sexta-feira, junho 29, 2007

60 euros para ajudar a Câmara Municipal do Porto

Ontem, para além dos contributos diários, “resolvi” ser magnânimo e dar uma ajuda mais vultosa à debilitada Câmara Municipal do Porto. Foram 60 euros. Coisa pouca, dirá certamente o presidente Rui Rio.

Sessenta euros para além de mais 30 euros da respectiva multa por, ao abrigo do artigo 163º, c) e 164º, nº 1, A) do Código da Estrada (transcrição ipsis verbis do aviso de bloqueio nº 33964) não ter às 18,58 horas o comprovativo do pagamento do parquímetro .

Acresce que o dia de ontem foi proveitoso para a Câmara Municipal do Porto, tantos eram os automobilistas que faziam fila para levantar os respectivos carros.

Não sei se esta recolha visou pôr em ordem as contas dos festejos de S. João, aliviar o fundo para a recuperação do centro histórico, ajudar a pagar ao La Féria ou, eventualmente, dotar o site camarário com mais algumas tecnologias.

Quando me dirigi à PSP para pedir ajuda (o carro poderia ter sido roubado), fiquei, aliás, esclarecido.

Quando disse ao agente onde tinha o carro estacionado, ele perguntou-me:

- Não me diga que é jornalista do Jornal de Notícias?

- Sou. Respondi com visível curiosidade.

- Então está tudo explicado, respondeu-me com ar pesaroso o agente da PSP.

De facto, está tudo explicado e (bem) compreendido.

O respeitinho é muito bonito... a bem da Nação


O Processo de Democratização Angolano

A agência de notícias angolana, ANGOP, anunciou há dias que o Tribunal Supremo, que faz as vezes de Tribunal Constitucional da República de Angola, havia arquivado 19 processos de formações políticas, dos 127 que deram entrada para a devida legalização. Aquela instância jurídica alega que as formações políticas excluídas do processo eleitoral não reuniam os “requisitos exigidos pela própria lei dos partidos políticos, bem como por se ter constatado algumas infracções”.

Estas, segundo o juíz-presidente do Tribunal Supremo angolano, incluíam “datas contraditórias” e “assinaturas duvidosas”, constatando-se “em alguns processos conluio entre as formações políticas interessadas e um grupo de funcionários do Tribunal.”

Em especial para o «Canal de Moçambique», Orlando Castro comenta estes últimos desenvolvimentos no país irmão ainda na senda da democratização:

Costuma-se dizer que em Angola, um pouco à semelhança da maioria das supostas democracias africanas, existem mais partidos do que mães. Foram invalidadas 19 das 127 candidaturas, mas é bem provável que sejam muitos mais os partidos que de jure não poderão concorrer, tal é o amálgama de falhas, vigarices e corrupções que rodeiam todos estes processos.

Aliás, o Supremo Tribunal fala de infracções e violações da dita lei dos partidos sendo que ela própria, à luz do Direito Internacional, enferma de múltiplas ilegalidades concebidas de forma deliberada para perpetuar em Angola um sistema político bipolar. Isto é, arranjar maneira supostamente legal de abrir as portas do poder apenas a dois grandes partidos, o MPLA e a UNITA.

Embora a UNITA se tenha aliado à onça para tentar derrotar o chacal, um dia destes verá que depois de vencer o chacal a onça a vai comer. Ou seja, deu cobertura legal (parlamentar) a uma lei que acabará por só beneficiar quem já está no poder, em detrimento de outras forças que, coligadas ou não, poderiam ser alternativas válidas.

Dos 19 agora eliminados, bem como de mais uma série deles que acabarão por ser postos fora da carroça, alguns até têm – pelo menos aparentemente – todo o processo jurídico-institucional documentado, registado, conferido e validado.

Os processos apresentam algumas dúvidas, incorrecções, imprecisões e mais uma série de outras conclusões oportunamente apresentadas pelo presidente do Tribunal.

Do ponto de vista estritamente jurídico e dando como válida a lei actual, creio que nenhum partido, incluindo o MPLA e a UNITA, passariam num crivo de legalidade. Acontece, contudo, que para legitimar a força e as prerrogativas dos mais poderosos, o Supremo Tribunal tem de mostrar serviço à custa dos mais pequenos.

A estratégia funciona. Do ponto de vista interno não haverá grandes ondas porque os pequenos partidos têm pouca força reivindicativa e dificilmente se aventuram num recurso que só seria dirimido depois das eleições. Do ponto de vista externo, a comunidade internacional fica satisfeita porque até pode dizer que Angola já é um Estado de direito.

Dizer-se, por exemplo, que muitos dos processos tinham assinaturas duvidosas é atentar contra um povo que viveu dezenas de anos de guerra, que só dela saiu há cinco anos e que tem na sobrevivência, e não na escolaridade, a sua maior – ou até única – preocupação.

Ao que parece sem cobertura política, o presidente do Supremo Tribunal, Cristiano André, terá deixado a língua fugir para a verdade numa afirmação que lhe poderá custar o lugar. Disse que alguns partidos teriam conseguido a legalização através da falsificação da assinatura do presidente do Tribunal Constitucional, o que teria sido conseguido pelo suborno de altos funcionários do Tribunal.

O caricato de tudo pode ainda ver-se no facto de que esta legislação, embora retocada nos últimos anos em função das prometidas e eventuais eleições, remonta a 1990, altura em que supostamente se iniciou o multipartidarismo.

Em conclusão: A grande, diria esmagadora, maioria dos partidos vai ser ilegalizada, ficando meia dúzia deles para ornamentar o arranjo floral supostamente democrático em que a maioria, também esmagadora, dos lugares do Parlamento ficará nas mãos do MPLA e da UNITA.

Texto publicado no Canal de Moçambique

quinta-feira, junho 28, 2007

Vendas dos maiores diários estão em queda livre


Todos os jornais diários perderam compradores no primeiro trimestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, tendo o Jornal de Notícias sido o que sofreu maior queda, de acordo com dados oficiais hoje divulgados.

Apesar de se manter como o segundo diário mais vendido em Portugal, o Jornal de Notícias vendeu, entre Janeiro e Março deste ano e de acordo com dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT), menos 11.368 exemplares do que no mesmo trimestre de 2006, afastando-se ainda mais do líder Correio da Manhã.

A descida de vendas registada pelo Jornal de Notícias, propriedade do grupo Global Notícias detido pela Controlinveste de Joaquim Oliveira, representa uma queda de 11,6% - a segunda maior do trimestre em termos relativos -, para 86.774 exemplares.

A maior queda percentual foi apresentada por outro dos jornais de Joaquim Oliveira, o 24horas.
Tendo vendido, em média, menos 7.789 exemplares por dia, o 24horas sofreu uma diminuição de 18,5%, passando para os 34.295, o que significa que vendeu menos cerca de 7.800 exemplares por cada dia.

Entre os dois rivais ditos de referência (Público e Diário de Notícias), o Público continuou a ser o que mais vendeu, mas foi também o que mais compradores perdeu.

Com vendas médias de 41 mil exemplares durante o primeiro trimestre deste ano, o jornal do grupo Sonae perdeu quase 3.700 compradores por dia, o que representa uma queda de 8,2%.
Já o seu concorrente Diário de Notícias - outro dos diários da Controlinveste - foi o que perdeu menos compradores, não chegando a diminuir 450 exemplares por dia.

Uma diminuição que representa 1,3 por cento e que deixou o DN a vender 34.510 exemplares por dia.

Também o líder Correio da Manhã - detido pela Cofina - deixou escapar compradores no período em análise, perdendo mais de 2.700 (redução de 2,4 por cento), apesar de continuar a ser o único diário que continua a estar acima da barreira dos 100 mil exemplares, ao apresentar vendas médias de quase 113.300 exemplares.

No total, os cinco principais jornais diários do país perderam mais de 26 mil compradores por dia, caíndo para vendas na ordem dos 310 mil.

Vice-presidente do IPAD altera curriculum

Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida, vice-presidente do IPAD, alterou o curriculum apresentado em Janeiro e que revelava que iniciou a licenciatura e dois cursos de línguas aos 15 anos de idade… A actual Direcção do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), criado em Janeiro de 2003, e que resulta da fusão entre o Instituto da Cooperação Portuguesa (ICP) e a Agência Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento (APAD), tomou posse no passado dia 19 de Janeiro.

Pelo exemplo de um dos três vice-presidentes, no caso Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida, ficamos com a certeza de que algo vai mal neste reino. Em Janeiro o curriculum era um, agora é outro.

A política de Cooperação Portuguesa e de Ajuda Pública ao Desenvolvimento é coordenada, supervisionada e dirigida, desde Janeiro de 2003, pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), órgão tutelado pelo Governo de que é primeiro-ministro José Sócrates (na foto). No seu diploma constitutivo (decreto-lei nº 5/2003 de 13 de Janeiro de 2003), o IPAD é o instrumento central da política oficial de Cooperação para o Desenvolvimento, tendo como principais atribuições, melhorar a intervenção portuguesa e assegurar-lhe um maior relevo no âmbito da Cooperação, no cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português.

Até aqui tudo bem. Vejamos contudo a genialidade curricular de Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Nasceu em Setembro de 1969 e com 15 (quinze) anos de idade (ou seja em 1984) iniciou – de acordo com os dados apresentados no site do IPAD, em Janeiro, – a “Licenciatura em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa», que terminou em 1987.

Hoje o curriculum é diferente. Afinal iniciou a licenciatura não em 1984 mas em 1987. Como será amanhã?

Para além de se enaltecer o facto de ter começado a Licenciatura com 15 (quinze) anos – segundo o curriculum de Janeiro - , importa dizer que a Universidade Lusíada informa que a Licenciatura em Relações Internacionais só começou a ser ministrada em 1986, ou seja dois anos depois da data então referida pela vice-presidente do IPAD e aqui denunciada no passo dia 26 de Janeiro.

Acresce que a mesma era de cinco anos e não de quatro como diz o curriculum de Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Ainda no campo da genialidade da vice-presidente do IPAD registe-se quem ainda em 1984, portanto com 15 (quinze) anos de idade, Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida iniciou dois outros cursos, o de língua inglesa pelo American Institut e o de língua francesa pela Alliance Francaise.

Acresce, continuamos no campo de uma paradigmática genialidade, que Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida concluiu quer a licenciatura quer os dois cursos de línguas no mesmo ano, 1987. Isto era verdade segundo o curriculum de Janeiro, falso segundo o curriculum agora apresentado. Como será amanhã?

Sendo a cooperação para o desenvolvimento uma prioridade da política externa portuguesa, onde pontuam os valores da solidariedade e do respeito pelos direitos humanos, nada melhor do que ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Sendo a coordenação da ajuda pública ao desenvolvimento realizada por um único organismo, o IPAD, que assegura também a supervisão e a direcção da política de cooperação, nada melhor do que ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Sendo o IPAD um instrumento central da política de cooperação para o desenvolvimento, tendo por finalidade, num quadro de unidade da representação do Estado, melhorar a intervenção portuguesa e assegurar-lhe maior relevo na política de cooperação e cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português, nada melhor do que ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Tendo a acção do IPAD em vista a promoção do desenvolvimento económico, social e cultural dos países de língua oficial portuguesa, bem como a melhoria das condições de vida das suas populações, nada melhor do que ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.

Artigo publicado em http://www.noticiaslusofonas.com/

quarta-feira, junho 27, 2007

Mobiliário português mostra o que vale
mesmo à revelia da Imprensa portuguesa

Os números indicam claramente que a indústria portuguesa de mobiliário tem mais aceitação em países como França e Espanha do que junto dos consumidores portugueses. Tal como tem mais aceitação e, já agora, respeito da Comunicação Social estrangeira do que da portuguesa. Porque será?

Desde 2003, mais de metade do mobiliário made in Portugal é vendido no estrangeiro, onde é valorizada a sua qualidade e design. “Em Portugal fabrica-se bom mobiliário que pode competir com o italiano ou o alemão, mas a qualidade e design do nosso produto não são reconhecidos pelo cliente português, mesmo quando estão ao alcance da sua bolsa”, considera Emídio Brandão, editor do Mobiliário em Notícia, jornal especializado deste sector.

A inovação patente nas novas propostas da indústria resulta da aposta crescente no design mas também nos fornecedores de matéria-prima, ou de ferragens, acessórios e componentes que se empenham em trazer para Portugal as mais recentes novidades. “Nesta equação é ainda de salientar o papel do comércio que procura adaptar-se à nova realidade do processo de compra e venda de mobiliário”, diz Emídio Brandão.

Anualmente, o Mobiliário em Notícia organiza a Gala Prémio Mobis onde são distinguidos as empresas e empresários que continuam a investir e a apostar num sector que emprega mais de 60 mil pessoas em todo o país. “Com o Prémio Mobis damos a conhecer ao Governo, às associações e ao consumidor final que o sector do mobiliário merece ser mais apoiado, no sentido em que é necessário reconhecer o esforço que tem sido feito para credibilizar e revitalizar esta área de actividade com grande tradição em Portugal”.

É um sector unido que cinco centenas de empresários, associações e outras individualidades vão encontrar no próximo sábado, no Casino do Estoril. Para além da atribuição dos prémios nas 12 categorias a concurso, com um total de 60 finalistas, está ainda em agenda a atribuição dos Prémios Mobis Gold a uma dezena de empresas que se têm destacado ao longo dos últimos anos.

“Com o Prémio Mobis Gold queremos premiar a consistência demonstrada pelas empresas que lhes permitiu atingir um lugar de excelência no seu sector de actividade”, adianta Emídio Brandão. Levira (Oliveira do Bairro), O.A.T. (Valongo), Sonae Indústria (Maia), Interfer (Lisboa), Marjos (Vila do Conde), Aldeco (Vila Nova de Gaia), M.O.B. (Viseu), Ambitat (Paços de Ferreira) e Moveme (Gondomar) e ainda a Feira ExportHome (Matosinhos) são as empresas que valem gold nesta edição do Prémio Mobis que conta com o apoio da Câmara Municipal de Paços de Ferreira.

Paralelamente à Gala, a Associação Portuguesa de Comércio Mobiliário, também official partner do Prémio Mobis, vai distinguir cerca de 40 lojas de comércio de mobiliário como lojas de qualidade. São lojas que cumprem um conjunto de requisitos, tal como ter a sua situação regularizada junto das Finanças ou dos fornecedores, existir no mercado há mais de três anos, dispor de decoradores ao serviço da loja, entre outros critérios.

“Desta forma, o consumidor final tem a garantia que está a lidar com uma loja séria e que, por exemplo, não terá qualquer problema com a assistência pós-venda. Caso o cliente detecte práticas que não se coadunam com o título de loja de qualidade, a APCM tem disponível um número para aceitar qualquer reclamação que será tida em conta na altura de fazer a reavaliação da etiqueta de qualidade”, sustenta Isabel Costa Pereira, directora executiva da APCM.

Segundo a economista, só irão receber a etiqueta as lojas que entregaram toda a documentação solicitada. “O objectivo é valorizar o sector do comércio de mobiliário junto do consumidor final pelo que temos de ser responsáveis na atribuição da etiqueta”.

O sector do mobiliário estará assim em destaque no próximo dia 30 de Junho, no Casino Estoril. Já confirmaram presença na iniciativa o Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, Fernando Serrasqueiro; os presidentes das câmaras municipais de Paços de Ferreira, Pedro Pinto, e de Paredes, Celso Ferreira; as associações empresariais e sectoriais APCM - Associação Portuguesa de Comércio Mobiliário, AIPI - Associação dos Industriais Portugueses de Iluminação, APIMA - Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins, AEP - Associação Empresarial de Paredes; o ICEP; o IAPMEI; a decoradora Graça Viterbo, entre outras individualidades.

Pena é que, repito, a Imprensa portuguesa (no seu mais lato sentido) só se lembre de tudo isto quando é para sacar publicidade. Se isto, tudo isto, não merece tratamento destacado nessa Imprensa, o que merecerá?

Dois candidatos à chefia da UNITA

No início eram 5, mas só dois vão disputar a liderança. De acordo com o coordenador da comissão de organização do conclave, Adalberto da Costa Júnior – e eu que pensava que quem liderava era Justino Pinto de Andrade, um neutro, – três dos candidatos foram rejeitados por não “reunirem os requisitos necessários para o efeito”.

Assim só Isaías Samakuva e Abel Chivukuvuko estão confirmados como candidatos à presidência da Unita.

Os outros além de não terem os documentos requeridos, razão mais que suficiente para serem preteridos, parecem não serem, e passo a citar “… militantes exemplares e terão deste modo adquirido uma condição interna fundamental para o alcance de tão relevante desiderato”, isto segundo Costa Júnior.

Será que quem andou a colocar rótulos de candidaturas, tem moral para questionar da militância de outros, nomeadamente, quando um dos preteridos já foi adversário de Samakuva no último pleito eleitoral interno?

Quem não sabe ser democrata e não reconhece o direito à diferença não deve estar em certos cargos ou, pelo menos, deve abster-se de proferir certas frase; é que insultam a memória de um mais velho...

Quanto aos candidatos – volto a reafirmar que não apoio ninguém, até porque não sou, já não sou, um militante exemplar, – só lhes peço que tentem elevar a Unita e procurar manter a estabilidade e coexistência política no Pais para que este possa, enfim, tornar-se numa Nação mais próspera, mais democrata, mais justa e não se continue a ver poucos, muito poucos, continuarem a ter milhões e milhões a terem cada vez menos.

Nota: artigo publicado em http://pululu.blogspot.com/

PS – Faço minhas as palavras do Eugénio Costa Almeida até porque, como ele, também não sou um militante exemplar. Apesar disso, reivindico o direito a ter memória e a continuar a citar Jonas Savimbi quando dizia que, tal como Angola, a UNITA não se define – sente-se.

terça-feira, junho 26, 2007

Jornalismo e jornalistas, jornalistas e jornalismo

Tal como quis, apesar da oposição (que não sei se foi sincera) dos restantes partidos, o PS de José Sócrates aprovou um estatuto para os jornalistas portugueses que põe a sua autonomia editorial e independência no saco das miragens. Importa, contudo, reconhecer que essa autonomia e independência já eram de há muito uma miragem. E eram por culpa sobretudo dos Jornalistas que, sob a conveniente capa da cobardia anónima, se deixaram transformar em autómatos ao serviço dos mais diferentes protagonistas, sejam políticos, partidários, sindicais ou empresariais.

Basta ver quantos são os supostos jornalistas que, nomeadamente na blogosfera, dizem quem são e mostram a chipala. São muito poucos. A grande maioria prefere o cómodo e barato anonimato. Para que se não saiba que têm as meias rotas nunca se descalçam.

Na falta de capacidade intelectual para mais, toda a espécie de ratos de esgoto, mesmo que possuidores de Carteira Profissional, cria blogues e opina sem dar a cara, mostrando como é fácil atirar a pedra e esconder a pata.

E se esta estratégia é grave de uma forma geral, mais o é quando muitos destes actores de baixa (baixa, neste caso, é sinónimo de sarjeta) categoria integram a classe profissional dos Jornalistas, a tal que se diz contrária às fontes anónimas mas que, afinal, é ela própria um manancial de anónimos.

Compreendo que, refugiando-se no anonimato ou na intelectual forma de anonimato que dá pelo nome de pseudónimo, estejam mais à vontade para mostrar que já quase conseguem andar de pé. É uma evolução. No entanto, ainda faltam algumas gerações para que atinjam o nível dos Homens. E esse nível não é dado por nenhuma carteira profissional.

Habituados a viver na selva supostamente civilizada onde, com o patrocínio e cobertura dos poderes instituídos, vale tudo, entendem que a razão da força dada por alguns milhares de euros de avenças ou similares é a única lei. E, digo eu, dos Jornalistas esperar-se-ia que lutassem pela força da razão.

Força da razão? Claro que não. Até porque em Portugal não existem Jornalistas a tempo inteiro. Na maior parte do tempo útil são cidadãos como quaisquer outros e que, por isso, não precisam de ser sérios nem de o parecer. Nas horas de expediente, sete ou oito por dia, exercem o jornalismo.

Como para mim existe uma substancial diferença entre exercer jornalismo e ser Jornalista, tal como exercer medicina e ser médico, continuo a dizer que nesta profissão quem não vive para servir não serve para viver.

Infelizmente os media estão cada vez mais superlotados de gente que apenas vive para se servir, utilizando para isso todos os estratagemas possíveis: jornalista assessor, assessor jornalista, jornalista cidadão, cidadão jornalista, jornalista político, político jornalista, jornalista sindicalista, sindicalista jornalista, jornalista lacaio, lacaio jornalista e por aí fora.

Jornalistas/jornalistas são cada vez menos. Paz à sua alma!

segunda-feira, junho 25, 2007

www.orlandopressroom.com


Gerada e nascida em 2001, a minha página pessoal (tal como este blog) continua a ser (embora agora revitalizada) um espaço onde o poder das ideias está acima, definitivamente acima, das ideias de poder.

É, tal como este blog, um espaço onde (sobre)vive o Jornalista que o é 24 horas por dia e não apenas sete ou oito horas por dia, uns tantos dias por semana.

Dizer o que penso ser a verdade é um dos melhores predicados que sigo. Por isso, seja na Orlando Press Room ou no Alto Hama, a minha liberdade é (quase) total. E é só quase total porque melhor do que pensar (e escrever) livremente é pensar (e escrever) com rectidão, é ter a noção de que a minha liberdade termina onde começa a dos outros.

«O Observador» aí está para honrar Moçambique

A partir de hoje Moçambique tem mais um jornal diário, denominado "O Observador". É o filho mais novo da Nação moçambicana que, também hoje, comemora mais um aniversário da sua independência. É com orgulho que o Notícias Lusófonas se associa a este evento que, cremos, marcará o Jornalismo do país. Orgulho porque o Director do Jornal é o nosso colega Jorge Eurico e, ainda, porque no primeiro número também escrevem os nossos colaboradores Eugénio Costa Almeida (“Ricos na pobreza, pobres na riqueza”) e Orlando Castro (“Em memória de Carlos Cardoso”).

A garantia de que de Moçambique fica a ganhar com este novo Jornal é, para nós, algo de já adquirido. Porquê? Porque de há muito que conhecemos a capacidade profissional do Jorge Eurico.

Jornalista 24 horas por dia, o Jorge Eurico vai dar um sério contributo para que a Imprensa moçambicana em particular, e lusófona em geral, some pontos e mostre que tem tudo para se impor.

O lançamento de “O Observador” coincide com os festejos do 32º aniversário da Independência, um evento marcado por comícios, homenagens aos heróis e realizações culturais mas, igualmente, pelo boicote da oposição e pela presença em peso da força do partido no poder, FRELIMO.

Na ausência de um programa do governo para assinalar a data mais importante do Estado moçambicano, o partido FRELIMO, no poder desde a proclamação da independência, decidiu fundir as festividades do 87º aniversário do nascimento do seu fundador, Eduardo Mondlane, a 20 de Junho de 1920, e da criação do movimento, a 25 de Junho de 1962, data mais tarde escolhida para a celebração da independência, a 25 de Junho de 1975.

"A nível do governo, não há nada agendado, o programa das comemorações da data da independência foi concebido pelo partido (FRELIMO)", disse o porta-voz do Conselho de Ministros de Moçambique e vice-ministro da Cultura, Luís Covane.

Segundo a referida agenda, o ponto mais alto do dia da independência será no bairro de Chamanculo, arredores de Maputo, onde o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, vai fazer um comício, depois de depositar uma coroa de flores no monumento aos heróis moçambicanos. Encontros populares, eventos culturais e cerimónias evocativas aos heróis moçambicanos serão também replicados nas capitais das 11 províncias moçambicanas, com os governadores provinciais à cabeça.

A RENAMO, o principal partido da oposição, já fez saber que não irá participar nas festividades, como protesto contra o que considera "partidarização" das comemorações alusivas ao aniversário da Independência Nacional.

"Com o 25 de Junho, ficámos todos independentes, mas o que se seguiu a isso é o que todo o mundo está a assistir, a partidarização pela FRELIMO de um acontecimento que é de todos os moçambicanos", disse Fernando Mazanga, porta-voz da RENAMO.

Para Mazanga, "seria incoerente se a RENAMO tomasse parte nas comemorações do 25 de Junho deste ano, pois o signo da partidarização mantém-se, como sempre acontece com todas as datas importantes do país".

A independência foi proclamada às 00:00 do dia 25 de Junho de 1975 pelo primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, falecido num desastre de aviação em 1986, e perante a presença de uma delegação portuguesa chefiada pelo então primeiro-ministro, Vasco Gonçalves, e que incluía Melo Antunes, Mário Soares, Álvaro Cunhal e Otelo Saraiva de Carvalho, entre outros.

Nota: Artigo, Manchete, publicado no Notícias Lusófonas

domingo, junho 24, 2007

"Presença portuguesa em Timor-Leste é uma farsa"


Avelino Coelho, candidato a primeiro-ministro pelo Partido Socialista Timorense (PST), afirmou que "a presença portuguesa em Timor-Leste é uma farsa" e que os líderes timorenses "mentem a Portugal" sobre a língua oficial. Afinal, eu e o Eugénio Costa Almeida já não somos os únicos a dizer estas e outras verdades.

"Os timorenses não foram sinceros (com Portugal) e apostaram no cavalo errado", afirmou, em entrevista à Lusa, Avelino Coelho, falando sobre a questão da língua oficial em Timor-Leste e das relações entre os dois países.

"Se fossem sinceros e se quisessem mesmo a língua portuguesa em Timor-Leste, cinco anos depois da independência já teríamos todas as escolas primárias com o ensino do português e já teríamos uma lei exigindo que quem investir em Timor fale e escreva em português", declarou Avelino Coelho.

"Passaram cinco anos", acrescentou o cabeça-de-lista do PST, e os líderes timorenses "vão para Portugal com discursos satisfatórios, regressam e não conseguem satisfazer o povo".

Os dirigentes timorenses, acusou Avelino Coelho, "vivem entre duas realidades: precisam dos apoios de Portugal, precisam daquele calor humano conseguidos dentro de 300 ou 400 anos da marcha da Humanidade, aos solavancos, mas estão perante esta realidade social: os jovens" que cresceram sob a ocupação indonésia.

"Podiam investir muito dinheiro nos primeiros anos, com reciclagem dos funcionários, se nós quiséssemos português", adiantou o líder do PST.

Também Portugal não contribuiu para a expansão da sua língua em Timor, acusou Avelino Coelho.

"Eu disse aos portugueses quando lá estive em 2000: se quiserem que o português seja a nossa língua oficial, não será uma língua em que falamos nos hotéis, nos restaurantes com os ovos estrelados".

"Invistam em Timor, disse aos empresários portugueses: 500 televisores, 500 professores, um para cada suco. Trabalhávamos em um ou dois anos e todo o Timor falaria português".

"A relação histórica entre Timor e Portugal é vinculada por dois elementos, a língua portuguesa e a religião, mas a identidade timorense é o tétum.

A ligação histórica que une os dois povos é esta. Não há problemas", afirmou Avelino Coelho, descendente de um minhoto que foi enviado para Timor pelo Estado Novo.

Se o PST fosse governo, colocaria em marcha legislação e programas para fazer do tétum "uma língua evoluída, a par do estudo do português".

Segundo Avelino Coelho, os falantes de português em Timor-Leste não devem ultrapassar hoje "5 a 6%" da população.

Sobre a contribuição de Portugal para o desenvolvimento de Timor-Leste, Avelino Coelho comentou que a antiga potência colonial "fez aquilo que podia fazer, os timorenses é que não souberam aproveitar este apoio".

E, para além de Portugal, também a restante Comunidade de Países de Língua (?) Portuguesa continua a cantar e a rir…

sábado, junho 23, 2007

Tenham um bom (se possível) São João

Não há manjerico que cante
a enorme saudade que sinto,
se encontrar uma acácia errante
ela dirá, afinal, que não minto.

Ela dirá que não minto
porque sabe que o amor
é a alma do que sinto
por muita que seja a dor.

sexta-feira, junho 22, 2007

Socialistas 1 – Jornalistas 0
(a bem da Nação, pois claro!)

O Sindicato dos Jornalistas portugueses vai recorrer ao Presidente da República para tentar impedir a promulgação do novo Estatuto do Jornalista, aprovado pela maioria socialista, documento que considera "inaceitável". Para o Sindicato, o novo Estatuto "não garante mais a protecção do sigilo profissional dos jornalistas", ao "elencar um conjunto de circunstâncias em que esse direito-dever pode ceder, bastando aos tribunais invocar dificuldade em obter por outro meio informações relevantes para a investigação de certos crimes".

"Assim, os jornalistas enfrentarão maior resistência de fontes confidenciais que poderiam auxiliar a sua investigação de fenómenos como o tráfico de droga e até, como se insinuou nos debates, de corrupção, entre outros crimes que os profissionais da informação têm o direito e o dever de investigar e denunciar".

A aprovação pela maioria socialista marca, considera o Sindicato, "um dos dias mais negros na história do Jornalismo do pós-25 de Abril".

O processo de aprovação do novo estatuto arrastou-se por mais de um ano, tendo sido alvo de críticas da Confederação de Meios da Comunicação Social e de toda a oposição, além do Sindicato.

No Parlamento, PSD, PCP, CDS, Bloco de Esquerda e PEV votaram contra o diploma.

As principais críticas dos partidos da oposição centram-se nas alterações sobre os direitos de autor e no reforço de poderes da Comissão da Carteira Profissional do Jornalista.

A Comissão da Carteira passa a ter três níveis de sanções disciplinares profissionais - advertência registada, repreensão escrita e suspensão do exercício da actividade profissional até 12 meses.

O Sindicato anuncia que vai "solicitar ao Presidente da República uma audiência urgente", na tentativa de que "não promulgue o diploma".

Afirma ainda a "disposição de "recorrer a todas as formas de luta e a todas as instâncias nacionais e internacionais para impedir os graves danos que este Estatuto pode causar à Democracia".

"O Estatuto aprovado não cria condições para uma efectiva autonomia editorial e independência dos jornalistas, antes as agrava, fragilizando ainda mais a posição destes profissionais face ao poder das empresas", afirma.

Exemplo disto, adianta, é o caso do direito de autor dos jornalistas onde o Governo "recuou" em relação às propostas que inicialmente apresentou "e entrega de mão-beijada às empresas e aos grupos económicos o que não pode entregar: a re-utilização arbitrária e totalmente livre de quaisquer custos, nos primeiros trinta dias, dos trabalhos dos jornalistas assalariados".

"O que está em causa não é apenas o direito legítimo do jornalista de decidir sobre o destino dos seus trabalhos e de auferir uma retribuição adicional por tal re-utilização, que com este diploma fica inviabilizado. É também o risco de violação da integridade das criações, de empobrecimento da informação e de diminuição da sua diversidade, bem como de ameaça ao pluralismo" além do "risco de, mais tarde ou mais cedo, virmos a assistir a drásticas reduções de postos de trabalho", acusa.

O Sindicato critica ainda a aprovação unilateral do Estatudo, que substitui um aprovado por unanimidade.

Do stradivarius da feira da Vandoma
à visível cidadania da subserviência

A sociedade portuguesa está a mudar. Durante anos parecia séria, mas não era. Agora não parece nem é. São cada vez mais os exemplos do que se julgam pianistas só porque compraram um piano, que se julgam pintores só porque decoraram as cores do arco-íris. Ou, já agora, jornalistas só porque escrevem o nome em cheques mais ou menos chorudos.

Por outras palavras, se se medir o nível intelectual de Portugal pelo número de pianos, obras de arte etc. comprados é certo que o país está bem colocado.

Assim, numa sociedade de aparências e de deslumbrante “play-back”, são cada vez mais os que estão na ribalta embrulhados em etiquetas sociais de renome, talvez até importadas de Paris. O presente é, ou parece, ser deles. Se o futuro também o for, então Portugal estará à beira do fim.

São como os frutos de plástico que ornamentam as exposições de mobiliário. Lindos, gostosos e sedutores quando vistos à distância…

Não deixa, contudo, de ser elucidativo ver como o acessório é mais relevante do que o essencial, como o embrulho é mais importante do que o produto, como a capa é mais vital do que o conteúdo, como o nome é mais paradigmático do que tudo o resto.

É uma sociedade de faz de conta, onde o que importa é dizer-se que se tem um stradivarius porque se sabe que ninguém vai querer saber que o instrumento é, afinal, de plástico e foi comprado na Feira da Vandoma, no Porto.

E assim não vamos lá. Portugal precisa de uma estratégia (ou desígnio) que valorize quem tem ideias e não quem diz que as tem. Que institua o primado da competência independentemente da filiação partidária e das cunhas.

Ok. Já acordei.

quinta-feira, junho 21, 2007

Cidadão quando dá jeito, jornalista quando jeito dá

Poucos são os que dizem que se é jornalistas 24 horas por dia. A esmagadora maioria só o é sete ou oito horas por dia. Fora desse horário, passam – dizem – a ser cidadãos comuns. Esse horário é, contudo, um pouco elástico consoante as necessidades pessoais. Se se for multado dá um certo jeito dizer que se é jornalista e não apenas um cidadão comum. Por outras palavras, sempre que for conveniente é-se jornalista. Mas só quando for conveniente. Em que posição escrevo isto? Depende. Se me der jeito é como jornalista, se não der é como cidadão…

quarta-feira, junho 20, 2007

Um dia destes, nas ruas a festejar

Um dia destes ainda vou ver o director do Jornal do Burkina Faso a festejar nas ruas a vitória eleitoral de Blaise Compaoré ou de Ernest Paramang Yonli. É um direito que lhe assiste. Como qualquer cidadão, o jornalista – mesmo que director – tem igualmente o direito de não querer ser sério nem sequer de o parecer.

Um dia destes ainda vou ver o director do Jornal do Togo a festejar nas ruas a vitória eleitoral de Faure Essozimna Gnassingbe ou de Edem Kodjo. É um direito que lhe assiste. Como qualquer cidadão, o jornalista – mesmo que director – tem igualmente o direito de não querer ser sério nem sequer de o parecer.

Um dia destes ainda vou ver o director do Jornal dos Camarões a festejar nas ruas a vitória eleitoral de Paul Biya ou de Peter Mafnay Musonge. É um direito que lhe assiste. Como qualquer cidadão, o jornalista – mesmo que director – tem igualmente o direito de não querer ser sério nem sequer de o parecer.

Um dia destes ainda vou ver o director do Jornal do Sudão a festejar nas ruas a vitória eleitoral de Omar Hasan Ahmad al-Bashir. É um direito que lhe assiste. Como qualquer cidadão, o jornalista – mesmo que director – tem igualmente o direito de não querer ser sério nem sequer de o parecer.

Um dia destes ainda vou ver o director do Jornal da Etiópia a festejar nas ruas a vitória eleitoral de Girma Wolde-Giorgis ou de Meles Zenawi. É um direito que lhe assiste. Como qualquer cidadão, o jornalista – mesmo que director – tem igualmente o direito de não querer ser sério nem sequer de o parecer.

Cidadania ou regime do vale tudo?

“Sei que pareço ladrão; Mas há muitos que eu conheço; Que não parecendo o que são; São aquilo que eu pareço”, dizia António Aleixo. Embora seja quase e cada vez mais (im)possível querer que os jornalistas sejam isentos e imparciais poderiam, ao menos, fazer um esforço nesse sentido. Num regime em que vale tudo, nem sequer têm a preocupação de parecer isentos, imparciais ou - no mínimo - honestos. Assim sendo, e já que não somos exemplo para ninguém, façamos do que chamamos direito de cidadania uma lei onde tudo nos seja permitido. Uma espécie de bordel colectivo.

segunda-feira, junho 18, 2007

A mangueira nunca dará loengos

Adalberto da Costa Júnior, Secretário para a Informação da UNITA, tem desempenhado as suas funções o melhor que, certamente, sabe. Pena é que, para além de uma manifesta perda de memória em relação aos seus “irmãos” de Portugal, aposte mais, ou quase só, na reacção em vez de na acção.

De um Secretário para a Informação espera-se (esperava eu) mais do que andar a reboque dos acontecimentos. O seu cargo, se bem desempenhado, deveria ser o de “criar” acontecimentos, pondo os outros a andar a reboque. É a diferença entre reagir e agir.

Acredito que, eventualmente por ordens superiores, Adalberto da Costa Júnior não possa fazer tudo o que queria ou, penso, o que sabe que deveria ser feito. Mesmo assim, nunca conseguiu que a UNITA fosse a notícia. Quase sempre a UNITA reagia à notícia.

Lidar com a informação de um partido que quer ser (penso que é isso que a UNITA quer) Governo, não é a mesma coisa que chefiar a delegação do partido num qualquer país europeu. Adalberto da Costa Júnior teve uma boa escola mas, não sei se voluntariamente, deixou de regar, de adubar e de podar a árvore, convencido que ele sobreviveria só por si.

Mas se isso é grave, mais grave é ficar às espera que a mangueira dê loengos. Esperou, como é típico, sentado. Quando alguns, de boa fé, lhe disseram que assim não ia lá, resolveu não reconhecer a verdade, culpando o mensageiro e não lendo a mensagem.

Nesta matéria de informação, a UNITA até tem gente muito boa, muito capaz. No entanto, prefere continuar a pensar que a obra prima do Mestre e a prima do mestre de obras são a mesma coisa.

Se todas as peças de um partido que quer ser Governo são importantes, e são mesmo, a Informação é pelo menos das mais importantes. Ou não será assim, caro Adalberto da Costa Júnior?

domingo, junho 17, 2007

Abel Chivukuvuku ou Isaías Samakuva?

Quem será o próximo líder da UNITA? Tudo leva a crer que voltará a ser Isaías Samakuva. Não é relevante quem para mim seria, no contexto dos candidatos anunciados, o melhor líder. Mesmo assim, penso que o Galo Negro cantaria mais alto, eventualmente bem mais alto do que o MPLA, se Abel Chivukuvuku vencesse.

Chivukuvuku entende, e bem, que a UNITA ainda não é a força com a necessária dinâmica de vitória para enfrentar o MPLA nas próximas eleições legislativas, previstas agora para 2008. E tem razão.

A seriedade, honestidade e patriotismo da Samakuva não são suficientes para lutar contra uma máquina que está no poder em Angola desde 1975. Talvez Chivukuvuku também não consiga pôr a UNITA a lutar taco a taco com o MPLA. Tem, contudo e na minha opinião, a vontade de partir a loiça sem temer levar com os estilhaços. Será um bom, embora tardio, princípio.

"Depois de ter avaliado o contexto que Angola vive - em que não está claramente visível que hoje somos uma alternativa ganhadora - e consultado vários colegas de direcção do partido e militantes, tomei a decisão consciente de candidatar-me com um único propósito: fazer da UNITA uma efectiva alternativa que possa ganhar as eleições em 2008 e instaurar em Angola um modelo positivo de governação”, afirmou em Janeiro deste ano Chivukuvuku.

É mesmo isso. Também é isso que Samakuva quer. Faltou-lhe, no entanto, engenho, arte e colaboração dos seus mais próximos quadros para dizer aos angolanos que o rei ia, como ainda vai, nu.

A UNITA tem de lutar por ser uma alternativa efectiva para 2008. Samakuva teve a árdua, e não menos importante, tarefa de pôr algumas divisões da casa em ordem. Talvez por isso, tenha sido demasiado (para o meu gosto) passivo, demasiado politicamente correcto.

Chegou a altura de a UNITA ter alguém na liderança que alie à seriedade, honestidade e patriotismo da Samakuva a capacidade de pôr o país a mexer, não temendo dizer as verdades que os angolanos querem ouvir, não temendo dizer quais são as soluções necessárias para que Angola deixe de ser apenas Luanda.

"Por norma eu não entro em coisas que não têm pernas para andar. E se as pessoas me viram a anunciar que sou candidato é porque houve um tempo de maturação, houve um tempo de análise, houve um tempo de estudo, houve um tempo de consulta, houve um tempo de preparação", diz Chivukuvuku.

Abel Chivukuvku não concorda que o MPLA seja um partido tão forte que lhe possa tirar o sono, pelo que considera que a UNITA, sob a sua direcção, estará em melhores condições de mobilizar a seu favor os 70% dos pobres que constituem a população angolana.

Se assim for… Se Chivukuvuku conseguir pôr os poucos que dentro da UNITA têm “milhões” a trabalhar pelos milhões que, também dentro da UNITA, têm pouco ou nada, então Angola terá futuro.

sábado, junho 16, 2007

Terá Ramos Horta escrito a Ribeiro e Castro
usando o seu prolixo conhecimento de bahasa?

O Presidente da República de Timor-Leste e Nobel da Paz, José Ramos Horta, escreveu ao deputado ao Parlamento Europeu José Ribeiro e Castro em agradecimento pela mensagem que este lhe enviara por ocasião da sua vitória nas eleições presidenciais em Timor-Leste.

Ribeiro e Castro não esclarece se Ramos Horta fez o agradecimento em português ou, como fez na sua tomada de posse no Parlamento Nacional, a 20 de Maio, para gáudio dos jornalistas indonésios presentes na cerimónia, em bahasa.

Ramos-Horta agradeceu os votos de Ribeiro e Castro e considerou as palavras "amigas e de apoio" do deputado democrata-cristão português reveladoras dos "laços fraternais e de amizade que unem os nossos países lusófonos" (como se dirá países lusófonos em bahasa?).

Afirmando-se disposto a "prosseguir a edificação de um Timor-Leste soberano, próspero e solidário", Ramos-Horta frisou o facto de que "o apoio da Comissão Europeia e especialmente do Povo Europeu na nossa caminhada para a liberdade, e desde então na ajuda à construção da Nação Timorense, tem sido crucial e contribuído para que o Estado e o Povo Timorense possam desenvolver as suas actividades diárias, sarar as suas feridas, estabilizar as instituições e viver diferenças políticas de modo sustentável, equilibrado e num ambiente seguro".

Ribeiro e Castro não esclarece se Ramos Horta fez o agradecimento em português ou, como fez na sua tomada de posse no Parlamento Nacional, a 20 de Maio, para gáudio dos jornalistas indonésios presentes na cerimónia, em bahasa.

Na mensagem de felicitações que havia enviado a Ramos-Horta, Ribeiro e Castro exprimira (calculo que em português) o desejo de que "a expressão clara da vitória obtida nas eleições seja um factor favorável à estabilização definitiva do país", ao mesmo tempo que manifestou "a admiração pela maneira como o povo irmão de Timor-Leste participou nestas eleições, em números e com um sentido cívico e democrático que impressionaram positivamente toda a comunidade internacional, nomeadamente a missão de observação da União Europeia".

Fazendo referência a um prévio encontro em Outubro de 2006, Ribeiro e Castro afirmou ainda que "estas eleições mostram que um longo caminho foi percorrido desde que nos encontrámos em Díli há meses atrás" e manifestou a "esperança de que as eleições legislativas de 30 de Junho decorrerão igualmente bem e serão de molde a culminar, dentro de poucas semanas, a estabilização democrática de Timor-Leste, estabelecendo o quadro propício à plena reconstrução e consolidação da normalidade institucional".

Suspeito, e não passa disso, que os deputados portugueses, tal como a CPLP, estão a estudar a possibilidade de instituir o bahasa como língua, pelo menos alternativa, ao português.

sexta-feira, junho 15, 2007

Montadores à medida e por medida
a bem da lei da oferta e da procura

Gosto (por defeito de fabrico) de manter viva a peregrina ideia de que não se é Jornalista sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia... mesmo estando desempregado. Reconheço, contudo, que essa é uma máxima cada vez menos utilizada e, até, menosprezada por muitos dos que mais recentemente chegaram a esta profissão e, até, pelos que há muito vagueiam pelas redacções mas que só agora estão (se é que estão) a chegar ao jornalismo.

Os jornais (é claro que também as rádios e as televisões) não são um produto feito à medida dos jornalistas e/ou dos consumidores mas, isso sim, dos empresários. São, cada vez mais, um negócio ou, melhor, uma forma de comércio. São apenas mais um produto em que os seus fazedores (na circunstância catalogados de jornalistas) são escolhidos à e por medida.

E, como tal, têm de obedecer às regras da oferta e da procura. Mais do que informar, mais do que formar, têm de vender. Vender, vender sempre mais. E quem sabe o que fazer para melhor vender não são, na maioria dos casos, os jornalistas.

Os jornalistas são os montadores que, de acordo com o mercado, alinham as peças de um crime, de um comício, de um atentado ou de um buraco na rua. Se o que vende é dar uma ajuda ao partido do Governo para que este ganhe as próximas eleições, são essas as peças que têm de montar, nada contando a teoria da isenção que é tão do nosso teórico agrado.

Se o que vende é divulgar os produtos da empresa «X», são essas as peças que têm de montar, passando por cima do facto de essa empresa eventualmente não pagar os salários aos seus trabalhadores ou apostar no trabalho infantil.

Se o que vende é dar cobertura às ditaduras (sejam as de Fidel Castro ou a de José Eduardo dos Santos), são essas peças que têm de montar, calibrando-as da forma a parecerem dos melhores exemplos democráticos.

Pouco importa tudo o resto.

Assim sendo, as linhas de montagem não precisam de jornalistas 24 horas por dia, basta-lhes as sete horas. E aos jornalistas basta-lhes, ao que parece, uns tantos euros por mês... Tudo o resto são cantigas, tenha a classe uma Ordem ou apenas, como agora, um Sindicato, uma Caixa dos Jornalistas ou coisa nenhuma...

Nota: No próximo dia 20, os associados do sindicato dos montadores de peças jornalísticas são chamados a eleger os órgãos sociais para o biénio 2007/2008. Como habitualmente, haverá urnas instaladas nas principais redacções de Lisboa e Porto. Nos restantes casos, os associados deverão dirigir-se à sede do Sindicato dos Jornalistas em Lisboa ou à Delegação Norte, no Porto. Apesar de haver uma só lista, é importante votar sim, branco ou nulo. Eu voto.

Hamas declara libertação de Gaza
e criação de um Estado islâmico

O Hamas declarou vitória sobre os seus rivais da Fatah, afirmando que "está garantida a libertação de Gaza e aberto o caminho para a criação de um Estado islâmico". As forças leais ao presidente Mahmoud Abbas (a quem a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, já manifestou a solidariedade norte-americana) garantem que nada está decidido, que o Governo palestiniano (liderado por Ismail Haniyeh, do Hamas) será dissolvido com base numa declaração de estado de emergência e que a solução passa pelo diálogo.

Sami Abu Zuhri, ministro do Hamas, garante que a sua organização está disposta a dialogar com a Fatah, "embora as estruturas da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), de Mahmoud Abbas, sejam ilegais porque os palestinianos nunca reconheceram os Acordos de Oslo" que em 1993 criaram a ANP."

Apenas o Governo liderado pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh tem legitimidade democrática para decidir o que deve ser feito", acrescentou Abu Zuhri. Para além da preocupação geral dos países da região, também os EUA manifestaram ontem a vontade de, segundo George W. Bush, "fazer tudo para acabar com a violência e dar uma oportunidade a uma verdadeira democracia".

Um porta-voz do Hamas disse que, "a não ser que a democracia seja diferente consoante os intervenientes, o Governo palestiniano foi eleito democraticamente embora contra a vontade dos seus inimigos, EUA e Israel".

E se em Gaza o Hamas controla militarmente, noutros pontos a situação é diferente. A Fatah incendiou instalações do Hamas em Nablus, Cisjordânia, enquanto reagrupa as forças de modo a travar os radicais islâmicos.Observadores admitem que a Fatah esteja a receber reforços de alguns países da região, um pouco à semehança do que terão feito a Síria e o Irão em relação ao Hamas.

Neste conflito, o Hamas revelou uma importante coordenação militar. Ontem, depois de 24 horas de combate que fizeram dezenas de mortos, ocupou o quartel- -general da Segurança Preventiva, principal símbolo de poder da Fatah na Faixa de Gaza.

O Hamas, para quem o quartel-general era um símbolo de submissão "ao poder sionista", reivindicou também a morte de Samih al-Madhoune, um dos chefes das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa (Fatah), bem como a tomada da rádio 'Voz da Palestina', afecta a Mahmoud Abbas.

Há várias semanas Israel informou os seus aliados de que, em caso de um confronto grave, o Hamas dominaria a Fatah, apesar de as duas estarem praticamente "equiparadas quanto a homens e material". A diferença estaria, segundo Telavive, ao nível da motivação e do apoio popular.

Fonte: Jornal de Notícias/Orlando Castro

quinta-feira, junho 14, 2007

Luana meu amor


Como é que se explica a uma neta porque razão o avô, por sua única e exclusiva responsabilidade e por lhe ter faltado a coragem na altura certa, vive bem perto e raramente a vê? Será que, algum dia, ela acreditará que a sinto todos os dias, que a amo todos os dias?

quarta-feira, junho 13, 2007

Portugal quer maior coordenação
entre países do “elefante branco”

A ministra da Educação portuguesa, Maria de Lurdes Rodrigues, defendeu hoje, em Maputo, uma maior coordenação entre os países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para resolver "problemas comuns" no domínio da educação. Se se substituir no domínio da educação por “domínio de tudo”, fica perfeito o retrato da CPLP.

"No quadro da CPLP era muito importante que nos conseguíssemos organizar para resolver problemas comuns. Todos os países da CPLP têm problemas com o ensino da língua, com a melhoria do português, da formação de professores e isso são matérias que nos deveriam preocupar", disse, à chegada a Maputo para uma deslocação de dois dias.

Se cada ministro português tivesse a coragem que, nesta matéria, revela Maria de Lurdes Rodrigues, teríamos problemas comuns na defesa, na cultura, no ambiente, no trabalho, na segurança social e por aí fora.Na capital moçambicana, onde estará até sexta-feira, Maria de Lurdes Rodrigues aproveitará para "redefinir programas de trabalho conjuntos" com as autoridades do país, entre as "muitas matérias que unem Portugal e Moçambique no que diz respeito ao sistema de educação".

Ou seja, como a CPLP não existe, cada um dos seus membros aposta nos acordos bilaterais. Do mal o menos.

terça-feira, junho 12, 2007

José Ramos Horta elege bahasa
e dá golpe fatal no... português

O Presidente da República timorense fez parte do seu discurso de tomada de posse no Parlamento Nacional, a 20 de Maio, em bahasa, para gáudio dos jornalistas indonésios presentes na cerimónia. Não está mal, também para gáudio dessa coisa que dá pelo nome de Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

O Presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, respondendo a José Ramos Horta em Jacarta, declarou a intenção de haver em breve um departamento de bahasa indonésio na Universidade Nacional timorense.

Não está mal, também para gáudio dessa coisa que dá pelo nome de CPLP.

No mesmo dia, durante o jantar de gala em honra de José Ramos Horta, o Presidente timorense fez parte do discurso aos anfitriões na Istana Negara, no complexo presidencial, em bahasa.

Não está mal, também para gáudio dessa coisa que dá pelo nome de CPLP.

"O bahasa indonésio ocupa um lugar especial na nossa vida diária como língua de aprendizagem e de comunicação", afirmou José Ramos Horta, acrescentando: "Tenho uma intenção autêntica de continuar a promover o bahasa indonésio e o inglês em Timor-Leste porque estes dois idiomas foram inscritos na nossa Constituição como línguas de trabalho diário", acrescentou o Presidente.

Segundo o jornal Jakarta Post, foram as declarações do Presidente "da nossa ex-colónia" (Timor-Leste) que vieram recordar a importância do bahasa como instrumento de unificação num país com mais de mil grupos e subgrupos étnicos e 706 línguas diferentes.

Não está mal, também para gáudio dessa coisa que dá pelo nome de CPLP.

Rui Pedro também desapareceu… há nove anos


Que Madeleine McCann desapareceu, já todos sabíamos. O que nós não sabíamos (pelo menos eu) era desta fantástica capacidade portuguesa de ser solidário. Muito bem. Há buscas intensíssimas, há divulgação, há missas, há fitas amarelas, há motards a dar a volta a Portugal, há até o nosso excelentíssimo seleccionador nacional de futebol a apelar pela menina.Muito bem. Mas muito bem mesmo, acho que todos os esforços devem (têm de) ser feitos.

Apenas estou deveras abismado como nós portugueses somos capazes de nos mexer por uma causa. Sobretudo se não for portuguesa. É… eu lembro-me de ouvir falar num Rui Pedro, lembro-me de uma Joana…Vocês não?

Foram duas das oito crianças portuguesas desaparecidas e nunca mais encontradas. O Rui Pedro desapareceu há nove anos. A estar vivo, terá agora vinte. A Joana foi há três e põe-se a possibilidade de ter sido morta por familiares.

Não me lembro (talvez por ter sido há muito mais do que nove dias) de nomes como João Teles ou Cláudia Sousa, mais dois nomes da contagem de desaparecidos permanentes da Polícia Judiciária. Os outros somam-se já 79.

É… também não me lembro do apoio incondicional que lhes prestámos. Não prestámos??? Então se calhar é por isso.

Será que se damos apoio aos estrangeiros não deveríamos dá-lo ainda mais aos portugueses? Ou sou eu o único a achar que por muito inocente que a Maddie seja, o é tanto como o Rui Pedro?

Nota: Texto de Orlando Gilberto Castro

Nome Completo: Rui Pedro Teixeira Mendonça. Idade: 11 anos (na data do desaparecimento). Local de Nascimento: Vila de Lousada (Porto). Data de Nascimento: 28.01.1987. Sexo: Masculino. Cor dos Olhos: Castanho. Cor do Cabelo: Castanho. Morada: Lousada - Portugal. Desapareceu: dia 04.03.1998 às 14h00 horas locais. Lugar: Lousada (Portugal), perto do domicílio familiar.

segunda-feira, junho 11, 2007

Cabo Verde quer mais apoio à língua Portuguesa

O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, pediu hoje aos oito países de língua portuguesa para que dêem "mais atenção" ao Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), com constantes constrangimentos financeiros. O alerta foi deixado na abertura do XVII Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), uma entidade que tem "responsabilidades na afirmação da língua portuguesa no mundo", um "património comum" dos oitos países, disse.

Lembrando que Cabo Verde foi um dos três países que até agora ratificaram o Acordo Ortográfico e respectivos protocolos, José Maria Neves destacou que as universidades têm um papel fundamental na difusão da língua portuguesa e recordou que a AULP foi criada várias anos, antes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

Criada há 21 anos na Cidade da Praia, a AULP voltou hoje a Cabo Verde para a XVII reunião, juntando responsáveis de universidades de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, além do território de Macau.

Um encontro para "troca de impressões e de experiências" e de aprofundamento da cooperação, que já é imensa, especialmente a nível bilateral, disse o presidente da AULP, João Guerreiro, reitor da Universidade do Algarve.

Valorizar a língua portuguesa, disse o reitor, é um dos objectivos fundamentais da AULP, bem como desenvolver "plataformas multilaterais" de cooperação entre Universidades, visíveis, por exemplo, na organização de pós-graduações envolvendo quatro ou cinco universidades.

Durante os três dias, os representantes das diversas universidades vão também "definir novos projectos" e valorizar a investigação científica, sendo criada em breve na página da Internet da AULP um "catálogo on-line de pós-graduações".

Luís Fonseca, secretário executivo da CPLP, defendeu na mesma linha que a educação, ensino superior e investigação são "das áreas mais promissoras da cooperação" dos países de língua portuguesa, o que de resto também José Maria Neves defendeu ao afirmar que "o aprofundamento do ideário da língua portuguesa passa pelas universidades".

A Universidade de Cabo Verde só foi criada há seis meses, pelo que só agora a reunião da AULP voltou à Praia. António Correia e Silva, reitor da Universidade, defendeu que a UALP deve começar a criar uma base para reconhecimento de competências entre as várias universidades dos vários países e criar "mecanismos que estimulem a mobilidade de alunos e professores".

Também seria importante "uma biblioteca virtual de referência, com a colaboração de todas as universidades", defendeu, acrescentando que ou a língua portuguesa é considerada como uma estratégia conjunta ou converte-se "numa língua secundária".

Durante três dias, os participantes no encontro da Praia vão discutir temas como a Interdisciplinaridade da Investigação Científica Tropical, as Redes Universitárias na Investigação, as Pós-graduações ou a Língua Portuguesa no Mundo.

A AULP integra 120 estabelecimentos de ensino, de todos os países da CPLP e também de Macau. A Associação foi criada em 1986, na cidade da Praia, por iniciativa de reitores e dirigentes de estabelecimentos de ensino superior do Brasil, Portugal, Moçambique e Guiné-Bissau.

O IILP, ao qual o primeiro-ministro fez referência, tem sede na Cidade da Praia e foi criado em 1998 pelos Estados da CPLP para promover a defender a língua portuguesa como veiculo de cultura, educação, informação e acesso ao conhecimento científico e tecnológico.

Desde Agosto do ano passado, é dirigido pela angolana Amélia Mingas, que reconhece que o IILP não tem funcionado bem por falta de projectos de cada país e de condições financeiras.

Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

domingo, junho 10, 2007

Um café luso (que remédio)
porque hoje é 10 de Junho


Foi lá longe, onde a saudade castiga mais, que aprendi a amar o sonho e a sonhar com o amor. O café, companheiro fiel, estava sempre ao meu lado. Nas noites de boémia, como despertador da vida, e nas noites de trabalho, como sintonizador da realidade. Era, como diria Sebastião Coelho, ... o Café da Noite.

E de dia? Claro que também. Servia, aliás, como «desculpa» para que no Himalaia (um dos mais conhecidos bares de Nova Lisboa) a malta se encontrasse para discutir um pouco de tudo e de tudo um pouco.

Recordo (permitam-me este regresso) que o Zé Pedro, empregado aprumado e sempre eficiente, nunca me servia só o café. Ia bem mais longe. Ainda eu estava a entrar no Himalaia e já a bica, o jornal («A Província de Angola») e um maço de cigarros («AC») entravam em cena na mesa habitual.

A tudo isto, uma vez por semana, o Zé Pedro juntava algo mais: a revista «Notícias» e, reparem, já aberta na página de «A chuva e o bom tempo», do João Fernandes.
Creio que o Zé Pedro foi assassinado nos finais de 1975. À tua memória, caro Zé Pedro, ergo hoje a primeira chávena de café.

Café... hoje

Este hoje tem qualquer coisa como 32 anos. Por cá o café tem sido amargo. Mesmo assim, a Carta a Garcia está cada vez mais perto do destinatário. Pelo caminho foi preciso derrotar os que me aconselhavam a deitar a carta na primeira valeta.

É claro que, no meio desses, apareceram alguns que me ajudaram a tirar pedras do caminho, a desminar promessas e a adoçar o café. Reconheço, contudo, que também essas vicissitudes foram úteis. Ajudaram-me a compreender que o possível se faz sem esforço, tal como me permitiram entender que a obra prima do Mestre não é a mesma coisa que a prima do mestre de obras.

Infelizmente muitos de nós (já para não falar de muitos dos outros) continuam a confundir a beira da estrada com a estrada da Beira.

Entre dias sem pão (e foram muitos) e pão sem dias (foram mais ainda) cá cheguei. E cheguei continuando, no essencial, a acreditar no (im)possível. Para mim, como se comprova neste desabafo alentado com a perspectiva de um saboroso e revitalizante café, o amanhã começa ontem. E é isso que (pelo menos comigo) vai acontecendo.

Continuo a tentar (maldita deformação genética!) o impossível (o possível faço eu todos os dias) para ajudar a construir as tais páginas da História de Lusofonia. Não sei se terei engenho e arte para tal, mas de uma coisa tenho a certeza: não há comparação entre o que perde por fracassar e o que se perde por não tentar.

E tentar é coisa a que estamos todos habituados. Por isso...

sexta-feira, junho 08, 2007

Quanto não vale ser estrangeiro
- Hipocrisia ignorante do povo português

Que Madeleine McCann desapareceu, já todos sabíamos. O que nós não sabíamos (pelo menos eu) era desta fantástica capacidade portuguesa de ser solidário. Muito bem. Há buscas intensíssimas, há divulgação, há missas, há fitas amarelas, há motards a dar a volta a Portugal, há até o nosso excelentíssimo seleccionador nacional de futebol a apelar pela menina.Muito bem.

Por: Orlando Gilberto Castro (*)

Mas muito bem mesmo, acho que todos os esforços devem (têm de) ser feitos.

Apenas estou deveras abismado como nós portugueses somos capazes de nos mexer por uma causa.

Sobretudo se não for portuguesa.

É… eu lembro-me de ouvir falar num Rui Pedro, lembro-me de uma Joana…Vocês não?

Foram duas das oito crianças portuguesas desaparecidas e nunca mais encontradas.

O Rui Pedro desapareceu há nove anos. A estar vivo, terá agora vinte.

A Joana foi há três e põe-se a possibilidade de ter sido morta por familiares.

Não me lembro (talvez por ter sido há muito mais do que nove dias) de nomes como João Teles ou Cláudia Sousa, mais dois nomes da contagem de desaparecidos permanentes da Polícia Judiciária. Os outros somam-se já 79.

É… também não me lembro do apoio incondicional que lhes prestámos.

Não prestámos???

Então se calhar é por isso.

Será que se damos apoio aos estrangeiros não deveríamos dá-lo ainda mais aos portugueses?

Ou sou eu o único a achar que por muito inocente que a Maddie seja, o é tanto como o Rui Pedro?

Notas: Este artigo já foi aqui publicado no dia 12 de Maio. Há repetições que vale a pena fazer.
Visitem também http://www.ruipedro.net

quinta-feira, junho 07, 2007

Obrigado a António Ribeiro e ao Notícias Lusófonas
- Sete mil visitas dia, 210 mil mês, é mesmo OBRA!


O António Ribeiro é o «maluco» que aguenta o barco, eu diria porta-aviões, que dá pelo nome de Notícias Lusófonas (http://www.noticiaslusofonas.com/) e que atingiu recentemente as sete mil visitas diárias, mais de 210 mil por mês. Entre outros navios da esquadra, o Notícias Lusófonas está há dez anos a descobrir novos mundos e a dar novos mundos ao Mundo da Lusofonia. É obra. Ou melhor, seria obra premiada se Portugal, por exemplo, soubesse a diferença entre a estrada da Beira e a beira da estrada…

Ou seja, como escreveu o maior dos maiores (Luís de Camões) «De África tem marítimos assentos/É na Ásia mais que todas soberana/Na quarta parte nova os campos ar/E se mais mundo houvera, lá chegara!».

Pena é que os ilustres protagonistas dos areópagos políticos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (alguém sabe o que isso é?) não queiram ver o contributo ímpar que o António Ribeiro tem dado à Lusofonia.

Mas, pelo contrário, os leitores do Notícias Lusófonas estão atentos. Mais de sete mil visitas por dia é, queiram ou não, OBRA. Ainda pouco se falava de Lusofonia quando, em finais de 1996, o António Ribeiro decidiu criar, na Internet, um espaço privilegiado para a comunicação entre todos os falantes da língua de Camões, independentemente do local de habitação.

Mercê do apoio dos visitantes e sempre atento às suas aspirações, o António Ribeiro, com o seu Portugal em Linha, foi desenvolvendo novas secções e novos serviços.

Mas faltava ainda algo que, mesmo noutros serviços ou jornais existentes, ainda não estava concretizado: Um espaço de notícias para toda a Comunidade Lusófona.

Assim, em 1997, nascia o Notícias Lusófonas. Desde essa data publicou, primeiro mensalmente, depois quinzenalmente e, por fim - sempre respondendo às solicitações dos leitores - semanalmente, uma súmula de notícias acerca do que ia acontecendo um pouco por todas as Comunidades Lusófonas.

Sempre animado da sua velha (mais sempre nova) paixão pela Lusofonia, o António Ribeiro resolveu renovar o Notícias Lusófonas e fazer - uma vez mais - o que não existe em toda a Comunidade Lusófona: um jornal (digno desse nome) online com notícias dos vários países lusófonos e das comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo, com actualização dinâmica e diária, contendo ainda entrevistas e artigos de opinião.

Já que os países da CPLP têm dificuldade em agradecer a todos os que levam a carta a Garcia, premiando com extrema facilidade todos aqueles que a deitam na primeira valeta que encontram, eu continuo (assim como os 6 999 leitores que diariamente visitam o NL) a dizer Obrigado António.

Façam mexer os palcos! Vivam o Teatro

A ANTA - Associação Nacional de Teatro de Amadores convida todos os grupos de Teatro, seus associados ou não, a juntarem-se ao debate de fundo sobre o Teatro não-profissional, bem como sobre a relevância de um projecto como o da ANTA, enquanto órgão nacional representativo das aspirações de todos quantos se dedicam à prática do Teatro de forma não-profissional. Façam mexer os palcos! Vivam o Teatro.

Ser ou não ser Jornalista - Eis a (não) questão

Ser jornalista (deixem-me pensar assim) e escrever sobre Jornalismo é um desafio aliciante mas complicado. Pôr preto no branco o que se pensa ser a verdade (e esta é uma das minhas leis sagradas) é algo que, na maioria das vezes, dá problemas. Os jornalistas parecem só gostar de falar dos outros. Quase como se fossem donos da verdade absoluta.

Não é fácil ser uma espécie em vias de extinção. Pois só mesmo essa espécie em vias de extinção continua a acreditar que o Jornalismo e os Jornalistas continuam a ser o que eram.

Hoje em dia um jornalista é apenas alguém que se limita a ordenar as ideias que tirou de uma pesquisa na Internet. Poucos são aqueles que põem os pezinhos a caminho, investigam e voltam não sei - e nem interessa - quanto tempo depois com a sensação de que têm algo valioso.

A definição de Jornalista hoje em dia é apenas e infelizmente: licenciado em Comunicação Social. E desenganem-se aqueles que não tendo a bela da licenciatura, mas que Alguém dotou com o dom da escrita, de uma curiosidade feroz, de vontade de lutar, de vencer, de ajudar e, principalmente, de pensar. Esses, desculpem lá, mas não podem estar ligados a este ramo.

Desculpem lá, mas as saudades que eu tenho de um bom programa de informação na televisão, mas não pode ser. Não tem audiências! E de abrir um jornal pensando: o que será que vou aqui encontrar?! Nada de especial. Neste momento é isto o Jornalismo em Portugal: Nada de especial!

E, tal como os jornalistas, os portugueses limitam-se a ler mas não a interpretar; limitam-se a ver e não a observar.

É difícil sobreviver sem ser a bajular meia dúzia de oportunistas que, em troca de uma qualquer notícia, arranjam logo meia dúzia de anúncios.

É difícil sobreviver sem ser a bajular meia dúzia de políticos que, que em troca de uma qualquer notícia, arranjam logo uma colocação para o filho que temos no desemprego.

É difícil sobreviver sem ser a bajular meia dúzia de capatazes que, em troca da assinatura num texto por outro escrito, arranjam logo uma promoção.

Será por tudo isto que dos sete membros do próximo (só existe uma lista) Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, três são “free-lancer”, um é reformado e outro está desempregado?

O padre Martinho Gusmão quer ser santo
“apelando” ao voto em... Xanana Gusmão

Segundo a agência de notícias internacional “EFE”, o porta-voz da CNE de Timor-Leste, padre Martinho Gusmão, afirmou que “alguns polícias não são imparciais e se tornaram militantes da FRETILIN, usando as armas do Estado para assassinar seu povo”.

A acusação é duplamente grave e deve (devia) ser levada até às últimas consequências, caso Timor-Leste tenha alguma instituição credível. Para alem de ser porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, Martinho Gusmão é também padre num país onde a Igreja tem muito poder.

Uma afirmação deste tipo é, ainda, uma forma de apelo ao voto no CNRT, partido feito à imagem e semelhança do seu líder, Xanana Gusmão.

Segundo a FRETILIN, as afirmações de Martinho Gusmão são “abusivas interpretações de situações de violência, ausentes de base legal e não fundamentadas - em resultado de investigações oficiais, transparentes e objectivas -, e estão a contribuir para gerar uma situação de insustentabilidade social e a contribuir deliberadamente para um ambiente de confrontação que nada favorecerá os eleitores e o país”.

Cá para mim, mesmo sabendo que a FRETILIN não é nenhum santuário de gente incólume, não é ela nem nenhum outro partido, o CNRT está a usar a Igreja para facturar mais alguns, provavelmente muitos, votos. E a Igreja, ou parte dela, está a alinhar nessa fraude.

Tudo leva, portanto, a crer que as instituições timorenses não são sérias nem estão preocupadas em parecê-lo. É pena. O povo merecia muito mais e muito melhor.

quarta-feira, junho 06, 2007

Um milhão dos portugueses
de Portugal (10%) são negros


«Não se devia diluir o termo africano que actualmente é mais alargado num conceito pós moderno... mas não para todos em África e menos na Europa onde africano é sinónimo de negro/preto incluindo para o mestiço indo para um conceito ou denominação mais anglo-saxónica-germânica. Os nomes não mordem não é preciso ter medo deles. São assim as regras do jogo impostas por outros na terminologia – branco e preto – mesmo assente em base anti-científica. »

«(...) Ninguém ainda reparou neles mesmo sendo cerca de 1 milhão pelo menos de negros/mestiços com nacionalidade portuguesa. Isso como se chama? A culpa não será dos visados (negros/mestiços) mas sim do sistema que impede destes terem maior visibilidade sem ser nas selecções de futebol de Portugal ou até nas selecções de atletismo e de basquetebol. (Inclusive na música muitos tem dupla nacionalidade). É assim a vida neste “nosso” Portugal não assim tão pequenininho pois podia ser muito melhor se houvesse menos preconceito!»

Ler mais sobre este trabalho de João Craveirinha em: