
Ao mesmo tempo que Cavaco Silva discursa, em Lisboa, África regista que aquela doença mata uma criança em cada 30 segundos...
Certamente que Portugal tem toda a legitimidade para festejar uma data que foi importante também para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Aliás, foi graças a esse 25 de Abril que eu posso, hoje, aqui escrever o que entendo.
No entanto, permitam-me que critique os que, como Portugal, estão mais preocupados em olhar para o umbigo do que, como é seu dever, em atender às necessidades dos povos aos quais se encontra ligado.
Sei que esses povos são de maior idade, mas também sei que Portugal pertence a uma coisa chamada CPLP, o que lhe dá responsabilidades acrescidas.
Se Lisboa quer, como cada vez mais acontece, pôr as ideias de Poder acima do poder das ideias, que o diga abertamente.
Se quer apenas trabalhar com os poucos que têm milhões e não com os milhões que têm pouco, que o diga abertamente.
Deixem-me, quando passam 34 anos sobre a dita Revolução dos Cravos, lembrar que em todo o Mundo 815 milhões de pessoas sentem todos os dias, a todas as horas, o que é a fome.
Quase todas nasceram com fome, sobreviveram com fome e morrem com fome. Muitas delas pertencem à Lusofonia, apesar de os dirigentes da CPLP continuarem a ter (pelo menos) três refeições por dia.
Deixem-me, quando passam 34 anos sobre a dita Revolução dos Cravos, lembrar que 1,1 mil milhões de pessoas não têm acesso a água potável; 2,5 mil milhões não têm saneamento básico; 30 mil morrem diariamente devido ao consumo de água imprópria.
Deixem-me, quando passam 34 anos sobre a dita Revolução dos Cravos, lembrar que não adianta ter uma democracia quando se tem a barriga vazia.
1 comentário:
Ora viva!
Quase nos 100 mil. Parabéns!
Mais tarde virei expropriar alguns destes belos textos.
Gostei muito do avião que aterrou no "fim do mundo". Soberbo.
Cumprimentos
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