo assim, são uma perda? Quem mente e despreza não pode ser uma perda para o pluralismo nem para a diversidade jornalística.

«O Independente lançou um estilo novo na imprensa portuguesa. Nada a ver com a tradição da nossa imprensa. Destacou-se pela crítica irreverente (sobretudo no ataque ao "cavaquismo", que talvez nunca imaginassem que viesse a ganhar a respeitabilidade que tem hoje), pelo humor, pelos trocadilhos nos títulos (sobretudo com os nomes das pessoas), e com a procura, e muitas vezes eles vinham ter com eles, de escândalos que alimentassem cada número semanal.»

Terá sido isto «mentir com o maior desplante»? Terá sido isto «desprezar as pessoas»? Terá sido isto um «jornalismo que não pode ser levado a sério»?

A ida dos jornalistas que passaram pelo Independente para outros importantes meios fizeram com que eles deixassem de “mentir” e de “desprezar”?

A dar como correctas as conclusões deste, e de tantos outros, fazedores de opinião que nunca se enganam e que raramente têm dúvidas, O Comércio do Porto e A Capital, por exemplo, não mentiam, não desprezavam e faziam um jornalismo sério. E o que lhes aconteceu?

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