Em comunicado divulgado logo após os trabalhadores terem sido informados do fecho do jornal, o Sindicato alerta os mais de 30 jornalistas e restantes trabalhadores afectados para o facto de que a administração do matutino portuense não pode "encerrar simplesmente as portas e mandar para casa os trabalhadores ao seu serviço, sem ter encetado um processo que respeite as normas legais e acautele os seus direitos e garantias".
O Sindicato, que vai pedir a intervenção imediata da Inspecção do Trabalho, apela aos jornalistas para que "não abandonem os seus postos de trabalho e para que continuem a comparecer na Redacção, sob pena de caírem na armadilha do despedimento por faltas injustificadas".
Para o Sindicato, o "encerramento ilegal" daquele jornal e o despedimento abusivo de mais de 30 jornalistas e outros quatro trabalhadores ao seu serviço, configura um verdadeiro 'lock-out', traduzido na mudança de fechaduras das instalações realizada pouco depois da comunicação do encerramento.
Esta situação culmina um período de várias semanas de expectativas quanto ao futuro do jornal e de longos meses de atraso no pagamento dos salários.
O Sindicato lamenta que a Administração não tenha dado a cara nesta situação, "colocando injustamente sobre os ombros da directora a incumbência de acalentar esperanças na continuidade do título".
"Na comunicação feita esta tarde, a directora limitou-se a informar que o jornal encerra e que os trabalhadores vão todos embora, a fim de que, segundo justificou, seja accionado o fundo de garantia salarial", afirma o Sindicato dos Jornalistas.
No entanto, o Sindicato sustenta que "tal fundo só pode ser accionado se a empresa for apresentada à insolvência ou tiver sido iniciado um procedimento de conciliação junto do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI)".
Entretanto, fontes ligadas à redacção de O Primeiro de Janeiro, que lança amanhã a última edição, indicam que os trabalhadores dificilmente irão receber indemnizações pelo presumível encerramento do jornal já que a empresa que procedia aos pagamentos salariais, a Sédico, faliu.
No entanto, uma fonte próxima do diário do Porto disse à Lusa que os trabalhadores irão receber o pagamento correspondente aos meses de Junho e Julho, sendo incerto o subsídio de férias.
A mesma fonte afirmou que foi prometido aos jornalistas uma carta para o fundo de segurança social que poderá permitir que recebam parte das indemnizações a que têm direito.
Na redacção o ambiente é de "raiva mal contida", com os jornalistas a procederem à arrumação e armazenamento de todos os documentos, fontes e contactos.
Anteriormente, a directora da publicação, Nassalete Miranda, tinha dito à Lusa que o diário apenas vai cessar a sua publicação durante o mês de Agosto "para modernização em termos gráficos e de conteúdo". A responsável editorial acrescentou que o jornal já não sairá para as bancas no sábado.
"Precisamos de tempo, para modernização do jornal, em termos gráficos e de imagem, mas não de conteúdo, já que a nossa aposta continua a ser no noticiário do Porto, da Região Norte e da cultura", afirmou Nassalete Miranda.
O Primeiro de Janeiro, actualmente detido pelo grupo do empresário de Oliveira de Azeméis Eduardo Costa, é um dos mais antigos diários de Portugal, com 140 anos de existência.
O presumível encerramento de O Primeiro de Janeiro, que durante décadas, até aos anos 70 do século passado, foi o principal jornal do Porto e uma referência na Imprensa diária portuguesa, dá-se três anos depois do encerramento de O Comércio do Porto.
Foi a 29 de Julho de 2005, que o grupo espanhol Prensa Ibérica comunicou o encerramento do outro diário da cidade, o centenário Comércio do Porto, que era então o mais antigo jornal diário português.
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