segunda-feira, abril 09, 2007

E lá vamos cantando e rindo…

Francisco Sarsfield Cabral, director da Rádio Renascença, confirma que na manhã em que o PÚBLICO contava a forma como o primeiro-ministro obtivera o seu diploma de licenciatura na Universidade Independente, "ligaram várias vezes para [o director da Renascença] e para a redacção a protestarem". Quem ligou? Assessores do primeiro-ministro. Porquê? Porque na estação de rádio mais ouvida em Portugal - e que era a única que estava a pegar nas informações do PÚBLICO - o pivot rematava assim a peça: "Engenheiro não! Licenciado... talvez."

A notícia veio no Expresso: Outro director, Ricardo Costa, responsável pela SIC-Notícias, assume que também recebeu um telefonema de um José Sócrates "furibundo" depois de um jornalista da estação ter perguntado a um ministro se este achava bem que o primeiro-ministro estivesse de férias de luxo, quando pedia sacrifícios aos portugueses.

Ricardo Costa dá outros detalhes: ainda antes de a notícia do PÚBLICO sair, o gabinete do Governo fez vários telefonemas a dizer que "o tema não era assunto". Mais adiante o mesmo jornal informa que nesses telefonemas se insinuava que a investigação do PÚBLICO resultaria de a Sonae ter perdido a OPA sobre a PT.

Em entrevista ao Correio da Manhã, o ministro com a tutela da Comunicação Social, Augusto Santos Silva, justifica as suas medidas repressivas em nome do fim do "jornalismo de sarjeta".

“Direi que quando o patrão manda, o director obedece e acciona a cadeia de transmissão onde, no final, há sempre um redactor que faz o trabalho. Depois, há o fenómeno da imitação, tão comum no jornalismo português. Se o "vizinho" aborda um assunto, os outros imitam-no, principalmente se for um dos ditos jornais de referência. Até as televisões copiam os jornais”, escreve Carlos Narciso.

“Assiste a um novo fenómeno - a chegada dos directores-capatazes, indivíduos mal-encarados e pior formados que gozam da confiança dos superpatrões que hoje controlam a Comunicação Social portuguesa e que têm os jornalistas metidos num colete de forças, sem qualquer margem de manobra e obrigados, de facto, a aceitarem toda a espécie de diatribes, sob o risco de serem pura e simplesmente colocados na prateleira ou, pior ainda, despedidos”, afirmou ao Notícias Lusófonas, em 14 de Fevereiro de 2006, o jornalista (Carteira Profissional 954) Jorge Monteiro Alves.

E assim se faz a história do moderno jornalismo português na europeia democracia portuguesa…

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