segunda-feira, abril 28, 2008

Ninguém queria atender criança
no Hospital de Pedro Hispano

Duas médicas do Hospital de Pedro Hispano, em Matosinhos (Porto, Portugal), recusaram atender uma criança de quatro anos, com base numa aparente incorrecção burocrática da própria unidade de saúde. Após a revolta e a insistência da mãe da menina, uma das médicas acabou mesmo por examinar a criança. "Disse-me que não era obrigada a atender a minha filha e que só o ia fazer por pena", relatou, indignada, Salomé Castro.

Caricato: tinha sido no próprio hospital que Salomé Castro tinha recebido uma carta, no domingo, com a indicação de que deveria deslocar-se, ontem à tarde, à unidade de saúde, para que a filha fosse examinada.

Tudo começou, então, no domingo. Com a filha doente, Salomé Castro deslocou-se ao SASU de Matosinhos. Ali, diagnosticaram à menina problemas respiratórios, presumivelmente ligados a um princípio de pneumonia. Após um primeiro tratamento, a criança foi enviada para o Hospital de Pedro Hispano.

"Entrou para a Urgência, mas como ao domingo não há Urgência pediátrica, passou para o Internamento", recordou Salomé Castro.

A menina fez um raio-x e análises ao sangue, cujos resultados demorariam algumas horas, porque a máquina avariou e teve de ser reparada. Segundo Salomé Castro, pouco depois das 21 horas, foi-lhe comunicado que os resultados não indiciavam nada de grave e que a filha poderia ir para casa, devidamente medicada. Salomé Castro recebeu também uma carta com a indicação de que deveria regressar à Urgência do Pedro Hispano, ontem à tarde, para que a menina fosse examinada, de forma a analisar a evolução do seu estado de saúde.

Nessa carta, foi escrito o nome da médica que iria atender a criança. E terá sido isso que desencadeou a confusão. "Vi um certo alvoroço, pessoas de um lado para o outro e uma médica, muito indignada, disse-me que era abusivo o nome dela estar na carta e que nem estava no Apoio Pediátrico Permanente (APP)", contou Salomé Castro. Se a médica cujo nome estava na carta recusou atender a menina, também a médica que de facto estava no APP agiu de igual forma, alegando que não tinha sido avisada daquela situação. E porque não era o seu nome que estava na carta.

Bastante nervosa, Salomé Castro não arredou pé do hospital. A médica que se tinha recusado primeiro acabou mesmo por atender a menina, mas dizendo que só o fazia "por pena", uma vez que não era obrigada a examiná-la.

Contactado ao final da tarde pelo JN, o Hospital de Pedro Hispano remeteu para hoje eventuais esclarecimentos sobre a situação.

Fonte: Jornal de Notícias(Portugal)/Hugo Silva

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