sábado, abril 14, 2007

Confusão made in Austrália abalroa Timor-Leste

Timor-Leste vive momentos complicados. O milagre da multiplicação dos votos tem agora uma nova versão neste país (ainda) da Lusofonia. Ninguém se entende. Observadores internacionais, sejam da CPLP ou da União Europeia, dizem às segundas, quartas e sextas uma coisa; às terças, quintas e sábados outras. Por coincidência os problemas só começaram quando se descobriu que Lu Olo, candidato da Fretilin, ia ser o vencedor da primeira volta. Coincidências…

É que, com o desenrolar da contagem dos votos, ficou a perceber-se que objectivo primordial de Xanana Gusmão e de Ramos-Horta, que era dar o golpe fatal na Fretilin, falhou totalmente. Não sei se isso é bom para a democracia timorense. Sei, contudo, que a eventual vitória de Lu Olo é uma espinha na garganta australiana. E isso é algo que Camberra nunca aceitará.

Por mim, permitam-me a sinceridade, quantas mais espinhas os timorenses enfiarem na goela dos australianos, melhor.

Se com o milagre dos votos a Austrália não conseguir dar a vitória total, maioritária e inequívoca a Ramos-Horta, ainda será possível jogar forte e feio para que Lu Olo não passe à segunda volta. Se tal não for possível, aí sim, aparecerá novamente em cena o major Alfredo Reinado.

Não há muito tempo, foi no dia 27 de Novembro do ano passado, o presidente da República de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse que a direcção da Fretilin hipotecou a soberania nacional.

Xanana, que agora quer ser primeiro-ministro de um país presidido por Ramos-Horta, acusou o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, o presidente, Francisco Guterres "Lu Olo", o vice-presidente, Rogério Lobato, e o militante histórico Roque Rodrigues "de terem hipotecado a soberania do país".

"Quem hipotecou a soberania? Só os ilustres doutores da Fretilin é que devem responder a esta pergunta! E eu posso ajudar. Foi o vosso camarada Presidente, senhor Lu Olo, foi o vosso camarada secretário-geral do partido, Mari Alkatiri, foi o vosso camarada vice-presidente do partido, Sr. Rogério e o vosso camarada Roque Rodrigues. Eles hipotecaram a soberania do país", disse, textualmente, Xanana Gusmão.

A Austrália começou cedo a colocar a confusão no prato vazio dos timorenses. Pelos vistos, nem os líderes timorenses, nem os líderes lusófonos (os outros querem lá saber disso) perceberam que os timorenses apenas querem alguma coisinha para comer.

1 comentário:

ELCAlmeida disse...

... e o estranho foi só agora, quase uma semana depois, terem descoberto a existência de um triplo de votantes em Baucau.
Mas se recordarmos uma notícia de uma TV portuguesa em que Timor-lorosae só tem um círculo eleitoral e que cada um pode votar onde bem quiser não percebo esta admiração do presidente-padre da CNE timorense.
Parecem políticas tipicamente lusófonas...
Kandandu
EA