quinta-feira, julho 31, 2008

A luta continua num território
ocupado pela força por Angola

Nas vésperas das comemorações(?) do segundo aniversário da assinatura do memorando de entendimento para a paz (para quê?) em Cabinda, um grupo de membros da extinta Associação Cívica de Cabinda(Mpalabanda) interpelou, através de um documento, a comunidade internacional a não esquecer (como é sua regra de ouro, de diamantes ou de petróleo) o drama de Cabinda, onde as violações dos direitos humanos, mortes e miséria continuam a assombrar a população daquele território militarmente ocupado por Angola.

No documento dirigido à União Africana, Nações Unidas, União Europeia e ao próprio Governo angolano, os signatários rogam aos governos com interesses económicos na região, para que compreenderem que Cabinda não é só o petróleo mas também um povo com direito à vida e ao usufruto dos seus recursos.

O documento tece ainda críticas ao silêncio manifestado pelos partidos políticos da oposição angolana, nomeadamente a UNITA e a FNLA, no período pré-eleitoral relativamente à continuação da guerra em Cabinda, um comportamento que no seu entendimento permite perspectivar uma política integracionista do território militarmente ocupado por Angola, tal como aconteceu em 1975, nos acordos de Alvor, em Portugal e por manifesta cobardia do Governo de Lisboa.

O documento expõe ainda que a situação no interior de Cabinda se mantém brutal e que mais de dois terços da sua população encontra-se deslocada das suas aldeias por causa do conflito que opõe as forças de ocupação de Angola aos independentistas da FLEC.

Os signatários lamentam, por outro lado, o drama do jornalista Fernando Lelo, detido pela Segurança Militar das forças angolanas de ocupação, em Novembro de 2007, cuja sentença não foi ainda divulgada pelo Tribunal Militar de Cabinda, um impasse que já leva mais de dois meses sem qualquer justificação pelas instâncias judiciais da potência ocupante, Angola.

Angola, no dizer dos signatários jamais atingirá o estado democrático e de direito enquanto continuar a negar a liberdade ao povo de Cabinda e prometem engajar-se na defesa da sua identidade como povo.

... e qual será o próximo? (II)

O presumível encerramento de "O Primeiro de Janeiro", que durante décadas, até aos anos 70 do século passado, foi o principal jornal do Porto e uma referência na Imprensa diária portuguesa, dá-se três anos depois do encerramento de "O Comércio do Porto".

Ao que parece, "O Primeiro de Janeiro" despede-se amanhã dos leitores, dos portugueses e de todos os que para contar até 12 não precisam de se descalçar.

Mais uma vez fico com a certeza de que os jornais que queiram garantir a sobrevivência não devem ser feitos por Jornalistas mas, vejam-se os exemplos que nos rodeiam, por produtores de conteúdos.

Os Jornalistas pensam, os produtores de conteúdos não.

E no comércio de jornalismo só interessam os que não pensam. Os que entendem que quem não vive para servir não serve para viver não têm lugar num negócio em que, de facto, vale tudo.

Deixe-me dizer aos meus colegas do também meu "O Primeiro de Janeiro" que não se é Jornalista 7 horas por dia a uns tantos euros por mês. É-se Jornalista 24 horas por dia mesmo estando desempregado.

No entanto, se quiserem deixar de ser Jornalistas e enveredar pela carreira de produtores de conteúdos poderão já amanhã ter emprego.

Um abração a até um dia destes numa qualquer esquina da vida.

... e qual será o próximo?

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) considerou hoje "ilegal" o encerramento do jornal portuense O Primeiro de Janeiro, embora a direcção do jornal admita apenas que se trata uma paralisação por 30 dias "para remodelação gráfica". Os tempos estão maus. Sempre para os mesmos. Infelizmente.

Em comunicado divulgado logo após os trabalhadores terem sido informados do fecho do jornal, o Sindicato alerta os mais de 30 jornalistas e restantes trabalhadores afectados para o facto de que a administração do matutino portuense não pode "encerrar simplesmente as portas e mandar para casa os trabalhadores ao seu serviço, sem ter encetado um processo que respeite as normas legais e acautele os seus direitos e garantias".

O Sindicato, que vai pedir a intervenção imediata da Inspecção do Trabalho, apela aos jornalistas para que "não abandonem os seus postos de trabalho e para que continuem a comparecer na Redacção, sob pena de caírem na armadilha do despedimento por faltas injustificadas".

Para o Sindicato, o "encerramento ilegal" daquele jornal e o despedimento abusivo de mais de 30 jornalistas e outros quatro trabalhadores ao seu serviço, configura um verdadeiro 'lock-out', traduzido na mudança de fechaduras das instalações realizada pouco depois da comunicação do encerramento.

Esta situação culmina um período de várias semanas de expectativas quanto ao futuro do jornal e de longos meses de atraso no pagamento dos salários.

O Sindicato lamenta que a Administração não tenha dado a cara nesta situação, "colocando injustamente sobre os ombros da directora a incumbência de acalentar esperanças na continuidade do título".

"Na comunicação feita esta tarde, a directora limitou-se a informar que o jornal encerra e que os trabalhadores vão todos embora, a fim de que, segundo justificou, seja accionado o fundo de garantia salarial", afirma o Sindicato dos Jornalistas.

No entanto, o Sindicato sustenta que "tal fundo só pode ser accionado se a empresa for apresentada à insolvência ou tiver sido iniciado um procedimento de conciliação junto do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI)".

Entretanto, fontes ligadas à redacção de O Primeiro de Janeiro, que lança amanhã a última edição, indicam que os trabalhadores dificilmente irão receber indemnizações pelo presumível encerramento do jornal já que a empresa que procedia aos pagamentos salariais, a Sédico, faliu.

No entanto, uma fonte próxima do diário do Porto disse à Lusa que os trabalhadores irão receber o pagamento correspondente aos meses de Junho e Julho, sendo incerto o subsídio de férias.

A mesma fonte afirmou que foi prometido aos jornalistas uma carta para o fundo de segurança social que poderá permitir que recebam parte das indemnizações a que têm direito.

Na redacção o ambiente é de "raiva mal contida", com os jornalistas a procederem à arrumação e armazenamento de todos os documentos, fontes e contactos.

Anteriormente, a directora da publicação, Nassalete Miranda, tinha dito à Lusa que o diário apenas vai cessar a sua publicação durante o mês de Agosto "para modernização em termos gráficos e de conteúdo". A responsável editorial acrescentou que o jornal já não sairá para as bancas no sábado.

"Precisamos de tempo, para modernização do jornal, em termos gráficos e de imagem, mas não de conteúdo, já que a nossa aposta continua a ser no noticiário do Porto, da Região Norte e da cultura", afirmou Nassalete Miranda.

O Primeiro de Janeiro, actualmente detido pelo grupo do empresário de Oliveira de Azeméis Eduardo Costa, é um dos mais antigos diários de Portugal, com 140 anos de existência.

O presumível encerramento de O Primeiro de Janeiro, que durante décadas, até aos anos 70 do século passado, foi o principal jornal do Porto e uma referência na Imprensa diária portuguesa, dá-se três anos depois do encerramento de O Comércio do Porto.

Foi a 29 de Julho de 2005, que o grupo espanhol Prensa Ibérica comunicou o encerramento do outro diário da cidade, o centenário Comércio do Porto, que era então o mais antigo jornal diário português.

Mulher, Mãe, África

"Angolana segue em frente
o teu caminho é só um.
Esse caminho é difícil
mas traz a felicidade.
Esse caminho é difícil
mas traz a liberdade.
Se você é branca isso
não interessa a ninguém.
Se você é mulata
isso não interessa a ninguém.
Se você é negra isso
não interessa a ninguém.
Mas o que interessa é a sua vontade
de fazer uma Angola melhor
uma Angola verdadeiramente livre,
uma Angola independente."

… como diria Teta Lando

“Não têm obrigação de escrever
tão bem quanto eu escrevo, mas…”

Portugal, a começar pelo Governo (o exemplo, creio, deve sempre partir de cima), deve apostar tudo (mesmo que seja pouco o que ainda tem) no primado da competência. Onde é que eu estava, ou estou, com a cabeça para escrever coisas destas.

Continuando no reino da utopia, o exemplo deveria mesmo começar por cima, ou seja, por quem manda. E isso, convenhamos, nunca acontecerá. Aí, desde sempre, funciona a subserviência e não a competência. Aí funcionam as ideias de Poder e não o poder das ideias. Nada de novo, portanto. Mas, é claro, sempre a bem do tacho.

Os donos do poder (mesmo que seja um poder muito residual) continuam a confundir os próprios espelhos que têm lá em casa. Os incompetentes proliferam por todos os lados. Mesmo que descobertos nas mais vis latrinas das cunhas ou das filiações partidárias, são guindados para o topo das hierarquias de modo a que, com toda a lata, mandem os outros contar até 12 porque para o fazerem teriam de se descalçar.

É assim em quase toda a nossa sociedade. Sobra a gentalha capaz de tudo para cumprir o que o chefe manda, capaz de tudo para manter o tachito. E é desses que (quase todos) os patrões (também eles "competente$") gostam. Esses até são capazes de dar o ... e dois tostões para que não lhes tirem o nome da hierarquia da empresa.

Mas, convenhamos, não é com esses que Portugal sai da cepa torta. Falta é saber se o país quer dela sair. Se não quer, então está no caminho certo e deve acrescentar, logo à cabeça, que só terão lugar no mundo do trabalho todos aqueles que comprovadamente não tenham coluna vertebral.

Quanto ao resto, como me disse hoje um desses exemplares, “não têm obrigação de escrever tão bem quanto eu escrevo, mas…”

quarta-feira, julho 30, 2008

Chega de dizer mal de José Sócrates!

Os jornalistas fartam-se de inventar mentiras para prejudicar o governo socialista das ocidentais praias a norte de Marrocos. E depois queixam-se. Onde será que descobriram que os portugueses nunca estiveram tão pessimistas?

Francamente. Anda José Sócrates a suar as estopinhas para agora aparecerem uns fulanos a dizer que o indicador de confiança atingiu em Junho o valor mais baixo de sempre. É preciso ser ingrato.

A confiança dos consumidores portugueses desceu para um valor mínimo desde que há registos, já lá vão mais de 20 anos. Outra vez a atacar o engenheiro que colocou o país na rota (de colisão)?

Assim não vale. Eu sei que o indicador foi hoje divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Mas que raio. Não há maneira de dizer ao INE que ou se porta bem ou sujeita-se a que lhe vão às fuças?

As famílias estão a antecipar um agravamento da evolução do País e dizem que a situação financeira vai ficar pior e estão igualmente pessimistas em relação ao desemprego. Sem razão, está bom de ver. Nunca o reino esteve tão bom. Que o digam os filhos do PS.

Mas não são apenas as famílias, os empresários também olham com desconfiança para o futuro. E não há sector que escape a esta onda negativa: indústria, comércio, serviços, construção. Também estes? Que raio. Vejam o que se passa num país que é próximo de José Sócrates, no caso o Burkina Faso.

Angola vai mudar? Está nas nossas mãos

Angola vai a votos no dia 5 de Setembro. Esperemos que a democracia vença e que, desta vez, o Povo fique a ganhar. Não será fácil, mas é possível. Está nas mãos dos angolanos mostrar que são diferentes, para melhor. Para muito melhor.

http://www.youtube.com/watch?v=xKpMrzU8y3Q

Existe racismo na Imprensa portuguesa?

«Em Portugal existe racismo e na comunicação social é evidente, como é que um País que esteve 500 anos em África teve somente um apresentador negro de informação em 1993? A própria RTP que devia dar o exemplo de pluralidade, criou a RTP-África enviando para um gueto os jornalistas negros que podiam brilhar nos canais principais, vejam o exemplo Americano, Francês, Inglês, Alemão entre outros onde não só os negros brilham, mas outras etnias representativas da sociedade.»

A acusação é de José Mussuaili (http://mussuaili.blogspot.com/) e tem alguma fundamento apesar de também ele ser tentado a apresentar argumentos racistas, sobretudo quando considera que para ser africano é preciso ser negro.

Diz José Mussuaili que “em Portugal a segregação racial na imprensa é latente, os estudantes negros saídos das faculdades de comunicação social não conseguem emprego e quando o conseguem são discriminados”.

Como o mesmo se passa com os estudantes brancos, é complicado falar de racismo. A não ser que se opte por racismo económico e, aí, não é a cor que funciona, é a ganância e o compadrio.

José Mussuaili abre fogo contra a TVI e explica as suas razões: “... na série Equador baseada no livro de Miguel Sousa Tavares, os actores negros, principalmente Angolanos, foram discriminados economicamente pois a produtora responsavél ofereceu remunerações inferiores aos actores negros o que provocou em alguns uma enorme revolta, pois grande parte dos nossos actores entre eles Carlos Paca, Daniel Martinho tem um curriculum superior ao da maioria dos restantes actores da série, muitos deles estrelinhas de novelas juvenis como “Morangos com acuçar” entre outras.”

Quanto à segregação, ou discriminação, salarial não sei de que lado está a verdade. Sei, no entanto, que quanto à capacidade profissional, muitos dos actores negros, africanos ou não, são muito melhores do que alguns “colegas” de aviário que por aí navegam.

terça-feira, julho 29, 2008

Ei-los que já cá estão e vão chegando
para ajudar... nas eleições de Angola

Angola vai a votos no dia 5 de Setembro. Esperemos que a democracia vença e que, desta vez, o Povo fique a ganhar. Não será fácil, mas é possível. Está nas mãos dos angolanos mostrar que são diferentes, para melhor. Para muito melhor.

Estando os partidos em velocidade de ponta numa campanha eleitoral desigual, começa a notar-se fora de Angola – em Portugal mais exactamente – que a razão da força (dos dólares, neste caso) vai valer mais, muito mais, do que a força da razão.

Não que o que se mostrar, disser ou escrever nas ocidentais praias lusitanas a norte de Marrocos e das quais o senhor José Sócrates (grande amigo do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos) é dono e senhor, vá alterar ou influenciar grandemente o resultado eleitoral.

A estratégia é outra. Passa por utilizar a comunicação social amiga para dar cobertura, legitimidade e transparência a eventuais e, na minha óptica mais do que prováveis, vigarices.

Os bons negócios que Portugal fez nos últimos tempos com Angola, mesmo que a bajulação de Sócrates ao presidente do partido que governa(?) Angola desde 1975 seja chamada de diplomacia económica, já se integram nessa estratégia.

Também os fortes investimentos das empresas e dos empresários do MPLA (é um sofisma dizer-se que são de empresas angolanas) em Portugal fazem parte de uma sementeira que, agora e ainda mais nos próximos tempos, visa não só calar os críticos como ampliar os bajuladores.

Não sei (isto é...) porque carga de chuva assessores do poder em Portugal, embora salvaguardados pelo caquéctico chavão de “este é um contacto informal e feito a título pessoal”, estão a procurar saber que tipo de cobertura se vai fazer das eleições em Angola e quem são os jornalistas que vão tratar do assunto.

Não é, está bom de ver, com o intuito de influenciar seja o que for. É apenas (pois caro!) com a ideia de pugnar pela liberdade de expressão e, ainda, pelo direito de todos serem informados com rigor e isenção. Estão a ver, não estão?

Curiosamente, em alguns casos, também em contactos informais e a título pessoal, gente próxima do poder em Angola está a querer saber as mesmas coisas. É, pois, de enaltecer esta sacerdotal e coincidente preocupação com o rigor, a liberdade e a isenção.

Ainda no âmbito dos contactos informais e a título pessoal, toda estes filantropos ficam à disposição “para ajudar no que for preciso”. Portanto, todos os produtores de conteúdos portugueses podem estar descansados.

O que diria o Mais Velho?

Quarenta cabeças de gado bovino e igual quantidade de cabritos serão entregues hoje no município do Mungo, a cerca de 150 quilómetros a norte da cidade do Huambo, aos ex-militares da UNITA, numa iniciativa da Organização Internacional para as Migrações (OIM), afirma a Angop. Em declarações à Angop, o administrador da OIM no Huambo, Abrantes Sacupalica, revelou que a entrega das cabeças de gado e cabritos aos ex-militares da UNITA insere-se no Programa Geral de Desenvolvimento e Reintegração do Estado angolano. O que diria o Mais Velho se assistisse a esta fantochada?

Mugabe continua de pedra e cal
com a benção dos emisários de Deus

As negociações entre o governo zimbabueano e o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), que decorrem em Pretória sob mediação do presidente sul-africano (Thabo Mbeki,claramente pró-Mugabe), chegaram a um impasse depois do líder do MDC ter rejeitado a posição de terceiro vice-presidente proposto por Robert Mugabe.

Segundo as propostas da Zanu-FP (de Mugabe), o partido no poder desde 1980 só aceitará participar numa auroridade transitória se Mugabe se mantiver na Presidência e os dois lugares imediatamente abaixo forem ocupados por dirigentes do seu partido.

Ou seja... tudo na mesma a bem do povo do Zimbabué, como diria o ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, João Miranda.

Mugabe pretenderia ter como segundo e terceiro vice-presidentes a sua actual "número 2" Joyce Mujuro e Patrick Chinamasa, actual ministro da Justiça e chefe da equipa negocial em Pretória, considerando aceitar "como um acto de grande generosidade" que Morgan Tsvangirai ocupasse uma "terceira vice-Presidência".

E, mais uma vez, Mugabe tem toda a razão. Se, diz ele, só Deus o pode demitir, e porque o Deus de Tsvangirai não é com certeza o mesmo, é correcto que o líder do MDC não seja achado para um governo de unidade.

O líder do MDC e vencedor da primeira volta das presidenciais, que segunda-feira chegou à capital sul-africana, alegadamente para consultas com a sua equipa negocial que é chefiada pelo secretário-geral Tendai Biti, terá rejeitado linearmente a proposta da Zanu-FP mas estará disposto a avançar com contra-propostas, baseadas em premissas totalmente diferentes, uma das quais baseada no seu triunfo na primeira volta, uma eleição considerada "livre e justa" pelos órgãos continentais, ao contrário da segunda.

As duas partes não concordam igualmente com o prazo de validade da autoridade transitória (ou governo de unidade nacional) que a comunidade internacional e o mediador considera ser a única solução para tirar o Zimbabué da profunda crise em que mergulhou.

Enquanto a equipa da Zanu-FP pretende que ela vigore praticamente durante cinco anos, permitindo de facto a Mugabe ocupar "de facto" a Presidência durante um mandato inteiro sem qualquer eleição intercalar, o MDC pretende que a autoridade transitória esteja apenas em funções o tempo suficiente para que, num clima de paz e relativa justiça, novas eleições sejam organizadas e realizadas.

Para mim, estando Deus do lado de Robert Mugabe (embora esquecendo o povo), estando os mais influentes delegados de Deus na região (Thabo Mbeki e Eduardo dos Santos) do lado de Mugabe, o melhor é dizer a Tsvangirai que vá pregar para outro lado, juntando-se ao maior “produto” de exportação do Zimbabué: refugiados.

O mundo a preto e a branco
consoante os (des)interesses

Dois prémios Nobel da Paz, Jody Williams e Wangari Maathai, e a actriz e embaixadora de boa vontade da UNICEF, Mia Farrow, exortaram os líderes africanos a aumentar a pressão política sobre o Sudão para pôr fim à violência na região de Darfur.

Fizeram bem. Pena é que tenham a lista desactualizada, já que há muitos mais ditadores a fazarem mal ao povo.

As três mulheres reuniram-se com o presidente da Comissão da União Africana (UA), Jean Ping, em Adis Abeba, a capital da Etiópia e sede permanente da organização pan-africana.

Williams, Maathai e Farrow visitaram a UA em representação da Iniciativa das Mulheres Nobel, uma organização formada por galardoadas com esse prémio que defendem a resolução de conflitos no mundo.

"O silêncio da União Africana perante isto (o conflito no Darfur) é algo sobre o qual gostaria de saber mais", disse Farrow numa conferência de imprensa depois da reunião com Ping. Pois. Sudão, República Centro-Africana, Ruanda, Etiópia, Somália, Zimbabué etc. Etc..

"É um silêncio estrondoso com que se aceitam estas coisas que são inaceitáveis, já que estamos no quinto ano de atrocidades que foram condenadas como genocídio", disse Mia Farrow, esquecendo-se (ou não) de dizer que o mal é serem pretos os que morrem.

Em Darfur morreram mais de 300 mil e, mesmo assim, a hipótese de levar o presidente sudanês, Omar Hasan al-Bashir, ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, parece ser uma miragem, uma forma de os senhores do mundo (Europa e EUA) dormirem descansados.

Por quantos mortos é responsável o “carniceiro dos Balcãs”, Radovan Karadzic? Pois. Será que os processos andam mais rápido quando as vítimas são brancas?

Fosse o ex-presidente jugoslavo, Slobodan Milosevic, negro e teria sido julgado? Há ditadores bons e maus? Há vítimas boas e más?

segunda-feira, julho 28, 2008

Hamas põe Gaza em pé-de-guerra

A explosão de um carro matou, em Gaza, vários membros do Exército do Hamas. Embora responsabilize a Fatah, o grupo decidiu usar a força para descobrir os autores. Assim, até prova em contrário todos são culpados.

O Hamas, que viu no atentado de sexta-feira uma forma de alguém pôr em dúvida a sua autoridade política e militar na Faixa de Gaza, resolveu impor a sua ordem e, pela força das armas, atacou as organizações suspeitas, provocando vários mortos, dezenas de feridos e centinas de detidos.

O primeiro de vários confrontos deu-se quando o Hamas tentou prender membros do Exército do Islão, um pequeno grupo suspeito de ter ligações à al-Qaeda mas que tem estado pouco activo.

Depois de prender perto de 200 militantes da Fatah, organização do presidente palestiniano Mahmud Abbas, e pouco preocupado com os desmentidos desta organização quanto à suposta autoria do ataque contra as Brigadas Ezzedine al-Qassam, o seu braço militar, o Hamas começou a caça ao homem.

A confirmar-se, como diz o Hamas, a ligação da Fatah ao ataque, trata-se da mais explosiva ocorrência entre o Hamas e a organização de Abbas nos últimos oito meses na Faixa de Gaza.

"Este acto criminoso prova que o apelo ao diálogo lançado de Ramallah (onde está o quartel general de Mahmud Abbas) é uma mentira destinada a ganhar tempo para aniquilar as nossas forças de segurança", afirma o Hamas.

"Os que cometeram este crime declararam guerra ao islamismo e à resistência palestiniana", afirma o Hamas, acrescentando que a Fatah está "mais interessada em dialogar com os israelitas do que em defender os palestinianos".

Recorde-se que o Hamas tomou o poder na Faixa de Gaza em Junho do ano passado após um golpe militar contra a Fatah, que agora controla apenas a Cisjordânia.

Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro

Obrigado Jaime de Saint Maurice

Pelos sítios por onde tenho andado, e quando me falam de Jornalismo, conto como tudo isto me aconteceu. Tal como recordo algumas das grandes figuras do Jornalismo angolano que na altura, 1973, me serviam de referência, de exemplo, e que por isso “apadrinharam” o amor que – apesar de tudo – ainda tenho a esta, e por esta, profissão.

Se na rádio recordo, entre outros, Alexandre Caratão, Carlos Sanches, Ribeiro Cristóvão, Fernando Antunes (Congo), Norberto de Castro, Sebastião Coelho, na Imprensa (a que mais me atingiu) falo de Carlos Morgado e José de Almeida (responsáveis pela delegação do Huambo do diário “A Província de Angola”) mas, sobretudo, de João Charulla de Azevedo, João Fernandes e Jaime de Saint Maurice, da revista "Notícia".

De facto, foram estes três enormes profissionais da "Notícia" e do Jornalismo angolano, sobretudo os dois últimos, que mais me influenciaram e que me levavam a dizer: Quando for Jornalistas quero ser como eles (João Fernandes e Jaime de Saint Maurice).

Recordo (permitam-me este regresso) que o Zé Pedro, empregado aprumado e sempre eficiente, nunca me servia só o café. Ia bem mais longe. Ainda eu estava a entrar no Himalaia (um dos mais conhecidos bares de Nova Lisboa) e já a bica, o jornal («A Província de Angola») e um maço de cigarros («AC») entravam em cena na mesa habitual. A tudo isto, uma vez por semana, o Zé Pedro juntava algo mais: a revista «Notícia» e, reparem, já aberta na página de «A chuva e o bom tempo», do João Fernandes.

Passados estes anos, não creio que tenha chegado aos calcanhares do João Fernandes e do Jaime de Saint Maurice. Continuo, contudo, a tentar, mesmo sabendo que é uma missão impossível.

E vem isto a propósito de, um dias destes e ao fim de uma eternidade, ter recebido uma mensagem do Jaime de Saint Maurice em que me dizia que teve a sorte (exagero, é claro, de um amigo) de vir aqui, “curioso por escancarar uma "janela" que dava pelo nome de Alto Hama”.

E acrescentava: “É que Alto Hama, para mim, África onde nasci e há muitos anos deixei, é o oxigénio do meu passado, das minhas recordações e desse acordar diário que se chama saudade”.

As voltas que a vida dá, as dobras que faz às esquinas da memória, têm coisas destas. O Jaime de Saint Maurice, um dos Jornalistas que foi farol para a minha navegação nesta tormenta do Jornalismo, lê o Alto Hama. Que bela recompensa.

A tese de que não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado, ganhou novo alento.

Obrigado Mestre Jaime de Saint Maurice.

domingo, julho 27, 2008

As lições de Nelson Mandela

Nelson Mandela deu e continua a dar várias lições ao mundo, se bem que muitos dos seus “colegas” da política internacional façam ouvidos de mercador por, penso eu, terem de se descalçar para contarem até doze.

Uma das suas qualidade é rodear-se de gente que pensa de maneira diferente. Diz Mandela que é a melhor forma de encontrar soluções para os problemas. Ou seja, estar rodeado de quem está sempre de acordo é encontrar problemas para as soluções.

Algo semelhante dizia, há já muitos anos, o Jornalista Manuel Pacheco de Miranda quando explicava que “a liberdade de expressão de pensamento que todos desejam não pode ser a liberdade de só se pensar como nós pensamos”.

É claro que nem Mandela nem Pacheco de Miranda fizeram escola. Hoje o que mais importa é estar de acordo, é pensar como pensa o chefe, é – ao fim e ao cabo – ter a liberdade para nem sequer pensar em ter liberdade.

Por alguma razão, fosse onde fosse ou quem fosse, quando chegava a qualquer sítio dizia sempre: “Eu sou o Nelson Mandela”. Uma postura diametralmente oposta à de alguns anões que, por exemplo em Portugal, chegam a qualquer lado e perguntam: “Não sabe quem eu sou?”

E é por tudo isto que com Homens como Nelson Mandela a carta chegaria a Garcia. Mas, a verdade é que a sociedade está a abarrotar de anões em bicos de pés que o melhor que sabem é mandar deitar a carta na primeira valeta que aparecer.

sábado, julho 26, 2008

Portugal ajuda os mesmos de sempre

Como foi tradição das potências coloniais, mais ou menos ferozes, mais ou menos humanizadas, Portugal também achou, como continua agora a achar, que só as supostas elites de Angola deveriam dirigir o país.

Isso foi, dir-me-ão, em 1975. Pois foi. Mas agora, quando as eleições estão à porta, Portugal revela através do panegírico do seu primeiro-ministro, José Sócrates, que continua a pensar e a agir como nesse tempo, temendo que o poder em Angola deixe as mãos corruptas das elites para passar para as mãos calejadas do Povo.

E quanto ao resultado imediato da escolha portuguesa sobre quem tinha e não tinha capacidade para tomar conta do país, as tais elites, o resultado está bem à vista, não só na Angola profunda mas, igualmente, na Angola que está na parte oculta (sobretudo para quem não quer ver) de Luanda.

Ou seja, como bons discípulos das forças coloniais, os novos senhores do poder seguiram os mesmos valores (ou não tivessem andado nas mesmas escolas), quase todos resumidos ao enriquecimento a todo o custo e ao desdém para com o Povo.

Não admira por isso que os novos senhores coloniais de Angola (não só mas também) sejam defendidos com unhas e dentes, numa promíscua simbiose de interesses materias em que o Povo não tem cabimento.

Todas as pessoas de bom senso, apesar de poucas, sabem que em 1992 a guerra recomeçou em Angola devido às fraudes eleitorais que a comunidade internacional não só apadrinhou como legitimou. E, bem ao estilo recente do Zimbabué, a vítima é que foi punida.

Com a ajuda decisiva da ex-potência colonial, o MPLA não só vigarizou os angolanos como conseguiu encarcerar as vítimas. Pela mão de Portugal, não só mas também, a UNITA foi condenada e sujeita a sanções que levaram, inclusive, alguns dos jovens que tinha a estudar em Portugal a passarem fome.

Portugal, através do panegírico do seu primeiro-ministro, José Sócrates, mas também de outras actividades paralelas, continua apostado em manter (mesmo que recorrendo a uma democracia mugabiana) o MPLA no poder.

Para Portugal (ou para quem o representa), 33 anos depois da independência o poder em Angola tem de continuar nas mãos dos filhos, o MPLA, devendo os enteados (todos os outros) ser voluntários devidamente amarrados.

É pena que assim seja. Sobretudo porque não será sempre assim. E, além disso, mesmo sendo enteados não deixam de ter memória e de lutar pela justiça que lhe é devida há séculos.

Não é calando seja quem for
que se ajudará a democracia

Apesar de achar, e aqui o ter escrito várias vezes, que o AngoNotícias presta um mau serviço a Angola e não tanto ao Jornalismo que não exerce, não gosto de ver que está “calado” desde o passado dia 19.

O facto de discordar sobejas vezes do que faz e da maneira como faz uma missão que poderia ser nobre, não aceito que o AngoNotícias esteja, (in)voluntariamente, parado ou adormecido. Entre fazer mal e não fazer há uma substancial diferença. Gostava que fizesse bem, mas também é verdade que nunca é tarde para aprender.

Dizem-me que, provavelmente, foi por começar a querer fazer bem que o mandaram calar. Será?

Como escreveu o meu amigo Eugénio Costa Almeida (
http://pululu.blogspot.com/2008/07/angonotcias-que-se-passa.html), «O AngoNotícias pode ter muitos defeitos, e ainda bem que os tem porque significa que consegue não agradar a gregos e a troianos, mas calarem-no em vésperas de eleições é, no mínimo, estranho, muito estranho!»

Falta só saber se, afinal, alguma coisa é estranha em Angola quando na luta do poder parece cada vez mais valer tudo. É pena. É que com uma política de olho por olho, dente por dente, vamos todos acabar cegos e desdentados.

Todos (eu sei) não será bem. Aqueles que põem a razão da força acima da força da razão estarão sempre safos. Seja nas quintas que têm em Portugal, nas contas que alimentam em França, nos investimentos que multiplicam no Brasil e por aí fora.

Horta elogia Xanana. Tudo em família

O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos Horta, disse hoje em Ovar (norte de Portugal) que a adesão de mais um partido político, a UNATIM, à actual coligação governamental timorense significa confiança no governo de Xanana Gusmão. Claro! Está tudo em família.

Questionado sobre a estabilidade governativa no seu país, Ramos Horta disse não poder responder “se a coligação sobrevive aos problemas do dia-a-dia ou não”, mas elogiou o primeiro-ministro pelo equilíbrio que tem conseguido. É isso. Equilíbrio. Nem sempre erecto, mas…

“Elogio Xanana por conseguir gerir até hoje essa coligação, o que não é fácil, porque o governo foi constituído em negociações entre quatro partidos, a que se juntou há cerca de um mês mais um, liderado por um prestigiado guerrilheiro com mais de 24 anos de luta, o que significa confiança”, disse. Falta saber o que pensa o povo, mas esse pouco conta.

As declarações do Presidente da República de Timor-Leste foram proferidas em Ovar, onde se deslocou para visitar a exposição de pintura “ADN, Abertura da descoberta da nau”, da artista plástica Maria Dulce, sua familiar, tendo sido recebido nos Paços do Concelho.

Durante a cerimónia, Ramos Horta havia descrito a actual situação no seu país, afirmando que “o governo de Xanana Gusmão foi eleito ainda com feridas, mas tem condições que não havia no passado para resolver os problemas, em especial dos mais pobres”.

É sempre assim. O passado tem as costas largas. Tão largas que, por exemplo, em Portugal ainda se justifica muita asneira actual com os resquícios da outra Senhora.

Segundo o Presidente da República timorense, “a situação é agora estável e a economia está a arrancar, havendo motivação por parte do governo”. “Vamos dar o tempo necessário ao governo, que saiu de uma grande crise, para melhorar as condições da população. O país está tranquilo e os problemas institucionais resolvidos” disse Horta.

Acredito em Ramos Horta. O país está tranquilo. Já o mesmo não se poderá dizer de quem lá vive. Esses continuam de barriga vazia, sem acesso a hotéis de cinco estrelas ou aos faustosos manjares das cimeiras internacionais do tipo daquela (a da CPLP) que decorreu em Lisboa.

“A tragédia de Fevereiro só me aconteceu a mim e não ao Povo e hoje Timor-Leste está num processo de estabilização”, concluiu Ramos Horta. É verdade, sim senhor. Horta ia morrendo de uma só vez. O povo, esse vai morrendo aos poucos.

Reino de Mugabe no seu melhor

O Zimbábue, aquele país onde impera a democracia e que reelegeu Robert Mugabe e que teve em Angola o país que liderou a equipa de observadores da SADC, continua a mostrar o que vale.

O governo está-se nas tintas (e por alguma razão só Deus poderá demitir Mugabe) para a inflação (talvez seja nesta altura de 10 milhões por cento ao ano – seja lá o que isso for) e outras porcarias típicas do capitalismo. E, é claro, faz muito bem.

Certamente como medida macroeconómica de vastíssimo alcance, o governo de Robert Mugabe lançou agora a nota de 100 mil milhões de dólares… zimbabuenos.

Assim, mesmo que tivesse uma das novas notas no bolso, qualquer cidadão do povo (sim do povo, que os da gamela usam dólares norte-americanos) não conseguiria comprar três ovos. É que cada ovo custa, custava, 35 mil milhões.

Assim sendo, reitero as palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, João Miranda, para quem a comunidade internacional não deve “ditar” o que os zimbabueanos fazem no seu país.

Assim se vê a Internacional Socialista

"Venho aqui dar uma palavra de confiança a Angola no trabalho que o Governo angolano tem feito que é, a todos os títulos, notável. Basta olhar para os indicadores", afirmou José Sócrates, em Luanda.

"Quero que o Governo de Angola saiba que temos confiança no povo angolano, que temos confiança em Angola, temos confiança no Governo angolano e no trabalho que tem desenvolvido", afirmou José Sócrates, em Luanda.

"O trabalho do Governo permitido que Angola tenha hoje um prestígio internacional, que tenha subido na consciência internacional e que seja hoje um dos países mais falados e mais reputados", afirmou José Sócrates, em Luanda.

Para mais informações ler «
Porra! Chega de tanta bajulação ao capataz Eduardo dos Santos»

Presidente da Sérvia ameaçado de morte

Os seguidores do "carniceiro da Bósnia" (Radovan Karadzic) estão a ameaçar de morte os políticos da Sérvia, começando pelo próprio presidente Boris Tadic. A extradição para Haia deverá acontecer terça-feira.

O presidente sérvio, Boris Tadic, e outras altas autoridades do país estão a receber constantes ameaças de morte. Tudo começou no dia em que o ex-líder sérvio-bósnio acusado de crimes de guerra e genocídio, Radovan Karadzic, foi preso.

Segundo o jornal "Blic", além de Tadic, são também alvo de ameaças o ministro do Interior sérvio, Ivica Dacic, o procurador para os crimes de guerra, Vladimir Vukcevic, e o presidente do conselho governamental de cooperação com o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, Rasim Ljajic.

Todos receberam, entre outras ameaças, cartas em forma de bilhetes mortuários e advertências por telefone, como "uma bomba está debaixo do seu carro" ou "terminará como Zoran Djindjic (ex--primeiro-ministro assassinado em 2003)".

Segundo o "Blic", os serviços secretos e a Polícia aumentaram o grau de protecção das autoridades, mas, do Gabinete de Tadic, não foi confirmada nem desmentida a existência destas ameaças.

No entanto, segundo os serviços secretos de alguns países europeus, as ameaças podem concretizar-se devido à aguerrida, embora pouco numerosa, falange de apoio ao "carniceiro da Bósnia".

Karadzic foi detido na segunda-feira nos arredores de Belgrado, onde vivia e trabalhava com identidade falsa e irá, segundo o seu advogado, aguardar até aos minutos finais do prazo legal para interpor recurso da extradição para o TPI, em Haia, na Holanda.

Apesar da tentativa legal de atrasar o processo, Karadzic deverá ser extraditado na terça-feira. A sua estratégia de defesa, em Haia, deverá passar por sucessivos recursos de modo a protelar o processo até 2010, ano em que termina o mandato do TPI.

Radovan Karadzic enfrenta diversas acusações, entre as quais a de genocídio (morte de 8 mil muçulmanos em Srebenica, em Julho de 1995) e de crimes de guerra (bombardeamento a Sarajevo, onde usou 284 soldados das forças de paz da ONU como escudos humanos, em Maio e Junho de 1995).

Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro

Mugabe continua de pedra e cal

O partido no poder no Zimbabué considera a contestada reeleição (podriam chamar-lhe qualquer outra coisa) do presidente Robert Mugabe com um assunto "não negociável". Aliás, a haver negociações e a fazer fé nas palavras do próprio Mugabe teriam de ser com Deus e não com Tsvangirai.

O diálogo, acordado segunda-feira em Harare entre o chefe de Estado, Robert Mugabe, e o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, visa chegar a um acordo político negociado no país, paralisado desde a reeleição violenta e contestada do presidente Mugabe a 27 de Junho.

O regime zimbabueano fez saber através do diário estatal The Herald, que não tencionava voltar atrás no que respeita a este escrutínio. Muito bem. Quando se ganha, e pouco importam os métodos utilizados pra isso, nunca se volta atrás.

O principal escolho das negociações na África do Sul deverá ser o dos futuros papéis e atribuições de Mugabe, 84 anos, 28 dos quais no poder, e de Tsavangirai numa partilha do executivo.

Enquanto isto, os Estados Unidos alargaram as sanções ao governo do Zimbabué, que qualificam de "ilegal", devido à continuação da violência de Estado neste país, anunciou o presidente George W. Bush num comunicado.

O Departamento do Tesouro designou uma centena de empresas, principalmente para-públicas, e um indivíduo cujo apoio ao regime de Robert Mugabe contribui para o descrédito das instituições e do processo democrático no Zimbabué, segundo um comunicado do Tesouro.

sexta-feira, julho 25, 2008

Lula admite que a CPLP ainda não existe

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou hoje que a consolidação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), apesar de existir há 12 anos, é uma tarefa que "ainda vai levar algum tempo", devido aos "muitos problemas" que enfrentam vários países-membros.

E tem razão. Vamos com calma e daquia a uns 12 anos estarão outros Lulas, Cavacos e similares a dizer a mesma coisa. Até lá a CPLP continuará a fazer que faz, a dizer que vai fazer, a vender-nos o rótulo pelo produto, o acessório pelo essencial. Tudo, é claro, com cimeiras de alto nível, bem comidas e melhor bebidas.

"A CPLP é muito jovem, tem 12 anos. É uma organização multilateral composta por países que têm problemas. Vai levar algum tempo até estar consolidada, num estado de plenitude", afirmou o chefe de Estado brasileiro, citado pela agência estatal RadioBras.

Pois. Ou muito ne engano ou esta CPLP será sempre uma criança cujas infantilidades serão sempre perdoadas para que os seus mentores possam sempre dormir descansados, mesmo que na rua ao lado estejam sempre mendigos a dormir nas esquinas da vida.

Além disso, um dia alguém fará o balanço da CPLP e dirá que quando ela estava quase a ser o que deveria ser desde o início... faliu. Nessa altura também alguém dirá que mendigos quando estavam quase, quase, a saber viver sem comer... morreram.

Cavaco Silva sabe que a CPLP vai nua, mas...

O presidente português considerou hoje "muito positivo" o balanço de 12 anos de vida da CPLP, destacando como "momento inesquecível" a independência de Timor-Leste e a posterior adesão do país à comunidade lusófona. Ou seja, nada que se deva – seja de facto ou de jure - à CPLP enquanto instituição.

Para Aníbal Cavaco Silva, que abriu hoje em Lisboa os trabalhos da VII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ao longo dos 12 anos foi permitido reforçar os valores da paz, democracia, Direitos Humanos, Justiça social e o estado de Direito nos "oito" estados membros. Ou seja, nada que se deva – seja de facto ou de jure - à CPLP enquanto instituição.

No entanto, para o futuro presidente da CPLP, que sucederá hoje ao seu homólogo da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira, o caminho a seguir pela comunidade deve "focar-se mais em resultados concretos". Assim estamos mais próximos da verdade, embora seja politicamente incorrecto dizê-lo.

"Responder a objectivos colectivos com soluções colectivas", sustentou Cavaco Silva, para quem o lema da cimeira, "Língua Portuguesa: Um Património Comum, Um Futuro Global", é "oportuno", uma vez que a valorização do Português no mundo "é um objectivo permanente" da organização. Pois. Cavaco regrassa à teoria de tapar o sol com uma peneira, mesmo sem ter peneira, mas tendo muitas peneiras.

"Hoje, temos aqui a oportunidade para debater os problemas do nosso tempo. Temos de abrir a comunidade ao mundo. A Língua Portuguesa é um activo fundamental que é preciso fomentar", frisou Cavaco Silva, lembrando que foi precisamente no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, que, há 12 anos, foi criada a CPLP. E se fosse feito um balanço segundo regras empresariais, a CPLP há muito estaria falida.

Mas como ninguém quer assumir a falência, lá vamos continuar a pedir aos pobres dos países ricos para dar aos ricos dos países pobres. Pedir emm português, é claro.

Cinco milhões de subnutridos na lusofonia

Quando eu digo que há milhões de africanos lusófonos que passam fome, aparecem os arautos do costume, sejam portugueses, angolanos ou outros, a contrariar e a falar de demagogia.

Vejamos o que disse hoje o director do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Jacques Diouf revelou hoje que o número de subnutridos está a aumentar em todo o mundo, e que já atinge os cinco milhões nos estados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Os dados do relatório da FAO para 2007, foram avançados por Jacques Diouf na VII Cimeira da CPLP, que hoje decorre em Lisboa e onde a prioridade não é dar de comer a quem tem fome mas, note-se, valorizar a língua.

“O aumento acelerado dos preços dos bens alimentares deve agravar a subnutrição do mundo, de acordo com as estimativas do relatório da FAO”, a publicar nas próximas semanas, referiu Diouf, numa intervenção em português.

“O número de subnutridos no mundo aumentou para 50 milhões de pessoas, das quais 5 milhões vivem em países da CPLP, em virtude dos preços dos alimentos”, disse o representante da FAO, na sessão de abertura da cimeira.

“A FAO mantém-se seriamente empenhada em continuar a partilhar os esforços dos países da CPLP para garantir a segurança alimentar dos seus cidadãos”, adiantou.

“Apesar dos milhares de dólares de donativos obtidos através de acordos bilaterais e multilaterais, é necessário reforçar esforços no sentido de permitir aos agricultores mais pobres o acesso a instrumentos necessários para o fortalecimento da produção agrícola”, afirmou.

Pois é. Os poucos que têm milhões estão-se nas tintas para os milhões que têm pouco ou nada. Chamem-lhe demagogia, populismo ou o que quiserem. Eu chamo-lhe pura e simplesmente verdade. Dura, como todas as verdades.

quinta-feira, julho 24, 2008

Grandes gestos para uma pequena CPLP

De quando em vez lá se ouve falar da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. É agora o caso. A CPLP chega, por regra, quando não é precisa e parte quando não faz falta. Pelo menos esta CPLP. E é tanto o que ela poderia fazer...

À CPLP já não se pediria muito, até porque esta organização foi (ou parece ter sido) uma montanha que pariu um rato. Bastava que ela, como disse já há sete anos D. Alexandre do Nascimento, fosse tendo «pequenos gestos».

No entanto, a CPLP não deixa os seus créditos por mãos alheias e, agora em Lisboa, volta a estar nos noticiários lusófonos. É não um pequeno, mas um grande gesto de sumptuosidade para quem se está nas tintas para os problemas.

A CPLP em vez de trabalhar para milhões que têm pouco (ou nada), trabalha para os poucos que têm milhões. E faz muito bem.

Nada como discutir a fome tendo como ementa ao jantar: trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet 2005, que está avaliado em casas da especialidade online a cerca de 70 euros cada garrafa.

Grandes gestos para tão pouca obra... Mas terá sido por isso que a XIII Reunião do Conselho de Ministros da CPLP terminou hoje com a aprovação de todas as propostas e resoluções debatidas, que serão endossadas para ratificação, amanhã, na Cimeira de (alguns) Chefes de Estado e de Governo da organização lusófona.

Os projectos da presidência portuguesa para os próximos dois anos foram unanimemente aprovados e têm como pano de fundo o “eixo prioritário” da promoção e valorização da Língua Portuguesa no mundo.

Aí está outro grande gesto. Certamente que os milhões de cidadãos lusófonos que passam fome já se sentem melhor. Vão aprender a dizer e a escrever, numa língua portuguesa vernácula (com acordo ortográfico, é claro), a palavra fome. Continuarão com a barriga vazia, mas vazia em... português.

Observadores em Angola? Para quê?

Segundo o jornal português Público, o Governo angolano está a dar indicações para que os observadores eleitorais – da CPLP e da União Europeia –, bem como os delegados dos partidos políticos, tenham uma circulação restrita no país, nomeadamente ficando adstritos a um determinado local de voto.

Poderá lá ser? Alguma vez os democratas mugabianos do MPLA iriam fazer uma coisa dessas? Não. De modo algum. Aliás, no caso da CPLP os observadores serão tantos para um país tão pequeno… que darão conta do recado.

Quantos são? São 13. Além disso, a fazer fé na alta capacidade técnica e dinamismo da CPLP, só deverão ficar a trabalhar em locais onde existam hotéis de cinco estrelas, no mínimo. Portanto…

Além disso, quem conhece Angola, mas sobretudo quem conhece o MPLA, sabe bem que não será a presença de observadores que evitará (veja-se o que se passou em 1992) as fraudes.

O MPLA e a sua rapaziada (portuguesa, brasileira e afins) não brincam em serviço. De há muito tempo que têm em marcha o plano B.

Oito jovens executados no Sambizanga
no mais brutal massacre desde 2002

Os oito jovens mortos a tiro ao início da noite de quarta-feira no bairro do Sambizanga, em Luanda, foram colocados no chão de barriga para baixo e executados a sangue frio, contaram vizinhos e familiares.

Escreve Ricardo Bordalo, da Lusa, que a Polícia Nacional angolana avançou durante o dia com a confirmação de sete mortos, mas, de acordo com os vizinhos, familiares e amigos das vítimas com quem a Lusa falou no local, são oito os rapazes com idades a rondar os 20 anos que foram brutalmente assassinados.

São igualmente oito as fotos e os nomes dos jovens assassinados espalhadas em centenas de cartazes pelas ruas e paredes do bairro do Sambizanga: Dadão, Lito, Terenso, Santinho(que era acólito na paróquia do São Paulo), Mano Velho, André, Jonhson e Nandinho.

O massacre, sem paralelo em Angola desde o final da guerra civil, em 2002, teve como cenário o Largo da Frescura, já no interior do bairro de Sambizanga, um dos mais populosos e violentos da capital angolana.

Rui (nome fictício), que estava no local e "só por sorte" escapou com vida, contou que, não eram ainda 19:00, noite cerrada no Inverno da África Austral, quando o grupo se encontrava a confraternizar no fim do dia, no único lugar do Largo da Frescura com uma luz que se mantém noite dentro.

"Ao princípio éramos uns 12, depois alguns foram para casa. Eu fui também a casa beber um copo de água e comecei a ouvir tiros. Só saí quando os disparos pararam... encontrei os oito mortos no chão, todos de barriga para baixo", descreveu.

No local onde teve lugar este violento episódio ainda por explicar, as famílias colocaram um altar improvisado, com as fotografias de alguns dos jovens assassinados.

A morte destes oito jovens não é fácil de explicar, visto que, segundo a versão ouvida pela Lusa no local, cerca das 19:00 de quarta-feira, quando o grupo se encontrava "a falar e a beber umas cervejas", surgiu uma carrinha branca do tipo Toyota Hiace, embora em Luanda todas as carrinhas deste género são denominadas de Hiace, de onde saíram alguns homens armados e, depois de mandarem os jovens deitarem-se de barriga para baixo, dispararam e fugiram de seguida no mesmo veículo.

No entanto, a versão da Polícia Nacional é ligeiramente diferente.

O segundo comandante da segunda divisão de polícia, intendente Eduardo Diogo, disse hoje publicamente que a informação que a polícia tem é que "um grupo de indivíduos não identificados que se faziam transportar numa viatura de marca Toyota Hiace, de cor azul, com vidros esfumados disparou mortalmente contra sete jovens que se encontravam na via pública em convívio"

A Polícia Nacional afirmou ainda que foi de imediato montada uma operação de larga escala para proceder á busca dos autores dos disparos que vitimaram os oito jovens no Largo da Frescura, assim designada por nele se encontrar uma mulemba, árvore de grande porte conhecida pela frescura da sua sombra.

Eduardo Diogo considerou o acto "bárbaro" e garantiu que "todos os mecanismos foram já accionados para se investigar e chegar aos verdadeiros culpados".

"Mostramos o nosso repúdio. Trata-se de um facto chocante e bárbaro", afirmou Eduardo Diogo, que lançou ainda um pedido para fazer chegar à polícia todas as informações sobre o crime, garantindo o anonimato das fontes.

Uma outra testemunha recordou que o grupo se reunia "quase todos os dias" à mesma hora debaixo da luz do largo.

"Não estávamos escondidos, estávamos debaixo da luz, ninguém se estava a esquivar a nada. Quem fez isto sabia ao que vinha, fez o que queria e não foi por engano porque nós estávamos debaixo da única luz que dá para a rua", anotou.

"Eles vieram para matar", defendeu este amigo e familiar dos jovens assassinados.

A mesma fonte acrescentou "não haver nenhum dos moços mortos que tivesse ficha na polícia, um era mesmo acólito numa igreja nas proximidades, ou que estivesse envolvido em actos criminais" e "só quem tem muito ódio mata oito pessoas depois de as obrigar a deitar de barriga para baixo" que era como se encontravam os corpos quando esta testemunha parcial chegou junto destes.

A morte dos oito jovens teve lugar a menos de 200 metros onde, há poucos meses, a Polícia Nacional, matou dois jovens actores que filmavam uma cena para um filme caseiro sobre um grupo de criminosos, confundindo-os com verdadeiros assaltantes.

CPLP? Que CPLP?

«Que Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vamos ter, doze anos passados desde a sua criação? Depois de Bissau ter presidido durante dois anos os destinos da CPLP, Lisboa vai ser a sede da VII Cimeira dos Chefes de Governo e de Estado dos países lusófonos onde, segundo parece e salvo alterações de última hora, estarão ausentes José Eduardo dos Santos – não se faz senhor Presidente, fazer o senhor Sócrates passar por mentiroso… – e Armando Guebuza, ou seja, os líderes dos dois maiores Estados afrolusófonos.»

Nota: Manchete do Notícias Lusófonas assinada por Eugénio Costa Almeida

www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=21343&catogory=Manchete

quarta-feira, julho 23, 2008

Cai a máscara de Angola em relação
ao grande amigo do MPLA, Mugabe

Finalmente, em relação ao Zimbabué, Angola deixou cair a máscara. Ainda bem. Já se sabia mas nada como ser uma voz autorizada do MPLA/Governo a dizê-lo. O ministro das Relações Exteriores de Angola, João Miranda, defendeu hoje que a comunidade internacional não deve “ditar” o que os zimbabueanos fazem no seu país. Nem mais. Como diria o “democrata” Robert Mugabe, os amigos são para as ocasiões.

João Miranda, em declarações reproduzidas pela Rádio Nacional de Angola, disse ainda que “ninguém de fora deve ditar o que eles – Zimbabué - devem fazer”, sublinhando que, “quanto muito, pode-se aconselhar os caminhos possíveis que levem o povo à paz duradoura”.

É, mais coisa menos coisa, o que o MPLA defendeu em relação a Angola quando, em 1992, resolveu as fraudes eleitorais matando a torto e a direito os adversários, ou o que advogou quando mais de 40.000 angolanos foram torturados e assassinados pelo MPLA em todo o país, depois dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao regime.

Angola preside actualmente à Comissão de Coordenação Política, Defesa e Segurança da SADC e liderou a equipa de observadores desta organização sub-regional nas eleições gerais do Zimbabué. Ou seja, foi conivente na fraude.

Penso, aliás, que o Zimbabué de Robert Mugabe deveria liderar a equipa de observadores da SADC às eleições angolanas. Sempre seria uma forma de pagar a cobertura angolana à patifaria de Mugabe.

Uma questão de companhias

Um dias destes, a propósito de ter aparecido numa montagem fotográfica junto de José Sócrates e Eduardo dos Santos, queixei-me de andar muito mal acompanhado. Mas se isso é, do meu ponto de vista, um facto, o que dirão os portugueses quando vêem o seu (de alguns, é claro) primeiro-ministro, tantas vezes com Hugo Chávez, mas também com Mouammar Kadhafi, sem esquecer o seu ídolo africano, José Eduardo dos Santos?

Contra as mentiras sobre a UNITA
- Chiwale cruzou-se com a História

Samuel Chiwale, ex-Comandante Geral da UNITA, publica quinta-feira em Portugal, às 20 horas na FNAC do Chiado, em Lisboa, um livro para "repor a verdade" sobre a participação do movimento angolano na luta de independência, quando está já a escrever outro, sobre o pós-1975.

"A UNITA foi vítima de uma política de diabolização, através de mentiras para a desacreditar e afirmar o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] como herdeiro da luta de libertação contra a dominação colonial", afirmou à Lusa o general angolano, que atribui a estratégia ao próprio movimento no poder em Angola.

Exemplo disso, adianta o autor de "Cruzei-me Com a História", é a associação muitas vezes feita entre a UNITA e a antiga polícia política do Estado Novo, PIDE-DGS, chegando mesmo a afirmar-se que esta tinha participado na criação do movimento e que ambas as estruturas cooperavam durante a Guerra Colonial.

"Quem diz isso ou é maluco ou não sabe o que fala. Se cooperava, porque é que [os combatentes da UNITA] estavam no mato? É um contra-senso", afirma.

Co-fundador da UNITA juntamente com o líder histórico Jonas Savimbi, Chiwale afirma mesmo que, antes da independência, nas áreas de maior implantação do movimento do "Galo Negro" - nomeadamente Bié, Malange, Cuando-Cubango e Lundas - "ninguém ouvia falar do MPLA", identificando como movimento independentista apenas a UNITA.

Chiwale reclama que a o movimento tinha "células clandestinas" em todas as capitais de distrito antes da independência, que tinham como missão "inocular os jovens" e mobilizá-los para a luta na clandestinidade.

O livro "Cruzei-me Com a História", editado em Portugal pela Sextante, será apresentado pelo ex-presidente da Câmara de Lisboa João Soares, numa livraria no centro da capital portuguesa.

Além de militante activo - é o 13º, "número da felicidade", nas listas de deputados da UNITA às eleições legislativas de Setembro - Chiwale, 64 anos, afirma-se indisponível para cargos dirigentes uma vez que, disse, está empenhado na escrita.

"Vou continuar a escrever sobre esta caminhada [da UNITA] cheia de curvas e contracurvas. É esta a minha tarefa principal. Já dei a minha contribuição para a luta. Agora têm de ser as gerações mais jovens. E a minha experiência vai ser um contributo para eles", afirma.

O próximo livro, afirma, será publicado dentro de dois anos e vai abordar o período pós-independência, nomeadamente "a expansão russo-cubana" em Angola durante a Guerra Civil e a questão das sanções das Nações Unidas ao movimento do "Galo Negro".

Angola pode e deve mudar

Se não for possível deixar às gerações vindouras de Angola, nomeadamente às que têm no corpo e na alma a utopia eterna de que quem não vive para servir não serve para viver, algum património, ao menos lutemos para lhes deixar algo mais do que a expressão exacta da nossa cobardia. Dia 5 de Setembro é isso que está nas nossas mãos.

Porque não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar, permito-me a ousadia (que espero compartilhada por todos os que responderam a esta chamada) de tentar o impossível já que - reconheçamos - o possível fazemos nós todos os dias.

Como jornalista, como angolano, como ser humano, entendo que a situação social angolana, ao contrário da económica, ultrapassa todos os limites, mau grado a indiferença criminosa de quem, em Angola ou no Mundo, nada faz para acabar com a morte viva que continua a caracterizar um povo que morre mesmo antes de nascer.

E morre todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos. E morre enquanto Portugal, por exemplo, canta e ri e elogia os responsáveis pela catástrofe humanitária que coloca Angola ao nível da Eritreia ou do Ruanda. E morre enquanto outros, em Luanda, comem lagosta.

Tirando os poucos que têm milhões, ou Angola muda ou, como na guerra, ninguém sairá vencedor. Todos perdem. Todos perdemos.

Assim sendo, é pequeno o passo que é preciso dar dia 5 de Setembro para que os angolanos, irmãos de sangue, deixem de vasculhar os caixotes do lixo para sobreviver.

Até agora, Eduardo dos Santos, o MPLA e toda máquina do poder teimaram em esquecer que, afinal, num país onde não há pão... todos matam e todos morrem sem razão. É altura de mudar.

Mais do que julgar e incriminar importa, nesta altura, mudar. Mudar definitivamente. Não se trata de fazer um intervalo para, no meio de palavras simpáticas e conciliadoras, ganhar tempo para somar mais uns milhões na conta dos poucos que já têm milhões. Trata-se de dignificar os angolanos, coisa que desde 1975 o MPLA não soube, ou não quis, fazer.

Alguém ganha quando mata um irmão? Alguém ganha quando um país tem filhos que nasceram no meio da fome, cresceram no meio da fome, tiveram filhos no meio da fome e morreram no meio da fome? Não. E se foi isso que aconteceu, é chegada a altura de mudar.

terça-feira, julho 22, 2008

Andam a brincar com a chipala
de alguns ex-militares angolanos

Dez ex-militares portadores de deficiência física receberam hoje, no Luena, província do Moxico, micro-crédito no valor de 250 dólares no quadro do Programa Geral de Desmobilização e Reintegração (PGDR).

Há uma semana (Ex-militares deficientes recebem gado no quadro da sua (re)integração social) tinham sido 135 ex-militares, também deficientes da guerra em Angola, a beneficiar, na cidade de Ondjiva, província do Cunene, de cabeças de gado para tracção animal, no quadro da sua reintegração social.

Antes, recorde-se, tinha sido a vez de o general Hélder Vieira Dias, “Kopelipa”, pagar um milhão de euros por duas áreas no Douro para produzir vinho e exportar.

Em declarações à imprensa, o chefe em exercício do Instituto de Reintegração Sócio-Profissional dos Ex-Militares em exercício no Moxico, Fernando Morais, disse estar a trabalhar para facilitar a reintegração social e económica dos ex-militares.

No âmbito do PGDR, na província do Moxico, foram já construídas cinco escolas, distribuídas sementes e animais de tracção agrícola, além de ter realizado acções de formação profissional. O valor financiado pela União Europeia, através do Instituto de Reintegração Sócio-Profissional dos Ex-Militares, será reembolsado num período de seis meses.

Implementado desde Abril deste ano, o PGDR, no Moxico, prevê apoiar, em 12 meses, 430 ex-militares e seus familiares nos domínios de reabilitação física, formação profissional, educação, concessão de micro-crédito e construção de casas de baixa renda.

Entretanto, recorde-se tantas vezes quantas as que forem preciso, o general Hélder Vieira Dias, “Kopelipa”, pagou um milhão de euros por duas áreas no Douro para produzir vinho e exportar.

TPA apresenta em Lisboa
o seu canal internacional

A Televisão Pública de Angola (TPA) apresenta o seu canal internacional, quinta-feira, numa gala festiva no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. A TPA Internacional é o terceiro canal da televisão pública angolana, que já opera com os canais domésticos TPA 1 e TPA 2.

Numa primeira fase, a TPA Internacional vai transmitir experimentalmente para a Europa e, posteriormente, alargará a sua emissão para a África e Américas. A emissora pública angolana informou que o lançamento do canal internacional tem como objectivo elevar a TPA ao estatuto de “televisão de referência” no continente africano e no mundo.

A implementação do novo canal vai permitir uma maior divulgação de informação relacionadas com o país junto das comunidades angolanas no exterior e também sobre o desenvolvimento socio-político, económico e cultural de Angola.

A programação internacional vai ser formada por parte dos conteúdos dos canais da TPA 1 e TPA 2, incluindo telejornais e programas de variedades e entretenimento.

A festa de apresentação do novo canal contará com vasto leque de artistas convidados: Kilandukilu, Daniel Nascimento, Bruna Tatiana, Kizua Gourgel, Carlos Burity, Karina Santos, Bonga, Nayma, Pérola, Yola Araújo, Maya Cool, Puto Lilás e Yuri Da Cunha, entre outros.

Para a gala, foram convidadas inúmeras individualidades e também representantes oficiais angolanos e dos demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O evento acontece à margem da VII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, que acontece quinta e sexta-feira, na capital portuguesa.

Ao nível da Eritreia e do Ruanda
quanto a níveis de desenvolvimento

Na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Angola regista o mais alto crescimento económico, graças ao petróleo e aos projectos de reconstrução, mas é ainda (facto que muita gente parece julgar irrelevante) dos piores do mundo nos indicadores de desenvolvimento, atrás da Eritreia ou Ruanda. Não há engano: é mesmo Eritreia e Ruanda.

No Índice de Desenvolvimento Humano, atribuído pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) considerando indicadores económicos e sociais como a esperança média de vida ou taxa de alfabetização, Angola surge na 162ª posição, entre 177 países, nos países de "baixo" desenvolvimento humano, grupo onde estão também Moçambique e Guiné-Bissau.

É uma vergonha para a CPLP? É com certeza, pelo menos na minha opinião.

A esperança média de vida dos angolanos está nos 41,7 anos (dados de 2005) e 67,4% daqueles com mais de 15 anos sabem ler e escrever. Já o PIB "per capita" (2.335 dólares em 2005) está ao nível de muitos países de desenvolvimento médio, como a Bolívia ou a Moldávia. Pois. É uma questão da média estatística.

O último relatório do PNUD sobre Angola, publicado em Maio, identifica a malária (paludismo) como "causa principal de morte" no país "com uma dimensão crítica na mortalidade infantil", enquanto em relação ao HIV-SIDA a incidência estimada de 2,5% é considerada reduzida, quando comparada com outros países africanos.

A generalidade das instituições de apoio ao desenvolvimento, como o Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial, afirmam que as autoridades angolanas enfrentam agora o "desafio" de conseguir que a conjuntura económica inédita - e provavelmente irrepetível - se reflicta na melhoria das condições de vida das populações. Os angolanos que esperem sentado e com a barriga a dar horas.

Desde 2002, o PIB angolano aumentou mais de dez vezes: de 471 mil milhões de kwanzas para perto de 4,5 biliões de kwanzas no ano passado (59 mil milhões de dólares); o ritmo frenético de crescimento económico (média anual de 15% entre 2002-2007).

O crescimento do produto na indústria extractiva, sobretudo na petrolífera, explica a maior parte do aumento, mas quase todos os sectores registam crescimentos expressivos nos últimos anos.

Em 2006, a indústria extractiva representou directamente mais de 60 por cento do PIB, mas o seu contributo indirecto - através de sectores como o comércio, construção ou indústria transformadora - coloca o seu peso económico em cerca de 80 por cento, segundo o Banco Mundial.

A taxa de inflação recuou de 43,5 por cento em 2004 para próximo dos 10 por cento no ano passado, mas aquém da meta governamental; um feito tanto mais notável quanto em 1996, o índice de preços ao consumidor estava nos 6.181 por cento.

O último relatório do Banco de Portugal sobre os PALOP e Timor-Leste identifica como desafios a "execução adequada das despesas públicas de investimento", "concretizar o processo de desinflação ao ritmo apropriado" e "fomentar a competitividade externa da economia não-petrolífera" - "questões que acabam por se reflectir, directa ou indirectamente, na capacidade para dar resposta às carências sociais com que o país se confronta".