As eleições no Zimbabué passaram hoje praticamente ao lado da imprensa angolana, excepção feita a uma pequena chamada de capa no único diário do país, o Jornal de Angola (JA), e notas de rodapé nos noticiários das rádios. Pudera! A derrota de um ditador dificilmente é relevada nos países onde imperam outros ditadores.
Dedicando, no entanto, um quarto de página ao assunto, o JA, na página nove, aponta o equilíbrio nas legislativas como indício de que poderá haver uma segunda volta nas presidenciais. Ou seja, que ainda há uma esperança para o ditador que pôs o país com uma inflação de 150 mil por cento (150.000%).
A Angop, a agência estatal angolana, em despacho do seu enviado especial a Harare, diz em título que a "Oposição vence legislativas". "O principal partido da oposição no Zimbabwe, o (MDC), de Morgan Tsvangirai, ganhou 99 assentos, dos 210 do Parlamento, contra 97 da ZANU-PF, de Robert Gabriel Mugabe, no final da contagem da totalidade dos votos das eleições legislativas realizadas em todo o país, no sábado passado", avança a Angop.
Uma preciosidade esta referência às eleições legislativas “realizadas em todo o país”.
A escassez de notícias na imprensa angolana contrasta com a importância que Luanda tem no processo eleitoral zimbabueano, em que o coordenador da missão de observadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) das eleições é Marcos Barrica, ministro da Juventude e Desportos de Angola.
Tivesse Mugabe vencido e a história seria diferente. Assim, se calhar o MPLA e José Eduardo dos Santos começam a pôr as barbas de molho porque, afinal, é possível derrotar pelo voto e pala força da razão os ditadores.
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