quinta-feira, abril 03, 2008

Alcides Sakala não tem dúvidas:
- Em Angola a reconciliação falhou

O antigo secretário da UNITA para as Relações Exteriores, Alcides Sakala, considera que seis anos após a assinatura dos acordos de paz, que passaram a designar-se Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka, há um défice muito grande no que diz respeito à reconciliação nacional.

Em declarações à Voz da América, à propósito do sexto aniversário da assinatura dos acordos de paz, rubricados a 4 de Abril de 2002, Alcides Sakala afirma que, se por um lado há um certo crescimento económico, sem qualquer impacto na vida do cidadão, por outro verifica-se um défice muito grande em relação à reconciliação dos angolanos.

O líder da bancada parlamentar da UNITA entende que a reconciliação em Angola falhou redondamente, afirmando que o partido no poder implementa estratégias que visam criar divisões e intimidação. Sakala apontou os alegados casos de intolerância política que diz ocorrerem um pouco por todo o país, particularmente nas regiões do interior.

«Em Angola este processo falhou redondamente como demonstra a própria política de intolerância que o país está a viver. A reconciliação deve significar mais abertura, mais aproximação entre angolanos, mas hoje, infelizmente, o partido da situação implementa estratégias que visam criar divisões, clima de intimidação, o que não ajuda a fortalecer aquilo que devia ser a verdadeira reconciliação nacional. Eu penso que esta é a tónica negativa dos seis anos de paz», enfatizou.

As repetidas acusações da UNITA sobre alegados actos de intolerância têm sido frequentemente negadas por dirigentes do partido maioritário. Alcides Sakala considera que tanto o MPLA como o seu partido têm uma enorme responsabilidade neste processo.

«É papel dos dirigentes políticos trabalharem no sentido de sarar as feridas e tirar as lições do passado. O que eu vejo do outro lado é ainda a ideia de querer responsabilizar estes ou outros, porque somos todos responsáveis. Nós e o Governo temos as nossas responsabilidades, que é um passivo. E é a partir deste passivo que temos de construir a nova sociedade. E este é o papel que a UNITA procura concretizar logo após as eleições legislativas, porque nós temos um programa real de reconciliar esta sociedade», referiu.

Alcides Sakala é uma das figuras da UNITA que testemunhou, nas matas do Moxico, os primeiros contactos entre o antigo movimento guerrilheiro e o Governo, que viriam a culminar com o ciclo de conflitos militares.

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