terça-feira, agosto 28, 2007

Memórias de uma memória que quer ser memória


Serão sempre os caminhos que a vida nos dá, sem ódios nem rancores; São diferentes os ninhos a enxada e a pá, mas iguais os amores. Eu sapatos lindos calço alheio ao caminho feio e ao sofrimento diário; Tu triste e descalço à custa do conforto alheio que é o teu calvário.

Lá vens alegre sorrindo com teu poema de criança esculpido no teu olhar, Tu vens, eu vou indo sem destino nem esperança e à espera do que chegar. - Bom dia senhor. Dizes-me olhando o horizonte, alegre no teu querer; Não. Não sou o teu senhor nem sequer a fonte do teu viver.

Tu andas descalço e imundo, sorrindo mas sofrendo os crimes do presente; És a vítima deste mundo onde se vive mas se vai morrendo, que é ser mas não é gente. Tu dormes no chão e não sabes das tuas irmãs que te dizem servir na cidade; queres comer mas não tens pão, queres, talvez, viver sem amanhãs nesta vida que não deixa saudade.

Mas descansa que a vida ainda terá calor e tu virás a ser feliz, na vida também se alcança a justiça que será amor, e a paz que será juiz. E não penses nunca em mim que mereço apenas morrer carcomido pela mesquinha dor; Olha com amor o teu jardim, vê aquela flor que vai nascer e não me chames senhor.

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