Em África, as vítimas, sejam de guerra, de fome, de doenças, contam-se sempre por muitos milhares. A ONU reviu as contas dos últimos cinco anos do conflito em Darfur (Sudão) e chegou à cifra de 300 mil mortos, mais 100 mil do que os dados anteriores. Embora ainda não revistos, os dados sobre os 15 anos de guerra civil no Burundi também apontam para mais de 300 mil.
O embaixador sudanês na ONU, Abdalmahmoud Abdalhaleem, qualifica de "exagero grosseiro" o balanço de John Holmes, subsecretário-geral das Nações Unidas para as questões humanitárias, embora não avance com estatísticas oficiais e nem saiba, como reconheceu, se o Sudão tem a população estimada pela ONU, 38 milhões de habitantes.
Holmes foi ao Conselho de Segurança, convocado para continuar a debater o conflito, sobretudo na vertente humanitária, em Darfur, dizer que, ao contrário do levantamento de 2006, dados recentes apontam não para os 200 mil mas, "com mais certeza", para 300 mil vítimas
No contraditório, o embaixador sudanês arrasou os dados Holmes a a credibilidade dos levantamentos tanto da ONU como de inúmeras organizaçõs humanitária, dizendo que "no máximo o número de mortos no conflito é de dez mil", ou seja mais mil do que as contas oficiais de há dois anos.
"As declarações feitas por Holmes não ajudam em nada, não são correctas e não são confiáveis", afirmou o embaixador sudanês, reiterando que é preciso saber quem fez o estudo, como foi feito e sobretudo quem o encomendou".
No seu relatório, Holmes descreve um cenário horripilante sobre Darfur, dizendo que a região continua a ser caracterizada pela "falta de segurança e de leis e pela impunidade."
"Abusos generalizados e constantes dos direitos humanos continuam a ser registados em vários pontos da região", afirma Holmes, acrescentando contudo uma nova vertente "elevados níveis de violência sexual.
" O Conselho de Segurança da ONU ficou igualmente a saber, agora por uma fonte interna, que os grupos de ajuda humanitária também se tornaram alvos preferenciais dos que "com generalizada impunidade" praticam "todo o género de violências em Darfur".
Num dado que não foi contraditado pelo embaixador sudanês, Holmes referiu que este ano já foram roubados "pelos rebeldes ou pelos seus aliados", em Darfur, 106 veículos de organizações humanitárias, o que corresponde a um aumento de 350% em relação a 2007.
O subsecretário-geral da ONU acusou o Governo sudanês de, "entre inúmeros actos de passividade e conivência com os agressores, não adoptar medidas necessárias para proteger os comboios humanitários que transportam de ajuda".
Holmes recolheu provas de que muita da ajuda humanitária destinada às vítimas de Darfur é, depois de roubada, vendida "oficialmente" em diferentes cidades do país, nomeadamente na capital, Cartum.
Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
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