O Governo angolano publicou hoje no Jornal de Angola (JA, estatal, pró-MPLA) um "veemente apelo" a "todos os cidadãos" para respeitarem os órgãos de soberania e os símbolos nacionais, sendo que estes últimos são quase sempre os mesmos que o MPLA utiliza.
Numa "Declaração do Governo de Angola" datada de 6 de Fevereiro, mas apenas hoje tornada pública em página inteira do JA, o executivo de Luanda sublinha que os símbolos nacionais e os órgãos de soberania "não podem nem devem ser objecto de vilipêndio e desrespeito" por "consubstanciarem a própria Nação".
A declaração não aponta quaisquer casos ou exemplos de desrespeito, mas a sua publicação surge num momento em que um dos símbolos maiores de Angola e primeiro Presidente da República, Agostinho Neto, está no centro de uma polémica que envolve o escritor angolano José Eduardo Agualusa, que o considerou, e bem, um poeta "medíocre".
No entanto, a polémica que envolve Agualusa é, supostamente e como convém, posterior à data do texto assinado pelo Governo da República.
No texto, o Governo de Angola - chefiado pelo chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, que preside ao Conselho de Ministros e lidera o partido que está no poder desde a independência em 1975 - refere a importância de projectar uma boa imagem do país em dois grandes eventos em 2010: o 35º Aniversário da Independência e o Campeonato Africano das Nações (CAN).
Admite ainda que "a situação do país ainda não é a melhor", justificando que isso se deve ao prolongado conflito, aos constrangimentos enfrentados e aos fenómenos sociais "adversos", que permitiram "alguma desorganização e indisciplina". Se fosse só a isso…
Mas enfatiza que "urge reverter tal situação" através de uma "mudança radical de atitude de comportamento" que, não diz o Governo mas digo eu, deveria começar pelo Presidente e continuar nos seus ministros.
"Temos de respeitar as normas mínimas de convivência social, os espaços e os bens públicos e privados, o direito de cada um se expressar com liberdade e responsabilidade e promover o civismo como forma de vida", sublinha o executivo numa manifesta estratégia eleitoral e numa tentativa de enganar a comunidade internacional.
Na página do JA dedicada à Declaração do Governo de Angola surgem três fotografias: à esquerda, na área inferior do espaço, a fachada da Presidência da República, à direita o Símbolo da República e ao centro a fotografia de José Eduardo dos Santos.
A fotografia dos 70 por cento de angolanos que sobrevivem com menos de um dólar por dia não foi, creio, incluída por manifesta falta de espaço.
No texto é ainda lembrado que "a autoridade do Estado e das suas instituições, exercida nos termos da Lei, não deve ser contestada nem posta em causa, mas é importante que os seus agentes e representantes dêem o exemplo e se comportem como modelos dignos de ser seguidos por todos os cidadãos".
Lá está. Mais uma vez o exemplo deveria partir do Presidente e continuar nos ministros.
"Vamos todos, nestes próximos dois anos, provar a nós próprios e ao mundo que não são casuais os nossos êxitos e as nossas vitórias e que, unidos e conscientes, podemos inserir-nos neste mundo com uma identidade própria e a disposição de competir, em pé de igualdade e a todos os níveis, com qualquer outro país neste mundo cada vez mais globalizado", refere.
Que os angolanos são capazes de competir e de vencer seja qual for o adversário, disso não tenho dúvidas. É só uma questão de lhes darem as mesmas hipóteses.
O texto faz ainda menção à necessidade de integrar socialmente os mais desfavorecidos e de acelerar a organização social nas cidades e no universo rural, bem como "assumir a paz e a reconciliação nacional e o diálogo social permanente".
Para campanha eleitoral, colando o Estado ao MPLA, não está nada mal.
Numa "Declaração do Governo de Angola" datada de 6 de Fevereiro, mas apenas hoje tornada pública em página inteira do JA, o executivo de Luanda sublinha que os símbolos nacionais e os órgãos de soberania "não podem nem devem ser objecto de vilipêndio e desrespeito" por "consubstanciarem a própria Nação".
A declaração não aponta quaisquer casos ou exemplos de desrespeito, mas a sua publicação surge num momento em que um dos símbolos maiores de Angola e primeiro Presidente da República, Agostinho Neto, está no centro de uma polémica que envolve o escritor angolano José Eduardo Agualusa, que o considerou, e bem, um poeta "medíocre".
No entanto, a polémica que envolve Agualusa é, supostamente e como convém, posterior à data do texto assinado pelo Governo da República.
No texto, o Governo de Angola - chefiado pelo chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, que preside ao Conselho de Ministros e lidera o partido que está no poder desde a independência em 1975 - refere a importância de projectar uma boa imagem do país em dois grandes eventos em 2010: o 35º Aniversário da Independência e o Campeonato Africano das Nações (CAN).
Admite ainda que "a situação do país ainda não é a melhor", justificando que isso se deve ao prolongado conflito, aos constrangimentos enfrentados e aos fenómenos sociais "adversos", que permitiram "alguma desorganização e indisciplina". Se fosse só a isso…
Mas enfatiza que "urge reverter tal situação" através de uma "mudança radical de atitude de comportamento" que, não diz o Governo mas digo eu, deveria começar pelo Presidente e continuar nos seus ministros.
"Temos de respeitar as normas mínimas de convivência social, os espaços e os bens públicos e privados, o direito de cada um se expressar com liberdade e responsabilidade e promover o civismo como forma de vida", sublinha o executivo numa manifesta estratégia eleitoral e numa tentativa de enganar a comunidade internacional.
Na página do JA dedicada à Declaração do Governo de Angola surgem três fotografias: à esquerda, na área inferior do espaço, a fachada da Presidência da República, à direita o Símbolo da República e ao centro a fotografia de José Eduardo dos Santos.
A fotografia dos 70 por cento de angolanos que sobrevivem com menos de um dólar por dia não foi, creio, incluída por manifesta falta de espaço.
No texto é ainda lembrado que "a autoridade do Estado e das suas instituições, exercida nos termos da Lei, não deve ser contestada nem posta em causa, mas é importante que os seus agentes e representantes dêem o exemplo e se comportem como modelos dignos de ser seguidos por todos os cidadãos".
Lá está. Mais uma vez o exemplo deveria partir do Presidente e continuar nos ministros.
"Vamos todos, nestes próximos dois anos, provar a nós próprios e ao mundo que não são casuais os nossos êxitos e as nossas vitórias e que, unidos e conscientes, podemos inserir-nos neste mundo com uma identidade própria e a disposição de competir, em pé de igualdade e a todos os níveis, com qualquer outro país neste mundo cada vez mais globalizado", refere.
Que os angolanos são capazes de competir e de vencer seja qual for o adversário, disso não tenho dúvidas. É só uma questão de lhes darem as mesmas hipóteses.
O texto faz ainda menção à necessidade de integrar socialmente os mais desfavorecidos e de acelerar a organização social nas cidades e no universo rural, bem como "assumir a paz e a reconciliação nacional e o diálogo social permanente".
Para campanha eleitoral, colando o Estado ao MPLA, não está nada mal.
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