A propósito do anunciado e não desmentido jantar comemorativo dos 20 anos da batalha do Cuito Canavale que hoje terá lugar na Casa de Angola em Lisboa, tomo a liberdade de aqui reproduzir um artigo de H. Baptista da Costa, publicado no site da Casa de Angola, no dia 11 de Janeiro de 2008, sob o título “Reflexões”. Acrescento ainda que nos próximos dias apresentarei formalmente a minha demissão de sócio da Casa de Angola.
«A fundação da CASA DE ANGOLA remonta a 1971: ela foi a primeira associação que, em Portugal, teve como objectivo congregar os angolanos a viver neste País.
Com um percurso histórico (e até político), algo controverso e eivado de dificuldades, que não vem ao caso aqui recordar, a verdade é que a CASA DE ANGOLA é, entre as suas congéneres, a mais emblemática, a mais representativa e, pelos seus Órgãos Sociais, passaram ilustres Angolanos, alguns dos quais (infelizmente) já falecidos. É certo que também passaram outros que não deixaram saudades. É a vida…
Após este intróito, passo, de imediato, ao problema que mais nos angustia, mais nos aflige: o problema financeiro.
Com é de todos os presentes sabido, a CASA DE ANGOLA sobreviveu, sempre, de subsídios estatais: os primeiros, ainda ao tempo do Estado Português e os mais recentes, do Estado Angolano, já que as receitas obtidas através das quotizações, são absolutamente insuficientes.
Os subsídios que o Estado Angolano, no passado, atribuiu à CASA DE ANGOLA através de empresas públicas (Endiama e Sonangol) não tinham carácter institucionalizado e, salvo erro, terminaram, abruptamente, há sete ou oito anos. Sobreviver todo este tempo, sem esse amparo, foi obra.
As Autoridades Angolanas parece não entenderem o papel que a CASA DE ANGOLA tem vindo a desempenhar no seio da nossa Comunidade a viver em Portugal e, mais, o quão acrescido esse papel poderia ser, se melhor apoiado financeiramente pela Nação.
Se à Embaixada e ao Consulado compete a função administrativa e política de representar Angola, à CASA DE ANGOLA pode, e deve, competir o papel de congregar, associativamente, essa importante parcela da sociedade civil, que é a sua comunidade, independentemente dos credos religiosos, políticos ou partidários, de cada um: Pai rico que obriga filhos a esmolar e a passarem dificuldades, só porque não estão, sempre, de acordo com ele, é pai desnaturado.
O papel que, no contexto da vida da CASA DE ANGOLA, tem vindo a ser desempenhado pela Embaixada (intervindo directamente na constituição de listas em eleições para os seus Órgãos Sociais, apoiando aqueles que gravitam à sua volta e à volta do Partido, dificultando a vida às direcções que lhes não são politicamente simpáticas, etc.), não é, quanto a mim (notem que falo, estritamente, em meu nome pessoal), o que mais dignifica Angola. Aliás, no meu entender é ao Estado Angolano que deve competir prover a CASA DE ANGOLA dos meios financeiros mínimos necessários à sua sobrevivência.
Direi mais: as CASAS DE ANGOLA, em Países onde existam comunidades angolanas numerosas, deveriam ser inscritas no Orçamento de Estado. Com esse procedimento, não me repugna reconhecer àquele o direito de acautelar que tais fundos sejam administrados correctamente e, sob sua fiscalização, aplicados aos fins a que se destinam: apoio às comunidades e realização de acções que dignifiquem e promovam a Nação Angolana.»
Com um percurso histórico (e até político), algo controverso e eivado de dificuldades, que não vem ao caso aqui recordar, a verdade é que a CASA DE ANGOLA é, entre as suas congéneres, a mais emblemática, a mais representativa e, pelos seus Órgãos Sociais, passaram ilustres Angolanos, alguns dos quais (infelizmente) já falecidos. É certo que também passaram outros que não deixaram saudades. É a vida…
Após este intróito, passo, de imediato, ao problema que mais nos angustia, mais nos aflige: o problema financeiro.
Com é de todos os presentes sabido, a CASA DE ANGOLA sobreviveu, sempre, de subsídios estatais: os primeiros, ainda ao tempo do Estado Português e os mais recentes, do Estado Angolano, já que as receitas obtidas através das quotizações, são absolutamente insuficientes.
Os subsídios que o Estado Angolano, no passado, atribuiu à CASA DE ANGOLA através de empresas públicas (Endiama e Sonangol) não tinham carácter institucionalizado e, salvo erro, terminaram, abruptamente, há sete ou oito anos. Sobreviver todo este tempo, sem esse amparo, foi obra.
As Autoridades Angolanas parece não entenderem o papel que a CASA DE ANGOLA tem vindo a desempenhar no seio da nossa Comunidade a viver em Portugal e, mais, o quão acrescido esse papel poderia ser, se melhor apoiado financeiramente pela Nação.
Se à Embaixada e ao Consulado compete a função administrativa e política de representar Angola, à CASA DE ANGOLA pode, e deve, competir o papel de congregar, associativamente, essa importante parcela da sociedade civil, que é a sua comunidade, independentemente dos credos religiosos, políticos ou partidários, de cada um: Pai rico que obriga filhos a esmolar e a passarem dificuldades, só porque não estão, sempre, de acordo com ele, é pai desnaturado.
O papel que, no contexto da vida da CASA DE ANGOLA, tem vindo a ser desempenhado pela Embaixada (intervindo directamente na constituição de listas em eleições para os seus Órgãos Sociais, apoiando aqueles que gravitam à sua volta e à volta do Partido, dificultando a vida às direcções que lhes não são politicamente simpáticas, etc.), não é, quanto a mim (notem que falo, estritamente, em meu nome pessoal), o que mais dignifica Angola. Aliás, no meu entender é ao Estado Angolano que deve competir prover a CASA DE ANGOLA dos meios financeiros mínimos necessários à sua sobrevivência.
Direi mais: as CASAS DE ANGOLA, em Países onde existam comunidades angolanas numerosas, deveriam ser inscritas no Orçamento de Estado. Com esse procedimento, não me repugna reconhecer àquele o direito de acautelar que tais fundos sejam administrados correctamente e, sob sua fiscalização, aplicados aos fins a que se destinam: apoio às comunidades e realização de acções que dignifiquem e promovam a Nação Angolana.»
1 comentário:
Meu Caro Orlando
Completando o teu artigo.
A Casa de Angola foi criada em 1971, herdando alguns dos sócios e património cultural da Casa dos Estudantes do Império. Uma delegação que se deslocou propositadamente a Angola, conseguiu uma pequena fortuna para a época, doada por empresários e empresas da altura. Tal permitiu que fosse comprada por um preço avultado a sede que ocupa hoje e que era a moradia familiar de Cassiano Branco, o famoso aquitecto de Lisboa.
Esse dinheiro permitiu-lhe a sobrevivência até os revolucionários ligados ao Mpla a assaltarem em 1974. Em 1976 uma bomba (nunca se soube bem de quem), danificou gravemente a sede.
Em 1992 um grupo de antigos sócios tentou recomeçar. Não conseguiu e o dinheiro conseguido para a reabilitação (de donativos) desapareceu.
Em 1997/98 um grupo dirigido pelo Dr.Edmundo Rocha reabilitou a associação e conseguiu graças ao esforço de Carlos Beli Belo, um financiamento da Sonangol para a reconstrução da sede.
Em 2000 esse grupo foi destituído, e a direcção da Casa foi ganha por uma lista afecta ao Mpla, passando a haver até reuniões de células deste partido dentro da Casa.
É evidente que fizeram na Casa o que fizeram em Angola. Pelos meus cálculos os desvios devem ter chegado aos 200.000 euros.
Numa eleição manipulada a mesma direcção foi eleita para o triénio 2004/2007.
Em 2005, porque da direcção já não existia quase ninguém e porque o presidente foi afectado por uma doença do foro neurológico, esta foi destituída sendo eleita uma direcção em que se misturavam os partidos angolanos. É essa direcção que existe hoje.
Mas convém realçar o seguinte - para além do financiamento para a reabilitação do prédio dado pela Sonangol, NUNCA o governo angolano ou a Embaixada de Angola deu algum subsídio ou financiamento à Casa.
Esta sobreviveu das poucas quotizações e dos cursos de formação profissional dado a jovens angolanos e pagos pelo governo português.
Aliás o facto de estes terem acabado, juntamente coma inoperância da actual direcção, levou a Casa à falência.
Inoperância que é visível neste jantar, que irá decorrer num espaço sem condições e já proíbido de servir refeições pelas entidades competentes, alugado por uma senhora que deve à Casa de Angola, anos de rendas.
Bom este apontamento é só mesmo para esclarecer os aspectos que referes.
Sem apelar a nenhuma teoria da conspiração é visível a tentativa de manipular a opinião das pessoas e do futuro da Casa de Angola, com esta acção.
O que as autoridades angolanas envolvidas, pretendem é provocar a divisão entre os angolanos presentes em Portugal.
Gostava que não te demitisses de sócio, será menos um para combater estes senhores que se preparam para se adonarem de um espaço que pertence aos angolanos em Portugal e não a nenhum partido angolano.
Uabalumuka
Emanuel Lopes
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