Com sete categorias, a Constrói Angola, cujas portas encerraram esta noite, distinguiu também as instituições Easy Gás (do grupo Sonangol), como melhor empresa de prestação de serviços à Construção Civil, Alaturca (melhor empresa de materiais de construção), Odebrecht (construção civil), H4U melhor empresa de Construção Civil e MundiGruas (máquinas e equipamentos).
Muito bem. Mas, ali mesmo ao lado, numa outra Angola, todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos há angolanos que morrem de barriga vazia. 70% da população passa fome.
Na ocasião, um dos presidentes do Centro Gika, José Leitão, considerou natural a escolha da sua instituição para vencedor desta categoria, porquanto estão a construir o maior projecto imobiliário de Angola, iniciado há pelo menos um ano, cujos prazos de entrega do empreendimento está aprazado para Dezembro de 2010.
É isso. Mas antes de 2010, ou seja hoje, ali mesmo ao lado, numa outra Angola, todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos há angolanos que morrem de barriga vazia. 70% da população passa fome.
A Sociedade Afripron está a investir 600 milhões de dólares no Empreendimento Comandante Gika, o maior projecto imobiliário de Angola, com 390 mil metros quadrados de construção. O projecto contará com um centro empresarial e de negócios, concentrado no edifício Garden Towers, composto por duas torres, de 22 pisos, com 1600 lugares de estacionamento, onde está prevista a instalação de empresas angolanas dos sectores financeiro e de serviços.
Enquanto isso, ali mesmo ao lado, numa outra Angola, todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos há angolanos que morrem de barriga vazia. 70% da população passa fome.
O projecto comporta também um edifício residencial com 136 apartamentos T4, centro comercial “Luanda Shoping” e um hotel de cinco estrelas.
Entretanto, ali ao lado, nos musseques, existe uma outra Angola (actualmente o maior produtor de petróleo na África subsaariana) onde todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos há angolanos que morrem de barriga vazia. 70% da população passa fome.
Enquanto isso, 45% das crianças angolanas sofrem de má nutrição crónica, uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos. No “ranking” que analisa a corrupção em 180 países, Angola está na posição 158.
Em Angola, a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos, o silêncio de muitos, ou omissão, deve-se à coação e às ameaças do partido que está no poder desde 1975.
Em Angola, a corrupção política e económica é, hoje como ontem, utilizada contra todos os que querem ser livres, entre 1997 a 2001, o país consagrou à educação uma média de 4,7% do seu orçamento, enquanto a média consagrada pela SADC foi de 16,7%.
Angola disponibiliza apenas 3 a 6% do seu orçamento para a saúde dos seus cidadãos. Este dinheiro não chega sequer para atender 20% da população, o que torna o Serviço Nacional de Saúde inoperante e presa fácil de interesses particulares.
Em Angola, 76% da população vive em 27% do território. Mais de 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros; mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população de cerca de 18 milhões de angolanos.
Em Angola, o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
No caso dos investimentos angolanos em Portugal, estes são protagonizados por apenas duas entidades e em três empresas. Primeiro foi a entrada da Sonangol e de Isabel dos Santos, via Esperaza, na Amorim Energia, da qual controlam 45% do capital, ou seja, 15%, de forma indirecta, da Galp, avaliados em 1206 milhões de euros.
Depois, a petrolífera angolana começou a comprar acções do BCP, detendo já dez por cento e que, ao valor de cotação de 1 de Setembro, valiam 424 milhões de euros. Mais recentemente, Isabel dos Santos, através da Santoro, ficou com os 9,7 por cento do BPI que estavam nas mãos do BCP.