O Hotel Trópico, um dos mais conhecidos da capital angolana, recebe hoje o concurso "Miss Sobrevivente das Minas", em que 18 mulheres amputadas por engenhos explosivos procuram vencer a discriminação e chamar à atenção para os milhares de vítimas deste flagelo.
Por cada uma das 18 províncias angolanas, uma mulher vai subir ao palco do Trópico expondo a sua beleza mas também os seus membros amputados.
O projecto "Miss Sobrevivente de Minas 2008" foi idealizado pelo artista norueguês Morten Traavik, seguindo a tradição de concursos de beleza em Angola.
O concurso conta com a colaboração do governo angolano, através da Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH), e financiamento da União Europeia.
A mais bela será conhecida hoje à noite, sendo as candidatas avaliadas por um júri depois de, nos últimos dias, terem sido votadas através da "Internet".
Angola é um dos países mais fustigados por guerras civis e pela consequente "sementeira" de minas terrestres. Apesar de a guerra ter terminado formalmente em Abril de 2002, morreram no ano passado 46 pessoas e 80 ficaram feridas em acidentes com minas, segundo um relatório da CNIDAH.
O documento adianta que em 2007 foram destruídas cerca de 26.000 minas anti-pessoal e 2.946 minas anti-tanque.
No mesmo período foram removidos e destruídos 38.400 engenhos explosivos e totalmente destruídos 13 carros em consequência de rebentamentos.
Em Angola, um país onde se estima estejam implantados no seu solo mais de oito milhões de minas, foram desactivadas e destruídas de 1996 até Fevereiro de 2008, segundo dados oficiais, 107.985 minas anti-pessoal, 12.958 do tipo anti-tanque, 1.324.740 engenhos explosivos e cerca de 679.283 quilogramas de material letal.
De acordo com dados do CNIDAH, das cerca de 80 mil vítimas de minas que o país possui, quarenta por cento são do sexo feminino, o que representa 32 mil mulheres.
Fonte: Lusa
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