quarta-feira, setembro 30, 2009

Em Portugal nada se esclarece!

O Provedor de Justiça de Portugal, Alfredo de Sousa, afirmou hoje, em Ponta Delgada, que ainda não foi dado pelo Presidente da República um “completo esclarecimento” sobre o caso das alegadas escutas no Palácio de Belém.

Pois não. Mas há alguma coisa em Portugal, chame-se Freeport, Portucale, BPN, BCP, BPP, Casa Pia, Moderna, submarinos ou escutas que tenha um completo esclarecimento? Não, não há.

“Não há ainda um completo esclarecimento. Se houve ou não escutas e, se houve, quem foi que as fez”, afirmou Alfredo de Sousa, em declarações aos jornalistas no final de uma audiência com o presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César.

Aliás, o reino lusitano a norte (embora em rápida aproximação a sul) de Marrocos é ele próprio um alfobre de meias verdades, de compadrios em várias frentes, de muitas pontas escondidas e de uns tantos nós que fazem dele não um país (muito menos um Estado de Direito) mas, apenas, um lugar muito mal frequentado.

O Provedor de Justiça foi questionado na sequência de declarações recentes, onde defendeu a necessidade de Cavaco Silva esclarecer a questão das alegadas escutas. “Fiz essa observação como Provedor de Justiça, com base no direito dos cidadãos a serem informados”, frisou.

Direito teriam, e é pena que o Provedor não o diga, se o país onde exerce a sua função fosse o tal Estado de Direito há muito prometido mas que, como ele bem sabe, pouco mais é do que um pântano.

E pelo cheiro é há muito um pântano de águas putrefactas. Reconheço, contudo, que apesar disso há sempre alguns (ao que parece são muitos) para quem chafurdar na merda é uma questão de vida.

Congresso gastronómico luso-angolano
é, claro está, tudo quanto nos fazia falta

Angolanos e portugueses (todos de barriga cheia) manifestaram hoje, na região da Bairrada, Portugal, o interesse em organizar conjuntamente, a curto prazo, um Congresso sobre Gastronomia, com vista à troca de experiência e ao fortalecimento da luso-angolanidade.

Estou de acordo. Como sempre, seja em Luanda ou em Lisboa, nada como boas refeições para que as pessoas se entendam. E um Congresso gastronómico é mesmo o que faz falta.

Que muita gente em Angola passa fome já nem é notícia. Que em Portugal há cada vez mais gente com a barriga vazia, também não é notícia. Importante mesmo é a gastronomia.

Ao sugerir a iniciativa, num encontro entre uma delegação angolana e agentes do sector vinícola português, no Museu do Vinho Bairrada, o engenheiro agrónomo do Ministério do Ambiente angolano, Joaquim Laureano, indicou que o evento serviria para reforçar sectores como a hotelaria e o turismo.

Muito bem. Segundo dados da Comissão Europeia, as crianças representam 60% da população angolana, estimada em 12,5 milhões. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram, por seu lado, que metade dessas crianças não frequentam a escola, 45% sofrem de má nutrição crónica, uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos e que, apesar de a idade mínima para trabalhar ser os 14 anos, estima-se que 30% das crianças e adolescentes da minha terra, entre os 5 e os 14 anos, trabalhem.

Mas o que é isto comparado com o impacto de um Congresso de Gastronomia? Sim o que é?

Atrevo-me, e sem grande originalidade, a sugerir uma das ementas para esse Congresso Gastronómico. É a mesma que foi servida no almoço de José Sócrates com Eduardo dos Santos durante a Cimeira UE/África.

Ou seja: ovos mexidos com alheira de caça, tamboril com amêijoas, legumes estufados e arroz selvagem e uma sobremesa com doce de chocolate e laranja tostada. Os vinhos poderão ser do Douro: Esteva branco 2005, Quinta de Lagoalva tinto 2007 e Porto.

Aliás, penso que deveriam incluir nesse decisivo, e patriótico, congresso gastronómico uma vista às quintas do Douro que foram compradas por mais de um milhão de euros pelo general angolano Hélder Vieira Dias, “Kopelipa”...

terça-feira, setembro 29, 2009

Foram ultrapassados os limites de quê?
Do tolerável e da decência? Onde? Onde?

Na declaração aos portugueses feita há pouco, o Presidente da República disse ter sido "forçado" a revelar a leitura que fez sobre declarações feitas por membros do PS, acusando-os de o tentar colar ao PSD.

E daí? O que é que isso importa se, afinal, tudo vai continuar como dantes, com os políticos lusos a cantar e a rir numa orgia de gozo total à custa da chipala do Zé Povinho?

Cavaco Silva diz-se "surpreendido" com declarações de "destacadas personalidades do partido do Governo exigindo ao Presidente da República que interrompesse as férias e viesse falar sobre a participação de membros da sua casa civil na elaboração do programa do PSD", facto que, segundo o presidente, era mentira".

“Destacadas personalidades do partido do Governo” que, contudo, parecem não ter nome. Será que cairiam à lama os parentes do presidente caso ele desse o nome às coisas? Se calhar não, mas Portugal é mesmo assim, ao estilo do não, sim, talvez.

Os objectivos destas declarações eram, continua Cavaco Silva, "puxar o Presidente para a luta político-partidária, encostando-o ao PSD apesar de todos saberem que eu, pela minha maneira de ser, sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias" e "desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos".

E assim foi. Essas “destacadas personalidades do partido do Governo” desviaram a atenção do essencial para o acessório com a óbvia conivência do Presidente. E, também graças a esse silêncio, continuam no poder.

Referindo-se à publicação no Diário de Notícias de um e-mail ("velho de 17 meses", afirmou o presidente), de um jornalista do Público que dava conta das preocupações de Fernando Lima, assessor de Cavaco, com uma alegada vigilância do Governo sobre o Palácio de Belém, Cavaco Silva declarou desconhecer "totalmente a existência e o conteúdo do referido e-mail", afirmando ter "sérias dúvidas quanto à veracidade das afirmações nele contidas".

Sérias dúvidas que, contudo, assim vão ficar porque o que importa é mudar algumas moscas para que o resto fique na mesma, mesmo quando o cheiro já é mais do que putrefacto.

Cavaco considerou ainda que "foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência" e por isso viu-se "forçado" a partilhar em público a interpretação" que fez sobre "um assunto que inundou a comunicação social durante vários dias sem que alguma vez a ele eu me tenha referido, directa ou indirectamente", apelidando de "graves manipulações"

Os portugueses devem sentir-se bem com esta partilha feita pelo Presidente. Se calhar os limites de tolerância e da decência, que Cavaco diz terem sido ultrapassados, terão menos gravidade quando partilhados com os cidadãos. Se calhar.

A partilha até terá tido efeitos na passagem das “graves manipulações” para “pequenas manipulações”. Se calhar.

E com o lixo varrido para debaixo do tapete, o país lá continua na saga socialista de José Sócrates, abrilhantada de quando em vez pela sisudez do Presidente da República.

Do BE ao PS passando pelo PSD/CDS

Paulo Silva, Rui Rio e Alfredo Fontinha

A campanha para as eleições autárquicas de 11 de Outubro em Portugal arrancou nos 308 municípios, quatro anos depois de o PSD ter ganho a última corrida eleitoral para as câmaras, elegendo 158 presidentes de executivos municipais.

Este tipo de eleição reflectirá (infelizmente, digo eu) o que os eleitores pensam dos partidos em geral e não dos autarcas em particular. Será com certeza por isso que, em muitos casos, bons autarcas ficam na beira da estrada e os maus lá vá na estrada da Beira.

Deixem-me, no entanto, dar o meu testemunho. Se eu votasse para a Junta de Freguesia de Rio Tinto escolheria sem qualquer dúvida o candidato do Bloco de Esquerda, Paulo F. Silva.

Se votasse para a Câmara Municipal do Porto a escolha, assumida, seria no candidato do PSD/CDS, Rui Rio.

Por outro lado, se votasse na Freguesia de Ramalde não teria dúvidas em escolhar o candidato do PS, Alfredo Fontinha.

Será defeito de fabrico? Deficiência de formação? Seja o que for, para mim continua válida a tese de Platão, adaptada, de que "o castigo por não participar na política e escolher os melhores fará com que acabe por ser governado por quem me é inferior."

segunda-feira, setembro 28, 2009

Segundo a Angop, PS vai coligar-se com
o CDS-PP, “partido de extrema-direita”!

O Secretariado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai manter o mesmo ou melhorar o relacionamento com o próximo governo português de coligação, saído das eleições legislativas domingo em Portugal.

A posição da CPLP foi manifestada hoje, em Lisboa, pelo seu director-geral , Hélder Jorge Vaz Gomes Lopes, em entrevista à Angop (Agência oficial de notícias do MPLA e, às vezes, de Angola) quando reagia aos resultados eleitorais que deram uma maioria relativa de 36,6 por cento ao Partido Socialista (PS), liderado por José Socrates.

Na sequência dos rersultados do pleito de domingo, e por força da Constituição portuguesa, José Socrates deverá encetar contactos com outros partidos.

Diz a Angop que “os resultados das gerais de domingo indiciam que seja o CDS-PP, liderado por Paulo Portas, por obter 10,5 por cento das escolhas, permitindo eleger 21 deputados, o partido a fazer parte do governo que José Sócrates deve formar, depois de ser indigitado primeiro-ministro.”

Hélder Lopes considerou, continua a Angop, “que nada altera o relacionamento da sua instituição, mesmo perante o cenário que indicia um governo formado por PS e CDS-PP, este último tido como um partido de extrema-direita”.

Para a fonte, o Secretariado (da CPLP) como um órgão subordinado aos Estados membros, rege-se nos princípios consagrados na Carta constitutiva da CPLP, entre os quais o primado da democracia, paz e não ingêrência nos assuntos internos.

Por isso, explicou Hélder Lopes, só o facto dos Estados não interferirem em assuntos dos outros membros, facilita por muitas razões o funcionamento do secretariado como orgão de subordinação dos Estados.

Um dos princípios da CPLP consagra o ”direito de cada Estado estabelecer as formas do seu próprio desenvolvimento político, económico e social e adoptar soberanamente as respectivas políticas e mecanismos nesses domínios”.

Você precisa do PS e o PS precisa de você!

Trinta e tal por centos de portugueses confirmaram o que, há quase um ano, o secretário-geral do PS, José Sócrates, disse: “neste momento todas as famílias portuguesas precisam da ajuda do Partido Socialista”.

Sendo que nas ocidentais praias lusitanas a norte de Marrocos existem dois tipos de portugueses (isto para além das outras 150 nacionalidades): os de primeira (socialistas, de preferência com cartão de militância e sem coluna vertebral), e os de segunda (todos os outros), a solução está à vista.

Aliás, já prevendo que todos os não socialistas (os tais portugueses de segunda) iriam precisar da ajuda do PS, há cerca de dois anos que aqui no Alto Hama se apontava a solução.

Solução que era, é, e provavelmente continuará a ser:

1. Fazer o
download da ficha de militante (em formato PDF) e imprimi-la;

2. Lê-la (se souber) e preencher (se souber, se não... alguém o fará por si) todos os campos;

3. Enviar a ficha devidamente preenchida e assinada, por CTT, para:

Partido Socialista - Departamento Nacional de Dados, Largo do Rato, 21269-143 Lisboa

Se preferir, poderá optar por entregar a ficha de militante na secção do PS da sua zona de residência. Se não existir nenhuma, o que será caso raro, avise que o secretário-geral manda logo arranjar uma.

Se tiver dúvidas relacionadas com o preenchimento, poderá ligar para a Linha Azul PS ­ (o azul é só para disfarçar!) 808 201 695.

Seja feita a vossa vontade!

O azedume do ex-futuro primeiro-ministro de Portugal reflecte (entre outras) a frustração que deve sentir por não ter conseguido, embora tenha tentado e vá agora continuar a tentar, transformar muitos jornalistas nos tais acéfalos e invertebrados ao serviço (bem pago) da sua causa.

O PS, embora perdendo meio milhão de votos, ganhou as eleições de ontem e por isso vai, com Santos Silva original ou com uma cópia, continuar a luta para acabar com todos aqueles (e são cada vez menos) que teimam em ser Jornalistas.

Se numa legislatura Sócrates fez o que fez, em duas será o fim da liberdade e da diversidade de opiniões.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, e sem grande esforço, fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, e sem grande esforço, transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente".

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, e sem grande esforço, convencer os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista da banha da cobra do PS, mas de barriga cheia, do que um ilustre Jornalista com ela vazia.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, e sem grande esforço, convencer os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe (socialista, obviamente).

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, e sem grande esforço, mostrar aos Jornalistas que ter um cartão do PS é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.

Apesar disso, que pouco é se comparado com os mais de 600 mil desempregados, os portugueses voltaram a dar-lhe a vitória. Mitigada ou não, foi uma vitória.

Depois não se queixem quando virem que a liberdade será apenas uma coisa residual que tenta sobreviver nos córregos sinuosos da recordação.

E assim continuará o reino lusitano

domingo, setembro 27, 2009

Quanto mais me bates... mais gosto de ti

PS vence as eleições legislativas em Portugal e deverá ter entre 36 e 40 por cento dos votos.

Embora exista (ainda bem) a presunção de inocência, é um facto que a todos, mas sobretudo aos que dirigem o país, não basta ser sério. Além disso, somando os casos mais recentes (Freeport, Portucale, BPN, BCP, BPP, escutas etc.), verifica-se que existe uma classe (mistura de políticos com gestores e financeiros) que é dona do país. E, pelos resultados eleitorais de hoje, assim vai continuar a bem, como dia António de Oliveira Salazar, da Nação.

Pelos exemplos recentes, num país que quer (ou é obrigado) a levar ao extremo a máxima dos brandos costumes ou aquela que diz que quanto mais me bates mais gosto de ti, quase se pode concluir que Portugal se transformou apenas num local muito mal frequentado, com múltiplos canais que abastecem um perigoso e gangrenado submundo.

Aliás, bastam alguns tópicos para se concluir que as diferenças entre Portugal e o Burkina Faso são poucas. As "off-shores" e o endeusamento do segredo bancário são um instrumento que alguns dispõem para cometer crimes e passarem ao lado da justiça.

Os mais recentes casos, mesmo que o primeiro-ministro os tenha rotulado de "campanha negra", mostram tanta promiscuidade entre o dinheiro e a política que não é difícil concluir que Portugal teima em viver com pelo menos um pé do outro lado da legalidade democrática e das regras de um Estado de Direito.

E assim vai continuar. Há quem goste de comer e calar.

É por isso que os actores deste drama, sobretudo políticos e financeiros, se apresentam (e assim é na realidade) como uma elite que defende apenas os seus interesses, que em vez de servir o país se serve dele. Nada que incomode os portugueses.

Paradigma de tudo isto, mau grado aparecerem na ribalta sonantes nomes da política e das finanças, é o facto de quase 100% das pessoas que estão nas cadeias portugueses serem pobres.

Não é bem assim? Ai não, não é. Recordam-se de uma mulher que furtou um pó de arroz num supermecado? Foi detida e julgada. No entanto, roubar (desviar, afanar, furtar, ximunar) centenas de milhões de euros de um banco poderá, ou não, ser crime.

É claro que do ponto de vista académico, como diz o Procurador-Geral da República, "ninguém está acima da lei". Se calhar não é bem assim. Até porque o pilha-galinhas não é Conselheiro de Estado nem primeiro-ministro e, por isso, não tem a imunidade que lhe garanta a impunidade.

É por tudo isto que a corrupção vai somando crescentes pontos em Portugal. Nada que incomode os portugueses, tanto quanto se pode concluir dos resultados de hoje.

Creio que a mais grave por ser mortal para o país é "a corrupção política", a que (vejam-se os casos Freeport ou Portucale) envolve as grandes empreitadas do Estado ou a compra de muitos milhões de euros em equipamentos.

Será então culpa do sistema judicial? Não. Desde logo porque o sistema judicial (também) é amamentado pelo seu congénere político, e este é o que põe e dispõe.

Creio, contudo, que Portugal ainda pode ter cura. No entanto, se demorar muito a ser ministrada a necessária medicação radical, um dia destes chegaremos à conclusão que na altura em que Portugal estava quase a saber viver como um país digno... morreu.

Se calhar, embora isso nada incomode (a fazer fé nestes resultados) os portugueses, parte da certidão de óbito já foi hoje preenchida.

Reflictamos a bem (desta) nação... (Fim)

Num artigo de opinião intitulado «Uma escolha decisiva» e publicado recentemente no Jornal de Notícias, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, repetiu o que disse nas eleições legislativas anteriores e o que vai dizer (se ainda for secretário-geral do PS) nas próximas. Vira o disco mas toca sempre o mesmo.

Tal como no passado, José Sócrates apontou como “prioridades muito claras: vencer a crise, modernizar o País, reduzir as desigualdades sociais”.

O primeiro-ministro do reino socialista e lusitano, cada vez que fala garante não lhe faltar energia, nem coragem, para enfrentar “todas as adversidades”, afirmando-se preparado para lutar para que Portugal tenha uma governação “decente, honesta e à altura das responsabilidades do momento”.

“Todas as adversidades” querem dizer, em português de segunda (aquele que é falado e escrito pelos não socialistas), as posições dos que não acreditam que Sócrates seja Deus. Pelo menos por enquanto.

Ainda de acordo com o dono da verdade nas ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, ele quer uma governação “decente, honesta e à altura das responsabilidades do momento”.

Será que José Sócrates vai votar em algum partido da Oposição? Será que José Sócrates compreendeu que uma governação “decente, honesta e à altura das responsabilidades do momento” não se consegue com esta nanica espécie de políticos que, na maioria dos casos, tem de se descalçar para contar até doze?

“Não me faltam as forças, nem me falta a coragem para enfrentar todas as adversidades e estou preparado para lutar com coragem para que Portugal tenha uma governação decente, uma governação honesta, uma governação à altura das responsabilidades do momento e para que os portugueses possam ter aquele Governo que escolheram”, afirmou ontem, afirma hoje e afirmará amanhã José Sócrates.

Ou seja (e por não haver grandes alternativas), um governo não socialista.

“Perante todos os ataques que lhe têm sido feitos por parte de alguns meios de comunicação social, não se sente de alguma forma cansado, ou seja, se ainda sente que tem capacidades para continuar a governar o nosso país?”, perguntou um dia destes, numa qualquer iniciativa partidária, Alexandra Ramalho, aluna de um mestrado de arquitectura.

Na resposta, José Sócrates respondeu de forma peremptória: “Não deixarei que me vençam desta forma, não deixarei”.

Sócrates ainda não reparou (o que aliás é uma das suas enormes capacidades) na verdade. É que ele nunca será vencido porque... já foi há muito derrotado, mesmo tendo o poder de comprar quase tudo.

“Não tenho vaidades especiais, mas tenho a vaidade dos homens comuns: gostaria de me apresentar às eleições, e é o que irei fazer, para que nessa altura, os portugueses possam fazer um juízo sobre a minha governação, sobre o seu futuro e sobre o futuro da governação”, acrescentou Sócrates, certamente depois de se olhar ao espelho e ter gritado: “Sou um génio”.

José Sócrates recordou que “numa democracia quem manda é o povo, quem faz as suas escolhas não é mais ninguém a não ser o povo”.

E se assim for, se o povo fizer a escolha com a cabeça e não com a barriga, não haverá campanha rosa que lhe valha, não haverá capacidade industrial para produzir “Omo” suficiente para limpar a forma como tratou grande parte do povo português.

Sim. Eu sei (e importa reconhecê-lo em abono da verdade) que tratou mal apenas uma parte dos portugueses. Só tratou mal todos aqueles que são de segunda, ou seja os que não são do PS.

sábado, setembro 26, 2009

Reflictamos a bem (desta) nação... (III)

Votar é preciso, apesar da grande desilusão que abalroa a sociedade portuguesa... não socialista. Sendo impossível mudar de povo, é viável começar a dar sinal (pelo menos isso) aos donos do poder que se pode mudar de políticos.

Reflictamos a bem (desta) nação... (II)

Os métodos utilizados nesta legislatura por José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, revelaram-se eficazes em diversas frentes. A Comunicação Social foi uma delas. O êxito (do ponto de vista deste PS) não foi total mas esteve perto. Se vencer amanhã irá com certeza acabar a obra.

Por interpostas pessoas (quase todas socialistas enquanto o PS for governo...) conseguiu pôr os jornalistas a pensar com a barriga, dando-lhes contudo – reconheço e saliento - duas alternativas: ou comem e calam e podem pagar a conta ao merceeiro e o empréstimo da cubata, ou não comem nem calam e vão para o desemprego.

Foi assim que funcionou. Será ssim que continuará a funcionar se José Sócrates continuar no poder. E como o reino, não o dos céus mas o das ocidentais praias lusitanas, está na mão de cobardes, a única solução entendida (pela barriga) como viável é mesmo comer e calar, apostar numa coluna vertebral amovível e numa cabeça subordinada à barriga.

Ser cobarde foi, nos últimos anos, a mais válida forma de (sobre)viver na sociedade portuguesa em geral e, em particular, no comércio e indústria de textos de linha branca a que, por manifesta ignorância, se chama em Portugal "jornalismo".

São esses cobardes poli-partidários (às segundas, quartas e sextas são do PS, às terças, quintas e sábados do PSD e ao domingo piscam o olho aos outros) que, por regra, comandam (mal, mas comandam) este país ou, para ser mais correcto, algumas das partes que no seu conjunto formam o país.

Por isso os cobardes apostam tudo, sobretudo o que é dos outros, na razão da força que é alimentada pela impunidade do reino. Com a cobertura, mesmo que involuntária, de muito boa gente, levam a que a força da razão perca batalhas e mais batalhas.

Ao contrário do que cheguei a pensar, esses cobardes não só estão a ganhar batalhas como poderão vencer a própria guerra. Não lhes falta apoio de quem, ao seu estilo, se está nas tintas para a liberdade de expressão, para a democracia, para as regras de um Estado de Direito.

Para gáudio dos cobardes e dos que dão cobertura aos cobardes, Portugal parece dar-se bem com a cobardia. No entanto, espero eu que um dias destes alguém descubra que esses cobardes, mascarados de heróis, para contarem até 12 têm de se descalçar.

Há anos que eu digo que esses cobardes iriam continuar a calar as vozes que tentam dar voz a quem a não tem. Assim aconteceu, assim irá acontecer com certeza já na segunda-feira.

Se os políticos portugueses preferem ser assassinados pelo elogio do que salvos pela crítica, preferem ter correligionários néscios do que adversários inteligentes, é bem possível que a própria a democracia esteja em perigo.

Mesmo que esteja, o que é que isso interessa desde que os cobardes continuem com os seus tachos?

Os donos de Angola estão em todas...

Uma empresa britânica tornou-se esta semana a primeira do país a ser declarada culpada por subornos a políticos e funcionários estrangeiros, onde - como não poderia deixar de ser – se incluem angolanos.

De acordo com o «The Guardian», a Mabey & Johnson, com sede em Raeding, e que se dedica à construção de pontes, sendo responsável por muitos contratos financiados com dinheiro dos contribuintes britânicos, pagou subornos a 12 pessoas de seis países.

John Hardy, da Serious Fraud Office, responsável pela investigação destes crimes, referiu no tribunal londrino de Southwark que a empresa, propriedade de uma das famílias mais ricas da Grã-Bretanha, pagou um total de um milhão de libras (1.1 milhão de euros) a políticos e funcionários para conseguir contratos de exportação avaliados em cerca de 70 milhões de libras (76 milhões de euros).

A Mabey & Johnson pagou 470 mil libras (cerca de 512 mil euros) a políticos e funcionários do Gana, mas entre os subornados também figuram os nomes de ministros e funcionários de outros países como Angola, Madagáscar ou Moçambique, Bangladesh e Jamaica, refere a «EFE».

Segundo Hardy, ao longo de oito anos, a empresa entregou 100 mil libras (perto de 110 mil euros) ao ex-ministro jamaicano de Obras Públicas Joseph Hibbert para obter em troca importantes contratos, um deles avaliado em 14 milhões de libras (15.4 milhões de euros).

A empresa violou também as sanções da ONU contra o regime iraquiano de Saddam Hussein ao pagar 363 mil libras (396 mil euros) ao Governo do ditador árabe, em 2001 e 2002.

A empresa confessou os subornos e terá agora de pagar mais de 6.5 milhões de libras (7.15 milhões de euros) em multas e indemnizações aos Governos estrangeiros afectados.

Esta é a primeira vez que Serious Fraude Office chega a um acordo ao estilo norte-americano com uma empresa acusada de corromper funcionários estrangeiros.

Os investigadores decidem na próxima quarta-feira a possibilidade de aplicar um regime semelhante no caso da empresa britânica, BAE, maior fabricante de armamento do país, também acusada de suborno a estrangeiros.

Reflictamos a bem (desta) nação...

Hoje em Portugal é dia de reflexão. Amanhã há eleições. Ao que parece será mais do mesmo, não a bem da nação mas, isso sim, dos que há 35 anos “compraram” o direito de serem donos do país.

Hoje, para mim, o PS é incompetente, o PSD mole, a extrema-esquerda lírica e a direita nem carne nem peixe. No conjunto, embora mais uns do que outros, todos querem chegar à gamela pela via do voto. Se calhar algins não enjeitavam outra via qualquer, mas...

Portugal precisa de qualidade. Na política, no ensino, na saúde, na justiça, na segurança. Em tudo. Precisa mas não quer. A quantidade parece ser a grande aposta. Mais e mais. Todos vemos, todos os dias, no Parlamento – por exemplo, que a quantidade não é sinónimo de qualidade.

Mas, também é verdade, se Portugal tem os políticos que tem, os jornalistas que tem, se calhar acaba por merecer os polícias, os professores, os juízes, os médicos e as leis que tem. E assim sendo, a culpa não é dos governos mas, isso si, dos eleitores que entregam o seu destino nas mãos de políticos de muito fraco nível.

Portugal é um país onde se exige mais celeridade criminal. E exige bem. Mas o que se passa é que essa celeridade vai funcionar em relação aos pilha-galinhas mas não em relação aos donos do reino, sejam eles empresários, políticos, gestores, administradores ou líderes dos cartéis onde numa orgia monstruosa se juntam todos este protagonistas.

Recorde-se que o correcto diagnóstico dos partidos à situação do país é, regra geral e democrática, feito depois um bom almoço e na perspectiva de um bom jantar, longe daqueles que não sabem como angariar dinheiro para alimentar os filhos.

Se toda esta vasta equipa de bem nutridos políticos, começando em José Sócrates, passando por Manuela Ferreira Leite, Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e terminando em Paulo Portas, soubesse o que é o país real, se calhar Portugal estaria mais próximo de ser um Estado de Direito.

Portugal tem hoje (amanhã serão mais) 600 mil desempregados. E se hoje os empregos são uma miragem, em grande parte se deve tanto à acção do governo socialista como à inaccção do governo... socialista.


O primeiro-ministro de Portugal, também secretário-geral do PS, teima em tratar os portugueses de segunda (todos os que não são do PS) como matumbos. Se calhar até terá alguma razão, tal é a carneirada que por aí se vê.

As promessas que agora faz, sem ter cumprido as que fez quando queria chegar ao poleiro, são prova inequívoca de que ele acredita que pondo os portugueses a pensar com a barriga, conseguirá nova vitória.

De facto, são cada vez mais o que pensam com a barriga. Desde logo porque entre Agosto de 2008 e igual mês deste ano os centros de emprego portugueses registaram, em média, um novo desempregado a cada quatro minutos...

Este José Sócrates que já tem escrito o discurso de vitória para ler amanhã à noite, é o mesmo que pôs os pensionistas com 500 euros a pagar IRS, que deu os mais baixos aumentos de pensões de que há memória na democracia, que recusou melhorar o subsídio de desemprego para os casais em que marido e mulher perderam o posto de trabalho, e que recusou alargar o subsídio de desemprego para os jovens que há um ano tinham contrato e agora não têm.

Legenda: A foto (actual) mostra uma das muitas ilhas de uma das freguesias mais populosas (50 mil habitantes) do Porto, Ramalde

sexta-feira, setembro 25, 2009

Castigo por não participares na política?
- Serás governado por quem te é inferior

Costumo dizer que as ocidentais praias lusitanas situadas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos estão cada vez mais próximas de duas únicas alternativas.

Portugal ou se afunda totalmente e passa o testemunho a uma comissão liquidatária liderada por Espanha, ou assume que quer ser uma espécie de Burkina Faso da Europa.

Aliás, nada disto é novo. Há mais de 500 anos que os nossos antepassados sabiam que o reino não tinha futuro se aceitasse passivamente estar limitado às actuais fronteiras. Foi por isso que, num daqueles rasgos de heroicidade que nos causam hoje inveja, resolveram dar luz ao mundo.

Lembram-se que foi um português que disse "De África tem marítimos assentos; É na Ásia mais que todas soberana; Na quarta parte nova os campos ara; E se mais mundo houvera, lá chegara!"?

Regressemos, entretanto, à versão sul-europeia do Burkina Faso.

Portugal continua, de facto e cada vez mais de jure, sem ser um país, sem ser um Estado de Direito. É cada vez mais um local muito mal frequentado em que uma reduzida casta de "nobres" donos da verdade escraviza toda a plebe, tratando-a como se fossem escravos. E já faltou mais para o serem.

Em Portugal nada funciona bem para a esmagadora maioria, embora funcione quase na perfeição para os que estão no poder e, é claro, para os que têm esperanças de lá chegar a curto prazo.

Segundo a Transparency International, mais de meio mundo acredita que partidos, parlamentos, polícia e tribunais são as instituições mais atingidas por uma corrupção quotidiana generalizada.

Todavia, no caso do tal reino das ocidentais praias lusitanas, tudo se resolverá com o tal "apelo à cidadania responsável e participativa" para a qual, penso, é fundamental que os portugueses se inscrevam nas organizações mais incólumes à corrupção e que, nesta altura, são comcerteza os partidos nacionais, a começar pelo Socialista de José Sócrates.

Mas nada disto é relevante. Importa é salientar o orgulho luso de ver Sócrates dizer a Durão Barroso: "Conseguimos, pá!".

Ao que parece, 70% dos portugueses (claramente manipulados pelas forças do mal que só sabem fazer campanhas negras) considera os partidos políticos (isto é, aqueles seitas consideradas vitais nas democracias) as instituições mais corruptas.

Mas poderá lá ser! Corrupção nos partidos portugueses? Certamente que Transparency International se esqueceu de ouvir os militantes socialistas, os candidatos a militantes socialistas, os desempregados que querem ser socialistas para arranjar emprego, os empregados à custa do PS etc.

Se os tivesse ouvido saberíamos que no partido de José Sócrates a corrupção não entra. E não entra porque já lá está, porque nunca de lá saiu, digo eu.

"Hoje somos confrontados diariamente com dramas pessoais e familiares que dificilmente poderíamos imaginar. São dramas que as estatísticas nem sempre revelam, mas que nos vão alertando para a dimensão social que a actual crise económica e financeira tem vindo a assumir", declarou o chefe de Estado português um dia destes.

Que Cavaco Silva tenha dificuldade em imaginar os múltiplos dramas dos portugueses, ainda vá que não vá. Não pode, contudo, é escudar-se na ignorância de quem vive longe do país real para sacudir a água do capote e para fingir que não sabe que Portugal talvez gostasse de ser mas (ainda) não é um Estado de Direito.

Cavaco Silva e os seus assessores estão a levar demasiado tempo para ver o diagnóstico que há muito foi feito por quem, mesmo desempregado, não penhorou a liberdade de opinião.

Um Estado de Direito conquista-se quando se não tem medo de dizer a verdade. E esta, quer o presidente queira ou não, não é pertença nem do queixoso, nem do réu, nem do juiz e muito menos daqueles que têm dinheiro para comprar o queixoso, o réu e o juiz.

Os políticos de uma forma geral, sejam o Presidente da República, os membros do Governo, os deputados ou autarcas, teimam em tapar o sol com uma peneira, mesmo quando o fazem a meio da noite.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que tomasse medidas para castigar tanto o ladrão que entra em casa como o que fica à porta. Mas não. Cavaco Silva, na sua qualidade de mais alto magistrado da nação, parece querer castigar as vítimas e não os ladrões.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que visse a quem beneficia a infracção, que argumentos usa para cilindrar a liberdade e sobretudo porque o faz de forma completamente impune.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que procurasse - por exemplo - saber como é possível a uma empresa despedir dezenas de trabalhadores quando, poucos meses antes, os donos e ou administradores gastaram mais de 500 mil euros em carros novos para seu uso pessoal.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia muita coisa. E não apenas o óbvio para tudo continuar na mesma, para uns relembrarem o António (de Oliveira Salazar) e outros a necessidade de uma nova revolução.

Pois! Mas ainda há uns (e não são poucos) para quem a coisa só se revolve a tiro. Parece-me uma boa opção. Temo, contudo, que ao escolher-se a política do olho por olho, dente por dente, fiquemos todos cegos e desdentados. E se calhar os responsáveis pela tragédia vão continuar a ter pelo meos um olho e dois dentes...

De uma coisa os portugueses não podem esquecer-se: Como dizia Platão: "O castigo por não participares na política é acabares por ser governado por quem te é inferior."

quinta-feira, setembro 24, 2009

Uma diferença (quase) mínima

Induta chefe do Estado Maior General

O Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, nomeou hoje o capitão-de-mar-e-guerra, Zamora Induta (foto), chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.

Parece-me totalmente desnecessário continuar a falar da Guiné-Bissau, sobretudo porque (como diz a comunidade internacional, onde se inclui a CPLP) as eleições resolvem todos os problemas.

Mesmo assim, vou remando contra a maré. Valerá a pena? Não deve valer, mas...

Recordam-se que o director-geral dos Serviços de Informação do Estado (SIE) da Guiné-Bissau, coronel Antero João Correia, foi detido em Bissau por, ao que parece, se ter recusado a dar cobertura à alegada intentona golpista de 5 de Junho?

A democracia tem destas coisas. Ou se é favor de quem está no poder ou, é claro, vai-se para a choldra. Ou se é a favor ou choca-se com uma bala perdida.

Recordam-se que o coronel Antero João Correia, antigo comandante-geral da Polícia, teria sido detido por ordens do então interino chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Zamora Induta, depois de se recusar a assinar o comunicado do SIE que anunciava a neutralização da alegada tentativa de golpe de Estado?

Recordam-se que esta recusa teria obrigado os mentores do plano a confiar a assinatura do documento ao director-geral adjunto dos SIE, coronel Samba Djaló, que foi apontado como uma pessoa "muito próxima" (pudera!) de Zamora Induta e seu representante a nível do Ministério do Interior que tutela os SIE?

Recordam-se que o coronel Antero Correia teria manifestado a sua recusa por discordar de tais alegações de tentativa de golpe de Estado atribuída a várias figuras políticas e militares, incluindo o ex-ministro da Defesa Hélder Proença e o candidato presidencial Baciro Dabó, que foram mortos na mesma altura?

Recordam-se que o comunicado em causa referia que a morte de Hélder Proença e Baciro Dabó teria resultado dum tiroteio que se seguiu à resistência demonstrada por eles quando as forças da ordem alegadamente pretendiam detê-los pela sua suposta implicação na intentona?

Recordam-se que, embora a custo e com toneladas de medo, as versões apresentadas por familiares e outras testemunhas contrariam a explicação dada no comunicado dos SIE, desmentindo que tivesse havido algum tiroteio antes da morte das duas personalidades?

Recordam-se que esta realidade significa, a ser verdade, que se tratou de "puro assassinato" uma vez que Dabó foi encontrado em sua casa e a domir, enquanto Hélder Proença estava de viagem, por estrada, proveniente da capital senegalesa, Dakar?

Recordam-se que alguns observadores comentaram que o próprio facto de o comunicado dos SIE ter sido publicado sem o consentimento do Governo era revelador da existência de um "poder paralelo" que teria ordenado as execuções e a divulgação documento?

E assim se vai escrevendo a história do princípio daquilo que pode ser o fim da Guiné-Bissau.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Como sonhar (ainda) não paga imposto!

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) portugueses divulgou uma “Proposta de agenda parlamentar para a Liberdade de Imprensa”, em que insta os que vierem a ser eleitos ou a assumir funções de governo a adoptar um conjunto de medidas visando defender e reforçar a causa da liberdade de informação.

Que é bonito, é. Mas não passa disso. Desde logo porque até mesmo os jornalistas estão mais interessados em manter o emprego, os que o têm, do que em discutir a Liberdade de Imprensa.

E também não estou a ver o próximo ministro a quem toque a pasta da Comunicação Social, seja ele um Augusto Santos Silva do PS ou do PSD (ou até de outro partido), muito interessado nessa coisa chata que só incomoda e que dá pelo nome de Liberdade de Imprensa.

Também não estou a ver as empresas donas das fábricas de produção de textos de linha branca interessadas na Liberdade de Imprensa, desde logo porque esse é um empecilho à liberdade de facturar, de fazer fretes, de mascarar propaganda como se fosse informação.

O SJ, considerando que a “Liberdade de Imprensa não pode continuar a servir de mero estandarte retórico em refregas políticas”, convoca as forças políticas concorrentes e todos os candidatos às eleições legislativas do próximo dia 27 a assumir “práticas mais consequentes com o discurso e compromissos mais coerentes com as declarações de intenção”.

É chover no molhado. Mas, também é verdade, se não for o sindicado a falar destas quimeras, quem o fará? É claro que o SJ sabe bem que o pão dos jornalistas cai sempre com a manteiga virada para baixo. Mesmo assim teima em querer tapar o sol com a peneira, mesmo quando o faz durante a noite.

Quer o SJ, e os partidos estão fartos de rir, a revisão imediata do Estatuto do Jornalista, designadamente no respeitante à defesa dos direitos de autor e da protecção do sigilo profissional.

Mas será que isso é relevante para uma profissão em vias de extinção? Em que parte da fileira de produção de textos de linha branca se enquadra o Estatuto? Em nenhuma. Não são jornalistas que lá trabalham.

Diz o SJ que urge rever a portaria relativa aos estágios de acesso à profissão. Qual profissão? Se é à de produtores de conteúdos, falta legitimidade ao Sindicato que é dos Jornalistas. Se respeita mesmo aos jornalistas, está desfasada porque essa é uma profissão que só existe em raros oásis do reino lusitano.

Salienta ainda o SJ que é urgente adoptar uma Lei Quadro do Sector Público da Comunicação Social e, entre outras medidas, criar um regime jurídico específico de garantias dos jornalistas e de outros trabalhadores da Comunicação Social.

Pois é. Lá continuamos nós a cantar e a rir no convés do navio, indiferentes ao facto de ele estar a afundar. É claro que o partido que formar governo sempre irá atirar meia dúzia de bóias, salvando os “jornalistas” que prestaram bons serviços ao partido e que, por isso, merecem ser assessores.

Se o poder corrompe, o poder absoluto...

Estar 30 anos no poder, com o poder absoluto que tem nas mãos (é também o presidente do MPLA e chefe do Governo), faz de José Eduardo dos Santos um dos ditadores ou, na melhor das hipóteses, um presidente autocrático, há mais tempo em exercício.

O facto de não ser caso único, nomeadamente em África, em nada abona a seu favor. Sabe todo o mundo, mas sobretudo e mais uma vez África, que se o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente. É o caso em Angola.

Só em ditadura, mesmo que legitimada pelos votos comprados a um povo que quase sempre pensa com a barriga (vazia) e não com a cabeça, é possível estar tantos anos no poder. Em qualquer estado de direito democrático tal não seria possível.

Aliás, e Angola não foge infelizmente à regra, África é um alfobre constante e habitual de conflitos armados porque a falta de democraticidade obriga a que a alternância política seja conquistada pela linguagem das armas. Há obviamente outras razões, mas quando se julga que eleições são só por si sinónimo de democraia está-se a caminhar para a ditadura.

Com Eduardo dos Santos passa-se exactamente isso. A guerra legitimou tudo o que se consegue imaginar de mau. Permitiu ao actual presidente perpetuar-se no poder, tal como como permitiu que a UNITA dissesse que essa era (e pelo que se vai vendo até parece que teve razão) a única via para mudar de dono do país.

É claro que, é sempre assim nas ditaduras, o povo foi sempre e continua a ser (as eleições não alteraram a génese da ditadura, apenas a maquilharam) carne para canhão.

Por outro lado, a típica hipocrisia das grandes potências ocidentais, nomeadamente EUA e União Euopeia, ajudou a dotar José Eduardo dos Santos com o rótulo de grande estadista. Rótulo que não corresponde ao produto. Essa opção estratégica de norte-americanos e europeus tem, reconheça-se, razão de ser sobretudo no âmbito económico.

É muito mais fácil negociar com um regime ditatorial do que com um que seja democrático. É muito mais fácil negociar com alguém que, à partida, se sabe que irá estar na cadeira do poder durante toda a vida, do que com alguém que pode ao fim de um par de anos ser substituído pela livre escolha popular.

É, como acontece com José Eduardo dos Santos, muito mais fácil negociar com o líder de um clã que representa quase 100 por cento do Produto Interno Bruto, do que com alguém que não seja dono do país mas apenas, como acontece nas democracias, representante temporário do povo soberano.

Bem visível na caso angolano é o facto de, como em qualquer outra ditadura, quanto mais se tem mais se quer ter, seja no país ou noutro qualquer sítio. Por muito pequeno que seja o ditador, o que não é o caso de José Eduardo dos Santo, a História mostra-nos que tem sempre apreciável fortuna espalhada pelo mundo, seja em bens imobiliários (como era tradição) ou mais modernamente nos paraísos fiscais.

Reconheça-se, entretanto, a estatura política de José Eduardo dos Santos, visível sobretudo a partir do momento em que deixou de poder contar com Jonas Savimbi como o bode expiatório para tudo o que de mal se passava em Angola.

Desde 2002, o presidente vitalício (ao que parece) de Angola tem conseguido fingir que democratiza o país e, mais do que isso, conseguiu (embora não por mérito seu mas, isso sim, por demérito da UNITA) domesticar completamente todos aqueles que lhe poderiam fazer frente.

Não creio que, até pelo facto de o país ter estado em guerra dezenas de anos, José Eduardo dos Santos tenha as mãos limpas de sangue. Aliás, nenhuma ditador com 30 anos de permanência seguida no poder, tem as mãos limpas.

Mas essa também não é uma preocupação, a não ser que seja agora com a questão da Gripe A. Quando se tem milhões, pouco importa como estão as mãos. Aliás, esses milhões servem também para branquear, para limpar, para transplantar, para comprar (quase) tudo e (quase) todos.

Tudo isto é possível com alguma facilidade quando se é dono de um país rico e, dessa forma, se consegue tudo o que se quer. E quando aparecem pessoas que não estão à venda mas incomodam e ameaçam o trono, há sempre forma de as fazer chocar com uma bala ou de ter um acidente.

Acresce, e nisso os angolanos não são diferentes dos portugueses ou de qulquer outro povo, que continua válida a tese de que “se não consegues vencê-los junta-te a eles”. Não admira por isso que José Eduardo dos Santos tenha mais alguns fiéis seguidores, sejam militares, políticos, empresários e até supostos jornalistas.

É claro que, enquanto isso, o Povo continua a ser gerado com fome, a nascer com fome, e a morrer pouco depois... com fome. E a fome, a miséria, as doenças, as assimetrias sociais são chagas imputáveis ao Poder. E quem está no poder há 30 anos é sempre o mesmo, José Eduardo dos Santos. Até um dia, como é óbvio.

Nota: Este meu texto foi também publicado no semanário A Capital, de Angola

terça-feira, setembro 22, 2009

Remetente: Alto Hama
Destinatário: Ângelo Correia

A Zon Multimédia, dona da TV Cabo, reforçou a parceria com a empresária Isabel dos Santos, a mulher mais rica de Angola, para assegurar o lançamento do seu serviço de televisão por subscrição em Angola, escreve o Correio da Manhã.

A filha do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, terá 70% do capital da nova empresa constituída em Angola e assumirá o cargo de presidente, enquanto a vice-presidência será entregue a um representante da operadora portuguesa. Nuno Aguiar, que actualmente exerce o cargo na TV Cabo Madeira, deverá mudar-se para aquele país africano.

A Zon Multimédia, presidida por Rodrigo Costa, já assinou um contrato de cinco anos com a Eutelsat para aceder ao satélite W7 e assim poder emitir para Angola. No entanto, a atribuição de licenças ainda depende do governo angolano, pelo que as emissões só deverão estar asseguradas a partir de Dezembro.

A entrada da Zon em Angola é feita através da empresa holandesa Teliz, entretanto adquirida pela operadora portuguesa. Com este negócio, a Zon pretende alargar o seu mercado a outros países de expressão portuguesa, nomeadamente Moçambique.

Segundo dados da Eutelsat, o satélite W7 abarca um extenso território, que vai da Rússia à África Subsariana.

Refira-se que os títulos da Zon acumulam, em 2009, ganhos de 24%.

Ver também:
Patacoadas de Ângelo Correia para soba ver

Diz-me com quem andas...

Segundo as afirmações de Rui Rio no Congresso do PSD em Guimarães, Junho do ano passado, a principal diferença em relação ao PS é que “tem de ser novamente o PSD a apontar quais são as reformas” de que Portugal precisa, como, em seu entender, acontece desde o 25 de Abril de 1974.

De acordo com Rio, o PS aposta na “aspirina” para resolver os problemas nacionais, ao passo que o PSD utiliza “antibióticos”. Convenhamos que não é, e não creio que venha a ser, bem assim.

Quando vejo aguns tipos de alianças (como a da foto) em que o PSD se meteu, creio que não se trata sequer de uma aspirina e muito menos de um antibiótico. É um simples placebo. Não é de agora, eu sei. Mas é que ao fim de todos estes anos, o próprio placebo ainda menos efeito tem.

Creio, aliás, que com apostas do estilo que o CDS (embora em coligação) teima em fazer para Ramalde, o partido de Paulo Portas (tal como o de Rui Rio) estão a atirar muitos dos seus votantes para os braços do PS.

Se é verdade, e é verdade muitas vezes, que dizendo-me com andas, dir-te-ei quem és, Rui Rio fica clara e inequivocamente enxovalhado ao andar om este tipo de companhias.

Aliás, o presidente da Câmara do Porto – queira ou não – tem o seu nome ligado a este candidato. Eu sei que se o valor de Rui Rio se medisse pelo de alguns candidatos da coligação PSD/CDS, o de Ramalde, Manuel Maio, o amesquinhava.

Mas, também nas eleições autárquicas, dá a ideia de que é tudo farinha do mesmo saco. E com essa ideia, se calhar haverá muito boa gente afecta ao PSD que vai votar no saco ao lado...

Patacoadas de Ângelo Correia para soba ver

Ângelo Correia foi a Angola dizer o óbvio (que apesar de o ser não é verdadeiro) e, com isso, dar prazer aos que gostam de quem está sempre de acordo.

Em Luanda, capital do reino do MPLA, Ângelo Correia considerou hoje “legítimos e legais” os investimentos feitos por empresas angolanas em Portugal.

Em declarações à imprensa no âmbito das palestras sobre o ambiente que realiza na capital angolana, o ex-ministro da Administração Interna do PSD, afirmou “não existir nada no ordenamento jurídico português” que impeça empresários estrangeiros investirem no mercado luso, procurando gerar capitais e conhecimentos.

“Da mesma forma que os portugueses investem em Angola, é legitimo que os angolanos o façam também no nosso país. Os benefícios são mútuos e em alguns casos Portugal sai mesmo a ganhar porque recebe investimentos em áreas onde não tem produção”, sublinhou, apontando o sector petrolífero como exemplo.

Considerando “reaccionárias” as pessoas que se manifestam contrárias ao investimento angolano em Portugal, Ângelo Correia referiu-se ao investimento da petrolífera angolana Sonangol na Galp, como sendo uma iniciativa que ajuda a reforçar os laços de cooperação entre os dois estados.

“Nada está a acontecer à margem da lei, portanto, é legítimo que os angolanos escolham determinadas áreas para investir. Quem se manifesta contra é porque ainda vive no passado e deve, por isso, actualizar-se. Estamos num mundo globalizados e num mercado aberto para todos”, disse.

Com tantos floreados, até parece que tudo é transparente nos investimentos feitos em Portugal. Parece mas não é. Ângelo Correia sabe isso muito bem. Mas, é claro, há coisas que se sabem mas não se dizem, sobretudo porque isso poderia ser visto como estar a cuspir no prato onde se come.

Ao contrário do que diz Ângelo Correia, ninguém põe em causa os investimentos angolanos em Portugal. O problema está em que não são investimentos angolanos, são investimentos de uma família e de meia dúzia de amigos que quase representa 100 por centro do Produto Interno Bruto de Angola.

Fossem, de facto, empresas angolanas e tudo estaria bem como pretende Ângelo Correia dizer que agora está. Mas não são. São de um clã.

Aliás, já que se fala de Portugal, quantas empresas tem o homólogo português de José Eduardo dos Santos? Que percentagem do PIB português representa, por analogia com o presidente angolano, Cavaco Silva?

Ao contrário de Ângelo Correia, os reaccionários não estão contra as empresas angolanas. Estão isso sim (e até ficava bem Ângelo Correia estar também desse lado) contra o facto de haver meia dúzia de pessoas, todas ligadas ao clã Eduardo dos Santos, que são donas de Angola.

E para mim, reaccionário assumido, Angola só tem um dono: todos os angolanos.

Forrobodó no bordel vai marcando pontos

O director do Público sustenta que o Presidente da República deve "fundamentar as suas suspeitas" depois das eleições sobre eventuais escutas, no editorial publicado hoje, e defende que caso Cavaco Silva não o faça "terá enfraquecido a sua autoridade".

Tudo isto a propósito de Cavaco Silva ter demitido Fernando Lima, jornalista e depois assessor, novamente jornalista (Director do Diário de Notícias) e de novo assessor.

Mais do que as questões, objectivas ou não, que envolvem a decisão do Presidente da República, a mim preocupa-me não só a promiscuidade do jornalismo com a política (sobram os exemplos de jornalistas-assessores e de assessores-jornalistas), mas também o enxovalhar da ética entre os próprios jornalistas.

O director do Público diz também "que não pode ser esquecida a forma como este tema 'rebentou' num jornal, isto é, as condições em que correspondência interna do Público saiu do jornal e quem a levou a um jornal (Diário de Notícias) que não quis fazer investigação própria, ao contrário do Expresso".

Pois é. Em matéria de jornalistas, a ética tornou-se aquele regra fundamental que aparece a seguir à última... quando aparece. O DN não esteve com meias medidas e, de uma vez por todas, tentou (e só em parte o conseguiu) acertar contas antigas com Fernando Lima e mais recentes com o Público.

E assim, de acerto em acerto de contas (quase sempre pessoais) lá vai o jornalismo português cantando e rindo a bem, é claro, de uma qualquer nação que, na maioria dos casos, se confunde com servilismo político e económico.

Servilismo que, por regra, tem boas compensações monetárias. Registemos os factos e também os nomes. Daqui a uns tempos alguns destes supostos jornalistas vão estar a assessorar partidos e ou empresas.

Tem sido assim e, pelos vistos, assim tem de continuar a ser. O forrobodó no bordel continua a marcar pontos.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Texto integral da entrevista à jornalista
Nádia Issufo da Rádio Deutsche Welle

Há trinta anos que José Eduardo do Santos lidera os destinos de Angola, isto desde 21 de Setembro de 1979, depois da morte de Agostinho Neto, o primeiro presidente do país. Demasiado tempo no comando consideram algumas vozes que clamam por alternância... Enquanto isso a data para a realização de eleições no país tarda em chegar e o partido no poder, já pensa em mudar o modelo eleitoral.

Conversei com o historiador e jornalista, Orlando Castro, sobre a liderança de José Eduardo dos Santos. O angolano não hesita em apontar os reais problemas da sua presidência e do país.


Nádia Issufo: Como avalia os 30 anos da presidência de José Eduardo dos Santos?

Orlando Castro: A avaliação tem aspectos positivos e tem, sobretudo aspectos negativos porque estar trinta anos no poder, com o poder absoluto que tem nas mãos, porque para além de presidente da República e presidente do MPLA é chefe do governo, o que torna José Eduardo dos Santos num dos ditadores, ou na melhor das hipóteses, num presidente autocrático há mais tempo em exercício. Portanto, não me parece que isto abone os angolanos de uma forma geral e até ao MPLA em particular, sobretudo porque já era tempo de pela via democrática Angola ter um presidente de facto eleito.

NI: Qual a sua opinião sobre a forma como o ocidente hoje lida com o presidente e com o país?

OC: Na minha opinião o ocidente tem mais vantagem em lidar com uma ditadura do que com uma democracia. Uma ditadura de um país rico é mais fácil de moldar aos interesses do ocidente do que uma democracia. Porque veja que no caso de Angola, o presidente do país, todo o seu clã e todo o seu envolvimento representam quase 100% do PIB do país. E portanto, o ocidente vê vantagens em ter um presidente e uma estrutura ditatorial do que ter uma democracia cujos protagonistas sairão do poder provavelmente daqui a uns anos se voltar a haver eleições. Portanto, há uma grande hipocrisia do ocidente, de uma forma geral em raleação a todas ditaduras, e neste caso concreto em relação ao regime do MPLA em Angola.

NI: Então os problemas que Angola enfrenta actualmente de corrupção, de incompatibilidades de funções e outras coisas mais poderão não ser resolvidos a curto prazo?

OC: Sim, dificilmente serão resolvidos a curto prazo. Até porque a comunidade internacional faz questão de que existam eleições como ponto de partida para uma boa governação. Eu tenho duvidas de que as eleições sejam por si só sinónimo de democracia, porque quando o povo tem que votar com base na barriga e não na cabeça, não creio que se vá a algum lado. Angola teve eleições legislativas e provavelmente terá ou não presidenciais, mas mesmo que as tenha, o problema do país reside de facto num clã que domina todo o país. Porque não está em questão se a Sonangol tem poder económico e financeiro para investir no outros países do mundo, o problema está em que a Sonangol não é dos angolanos. É do clã do presidente. Enquanto toda a estrutura económica, financeira e produtiva não estiver nas mãos dos angolanos mas sim na mão de um grupo de angolanos nunca mais o problema de Angola será resolvido.

NI: O que pensa da possibilidade de Angola vir a adoptar um sistema de votação presidencial indirecta à sememlhança da África do Sul? Poderá trazer algum tipo de mais valias para o MPLA e para José Eduardo dos Santos em detrimento de outras forças políticas no país?

OC: Claro que sim, terá vantagens para o MPLA que vai perpetuar o MPLA e o presidente que escolher, José Eduardo dos Santos, no poder. É uma aberração completa esta ideia de uma eleição que José Eduardo dos Santos chama de atípica, não tem o mínimo cabimento num conceito democrático moderno. Isto vai de facto apenas perpetuar o poder nas mãos dos que já o têm. Na faz o mínimo sentido que Angola opte por uma solução destas, porque é uma solução que apesar de tudo serve para passar um atestado de menoridade intelectual aos angolanos, o que me parece injusto. Já basta estarem a passar fome e agora ainda os tratam como se fossem débeis mentais, isto não pode continuar assim.

NI: Até que ponto a sociedade civil angolana pode intervir para que este sistema não seja adoptado?

OC: A sociedade civil angolana tem muita força e vida e está a mexer-se no sentido de que as coisas não se processem assim. Mas o problema todo está em que as pessoas, apesar de tudo, têm medo e existe alguma asfixia no sentido de que a liberdade de expressão não seja tão visível quanto isso. Se a sociedade civil conseguisse ter o apoio da comunidade internacional no sentido de alertar as autoridades angolanas para que sigam critérios democráticos validos talvez conseguissem alterar este estado de coisas. Mas como eu lhe disse, quando a própria comunidade internacional apenas se preocupa em que haja eleições, mesmo que nessas eleições não existam cadernos eleitorais, apareçam mais votos do que pessoas inscritas, mesmo que seja assim, a comunidade internacional acha que já fica tudo bem e já pode dormir descansada. Portanto, a sociedade civil por muito que se mexa terá sérias dificuldades em alterar este estado de coisas, parecendo-me a mim que isto só se alterara, quando por razões que esperamos naturais o presidente José Eduardo dos Santos deixe de existir e eventualmente o próprio MPLA se rejuvenesça, o que se calhar é uma utopia, mas enfim, vamos acreditar...

NI: Acredita que José Eduardo dos Santos possa pautar por uma presidência vitalícia?

OC: Eu creio que sim, creio que é essa a situação, que ele vai ser um presidente vitalício. Seria no regime de partido único que é mais ou menos o que existe em Angola. Foi forçado, de alguma forma, a realizar eleições e agora está a fazê-lo e com essa máscara de eleições a perpetuar-se no poder de uma forma que a mim me parece contra natura, mas enfim sou das poucas vozes, não são tão poucas assim afinal, a remar contra essa maré.

NI: Por favor, perspective uma Angola com José Eduardo dos Santos e sem ele na presidência do país...

OC: Eu creio que Angola com José Eduardo dos Santos a dirigir o país, já vimos o que é, são poucos a terem muitos milhões e muitos milhões a não terem nada, isto é, alguma classe de elite muito rica e muito poderosa e o povo a morrer fome. Sem ele creio que seria mais viável e que seria possível Angola ser um país só e os angolanos serem não de primeira, de segunda ou de terceira como agora acontece mas serem só angolanos e a riqueza ser distribuída por quem dela necessita, por quem tem a barriga vazia. Esta é a opção que cabe aos angolanos e a todos escolher.

Ver:
http://acalmarasalmas.blogspot.com/2009/09/angola-poucos-terem-muitos-milhoes-e.html

Entrevista à Rádio Deutsche Welle

Já está no ar a entrevista que dei à Jornalista Nádia Issuf da Deutsche Welle - Voz da Alemanha. A temática é obviamente os trinta anos de poder absoluto do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, do chefe do Governo, José Eduardo dos Santos, do dono de Angola (e não só), José Eduardo dos Santos...

domingo, setembro 20, 2009

O medo só acaba se Sócrates for afastado?
- Creio que sim, mas todo o cuidado é pouco

Manuela Ferreira Leite ataca forte e feio o líder do PS e diz que nunca houve uma asfixia tão grande em Portugal desde o 25 de Abril. Na entrevista ao Correio da Manhã/Rádio Clube, que será publicada amanhã, a líder do PSD não tem dúvidas em dizer que o medo só acaba se José Sócrates for afastado do poder.

A líder do PSD tem razão. Basta ver que, há muito mais tempo, António Barreto disse que “este é o mundo em que vivemos: a mentira é uma arte. Esta é a nossa sociedade: o cenário substitui a realidade. Esta é a cultura em vigor: o engano tem mais valor do que a verdade”.

Continuando a citar António Barreto, em Portugal “os ex-assessores agora chamados de "Press officers e Media consultants", falam todos os dias com os administradores, directores e jornalistas das televisões, das rádios e dos jornais e escrevem notícias com todos os requisitos profissionais, de modo a facilitar a vida aos jornalistas”.

Sempre citando Barreto, esses ex-assessores “mentem de vez em quando. Exageram quase sempre. Organizam fugas de imprensa quando convém. Protestam contra as fugas de imprensa quando fica bem. Recompensam, com informação, os que se conformam. Castigam, com silêncio, os que prevaricaram. São as fontes. Que inundam ou secam.”

Continuando com António Barreto, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, “é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.

Confirmada “notícia” do Alto Hama

Tal como aqui foi dito (talvez, quem sabe?, em primeira mão) no dia 26 de Agosto («A propósito do Zé (Carmo)... o Zé (Saraiva)»), confirma-se que foi o José Carmo, repórter fotográfico do Jornal de Notícias, quem atropelou o carro em que seguia Pinto da Costa e não, como alguns malditos jornalistas disseram, o contrário.

... e Elisa Ferreira nada fez e pouco disse!

Em entrevista ao Público, Elisa Ferreira, candidata independente pelo PS à Câmara do Porto (Portugal), diz que não percebe como pode estar Rui Rio satisfeito com a situação da cidade quando nos seus bairros mais pobres há 115 mil pessoas que vivem das ajudas públicas e em cujas ruas se encontram "famílias onde as pessoas já perderam a noção do que é trabalhar".

Tem razão. Mas, como sempre, Elisa Ferreira sabe o que diz mas não diz (tudo) o que sabe.

Elegendo a competitividade e o emprego como vectores fundamentais do seu programa, Elisa reclama para a presidência da câmara o papel de pivot para acudir aos problemas de uma cidade em decadência económica, social e demográfica.

Pois. Pelo menos 181 jornalistas só das redacções do Porto de vários órgãos de comunicação social perderam o emprego nos últimos cinco anos, 54 dos quais no despedimento colectivo do grupo Controlinveste.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

Já agora, em honra de uma perdida (apesar de recente) memória, recorde-se que o esvaziamento das redacções do Porto, de vários órgãos de comunicação social, já vem acontecendo há algum tempo, acompanhado do encerramento de publicações sedeadas na cidade, como O Comércio do Porto.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

O Comércio do Porto, que era o diário mais antigo do país, foi encerrado em Julho de 2005 pelo grupo que então o detinha, os espanhóis da Prensa Ibérica, que acabou também com A Capital, um dos mais prestigiados títulos de Lisboa. No caso d' O Comércio do Porto perderam o emprego 50 jornalistas.

Dois anos antes, em 2003, a estação televisiva NTV, um canal regional do Porto criado em 2001 através de uma parceria entre a PT Multimédia e a RTP, dispensou também 25 dos 37 jornalistas contratados a termo certo, tendo acabado por desaparecer para dar origem à actual RTPN, que absorveu os restantes profissionais.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

Também em 2003 a Lusomundo Media/PT encerrou a redacção do Porto da revista Notícias Magazine, despedindo os quatro jornalistas que a compunham.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

Em 2006 foi a vez de o jornal Público iniciar um processo de rescisões que resultou na saída de 11 jornalistas no Porto (incluindo os correspondentes de Aveiro, Famalicão, Braga e Vila Real), enquanto o semanário Expresso dispensou, em Junho de 2007, dois jornalistas na redacção da cidade.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto?

A estes juntaram-se, em Agosto de 2008, mais 32 jornalistas de outros dos mais antigos diários portugueses, o portuense O Primeiro de Janeiro, alvo de um processo de despedimento colectivo.

E o que fez, ou disse, Elisa Ferreira sobre isto? E que fez Elisa Ferreira quando, este ano, jornalistas despedidos lhe pediram que assinasse um documento de solidariedade e de apelo? Pois é...

Angola (como não poderia deixar de ser)
ao seu melhor estilo de transparência...

«O presidente do Conselho de Administração da petrolífera angolana Sonangol e o embaixador de Angola em França estabeleceram um consórcio multimilionário com a companhia francesa Thales, para o fornecimento de equipamentos de comunicação às Forças Armadas Angolanas, apesar da legislação proibir a participação privada dos dois altos funcionários do Estado no negócio.»

Artigo de Rafael Marques de Morais no:

sábado, setembro 19, 2009

Sócrates quer portugueses não socialistas a pensar com a barriga que sabe estar vazia!

"Manuela Ferreira Leite voltou a referir-se ao medo, mas o único medo que eu sinto nas ruas é o medo de muitos portugueses que isto regresse ao passado”, afirmou hoje José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, num almoço muito participado em Buarcos (Figueira da Foz).

Se calhar os socialistas, ou pelo menos os socialistas deste PS, têm razão. Mas se eu e mais 600 mil portugueses regressássemos ao passado teríamos, ao menos, emprego.

E se hoje esses empregos são uma miragem, em grande parte se deve tanto à acção do governo socialista como à inaccção do governo... socialista.

O primeiro-ministro de Portugal, também secretário-geral do PS, teima em tratar os portugueses de segunda (todos os que não são do PS) como matumbos. Se calhar até terá alguma razão, tal é a carneirada que por aí se vê.

As promessas que agora faz, sem ter cumprido as que fez quando queria chegar ao poleiro, são prova inequívoca de que ele acredita que pondo os portugueses a pensar com a barriga, conseguirá nova vitória.

De facto, são cada vez mais o que pensam com a barriga. Desde logo porque entre Agosto de 2008 e igual mês deste ano os centros de emprego portugueses registaram, em média, um novo desempregado a cada quatro minutos...

Este José Sócrates é o mesmo que pôs os pensionistas com 500 euros a pagar IRS, que deu os mais baixos aumentos de pensões de que há memória na democracia, que recusou melhorar o subsídio de desemprego para os casais em que marido e mulher perderam o posto de trabalho e que recusou alargar o subsídio de desemprego para os jovens que há um ano tinham contrato e agora não têm.

José Sócrates devia ter "vergonha" (coisa que ele não sabe o que é) das promessas que fez e não cumpriu nos mais de quatro anos de Governo.