Por razões mais ou menos pessoais (que a razão conhece mas que, por agora, omite) o Alto Hama é obrigado a entrar em temporária hibernação. Tão rápido quanto possível voltará à ingénua luta de pôr o poder das ideias acima das ideias de poder. Obrigado.
quinta-feira, junho 23, 2011
sexta-feira, junho 17, 2011
Desde quando copiar é eticamente censurável?
O procurador-geral da República de Portugal, Pinto Monteiro, afirma que o copianço de futuros magistrados num teste é "eticamente censurável, lamentável e desprestigiante".
Nada disso. Num país onde todos se julgam uma espécie de Luciano Pavaroti tal é a qualidade do “play-back”, copiar não é censurável, lamentável ou desprestigiante. É, apenas isso, um espelho da sociedade.
"As qualidades principais para ser magistrado é a seriedade, o bom-senso e o equilíbrio afirmou Pinto Monteiro, ficando a dúvida sobre o país em que ele julga estar.
Pinto Monteiro considerou que esta situação "não abona em nada" à imagem da Justiça, mas disse que "é altura de parar com a especulação".
Sim. Nada de especular. Aliás, se o caso não tivesse sido noticiado... estaria tudo na santa paz de um país que tarda, se é que alguma vez lá vai chegar, em ser om Estado de Direito.
No despacho de 1 de Junho, assinado pela directora do Centro de Estudos Judiciários, a desembargadora Ana Luísa Geraldes, refere-se que na correcção do teste de Investigação Criminal e Gestão do Inquérito (ICGI) "verificou-se a existência de respostas coincidentes em vários grupos" de alunos da mesma sala.
E por falar em Pinto Monteiro, não posso deixar de recordar que foi o mesmo procurador-geral quem entendia (será que ainda pensa da mesma maneira?) que tentar controlar (ainda mais) a comunicação social não configurava um crime de atentado ao Estado de Direito.
Pinto Monteiro entendia, não é preciso saber a razão mas apenas acatá-la, que “o chamado caso das escutas, no processo Face Oculta, era meramente político”. Tão político made in Portugal que haver políticos a quererem controlar ainda mais a Imprensa não constituia matéria de facto que justificasse falar-se de um crime de atentado ao Estado de Direito.
A entrevista à revista “Visão” (Fevereiro do ano passado) era elucidativa quando à capacidade da justiça portuguesa abrir mais um buraco no fundo do poço, ainda por cima numa altura em que, ingenuamente, todos pensavam que Portugal já tinha batido no fundo.
Pinto Monteiro não tinha dúvidas e entendia que “eventuais propostas, sugestões, conversações sobre negociações que, hipoteticamente, tenham existido no caso em apreciação, não têm idoneidade para subverter o Estado de Direito”.
Ficam todos a saber, mesmo os que no Burkina Faso se preocupam com isto, que não é qualquer um, ou qualquer coisa, que pode subverter o Estado de Direito. E tal subversão só será admissível se existir idoneidade suficiente. Creio, por isso, é que José Sócrates estava, estava, está e estará tão descansado...
Pinto Monteiro considerava que a situação que se tem criado na opinião pública (estúpida, obviamente, que nem um calhau) representava uma “armadilha política” que utiliza o “velho esquema de se conseguir determinados fins políticos utilizando para tal processos judiciários e as instituições competentes”.
Tem razão. Mas, também aqui, deve haver os bons e os maus da fita. Tudo depende da idoneidade dos que usam “o velho esquema” e, é claro, também das instituições competentes.
O procurador estava na altura visivelmente chateado com os “comentadores de ocasião”, que sem idoneidade emitem “opiniões meramente políticas sob a capa de doutos pareceres”, esquecendo-se (o procurador) que afinal tentar controlar a comunicação social não é crime de atentado ao Estado de Direito.
Dizem-me que crime de atentado ao Estado de Direito é pensar com a própria cabeça, não ter coluna vertebral amovível, e achar que ninguém é dono da verdade. Se calhar é isso mesmo.
“Não encontrei, nem nenhum dos magistrados que comigo colaboraram encontraram indícios que apontem para o cometimento do crime de atentado ao Estado de Direito, que não foi certamente previsto para casos como este. As simples escutas não chegam, de forma alguma, para indiciar o cometimento do ilícito que era apontado”, sublinhou à Visão o procurador-geral.
E está dito. Se ninguém (dos que trabalham com Pinto Monteiro, entenda-se) encontrou índícios... é porque não os há. Outros magistrados pensam de maneira diferente, mas a esses falta a idoneidade que – tanto quanto parece – sobra a Pinto Monteiro.
"As qualidades principais para ser magistrado é a seriedade, o bom-senso e o equilíbrio afirmou Pinto Monteiro, ficando a dúvida sobre o país em que ele julga estar.
Pinto Monteiro considerou que esta situação "não abona em nada" à imagem da Justiça, mas disse que "é altura de parar com a especulação".
Sim. Nada de especular. Aliás, se o caso não tivesse sido noticiado... estaria tudo na santa paz de um país que tarda, se é que alguma vez lá vai chegar, em ser om Estado de Direito.
No despacho de 1 de Junho, assinado pela directora do Centro de Estudos Judiciários, a desembargadora Ana Luísa Geraldes, refere-se que na correcção do teste de Investigação Criminal e Gestão do Inquérito (ICGI) "verificou-se a existência de respostas coincidentes em vários grupos" de alunos da mesma sala.
E por falar em Pinto Monteiro, não posso deixar de recordar que foi o mesmo procurador-geral quem entendia (será que ainda pensa da mesma maneira?) que tentar controlar (ainda mais) a comunicação social não configurava um crime de atentado ao Estado de Direito.
Pinto Monteiro entendia, não é preciso saber a razão mas apenas acatá-la, que “o chamado caso das escutas, no processo Face Oculta, era meramente político”. Tão político made in Portugal que haver políticos a quererem controlar ainda mais a Imprensa não constituia matéria de facto que justificasse falar-se de um crime de atentado ao Estado de Direito.
A entrevista à revista “Visão” (Fevereiro do ano passado) era elucidativa quando à capacidade da justiça portuguesa abrir mais um buraco no fundo do poço, ainda por cima numa altura em que, ingenuamente, todos pensavam que Portugal já tinha batido no fundo.
Pinto Monteiro não tinha dúvidas e entendia que “eventuais propostas, sugestões, conversações sobre negociações que, hipoteticamente, tenham existido no caso em apreciação, não têm idoneidade para subverter o Estado de Direito”.
Ficam todos a saber, mesmo os que no Burkina Faso se preocupam com isto, que não é qualquer um, ou qualquer coisa, que pode subverter o Estado de Direito. E tal subversão só será admissível se existir idoneidade suficiente. Creio, por isso, é que José Sócrates estava, estava, está e estará tão descansado...
Pinto Monteiro considerava que a situação que se tem criado na opinião pública (estúpida, obviamente, que nem um calhau) representava uma “armadilha política” que utiliza o “velho esquema de se conseguir determinados fins políticos utilizando para tal processos judiciários e as instituições competentes”.
Tem razão. Mas, também aqui, deve haver os bons e os maus da fita. Tudo depende da idoneidade dos que usam “o velho esquema” e, é claro, também das instituições competentes.
O procurador estava na altura visivelmente chateado com os “comentadores de ocasião”, que sem idoneidade emitem “opiniões meramente políticas sob a capa de doutos pareceres”, esquecendo-se (o procurador) que afinal tentar controlar a comunicação social não é crime de atentado ao Estado de Direito.
Dizem-me que crime de atentado ao Estado de Direito é pensar com a própria cabeça, não ter coluna vertebral amovível, e achar que ninguém é dono da verdade. Se calhar é isso mesmo.
“Não encontrei, nem nenhum dos magistrados que comigo colaboraram encontraram indícios que apontem para o cometimento do crime de atentado ao Estado de Direito, que não foi certamente previsto para casos como este. As simples escutas não chegam, de forma alguma, para indiciar o cometimento do ilícito que era apontado”, sublinhou à Visão o procurador-geral.
E está dito. Se ninguém (dos que trabalham com Pinto Monteiro, entenda-se) encontrou índícios... é porque não os há. Outros magistrados pensam de maneira diferente, mas a esses falta a idoneidade que – tanto quanto parece – sobra a Pinto Monteiro.
O importante em Portugal é dizer o que se pensa que o chefe do posto quer que se pense
Porque muitos, cada vez mais, fogem sem pensar, é preciso que alguns (cada vez menos) pensem sem fugir, mesmo quando lhes encostam uma pistola à cabeça, mesmo quando são obrigados e pensar com a barriga... vazia.
Quando será que em Portugal veremos trabalhadores, administradores, gestores, políticos, a serem avaliados de forma objectiva e imparcial, sem que para essa avaliação conte o cartão do partido, os jantares com o chefe ou a prenda de anos no aniversário do director?
É claro que todos devem ser avaliados pelo mérito, sendo que este é perfeitamente mensurável e não necessita de análises subjectivas. Acresce que só quem for competente pode avaliar a competência. Digo eu, na inocência de quem julga viver num Estado de Direito.
Ora, como cada vez mais a competência é – em Portugal - substituída pela subserviência, não adianta instituir do ponto de vista legal o primado da transparência quando todos os seus agentes são opacos.
O tecido laboral em Portugal está a mudar? Está. Durante muitos anos, as avaliações laborais (fossem nas empresas do Estado ou nas privadas) pareciam sérias mas não eram. Hoje não parecem nem são. É o mesmo que se passa com a política, nomeadamente no bacanal colectivo que tem sido o Parlamento onde, mesmo com as eleições do passado dia 5, vamos ver que, com a excepção de uma ou outra mosca, a merda vai continuar a mesma.
Hoje, nas empresas do Estado ou nas privadas, nos organismos públicos e na actividade política, o ambiente é de valorização exponencial do aparente, do faz de conta, do travesti profissional que veste a farda que mais jeito dá ao capataz que está acima.
Não admira por isso que, na eventualidade (rara, raríssima) de alguém questionar o veredicto superior (tão superior quanto a sua similitude com os camaleões) corre o risco de ver a avaliação reduzida ainda mais. Reduções, é claro, proporcionais às vezes que ousar questionar o dono da verdade.
O presente foi, basta ver o exemplo do ex-chefe do reino socialista e dos seus vassalos, de todos aqueles que às segundas, quartas e sextas elogiam o chefe, às terças, quintas e sábados o director e ao domingo esboçam elogios a quem pensam que possa vir a ser chefe , director ou primeiro-ministro.
Esperemos, entretanto, para ver se com o novo governo PSD/CDS a coisa vai ser diferente. Não creio. Mas, claro, não custa dar o benefício da dúvida, nem que seja para um dias destes concluir que, mais uma vez, em Portugal ninguém vai querer saber que o “stradivarius” que julgam ter é, afinal, feito com latas de sardinha e foi comprado na Feira da Vandoma, no Porto.
Pelo meio deste circuito aparecem sempre os sipaios que acalentam a esperança de um dia serem chefes de posto e que, no cumprimento de ordens superiores, passam ao papel a avaliação pré-determinada, mesmo que no lugar da assinatura tenham de pôr a impressão… digital.
É claro que todos devem ser avaliados pelo mérito, sendo que este é perfeitamente mensurável e não necessita de análises subjectivas. Acresce que só quem for competente pode avaliar a competência. Digo eu, na inocência de quem julga viver num Estado de Direito.
Ora, como cada vez mais a competência é – em Portugal - substituída pela subserviência, não adianta instituir do ponto de vista legal o primado da transparência quando todos os seus agentes são opacos.
O tecido laboral em Portugal está a mudar? Está. Durante muitos anos, as avaliações laborais (fossem nas empresas do Estado ou nas privadas) pareciam sérias mas não eram. Hoje não parecem nem são. É o mesmo que se passa com a política, nomeadamente no bacanal colectivo que tem sido o Parlamento onde, mesmo com as eleições do passado dia 5, vamos ver que, com a excepção de uma ou outra mosca, a merda vai continuar a mesma.
Hoje, nas empresas do Estado ou nas privadas, nos organismos públicos e na actividade política, o ambiente é de valorização exponencial do aparente, do faz de conta, do travesti profissional que veste a farda que mais jeito dá ao capataz que está acima.
Não admira por isso que, na eventualidade (rara, raríssima) de alguém questionar o veredicto superior (tão superior quanto a sua similitude com os camaleões) corre o risco de ver a avaliação reduzida ainda mais. Reduções, é claro, proporcionais às vezes que ousar questionar o dono da verdade.
O presente foi, basta ver o exemplo do ex-chefe do reino socialista e dos seus vassalos, de todos aqueles que às segundas, quartas e sextas elogiam o chefe, às terças, quintas e sábados o director e ao domingo esboçam elogios a quem pensam que possa vir a ser chefe , director ou primeiro-ministro.
Esperemos, entretanto, para ver se com o novo governo PSD/CDS a coisa vai ser diferente. Não creio. Mas, claro, não custa dar o benefício da dúvida, nem que seja para um dias destes concluir que, mais uma vez, em Portugal ninguém vai querer saber que o “stradivarius” que julgam ter é, afinal, feito com latas de sardinha e foi comprado na Feira da Vandoma, no Porto.
Pelo meio deste circuito aparecem sempre os sipaios que acalentam a esperança de um dia serem chefes de posto e que, no cumprimento de ordens superiores, passam ao papel a avaliação pré-determinada, mesmo que no lugar da assinatura tenham de pôr a impressão… digital.
quarta-feira, junho 15, 2011
É foleiro, mas é porreiro, pá! Ou uma
nova versão de "manso é a tua tia, pá!"
Francisco Assis, um dos candidatos a líder do PS e (ainda) presidente do grupo parlamentar, contrariou hoje as declarações de dois deputados do PS que davam, ou dão, como certo o recurso para o Tribunal Constitucional na questão dos votos do Brasil.
Pode parecer uma situação foleira que está a fazer salivar os que (ainda) acreditam no Partido Socialista. Mas não. No fim todos vão gritar “porreiro, pá!”
"Pela nossa parte não haverá atrasos à formação de um novo Governo", afirmou Francisco Assis, seguro – dizia ele - que os socialistas não recorrerão ao Tribunal Constitucional.
"Vamos apresentar um protesto junto da mesa da assembleia eleitoral, mas já anunciámos a intenção de não avançar com nenhum recurso para o Tribunal Constitucional", acrescentou Assis, quase parecendo – também nesta questão - Said Al-Sahaf, um dos mais castiços ministros de Saddam Hussein.
Quem não estava, ou está, pelos ajustes é o deputado José Lello que, salivando de raiva, garantiu que os socialistas vão pedir a impugnação dos votos do Brasil.
"Pela nossa parte não haverá atrasos à formação de um novo Governo", afirmou Francisco Assis, seguro – dizia ele - que os socialistas não recorrerão ao Tribunal Constitucional.
"Vamos apresentar um protesto junto da mesa da assembleia eleitoral, mas já anunciámos a intenção de não avançar com nenhum recurso para o Tribunal Constitucional", acrescentou Assis, quase parecendo – também nesta questão - Said Al-Sahaf, um dos mais castiços ministros de Saddam Hussein.
Quem não estava, ou está, pelos ajustes é o deputado José Lello que, salivando de raiva, garantiu que os socialistas vão pedir a impugnação dos votos do Brasil.
Com o seu habitual estilo, mas cada vez mais foleiro, José Lello puxa dos galões (não sei quais são, mas deve ter alguns) para ameaçar que se o PSD forçar a validação desses votos, o PS levará o assunto ao Tribunal Constitucional "com todas as implicações inerentes", ou seja, atrasando a posse para 25 de Junho.
Será que José Lello vai dizer que Francisco Assis é “manso”? Será que na resposta, parafraseando José Sócrates, Assis vai afirmar "manso é a tua tia, pá!"?
Será que José Lello vai dizer que Francisco Assis é “manso”? Será que na resposta, parafraseando José Sócrates, Assis vai afirmar "manso é a tua tia, pá!"?
Subscrevo!
«Andou hoje parte da blogosfera preocupada com um artigo de Pezarat Correia que, alegadamente, terá sido censurado pelo DN.
Provavelmente, Pezarat Correia não foi censurado. Até porque o bom senso da opinião, mesmo que possa não colher maioria, é suave… Desconheço os pormenores. Mas, provavelmente, aconteceu a Pezarat Correia exactamente o mesmo que, no início deste mês, sucedeu a autores como Alice Vieira, Óscar Mascarenhas e Honório Novo, pelo menos, presenteados, com uma carta, do tipo circular, em tom intimista, como se lê no Clube de Jornalistas.
A carta, já da era da nova Direcção do JN – formada por Manuel Tavares, Alfredo Leite, Fernando Santos, Ana Sousa Dias, Jorge Fiel e Paulo Ferreira –, reza assim:
O “Jornal de Notícias” inicia uma nova etapa da sua longa e memorável existência com novos objectivos e novas âncoras conforme “o nosso compromisso”, publicado no dia do 123º aniversário do nosso jornal.
O JN necessita de voltar a ter um grande foco nas razões de proximidade que fizeram dele mais que um jornal, o sítio onde as pessoas encontravam refúgio e ganhavam voz para os grandes desafios e trabalheiras do quotidiano.
Uma das tarefas que a Direcção editorial, e eu próprio, temos, desde já, pela frente é a de aconchegar a opinião que é publicada pelo JN a estas razões de proximidade, pelo que vamos reduzir drasticamente as colunas de opinião produzidas no exterior do ambiente das nossas Redacções do Porto e Lisboa e em contrapartida fazer crescer as análises dos nossos jornalistas a propósito dos temas e assuntos noticiados.
Reconheço que perder a opinião da minha Cara Alice Vieira é seguramente um risco inerente à qualidade do pensamento e da escrita que assina e muito tem honrado o JN, mas há uma nova aposta que vale a pena ser vivida em nome de um jornalismo e de um jornal mais próximo das nossas gentes sem deixar de olhar todos os horizontes.
Cara Alice Vieira, a interrupção da nossa parceria não significa que o JN deixe de ouvir as suas opiniões a propósito dos vários temas e assuntos da vida real que continuaremos a noticiar e a tentar aprofundar na busca de todas as explicações e também das boas causas.
E porque esta não é uma despedida, gostaria que continuasse a considerar o JN como a sua casa e que sempre que lhe aprouvesse abrisse a porta e me viesse visitar. Sem ter de se anunciar, que é o modo de receber os amigos.
O Director
Manuel Tavares
É sobre este teor que não resisto a contar um episódio que me chegou precisamente hoje. Há anos, durante uma conversa/discussão de jornalistas em serviço durante um congresso do Partido Socialista, um jornalista referiu o verbo “aconchegar” e o outro atirou-se-lhe como o gato ao bofe, gritando que “aconchegar” era mesmo coisa de gajo, de tanto o fazerem aos tomates…
Quem não percebeu pode voltar atrás, e ler o texto da “carta”.
Quem percebeu fica a saber, para já, se é que o ignora, que sou um dos visados no manifesto dos 122, que por acaso foram 123. E acrescento ainda que factos como estes não são mais do que o prolongamento de passadas seguras, antigas e actuais, rumo à descaracterização dos títulos da Controlinveste.
Hoje da Controlinveste, hoje e amanhã de outro qualquer grupo de Comunicação Social. Tudo feito, claro está, em nome da optimização de recursos, ou da contenção de custos. Sempre, rumo ao silenciamento das vozes dissonantes. Ainda que sob a melhor capa das boas intenções.»
terça-feira, junho 14, 2011
A Mona Lisa do reino angolano
«A Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci, é provavelmente a pintura mais famosa do mundo! O quadro de Da Vinci tornou-se a maior referência em obras de artes que o mundo já viu. O quadro é pequeno (77 x 53 cm). Contudo há quase quinhentos anos a Mona Lisa vem inspirando um pouco de tudo:
Poemas, canções, pinturas, esculturas, romances, mitos, boatos, falsificações e roubos, e hoje em dia seu rosto aparece em incontáveis anúncios comerciais no mundo inteiro.
Quanto a essa Mona Lisa, ponto parágrafo. Entretanto, uma nova Mona Lisa desenhada por um “pintor” que nasceu pobre (e que, talvez comesse peixe podre e apanhasse porrada se refilasse), ja é neste momento o rosto de Angola. Trata-se de Isabel dos Santos, a mãe-grande dos negócios em Angola.
A nossa Mona Lisa, é filha do presidente angolano, (sim!! o pobre, esse mesmo que forjou a sua personalidade nos bairros pobres de Luanda, funcionário publico desde 1978 e pelo que sabemos publicamente, os seus ganhos provem do ordenado e da cubata que a sua mãe deixou no Sambizanga).
A angolana Isabel dos Santos está entre as nove mulheres africanas mais ricas, de acordo com a revista Forbes, numa lista onde as restantes oito fortunas pertencem a sul-africanas.
Segundo dizem, Isabel dos Santos começou a despontar nos meados dos anos 90, após o regresso de Londres. Começou como empregada de limpeza, hum!? isso mesmo!! Foi o primeiro emprego que o pai lhe atribui; limpar Luanda através da Urbana 2000. hum!!
A Elisal não aguentava os montes de lixo que nasciam (e continuam a nascer) em Luanda como cogumelos, então o pai confiando nos conhecimentos em gestão de empresas que a filha trouxe de Londres, passou-lhe a Urbana 2000. O contratos rondava os 10 milhões de dólares anuais.
A nossa Mona Lisa depressa vingou nos negócios. Em 2001 lançou, via Geni, a Unitel, empresa privada de comunicações móveis, onde tem como sócios a Portugal Telecom e a Sonangol.
Em 2005, lançou em Angola o Banco Internacional de Crédito (BIC) juntamente com Américo Amorim e outros sócios como Fernando Telles, presidente da instituição, e Sebastião Lavrador, ex-governador do Banco Nacional de Angola.
Entrou em Portugal e investiu como nenhum outro estrangeiro o fez. Isabel dos Santos é accionista da Zon e sócia da PT, é accionista do BPI e sócia do BES, é accionista da Galp e cruza com a Sonangol na EDP. As relações com empresas portuguesas alargam-se ainda à Caixa, Totta, BPN e Mota-Engil, Claro, não é fácil perceber ao certo até onde é que, neste país, se alargaram os seus negócios.
E é dentro deste universo financeiro que o “mito” Isabel dos Santos vai se revelando, ela é neste momento um génio das finanças, apesar de formada em engenharia electrotécnica.
Quem é que ela representa de facto? O pai? Os clãs do futungo? Senão vejamos; a maioria dos seus sócios fazem parte do núcleo restrito que tem acesso ao seu pai, e só isso explica parte da mitólogia Isabeleana.
Como explicar a entrada forçosa da empresária em negócios chaves; por exemplo a saida da SPE do Projecto Camutué (Diamante) e a entrada da ADC detida pelo empresário Noé Baltazar e Isabel dos Santos?
Quem forçou a saída da Teixeira Duarte na Cimangola para impor a entrada de Américo Amorim, ao qual se associou com Isabel dos Santos na holding Ciminvest?
E mais, como explicar a entrada da Unitel no BFA quando faltavam dias para o BPI assinar com Sonangol a compra de 49,9% do Banco de Fomento Angola?
Como vemos, a nossa Mona Lisa, é a face visivél da oligarquia angolana, e está no núcleo económico do pais, deste telecomunição, banca, diamantes, petróleo a imobiliários.
O mais enigmático da nossa Mona Lisa não é o seu sorriso, tal como a da verdadeira Mona Lisa, mas sim a riqueza que ela ostenta e facilidade de fazer negócios, que ja é considerado um dois maiores império financeiro de Angola.
E como alguém escreveu; com a influência de um pai como presidente de um pais tão rico como Angola qualquer um arrisca-se a figurar na lista da Forbes. Enquanto a princesa e uns poucos cronies do presidente enriquececem escandalosamente, a maioria do povo vive na miséria. Saudades de Agostinho Neto, esse podia ser totalitário mas não admitia corrupção nem patrimonialismos.
Qual é o segredo que torna a nossa Mona Lisa dona de todos os adjectivos positivos; é “uma boa empresária”, “extremamente dinâmica e inteligente”, “profissional” é, “correcta”, além de “afável”, “simpática” e “bonita”?
A resposta reside em Leonardo da Vinci, oh! desculpa em José Eduardo dos Santos, o autor desta magnifica obra de arte do mundo empresarial. Enquanto o verdadeiro Leonardo da Vinci é reverenciado por sua engenhosidade tecnológica; concebeu ideias muito à frente de seu tempo, como um helicóptero, um tanque de guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações, etc. o nosso Da Vinci é reverenciado pela sua arte de manipulação, astúcia, corrupção e roubo de estado.
Dizem ser um grande negociador, razão pela qual os grandes negócios em Angola estão ligados à nomenklatura do Estado, aos nomes relacionados com o poder politico e o regime. Portanto, Isabel dos Santos é o expoente máximo de um Estado engolido pela corrupção, tráfico de influência, amiguismo e cabritismo. Isabel dos Santos já mais poderá provar qual foi o seu CAPITAL INICIAL. É que nestes negócios de milhões nunca é referida a origem do dinheiro destes investimentos.
Aqui vãos alguns negócios onde a nossa Mona Lisa tem suas impressões digitais: Zon Multimédia, SOCIP Zon, BPI, BIC Portugal, BAI – Banco Africano de Investimento, Galp, Ciminvest (Nova Cimangola), Green Cyber Isabel, BESA, UNITEL, IDUNA, SAGRIPEK, TERRA VERDE, TAIS, ADC, ASCORP, SODIAM/LKI, GRUPO LEV LEVIEV e OMSI.»
A nossa Mona Lisa, é filha do presidente angolano, (sim!! o pobre, esse mesmo que forjou a sua personalidade nos bairros pobres de Luanda, funcionário publico desde 1978 e pelo que sabemos publicamente, os seus ganhos provem do ordenado e da cubata que a sua mãe deixou no Sambizanga).
A angolana Isabel dos Santos está entre as nove mulheres africanas mais ricas, de acordo com a revista Forbes, numa lista onde as restantes oito fortunas pertencem a sul-africanas.
Segundo dizem, Isabel dos Santos começou a despontar nos meados dos anos 90, após o regresso de Londres. Começou como empregada de limpeza, hum!? isso mesmo!! Foi o primeiro emprego que o pai lhe atribui; limpar Luanda através da Urbana 2000. hum!!
A Elisal não aguentava os montes de lixo que nasciam (e continuam a nascer) em Luanda como cogumelos, então o pai confiando nos conhecimentos em gestão de empresas que a filha trouxe de Londres, passou-lhe a Urbana 2000. O contratos rondava os 10 milhões de dólares anuais.
A nossa Mona Lisa depressa vingou nos negócios. Em 2001 lançou, via Geni, a Unitel, empresa privada de comunicações móveis, onde tem como sócios a Portugal Telecom e a Sonangol.
Em 2005, lançou em Angola o Banco Internacional de Crédito (BIC) juntamente com Américo Amorim e outros sócios como Fernando Telles, presidente da instituição, e Sebastião Lavrador, ex-governador do Banco Nacional de Angola.
Entrou em Portugal e investiu como nenhum outro estrangeiro o fez. Isabel dos Santos é accionista da Zon e sócia da PT, é accionista do BPI e sócia do BES, é accionista da Galp e cruza com a Sonangol na EDP. As relações com empresas portuguesas alargam-se ainda à Caixa, Totta, BPN e Mota-Engil, Claro, não é fácil perceber ao certo até onde é que, neste país, se alargaram os seus negócios.
E é dentro deste universo financeiro que o “mito” Isabel dos Santos vai se revelando, ela é neste momento um génio das finanças, apesar de formada em engenharia electrotécnica.
Quem é que ela representa de facto? O pai? Os clãs do futungo? Senão vejamos; a maioria dos seus sócios fazem parte do núcleo restrito que tem acesso ao seu pai, e só isso explica parte da mitólogia Isabeleana.
Como explicar a entrada forçosa da empresária em negócios chaves; por exemplo a saida da SPE do Projecto Camutué (Diamante) e a entrada da ADC detida pelo empresário Noé Baltazar e Isabel dos Santos?
Quem forçou a saída da Teixeira Duarte na Cimangola para impor a entrada de Américo Amorim, ao qual se associou com Isabel dos Santos na holding Ciminvest?
E mais, como explicar a entrada da Unitel no BFA quando faltavam dias para o BPI assinar com Sonangol a compra de 49,9% do Banco de Fomento Angola?
Como vemos, a nossa Mona Lisa, é a face visivél da oligarquia angolana, e está no núcleo económico do pais, deste telecomunição, banca, diamantes, petróleo a imobiliários.
O mais enigmático da nossa Mona Lisa não é o seu sorriso, tal como a da verdadeira Mona Lisa, mas sim a riqueza que ela ostenta e facilidade de fazer negócios, que ja é considerado um dois maiores império financeiro de Angola.
E como alguém escreveu; com a influência de um pai como presidente de um pais tão rico como Angola qualquer um arrisca-se a figurar na lista da Forbes. Enquanto a princesa e uns poucos cronies do presidente enriquececem escandalosamente, a maioria do povo vive na miséria. Saudades de Agostinho Neto, esse podia ser totalitário mas não admitia corrupção nem patrimonialismos.
Qual é o segredo que torna a nossa Mona Lisa dona de todos os adjectivos positivos; é “uma boa empresária”, “extremamente dinâmica e inteligente”, “profissional” é, “correcta”, além de “afável”, “simpática” e “bonita”?
A resposta reside em Leonardo da Vinci, oh! desculpa em José Eduardo dos Santos, o autor desta magnifica obra de arte do mundo empresarial. Enquanto o verdadeiro Leonardo da Vinci é reverenciado por sua engenhosidade tecnológica; concebeu ideias muito à frente de seu tempo, como um helicóptero, um tanque de guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações, etc. o nosso Da Vinci é reverenciado pela sua arte de manipulação, astúcia, corrupção e roubo de estado.
Dizem ser um grande negociador, razão pela qual os grandes negócios em Angola estão ligados à nomenklatura do Estado, aos nomes relacionados com o poder politico e o regime. Portanto, Isabel dos Santos é o expoente máximo de um Estado engolido pela corrupção, tráfico de influência, amiguismo e cabritismo. Isabel dos Santos já mais poderá provar qual foi o seu CAPITAL INICIAL. É que nestes negócios de milhões nunca é referida a origem do dinheiro destes investimentos.
Aqui vãos alguns negócios onde a nossa Mona Lisa tem suas impressões digitais: Zon Multimédia, SOCIP Zon, BPI, BIC Portugal, BAI – Banco Africano de Investimento, Galp, Ciminvest (Nova Cimangola), Green Cyber Isabel, BESA, UNITEL, IDUNA, SAGRIPEK, TERRA VERDE, TAIS, ADC, ASCORP, SODIAM/LKI, GRUPO LEV LEVIEV e OMSI.»
Com que então era a «hora de quem não foge»?
Francisco Assis, um dos candidatos ao lugar do ainda sumo pontífice socialista, José Sócrates, defendeu no comício de Matosinhos (o PS chamou-lhe Congresso) que era “importante que José Sócrates fosse primeiro-ministro, porque uma coisa era ser ele a negociar com as instituições europeias e com o FMI, outra coisa era ser a direita liberal a fazê-lo”.
O então líder parlamentar do PS e que liderou as listas do Porto à Assembleia da República, acusou o PSD de apregoar a política do FMI “antes do FMI chegar”.
“O PSD e uma parte substancial da direita não aceitaram os últimos resultados eleitorais e estiveram sempre à espera para provocar eleições”, afirmou na altura Francisco Assis.
Ao seu melhor estilo, Francisco (Said Al-Sahaf) Assis garantiu nessa altura em que José Sócrates ainda não tinha passado de bestial a besta: “Estarei sempre contigo nesta tua luta”.
Não foi bem assim, mas quase. Agora só falta Sócrates dizer para Assis: “Estarei sempre contigo nesta tua luta”.
Como candidato da continuidade, Francisco (Said Al-Sahaf) Assis disse logo na altura algo que definiu a estratégia de José Sócrates nos últimos anos, ou seja, dizer às segundas, quartas e sexas umma coisa, e às terças, quintas e sábados outra diferente.
Foi nesse altura que, superando os habituais arautos das profecias socialistas (Santos Silva, José Junqueiro, Pedro Silva Pereira etc.), Francisco Assis disse: “Esta é a hora de quem não está aqui para calculismos, esta é a hora da coragem, esta é a hora de quem não foge”.
Terminado o discurso, Assis e Sócrates trocaram um abraço. Poucos momentos depois, começou a exibição de um filme sobre a história do PS, ao som de «That’s what friends are for» (É para isso que servem os amigos).
Assim sendo, e mais uma vez, o PS vai limitar-se a nem mudar as moscas...
“O PSD e uma parte substancial da direita não aceitaram os últimos resultados eleitorais e estiveram sempre à espera para provocar eleições”, afirmou na altura Francisco Assis.
Ao seu melhor estilo, Francisco (Said Al-Sahaf) Assis garantiu nessa altura em que José Sócrates ainda não tinha passado de bestial a besta: “Estarei sempre contigo nesta tua luta”.
Não foi bem assim, mas quase. Agora só falta Sócrates dizer para Assis: “Estarei sempre contigo nesta tua luta”.
Como candidato da continuidade, Francisco (Said Al-Sahaf) Assis disse logo na altura algo que definiu a estratégia de José Sócrates nos últimos anos, ou seja, dizer às segundas, quartas e sexas umma coisa, e às terças, quintas e sábados outra diferente.
Foi nesse altura que, superando os habituais arautos das profecias socialistas (Santos Silva, José Junqueiro, Pedro Silva Pereira etc.), Francisco Assis disse: “Esta é a hora de quem não está aqui para calculismos, esta é a hora da coragem, esta é a hora de quem não foge”.
Terminado o discurso, Assis e Sócrates trocaram um abraço. Poucos momentos depois, começou a exibição de um filme sobre a história do PS, ao som de «That’s what friends are for» (É para isso que servem os amigos).
Assim sendo, e mais uma vez, o PS vai limitar-se a nem mudar as moscas...
De Macau a Cabinda, do Minho a Timor
Cavaco Silva mostra-se preocupado com o presente. Creio que não se lembra do passado, mesmo daquele em que foi protagonista. Muito menos se lembrará dos tempos anteriores ao 25 de Abril de 1974. Mas como (ainda) há memória...
«No dia 20 de Dezembro de 1999, Portugal punha termo, de forma digna, em paz consigo e com a sua História, ao ciclo imperial que perdurara por mais de metade da sua vida de Nação multissecular» afirmou o presidente da República de Portugal, Cavaco Silva.
A que propósito? A propósito do passado, isto é, falava na Sessão Solene Evocativa do 10º Aniversário da Transferência da Administração Portuguesa de Macau.
Bem vistas as coisas, sempre que convém alguém com responsabilidades políticas recorre à História para explicar algumas teorias. Pena é que haja em Portugal uma História de primeira (a relativa a Macau, por exemplo) e uma de segunda (a que respeita a Cabinda, por exemplo).
«A Administração Portuguesa deixava o Território justificadamente orgulhosa de um legado notável, assente numa organização administrativa capaz e respeitada e num corpo legislativo sólido e abrangente, em harmonia com as garantias que haviam sido dadas aos habitantes de Macau e com as expectativas que lhes haviam sido criadas», afirmou Cavaco Silva.
No entanto, Cavaco Silva esquece-se de outras “garantias que haviam sido dadas aos habitantes” de Cabinda, embora – como em Macau - “as expectativas que lhes haviam sido criadas” fossem igualmente importantes, diria mesmo vitais.
«A tudo presidira, segundo Cavaco Silva, uma visão estratégica que soube reconhecer o potencial de Macau como plataforma privilegiada no quadro da política de abertura ao mundo que a China havia iniciado e como factor de aproximação entre Portugal e a China”.
É verdade. Mas também é verdade que se não fosse a cobardia dos subscritores dos Acordos de Alvor e, também, a não menor cobardia dos que se lhes seguiram, Cabinda poderia ser igualmente uma “plataforma privilegiada no quadro da política de abertura ao mundo” de uma outra Lusofonia, esta assente nos valores humanos e não apenas no potencial petrolífero.
“E assim, caso raríssimo e exemplar, dois países, Portugal e a China, chamados a resolver uma questão bilateral complexa e delicada, de grande sensibilidade para ambos, concluíram-na muito mais próximos um do outro do que quando lhe haviam dado início”, reflectiu Cavaco Silva.
Subentendo que, com razão, Cavaco Silva considera que foi mais fácil negociar com a China do que seria, e ainda terá de ser, com Angola. E isso acontece porque Portugal esteve de pé nas negociações com a China. Já com Angola esteve e está de joelhos.
“Quiseram as circunstâncias que tivesse cabido a um Governo a que presidi dar início às negociações que culminaram na Declaração Conjunta sobre Macau. Tal como me coube subscrevê-la, em nome do meu país, em 13 de Abril de 1987, em Pequim, por ocasião daquela que foi a primeira Visita Oficial de um Chefe de Governo de Portugal à República Popular da China”, recordou, orgulhoso, Cavaco Silva.
Pena é que, quanto a Cabinda, seja como líder do PSD, primeiro-ministro, presidente da República, Cavaco Silva tenha permitido que o lixo escondido em 1974 e 1975 pelas autoridades portuguesas continue, impávido e sereno, debaixo do tapete.
“Foram tempos que não esqueço. Recordo-me bem de ter sublinhado, no discurso que pronunciei nessa ocasião, que há momentos em que temos a consciência de estar a ser escrita uma página da História. Foi precisamente isso que sucedeu”, afirmou Cavaco Silva a propósito de Macau.
E se assim foi em relação a Macau, porque será que agora falta “a consciência de estar a ser escrita uma página da História” sobre dois povos (angolanos e cabindas) que estiveram, em moldes diferentes, sob a égide de Portugal?
Cavaco Silva disse também que “continuo a pensar, no entanto, que a melhor forma de estarmos à altura do que soubemos construir no passado é projectando-o no futuro”.
É isso aí. Mas, no caso de Cabinda, Portugal não está à altura do que construiu no passado quando conseguiu dar luz ao mundo, limitando-se agora a gerir a mediocridade dos seus agentes políticos que cada vez mais longe estão de ser estadistas.
A que propósito? A propósito do passado, isto é, falava na Sessão Solene Evocativa do 10º Aniversário da Transferência da Administração Portuguesa de Macau.
Bem vistas as coisas, sempre que convém alguém com responsabilidades políticas recorre à História para explicar algumas teorias. Pena é que haja em Portugal uma História de primeira (a relativa a Macau, por exemplo) e uma de segunda (a que respeita a Cabinda, por exemplo).
«A Administração Portuguesa deixava o Território justificadamente orgulhosa de um legado notável, assente numa organização administrativa capaz e respeitada e num corpo legislativo sólido e abrangente, em harmonia com as garantias que haviam sido dadas aos habitantes de Macau e com as expectativas que lhes haviam sido criadas», afirmou Cavaco Silva.
No entanto, Cavaco Silva esquece-se de outras “garantias que haviam sido dadas aos habitantes” de Cabinda, embora – como em Macau - “as expectativas que lhes haviam sido criadas” fossem igualmente importantes, diria mesmo vitais.
«A tudo presidira, segundo Cavaco Silva, uma visão estratégica que soube reconhecer o potencial de Macau como plataforma privilegiada no quadro da política de abertura ao mundo que a China havia iniciado e como factor de aproximação entre Portugal e a China”.
É verdade. Mas também é verdade que se não fosse a cobardia dos subscritores dos Acordos de Alvor e, também, a não menor cobardia dos que se lhes seguiram, Cabinda poderia ser igualmente uma “plataforma privilegiada no quadro da política de abertura ao mundo” de uma outra Lusofonia, esta assente nos valores humanos e não apenas no potencial petrolífero.
“E assim, caso raríssimo e exemplar, dois países, Portugal e a China, chamados a resolver uma questão bilateral complexa e delicada, de grande sensibilidade para ambos, concluíram-na muito mais próximos um do outro do que quando lhe haviam dado início”, reflectiu Cavaco Silva.
Subentendo que, com razão, Cavaco Silva considera que foi mais fácil negociar com a China do que seria, e ainda terá de ser, com Angola. E isso acontece porque Portugal esteve de pé nas negociações com a China. Já com Angola esteve e está de joelhos.
“Quiseram as circunstâncias que tivesse cabido a um Governo a que presidi dar início às negociações que culminaram na Declaração Conjunta sobre Macau. Tal como me coube subscrevê-la, em nome do meu país, em 13 de Abril de 1987, em Pequim, por ocasião daquela que foi a primeira Visita Oficial de um Chefe de Governo de Portugal à República Popular da China”, recordou, orgulhoso, Cavaco Silva.
Pena é que, quanto a Cabinda, seja como líder do PSD, primeiro-ministro, presidente da República, Cavaco Silva tenha permitido que o lixo escondido em 1974 e 1975 pelas autoridades portuguesas continue, impávido e sereno, debaixo do tapete.
“Foram tempos que não esqueço. Recordo-me bem de ter sublinhado, no discurso que pronunciei nessa ocasião, que há momentos em que temos a consciência de estar a ser escrita uma página da História. Foi precisamente isso que sucedeu”, afirmou Cavaco Silva a propósito de Macau.
E se assim foi em relação a Macau, porque será que agora falta “a consciência de estar a ser escrita uma página da História” sobre dois povos (angolanos e cabindas) que estiveram, em moldes diferentes, sob a égide de Portugal?
Cavaco Silva disse também que “continuo a pensar, no entanto, que a melhor forma de estarmos à altura do que soubemos construir no passado é projectando-o no futuro”.
É isso aí. Mas, no caso de Cabinda, Portugal não está à altura do que construiu no passado quando conseguiu dar luz ao mundo, limitando-se agora a gerir a mediocridade dos seus agentes políticos que cada vez mais longe estão de ser estadistas.
domingo, junho 12, 2011
Falar, ele fala. Agir é que não!
Na sua mensagem de ano novo, em 1 de Janeiro de 2010, dirigida aos portugueses onde, penso, terá incluído os dois milhões (20%) de pobres e os mais – na altura - de 600 mil desempregados, Cavaco Silva traçou um cenário negro da situação económica do país dizendo mesmo que “podemos estar a caminhar para uma situação explosiva”.
Ou seja, o presidente da República só fala, apenas fala. E fala, reconheça-se, bem. Há muitos anos que ele fala bem. No entanto... as palavras voam e as acções nunca aparecem.
Já nesse ano, como nos anteriores e seguintes, Cavaco Silva nunca falaou em retoma, pediu mais exigência e responsabilidade e afirmou que “o exemplo tem de vir de cima”.
Como os últimos anos demonstram, o pedido revela uma santa ingenuidade. Não. Não a de Cavaco Silva mas, isso sim, a dos portugueses. É que Cavaco anda nisto há muitos, muitos anos. Foi primeiro-ministro durante uma porrada de anos, é presidente reeleito e, por isso, é tudo menos ingénuo.
De discurso em discurso, cada vez mais penso que Portugal precisa é de mudar de paradigma. De facto, mudar de povo não me parece possível. Já mudar de políticos que sabem tudo mas não fazem nada talvez fosse uma boa alternativa. O problema é que em Portugal mantém-se actual e pujante o ditado popular: quanto mais me bates, mais gosto de ti.
De vez em quando, como se não tivesse nada a ver com o que se passa nas ocidentais praias lusitanas, Cavaco Silva vai dando uns palpites. No passado dia 10 de Junho de... 2010 disse ser inaceitável o alheamento dos portugueses da vida pública.
É verdade. Mas de quem será a culpa? Dos cidadãos que cada vez mais são vistos pelos políticos, sejam estes deputados, dirigentes partidários, governantes ou presidentes da República, como mera mercadoria ou, na melhor das hipóteses, como números, ou daqueles que se julgam donos do reino por pertencerem a uma casta diferente?
Cavaco Silva disse também que “em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja”.
Não é, Senhor Presidente, uma questão de se considerarem “dispensados de dar o seu contributo”, é antes uma questão de não aceitarem passar um cheque em branco a políticos em quem não acreditam. Mudem-se os políticos e as políticas e os portugueses passarão a estar na primeira linha do combate democrático.
Tudo isto é sintoma, claro, de que ou os políticos portugueses deixam de cantar no convés enquanto o navio se afunda, ou sujeitam-se a que o Povo saia à rua e os afunde. E ao que me parece amanhã já será tarde...
Já nesse ano, como nos anteriores e seguintes, Cavaco Silva nunca falaou em retoma, pediu mais exigência e responsabilidade e afirmou que “o exemplo tem de vir de cima”.
Como os últimos anos demonstram, o pedido revela uma santa ingenuidade. Não. Não a de Cavaco Silva mas, isso sim, a dos portugueses. É que Cavaco anda nisto há muitos, muitos anos. Foi primeiro-ministro durante uma porrada de anos, é presidente reeleito e, por isso, é tudo menos ingénuo.
De discurso em discurso, cada vez mais penso que Portugal precisa é de mudar de paradigma. De facto, mudar de povo não me parece possível. Já mudar de políticos que sabem tudo mas não fazem nada talvez fosse uma boa alternativa. O problema é que em Portugal mantém-se actual e pujante o ditado popular: quanto mais me bates, mais gosto de ti.
De vez em quando, como se não tivesse nada a ver com o que se passa nas ocidentais praias lusitanas, Cavaco Silva vai dando uns palpites. No passado dia 10 de Junho de... 2010 disse ser inaceitável o alheamento dos portugueses da vida pública.
É verdade. Mas de quem será a culpa? Dos cidadãos que cada vez mais são vistos pelos políticos, sejam estes deputados, dirigentes partidários, governantes ou presidentes da República, como mera mercadoria ou, na melhor das hipóteses, como números, ou daqueles que se julgam donos do reino por pertencerem a uma casta diferente?
Cavaco Silva disse também que “em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja”.
Não é, Senhor Presidente, uma questão de se considerarem “dispensados de dar o seu contributo”, é antes uma questão de não aceitarem passar um cheque em branco a políticos em quem não acreditam. Mudem-se os políticos e as políticas e os portugueses passarão a estar na primeira linha do combate democrático.
Tudo isto é sintoma, claro, de que ou os políticos portugueses deixam de cantar no convés enquanto o navio se afunda, ou sujeitam-se a que o Povo saia à rua e os afunde. E ao que me parece amanhã já será tarde...
sábado, junho 11, 2011
Clonar humanos com genes de chimpanzé
Um laboratório argentino anunciou o nascimento da primeira vaca clonada com dois genes humanos, para produzir um equivalente do leite materno, que pode proteger os bebés contra doenças e promover o seu desenvolvimento.
Por experiência própria, conheci alguns chimpanzés (entre outras espécies) com notável espírito de solidariedade para com os humanos. Espírito esse bem superior, em muitos casos, ao que agora é evidenciado por alguns políticos portugueses.
Creio, por isso, que se calhar faria sentido clonar seres humanos com genes de chimpanzé, procurando dessa forma produzir políticos capazes de fazerem o que cada vez é mais escasso: viver para servir.
No caso argentino, segundo o Instituto Nacional de Tecnologia Agrícola (INTA), "a vaca clonada, 'baptizada' Rosita ISA, é o primeiro bovino nascido no mundo com dois genes humanos que contêm as proteínas presentes no leite materno".
Nicolas Mucci, um dos três responsáveis pelas investigações conduzidas pelo INTA e pela Universidade Nacional de San Martin, disse à agência noticiosa francesa AFP que aquele leite protegerá os bebés e melhorará a sua absorção de ferro.
"O objectivo é melhorar o valor nutricional do leite de vaca juntando dois genes humanos, as proteínas lactoferrina e lisozima", declarou um outro investigador, Adrian Mutto, da Universidade Nacional de San Martin.
O vitelo nasceu a 6 de Abril e é vigiado "24 sobre 24 horas". Dentro de 10 meses, os investigadores vão poder confirmar se as proteínas estão presentes no leite de Rosita, realizando uma simulação de gravidez.
O objectivo da experiência é que na idade adulta a vaca possa produzir "leite semelhante ao dos seres humanos", indicou o INTA.
Como todos sabemos (e em muitos casos basta olhar para a Assembleia da República) os chimpanzés são parentes próximos dos seres humanos e compartilham com eles 98 a 99,4% do ADN.
Acresce que, como alguns políticos, o chimpanzé consegue reconhecer a própria imagem ao espelho (capacidade que poucos animais apresentam), e também são capazes de aprender certos tipos de linguagens, como a dos sinais. Portanto...
Creio, por isso, que se calhar faria sentido clonar seres humanos com genes de chimpanzé, procurando dessa forma produzir políticos capazes de fazerem o que cada vez é mais escasso: viver para servir.
No caso argentino, segundo o Instituto Nacional de Tecnologia Agrícola (INTA), "a vaca clonada, 'baptizada' Rosita ISA, é o primeiro bovino nascido no mundo com dois genes humanos que contêm as proteínas presentes no leite materno".
Nicolas Mucci, um dos três responsáveis pelas investigações conduzidas pelo INTA e pela Universidade Nacional de San Martin, disse à agência noticiosa francesa AFP que aquele leite protegerá os bebés e melhorará a sua absorção de ferro.
"O objectivo é melhorar o valor nutricional do leite de vaca juntando dois genes humanos, as proteínas lactoferrina e lisozima", declarou um outro investigador, Adrian Mutto, da Universidade Nacional de San Martin.
O vitelo nasceu a 6 de Abril e é vigiado "24 sobre 24 horas". Dentro de 10 meses, os investigadores vão poder confirmar se as proteínas estão presentes no leite de Rosita, realizando uma simulação de gravidez.
O objectivo da experiência é que na idade adulta a vaca possa produzir "leite semelhante ao dos seres humanos", indicou o INTA.
Como todos sabemos (e em muitos casos basta olhar para a Assembleia da República) os chimpanzés são parentes próximos dos seres humanos e compartilham com eles 98 a 99,4% do ADN.
Acresce que, como alguns políticos, o chimpanzé consegue reconhecer a própria imagem ao espelho (capacidade que poucos animais apresentam), e também são capazes de aprender certos tipos de linguagens, como a dos sinais. Portanto...
sexta-feira, junho 10, 2011
68% dos angolanos gostavam de ser, apenas isso, tratados como os cães de Kundy Paihama
Foi ministro da Defesa, figura de destaque do MPLA, e hoje é, para além de ministro dos antigos combatentes (do MPLA) um empresário de sucesso em áreas que vão da banca ao imobiliário, hotelaria, jogos, diamantes etc.
O sucesso de Kundy Paihama pode também ser aquilatado pelo seu gabarito intelectual e pela impunidade que lhe é dada. Se não é dada é comprada, vai dar ao mesmo.
Num dos seus (foram tantos) célebres discursos, Kundy Paihama disse: “Não percam tempo a escutar as mensagens de promessas de certos Políticos”, acrescentando: “Trabalhem para serem ricos”.
A maioria do povo angolano, 68%, que vive abaixo da linha de pobreza entendeu a mensagem e passou a venerar Kundy Paihama.
Continuemos, apelando à memória para bem dos milhões que têm pouco ou nada e que, ao contrário dos generais que compram quintas em Portugal para produzir vinho, nem dinheiro têm para um copito, com as verdades de Kundy Paihama que, digo eu, deveriam fazer parte das enciclopédias políticas das universidades angolanas e, porque não?, de todo o mundo civilizado.
“Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”, afirmou o então ministro da Defesa do MPLA. Não, não há engano. Reflectindo a filosofia basilar do MPLA, Kundy Paihama disse exactamente isso: o que sobra não vai para os pobres, vai para os coitados dos cães.
A maioria do povo angolano, 68%, que vive abaixo da linha de pobreza entendeu a mensagem.
E por que não vai para os pobres?, perguntam os milhões, os tais 68%, que todos os dias passam fome. Não vai porque não há pobres em Angola. E se não há pobres, mas há cães…
“Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães”. Explicou Kundy Paihama e, é claro, a maioria do povo angolano, 68%, que vive abaixo da linha de pobreza entendeu a mensagem.
É claro que, embora reconhecendo a legitimidade que os cães de Kundy Paihama têm para reivindicar uma boa alimentação, não posso deixar de dar um conselho aos milhões, os tais 68%, de angolanos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.
Não. Não se transformem em cães para ter um prato de comida. Embora tenham regressado a um tempo semelhante, mas para pior, do peixe podre, fuba podre, 50 angolares e porrada se refilares, continuem a lutar para que os angolanos tenham direito a, pelo menos, comer como os cães de Kundy Paihama.
Legenda: Kundy Paihama durante uma visita à Coreia do Norte, não se sabe se para comprar alguns cães do clã Kim Jong-il.
Num dos seus (foram tantos) célebres discursos, Kundy Paihama disse: “Não percam tempo a escutar as mensagens de promessas de certos Políticos”, acrescentando: “Trabalhem para serem ricos”.
A maioria do povo angolano, 68%, que vive abaixo da linha de pobreza entendeu a mensagem e passou a venerar Kundy Paihama.
Continuemos, apelando à memória para bem dos milhões que têm pouco ou nada e que, ao contrário dos generais que compram quintas em Portugal para produzir vinho, nem dinheiro têm para um copito, com as verdades de Kundy Paihama que, digo eu, deveriam fazer parte das enciclopédias políticas das universidades angolanas e, porque não?, de todo o mundo civilizado.
“Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”, afirmou o então ministro da Defesa do MPLA. Não, não há engano. Reflectindo a filosofia basilar do MPLA, Kundy Paihama disse exactamente isso: o que sobra não vai para os pobres, vai para os coitados dos cães.
A maioria do povo angolano, 68%, que vive abaixo da linha de pobreza entendeu a mensagem.
E por que não vai para os pobres?, perguntam os milhões, os tais 68%, que todos os dias passam fome. Não vai porque não há pobres em Angola. E se não há pobres, mas há cães…
“Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães”. Explicou Kundy Paihama e, é claro, a maioria do povo angolano, 68%, que vive abaixo da linha de pobreza entendeu a mensagem.
É claro que, embora reconhecendo a legitimidade que os cães de Kundy Paihama têm para reivindicar uma boa alimentação, não posso deixar de dar um conselho aos milhões, os tais 68%, de angolanos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.
Não. Não se transformem em cães para ter um prato de comida. Embora tenham regressado a um tempo semelhante, mas para pior, do peixe podre, fuba podre, 50 angolares e porrada se refilares, continuem a lutar para que os angolanos tenham direito a, pelo menos, comer como os cães de Kundy Paihama.
Legenda: Kundy Paihama durante uma visita à Coreia do Norte, não se sabe se para comprar alguns cães do clã Kim Jong-il.
Nação (que já foi) valente e imortal: 20% de pobres, 20% na miséria, 800 mil sem emprego
O Presidente da República portuguesa considerou, no dia 3 de Julho de 2009, importante que se debata a qualidade da democracia. Não sei como é possível discutir a qualidade de uma coisa que não existe. Mas se Cavaco Silva diz que existe...
"É matéria que está hoje em debate e é importante que se debata a qualidade da democracia e, por isso, aceitei, tal como outras pessoas que me antecederam no cargo e como o presidente da Assembleia da República, dar o patrocínio sobre esse debate da qualidade da democracia", afirmou o chefe de Estado, quando questionado sobre o estudo da SEDES sobre a qualidade da democracia em Portugal.
"É matéria que devemos discutir e acho que hoje ainda estamos todos mais convencidos que é importante discutir em Portugal a qualidade da democracia", insistiu.
Embora não saiba de facto como se discute algo que não existe, atrevo-me a alinhar na discussão. E se a democracia (que alguns dizem existir) vai mal, de quem será a culpa? Dos cidadãos que cada vez mais são vistos pelos políticos (presidente da República incluído) como mera mercadoria ou, na melhor das hipóteses, como números, ou daqueles que se julgam donos do reino por pertencerem a uma casta diferente?
Ainda não há muito tempo, Cavaco Silva falava na sessão solene das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Santarém, e dizia que “em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja”.
Não é, Senhor Presidente, uma questão de se consideraram “dispensados de dar o seu contributo”, é antes uma questão de não aceitarem passar um cheque em branco a políticos em quem não acreditam. Mudem-se os políticos e as políticas e os portugueses passarão a estar na primeira linha do combate democrático.
Para Cavaco Silva, “o alheamento não é uma forma adequada - nem, certamente, eficaz - de enfrentar os desafios e resolver as dificuldades”. Tem razão. Mas o exemplo deve partir de cima.
Uma abstenção como a registada nas eleições europeias, na ordem dos 62,95 por cento, é “um sintoma de desistência, de resignação, que só empobrece a nossa democracia”, salientou então Cavaco Silva.
Não. Não é sinónimo de desistência, de resignação. É sintoma, claro, de que ou os políticos portugueses deixam de cantar no convés enquanto o navio se afunda, ou sujeitam-se a que o Povo saia à rua e os afunde.
“Quando estão em causa questões que a todos dizem respeito, nenhum de nós se pode eximir das suas obrigações, sob pena de a gestão da coisa pública ficar sem esse escrutínio indispensável que é o voto popular”, defendeu o Presidente da República.
Pois é. Mas quando são os próprios políticos a eximir-se das suas obrigações, à plebe só resta numa primeira fase mandar as eleições às malvas e, depois, sair à rua.
Por outro lado, disse Cavaco, a abstenção deve “fazer reflectir os agentes políticos”, já que, sustentou, “a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas depende, em boa parte, da forma como aqueles que são eleitos actuam no desempenho das suas funções”.
Está a ver, Senhor Presidente, como o Povo tem razão? Se o país mudar de políticos, o Povo não quererá mudar de país.
Tudo isto num país que hoje também comemora o nobre facto de uma nação valente ter mais de 800 mil desempregados, 20% de gente na miséria e outro tanto que já a sente a bater à porta.
"É matéria que devemos discutir e acho que hoje ainda estamos todos mais convencidos que é importante discutir em Portugal a qualidade da democracia", insistiu.
Embora não saiba de facto como se discute algo que não existe, atrevo-me a alinhar na discussão. E se a democracia (que alguns dizem existir) vai mal, de quem será a culpa? Dos cidadãos que cada vez mais são vistos pelos políticos (presidente da República incluído) como mera mercadoria ou, na melhor das hipóteses, como números, ou daqueles que se julgam donos do reino por pertencerem a uma casta diferente?
Ainda não há muito tempo, Cavaco Silva falava na sessão solene das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Santarém, e dizia que “em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja”.
Não é, Senhor Presidente, uma questão de se consideraram “dispensados de dar o seu contributo”, é antes uma questão de não aceitarem passar um cheque em branco a políticos em quem não acreditam. Mudem-se os políticos e as políticas e os portugueses passarão a estar na primeira linha do combate democrático.
Para Cavaco Silva, “o alheamento não é uma forma adequada - nem, certamente, eficaz - de enfrentar os desafios e resolver as dificuldades”. Tem razão. Mas o exemplo deve partir de cima.
Uma abstenção como a registada nas eleições europeias, na ordem dos 62,95 por cento, é “um sintoma de desistência, de resignação, que só empobrece a nossa democracia”, salientou então Cavaco Silva.
Não. Não é sinónimo de desistência, de resignação. É sintoma, claro, de que ou os políticos portugueses deixam de cantar no convés enquanto o navio se afunda, ou sujeitam-se a que o Povo saia à rua e os afunde.
“Quando estão em causa questões que a todos dizem respeito, nenhum de nós se pode eximir das suas obrigações, sob pena de a gestão da coisa pública ficar sem esse escrutínio indispensável que é o voto popular”, defendeu o Presidente da República.
Pois é. Mas quando são os próprios políticos a eximir-se das suas obrigações, à plebe só resta numa primeira fase mandar as eleições às malvas e, depois, sair à rua.
Por outro lado, disse Cavaco, a abstenção deve “fazer reflectir os agentes políticos”, já que, sustentou, “a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas depende, em boa parte, da forma como aqueles que são eleitos actuam no desempenho das suas funções”.
Está a ver, Senhor Presidente, como o Povo tem razão? Se o país mudar de políticos, o Povo não quererá mudar de país.
Tudo isto num país que hoje também comemora o nobre facto de uma nação valente ter mais de 800 mil desempregados, 20% de gente na miséria e outro tanto que já a sente a bater à porta.
O que tem andado a fazer Cavaco Silva?
Sempre que fala ao país, directa ou indirectamente, Cavaco Silva sacode a água do capote e continua (como se, para além de presidente da República, não andasse há um monte de anos na política portuguesa) a esquecer-se de que qem não vive para servir não serve para viver.
Cavaco Silva afirma que o mal da economia portuguesa está nas finanças públicas, mas que o "medo" dos políticos dificulta a sua correcção, malgrado defender um quase poder de veto para o ministro das Finanças.
O ex-primeiro-ministro considera que Portugal tem no máximo um ano e meio para inverter a tendência de degradação da situação económica.
"Parece-me que as medidas que têm de ser tomadas para inverter a situação de marasmo e evitar grandes preocupações quanto ao que acontecerá na proximidade do alargamento da União Europeia e da redução dos apoios estruturais da Comunidade requerem um apoio parlamentar maioritário", afirmou o ex-primeiro-ministro e actual presidente da República.
"Se não for assim, estou pessimista", acrescentou – recordo - no final de um conferência na faculdade de Economia do Porto, intitulada "Política Orçamental: Passado, Presente e Futuro".
Para o também economista, professor universitário, presidente da República reeleito, será, contudo, "muito complicado" para o Governo resolver "o problema mais grave" que afecta a economia portuguesa: a crise nas finanças públicas.
"Os políticos, como pessoas normais que são, têm medo, e será precisa muita coragem política para adoptar políticas necessárias, mas cuja viabilidade política é duvidosa", afirmou, sublinhando: "Não será nada fácil".
Lembrando que o Ecofin "está a olhar de forma muito particular para Portugal", Cavaco Silva defendeu que a solução passa, necessariamente, por "reforçar os poderes do ministro das Finanças", que deve contar com o apoio incondicional do primeiro-ministro e dispor "de um poder quase de veto sobre os restantes ministérios".
O objectivo é assegurar a concretização de medidas que se antevêem impopulares, como as reformas da saúde - apostando na gestão privada dos hospitais públicos - e educação, a extinção de alguns serviços públicos, a contenção nas transferências para as autarquias, o equilíbrio das contas externas e o assegurar de "disciplina" nas empresas públicas.
Neste particular, o ex-primeiro-ministro considerou ser necessário acompanhar "quase à semana o endividamento de determinadas empresas públicas, nomeadamente no sector dos transportes e do audiovisual.
Quanto à evasão e fraude fiscais, apontou como única solução viável "um claro levantamento do sigilo bancário" sustentando que, mesmo face ao risco de fuga de capitais, "em situação de crise" esta medida se impõe.
Imperativo é, também, "restituir a credibilidade à política orçamental" portuguesa, cuja "imagem de facilitismo e laxismo influenciou negativamente a actuação das empresas e agentes económicos e acabou também por estimular o adiamento de certas reformas estruturais".
"A nossa política orçamental continua a ser a grande fonte de ineficiência económica" em Portugal e é a "primeira razão do mau comportamento da produtividade", considerou, defendendo a realização de orçamentos plurianuais.
Não. Isto não foi, calculo, o que Cavaco Silva disse, ou dirá, hoje no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas e que já foi também “dia da raça”.
Não deve, contudo, ter andado muito longe. Mas foi o que ele disse em Março. Março de... 2002. É caso para perguntar, para voltar a perguntar, para nunca deixar de perguntar, o que tem andado Cavaco Silva a fazer pelo menos nos últimos nove anos?
O ex-primeiro-ministro considera que Portugal tem no máximo um ano e meio para inverter a tendência de degradação da situação económica.
"Parece-me que as medidas que têm de ser tomadas para inverter a situação de marasmo e evitar grandes preocupações quanto ao que acontecerá na proximidade do alargamento da União Europeia e da redução dos apoios estruturais da Comunidade requerem um apoio parlamentar maioritário", afirmou o ex-primeiro-ministro e actual presidente da República.
"Se não for assim, estou pessimista", acrescentou – recordo - no final de um conferência na faculdade de Economia do Porto, intitulada "Política Orçamental: Passado, Presente e Futuro".
Para o também economista, professor universitário, presidente da República reeleito, será, contudo, "muito complicado" para o Governo resolver "o problema mais grave" que afecta a economia portuguesa: a crise nas finanças públicas.
"Os políticos, como pessoas normais que são, têm medo, e será precisa muita coragem política para adoptar políticas necessárias, mas cuja viabilidade política é duvidosa", afirmou, sublinhando: "Não será nada fácil".
Lembrando que o Ecofin "está a olhar de forma muito particular para Portugal", Cavaco Silva defendeu que a solução passa, necessariamente, por "reforçar os poderes do ministro das Finanças", que deve contar com o apoio incondicional do primeiro-ministro e dispor "de um poder quase de veto sobre os restantes ministérios".
O objectivo é assegurar a concretização de medidas que se antevêem impopulares, como as reformas da saúde - apostando na gestão privada dos hospitais públicos - e educação, a extinção de alguns serviços públicos, a contenção nas transferências para as autarquias, o equilíbrio das contas externas e o assegurar de "disciplina" nas empresas públicas.
Neste particular, o ex-primeiro-ministro considerou ser necessário acompanhar "quase à semana o endividamento de determinadas empresas públicas, nomeadamente no sector dos transportes e do audiovisual.
Quanto à evasão e fraude fiscais, apontou como única solução viável "um claro levantamento do sigilo bancário" sustentando que, mesmo face ao risco de fuga de capitais, "em situação de crise" esta medida se impõe.
Imperativo é, também, "restituir a credibilidade à política orçamental" portuguesa, cuja "imagem de facilitismo e laxismo influenciou negativamente a actuação das empresas e agentes económicos e acabou também por estimular o adiamento de certas reformas estruturais".
"A nossa política orçamental continua a ser a grande fonte de ineficiência económica" em Portugal e é a "primeira razão do mau comportamento da produtividade", considerou, defendendo a realização de orçamentos plurianuais.
Não. Isto não foi, calculo, o que Cavaco Silva disse, ou dirá, hoje no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas e que já foi também “dia da raça”.
Não deve, contudo, ter andado muito longe. Mas foi o que ele disse em Março. Março de... 2002. É caso para perguntar, para voltar a perguntar, para nunca deixar de perguntar, o que tem andado Cavaco Silva a fazer pelo menos nos últimos nove anos?
quinta-feira, junho 09, 2011
Carta aberta aos que pensam sem fugir
Caro Amigos,
Há uns tempos disse a quem de direito do Jornal de Notícias que, ao contrário do que era meu entendimento (provavelmente errado), os bons exemplos não partiam de cima. E não partiam porque sempre que sobem na hierarquia os Jornalistas vão mudando de profissão: deixam de ser jornalistas e passam a ser Coordenadores, Editores, Editores Executivos, Directores etc..
Há uns tempos disse a quem de direito que, se os exemplos não partem de cima, a responsabilização pelo que de mau se faz (e sobejam os exemplos) também não é assumida dessa forma. A cadeia descendente de Comando só existe para o que é bom...
Há uns tempos disse a quem de direito do Jornal de Notícias que, ao contrário do que era meu entendimento (provavelmente errado), os bons exemplos não partiam de cima. E não partiam porque sempre que sobem na hierarquia os Jornalistas vão mudando de profissão: deixam de ser jornalistas e passam a ser Coordenadores, Editores, Editores Executivos, Directores etc..
Há uns tempos disse a quem de direito que, se os exemplos não partem de cima, a responsabilização pelo que de mau se faz (e sobejam os exemplos) também não é assumida dessa forma. A cadeia descendente de Comando só existe para o que é bom...
Há uns tempos disse a quem de direito que, se o chefe é o primeiro a chegar e o último a sair, os seus colaboradores ficam sem margem de manobra para chegarem mais tarde e saírem mais cedo; disse que se o chefe dá o exemplo de capacidade de trabalho, os seus colaboradores têm (mesmo que isso lhes custe) de entrar na mesma onda; disse que se o chefe premeia a competência e castiga a incompetência (porque não basta só a primeira ou só a segunda), os incompetentes ou «dão da perna» ou sujeitam-se a entrar para o «carro vassoura».
Há uns tempos disse a quem de direito que, se o chefe o for de forma natural, a sua posição é respeitada e incentivada pelos seus colaboradores; disse que se o chefe for imposto por decreto (leia-se: sem ser por critérios de competência), os seus colaboradores não passarão de voluntários devidamente amarrados, o que - inevitavelmente - terá (maus) reflexos no trabalho que produzem.
Há uns tempos disse a quem de direito que um chefe não é apenas o que comanda mas, sobretudo, o que dá o exemplo. Disse que pensar-se que se é bom chefe só porque se usa gravata ou porque alguém lhes deu o título, é, mais ou menos, como eu pensar que sou pintor só porque conheço as cores do arco-íris, mesmo que sejam todas.
Há uns tempos disse a quem de direito que estamos todos os dias em cima de um tapete rolante que anda para trás. Disse também que se nos limitarmos a caminhar, ficamos com a sensação de que avançamos mas, de facto, estamos sempre no mesmo sítio. Disse ainda que, por incompetência, alguns chefes ao verem o tapete a andar para trás julgam que vão no direcção errada e começam a caminhar no sentido da rotação do tapete...
Há uns tempos disse a quem de direito que estamos todos os dias em cima de um tapete rolante que anda para trás. Disse também que se nos limitarmos a caminhar, ficamos com a sensação de que avançamos mas, de facto, estamos sempre no mesmo sítio. Disse ainda que, por incompetência, alguns chefes ao verem o tapete a andar para trás julgam que vão no direcção errada e começam a caminhar no sentido da rotação do tapete...
Há uns tempos disse a quem de direito que enquanto uns entendem que a única forma de se valorizarem é aprenderem com quem sabe mais (e saber que nada sabemos é a melhor forma de sabermos alguma coisa), outros pensam que essa suposta valorização passa por amesquinhar quem sabe mesmo mais. Disse também que enquanto uns perguntam o que não sabem, e só são ignorantes durante o tempo que leva a chegar a resposta, outros (receosos que se saiba que, afinal, não sabem tudo) preferem ficar ignorantes toda a vida.
O resultado está á vista! Fui, ao fim de 18 anos de JN, embrulhado com outros colegas no primeiro despedimento colectivo da história da imprensa portuguesa.
Um abraço do,
Um abraço do,
Orlando Castro
“Ise okufa, etombo livala”
Ao longo dos anos tenho defendido aqui no Alto Hama, tal como na secção com o mesmo nome e que assinei durante muito tempo no Notícias Lusófonas, aquilo que considero o mais correcto para a minha terra, Angola.
Para os que estão por dentro dos meandros da política angolana, as minhas posições são claras. Para os que estão por fora, em particular para os meus amigos portugueses, tais posições poderão parecer contraditórias. E isto porque, usando o mais nobre critério jornalístico (a liberdade), tanto critico o MPLA e o Governo angolano (são ambos a mesma coisa) como o faço em relação à UNITA e ao seu Presidente.
De vez em quando, seja das ocidentais praias lusitanas (agora não socialistas) ou de Angola, chegam perguntas sobre as minhas ligações à UNITA. Assim, e mais uma vez, venho esclarecer os leitores cá do Alto Hama sobre as minhas posições em relação à política angolana, à política – corroboro – da minha terra.
Sou angolano, nasci em Angola, lá estudei, brinquei, cresci e me fiz homem. Mesmo que tenha sido obrigado pelos acontecimentos históricos a abandonar o país onde nasci, e a utilizar a nacionalidade portuguesa dos meus pais, o meu coração esteve lá, está lá e estará sempre lá.
Nunca me conformarei com o estado a que o meu país chegou. Nunca me conformarei com a miséria, a fome, a indignidade, o roubo e tudo o que de mau tem acontecido no meu país. Não acredito que tudo isto seja consequência da guerra, e estes últimos nove anos de paz confirmam que todo o mal que existiu e que continua a existir se deve aos governantes do MPLA.
Duvidam? Em nove anos de paz, nada mudou. A fome, a miséria, a indignidade, a mortalidade infantil, os roubos, os assassínios e tudo o resto continuam a somar pontos na minha terra porque, de facto e de jure, poucos têm milhões e milhões têm pouco ou nada.
Portanto, sou militante e conscientemente da oposição ao actual Governo angolano e ao partido que o sustenta, o MPLA.
E, quer acreditem ou não os que estão dentro, fora, ou fora e dentro, sou “militante”, ou pelo menos assim me considero, da UNITA.
Compreendo que muitas das minhas posições contra a actuação da UNITA não sejam bem aceites por muitos dos seus militantes (sem aspas). Aprendi ao longo da minha vida que não me sentiria bem se ficasse quieto perante o que considero errado. E muitas das vezes não estou de acordo com a actuação da UNITA e da sua actual Direcção. Ou mais grave ainda, com a sua não actuação, um misto de passividade e lentidão que não se coaduna com quem quer ser alternativa de poder.
A UNITA foi dirigida durante muito tempo por alguém cuja estatura e inteligência eram suficientemente grandes para que os seus militantes estivessem descansados. Quando Jonas Savimbi foi assassinado, a UNITA considerou que a democracia interna era a única hipótese que tinha de sobreviver. E estava certa. A democratização interna fez o Partido sobreviver e fortalecer-se.
O que eu critico muitas das vezes na UNITA é a falta de acção, de actuação, a maneira burocrática e prenhe de lentidão como tudo é decidido, o arrastar das decisões, discutidas até à exaustão numa democraticidade interna que se é boa ao nível das grandes linhas, é um empecilho ao nível da execução, parecendo-me muitas vezes um claro exercício de suicídio político.
Comparativamente, o MPLA está em todas, lidera em força e com alguma qualidade (reconheço) quer as acções internas quer externas, vai somando – em Portugal, por exemplo - apoios em todos os estratos políticos, empresariais e intelectuais, para além de alargar os tentáculos do partido/regime a um cada vez maior número de empresas portuguesas.
Porque a memória dos políticos (incluindo os da UNITA) é curta, recordo que foi a 24 de Fevereiro de 2002 que alguém disse: «Sekulu wafa, kalye wendi k'ondalatu! v'ukanoli o café k'imbo lyamale!». Ou seja, morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados.
Esse mesmo Sekulu também dizia: «Ise okufa, etombo livala» (prefiro antes a morte, do que a escravatura ).
De vez em quando, seja das ocidentais praias lusitanas (agora não socialistas) ou de Angola, chegam perguntas sobre as minhas ligações à UNITA. Assim, e mais uma vez, venho esclarecer os leitores cá do Alto Hama sobre as minhas posições em relação à política angolana, à política – corroboro – da minha terra.
Sou angolano, nasci em Angola, lá estudei, brinquei, cresci e me fiz homem. Mesmo que tenha sido obrigado pelos acontecimentos históricos a abandonar o país onde nasci, e a utilizar a nacionalidade portuguesa dos meus pais, o meu coração esteve lá, está lá e estará sempre lá.
Nunca me conformarei com o estado a que o meu país chegou. Nunca me conformarei com a miséria, a fome, a indignidade, o roubo e tudo o que de mau tem acontecido no meu país. Não acredito que tudo isto seja consequência da guerra, e estes últimos nove anos de paz confirmam que todo o mal que existiu e que continua a existir se deve aos governantes do MPLA.
Duvidam? Em nove anos de paz, nada mudou. A fome, a miséria, a indignidade, a mortalidade infantil, os roubos, os assassínios e tudo o resto continuam a somar pontos na minha terra porque, de facto e de jure, poucos têm milhões e milhões têm pouco ou nada.
Portanto, sou militante e conscientemente da oposição ao actual Governo angolano e ao partido que o sustenta, o MPLA.
E, quer acreditem ou não os que estão dentro, fora, ou fora e dentro, sou “militante”, ou pelo menos assim me considero, da UNITA.
Compreendo que muitas das minhas posições contra a actuação da UNITA não sejam bem aceites por muitos dos seus militantes (sem aspas). Aprendi ao longo da minha vida que não me sentiria bem se ficasse quieto perante o que considero errado. E muitas das vezes não estou de acordo com a actuação da UNITA e da sua actual Direcção. Ou mais grave ainda, com a sua não actuação, um misto de passividade e lentidão que não se coaduna com quem quer ser alternativa de poder.
A UNITA foi dirigida durante muito tempo por alguém cuja estatura e inteligência eram suficientemente grandes para que os seus militantes estivessem descansados. Quando Jonas Savimbi foi assassinado, a UNITA considerou que a democracia interna era a única hipótese que tinha de sobreviver. E estava certa. A democratização interna fez o Partido sobreviver e fortalecer-se.
O que eu critico muitas das vezes na UNITA é a falta de acção, de actuação, a maneira burocrática e prenhe de lentidão como tudo é decidido, o arrastar das decisões, discutidas até à exaustão numa democraticidade interna que se é boa ao nível das grandes linhas, é um empecilho ao nível da execução, parecendo-me muitas vezes um claro exercício de suicídio político.
Comparativamente, o MPLA está em todas, lidera em força e com alguma qualidade (reconheço) quer as acções internas quer externas, vai somando – em Portugal, por exemplo - apoios em todos os estratos políticos, empresariais e intelectuais, para além de alargar os tentáculos do partido/regime a um cada vez maior número de empresas portuguesas.
Porque a memória dos políticos (incluindo os da UNITA) é curta, recordo que foi a 24 de Fevereiro de 2002 que alguém disse: «Sekulu wafa, kalye wendi k'ondalatu! v'ukanoli o café k'imbo lyamale!». Ou seja, morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados.
Esse mesmo Sekulu também dizia: «Ise okufa, etombo livala» (prefiro antes a morte, do que a escravatura ).
José Junqueiro está com António José Seguro
- Francisco Assis esfrega as mãos de contente!
António José Seguro apresentou a sua candidatura à liderança do PS. A seu lado estavam, para além de dezenas de militantes, dois secretários de Estado dos executivos de José Sócrates: António Braga e José Junqueiro.
Pela amostra, legítima como qualquer outra, não será difícil calcular que já perdeu. José Junqueiro não é, na minha opinião (que, é claro, não conta para o campeonato socialista), uma mais-valia. Pelo contrário.
Porquê? No dia 20 de Junho de 2010, em Baião, o secretário de Estado da Administração Local de Portugal, exactamente José Junqueiro, antecipou em muitos meses o que agora se verificou ser uma certeza: o primeiro-ministro José Sócrates “é uma oportunidade para o país, mas também um exemplo para a Europa”.
Já nessa altura, ou sobretudo nessa altura, era possível verificar as condições exigidas para se ser deste PS. Bastava, como certamente basta agora, ouvir José Junqueiro.
E são elas, subserviência total, coluna vertebral amovível (ou, preferencialmente, ausência dela) e disponibilidade total para estar sempre de acordo com o dono do partido.
“O que nós precisamos é de homens públicos que saibam estar à altura das responsabilidades”, afirmou na altura José Junqueiro sobre o então chefe do Governo, a propósito das dificuldades económicas por que passava e passará Portugal e outros países europeus.
Crê-se, aliás, que para além de uma notável demonstração de subserviência, a tese de Junqueiro visava já o lançamento da candidatura de José Sócrates a algo mais do que ser um simples primeiro-ministro do protectorado alemão que dá pelo nome de Portugal.
O secretário de Estado lembrou nessa altura o défice de 9,3 por cento em Portugal, mas também os 11 por cento dos EUA e os 12 por cento do Reino Unido.
“Na quinta economia, a da França, e na primeira economia, a da Alemanha, tal como na outras economias poderosas, as coisas não vão de feição”, acrescentou o agora apoiante de António José Seguro.
Pois é. E foi graças à perspicácia de José Junqueiro que Nicolas Paul Stéphane Sarkozy de Nagy-Bocsa e Angela Dorothea Merkel, entre muitos – mas mesmo muitos e não só da Europa – pediram a imediata e erudita ajuda de José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.
José Adelmo Gouveia Bordalo Junqueiro, um professor universitário de Aveiro, que não deixa os seus créditos por louvaminhas alheias, considerou que o Governo de Portugal estava a tomar as medidas adequadas para corrigir o défice e lembrou os sinais de recuperação da economia portuguesa nos primeiros meses de 2010.
E a quem se deve tão esforçado trabalho em prol dos 800 mil desempregados, dos 20% de portugueses que estão na miséria e de outros 20% que já a têm a bater à porta? Claro. Na altura foi a José Sócrates. Amanhá poderá ser, o que duvido, a António José Seguro ou até mesmo a Francisco Assis...
“Portugal cresceu a um ritmo recorde em toda a Europa no primeiro trimestre. Já sei que no segundo trimestre vai repetir a mesma dose. O crescimento de Portugal está em marcha”, enfatizou Junqueiro, sem deixar tempo a que a audiência tivesse dúvidas sobre a similitude entre Deus (no céu) e José Sócrates (na terra).
“O primeiro-ministro é o motor desse ânimo e dessa esperança para vencer as dificuldades”, salientou Junqueiro, acrescentando que José Sócrates, “com a sua determinação, tem um discurso positivo, um discurso da resistência e ganhador”.
O secretário de Estado e dirigente nacional do PS criticou depois o PSD, considerando “não ser um bom exemplo para o país” o maior partido da oposição “aconselhar Portugal a recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) ou a fundos europeus”.
“Isso dá um sinal de fragilidade”, observou José Junqueiro, lembrando que esse tipo de discurso pode conduzir à queda das bolsas e de outros indicadores económicos. O homem sabe do que fala...
É certo que José Junqueiro, como muitos outros (caso de Francisco Assis e não de António José Seguro) limitou-se, sem originalidade, a dizer o que dissera o seu chefe. Mas, reconheço, repetir o que o chefe dizia era à época meio caminho andado, mesmo quando as provas acabam por revelar que, afinal, José Sócrates não sabia o que dizia e não dizia o que sabia, se é que sabia alguma coisa.
Porquê? No dia 20 de Junho de 2010, em Baião, o secretário de Estado da Administração Local de Portugal, exactamente José Junqueiro, antecipou em muitos meses o que agora se verificou ser uma certeza: o primeiro-ministro José Sócrates “é uma oportunidade para o país, mas também um exemplo para a Europa”.
Já nessa altura, ou sobretudo nessa altura, era possível verificar as condições exigidas para se ser deste PS. Bastava, como certamente basta agora, ouvir José Junqueiro.
E são elas, subserviência total, coluna vertebral amovível (ou, preferencialmente, ausência dela) e disponibilidade total para estar sempre de acordo com o dono do partido.
“O que nós precisamos é de homens públicos que saibam estar à altura das responsabilidades”, afirmou na altura José Junqueiro sobre o então chefe do Governo, a propósito das dificuldades económicas por que passava e passará Portugal e outros países europeus.
Crê-se, aliás, que para além de uma notável demonstração de subserviência, a tese de Junqueiro visava já o lançamento da candidatura de José Sócrates a algo mais do que ser um simples primeiro-ministro do protectorado alemão que dá pelo nome de Portugal.
O secretário de Estado lembrou nessa altura o défice de 9,3 por cento em Portugal, mas também os 11 por cento dos EUA e os 12 por cento do Reino Unido.
“Na quinta economia, a da França, e na primeira economia, a da Alemanha, tal como na outras economias poderosas, as coisas não vão de feição”, acrescentou o agora apoiante de António José Seguro.
Pois é. E foi graças à perspicácia de José Junqueiro que Nicolas Paul Stéphane Sarkozy de Nagy-Bocsa e Angela Dorothea Merkel, entre muitos – mas mesmo muitos e não só da Europa – pediram a imediata e erudita ajuda de José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.
José Adelmo Gouveia Bordalo Junqueiro, um professor universitário de Aveiro, que não deixa os seus créditos por louvaminhas alheias, considerou que o Governo de Portugal estava a tomar as medidas adequadas para corrigir o défice e lembrou os sinais de recuperação da economia portuguesa nos primeiros meses de 2010.
E a quem se deve tão esforçado trabalho em prol dos 800 mil desempregados, dos 20% de portugueses que estão na miséria e de outros 20% que já a têm a bater à porta? Claro. Na altura foi a José Sócrates. Amanhá poderá ser, o que duvido, a António José Seguro ou até mesmo a Francisco Assis...
“Portugal cresceu a um ritmo recorde em toda a Europa no primeiro trimestre. Já sei que no segundo trimestre vai repetir a mesma dose. O crescimento de Portugal está em marcha”, enfatizou Junqueiro, sem deixar tempo a que a audiência tivesse dúvidas sobre a similitude entre Deus (no céu) e José Sócrates (na terra).
“O primeiro-ministro é o motor desse ânimo e dessa esperança para vencer as dificuldades”, salientou Junqueiro, acrescentando que José Sócrates, “com a sua determinação, tem um discurso positivo, um discurso da resistência e ganhador”.
O secretário de Estado e dirigente nacional do PS criticou depois o PSD, considerando “não ser um bom exemplo para o país” o maior partido da oposição “aconselhar Portugal a recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) ou a fundos europeus”.
“Isso dá um sinal de fragilidade”, observou José Junqueiro, lembrando que esse tipo de discurso pode conduzir à queda das bolsas e de outros indicadores económicos. O homem sabe do que fala...
É certo que José Junqueiro, como muitos outros (caso de Francisco Assis e não de António José Seguro) limitou-se, sem originalidade, a dizer o que dissera o seu chefe. Mas, reconheço, repetir o que o chefe dizia era à época meio caminho andado, mesmo quando as provas acabam por revelar que, afinal, José Sócrates não sabia o que dizia e não dizia o que sabia, se é que sabia alguma coisa.
quarta-feira, junho 08, 2011
Quem é que tem falta de coragem?
O líder da Federação do Partido Socialista do Porto, Renato Sampaio, apresentou há um ano (14 de Junho) o livro “Oposição a Norte” que, no seu entender, é (ou era) “uma homenagem à região”, considerando que “falta coragem” às pessoas para escreverem o que pensam.
Perante a banhada do PS no distrito do Porto, não será “falta de coragem” manter-se agarrado ao lugar, não seguindo o exemplo do seu “querido líder”? Ou tudo se resolve com a declaração de apoio à candidatura de Francisco Assis?
Essa de um socialista dizer que “falta coragem” às pessoas para escreverem o que pensam... não lembraria ao Diabo. Mas, é claro, lembrou a um dirigente socialista que sabe bem que, com o seu PS no Governo, dizer o que se pensa (quando isso não coincidia com as ideias do dono do partido) era mais de meio caminho andado, entre outras consequências, para o desemprego.
“Às vezes falta alguma coragem às pessoas para escreverem, porque assim nunca são confrontadas com essas opiniões. É muito fácil, muitas vezes, omitir, ignorar, mas eu não tenho esse tipo de problemas. Acho que nós devemos dizer o que pensamos a cada momento, mesmo que muitas vezes nós próprios evoluamos num sentido ligeiramente diferente”, afirmou.
Que bonito! Falso, mas bonito. Renato Sampaio sabe que o ex-líder do seu partido, tal como ele próprio, preferiu ser assassinados pelo elogio do que salvos pela crítica. Sabe que entre um génio e um néscio com o cartão do partido, o PS nacional como o distrital escolhe o néscio. Sabe que todos os que ao longo dos anos, nomedamente na comunicação social portuguesa, escreverem coisas como estas porque assim pensavam... fazem hoje parte dos 800 mil desempregados que o país tem.
É por isso que para mim é confrangedor o culto ao chefe por parte dos socialistas. Eu sei que a todo o momento (basta o chefe deixar de o ser, como domingo aconteceu a José Sócrates) podem mudar de barricada. Mas, mesmo assim, tenho alguma dificuldade em entender como é que socialistas inteligentes continuam de cócoras e, parafraseando Renato Sampaio, têm “falta coragem para escreverem (ou dizerem) o que pensam”.
Também me custa a aceitar (cada vez menos, é verdade) que Portugal seja uma espécie de país onde os que dizem sempre que sim são bestiais e, é claro, onde os que só dizem que sim quando devem dizer que sim, são umas bestas.
Não é assim? Sócrates deixou o poleiro do governo e do partido e logo se viu que, afinal, havia muitos socialistas que até achavam que o primeiro-ministro tinha, no mínimo, conhecimento de um plano para controlar órgãos de comunicação social.
Embora seja uma prática corrente nas ocidentais praias lusitanas, alguém com alguma sanidade mental duvida que os governos de José Sócrates foram os que mais trabalharam para que os jornalistas fossem formatados, com ou sem chip, consoante os interesses (económicos, políticos e similares) dos donos do Poder?
Recordam-se, por acaso, de quem disse que "Sócrates reduz a política à sua pessoa"? Não. A frase não é minha, embora reflicta a minha opinião. Aliás, de há muito que aqui digo (aqui e onde posso, sendo que não posso em todos os sítios que gostaria por obra e graça de alguns socialistas) que o ex-primeiro-ministro de Portugal tinha todas as características de um – para citar José Lello – foleiro ditador.
Alguns dirão que só quando chegou ao poder é que a enfermidade foi conhecida. Pois é. E o que fizeram para alterar isso? Nada. Limitaram-se a segurar com unhas e dentes os tachos, bajulando o “querido líder” enquanto ele o foi.
Num artigo de opinião do jornal Público há para aí quatro anos, intitulado "Contra o medo", Manuel Alegre criticava "a confusão entre lealdade e subserviência" que, segundo o socialista, se verificavam no Governo de José Sócrates. Recordam-se?
"Há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa História, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE", escreveu Manuel Alegre, acusando o Partido Socialista de "auto-amordaçar-se".
Renato Sampaio diz que apoia Francisco Assis por estar “convencido que é o melhor líder para o PS” e quem “melhor serve os interesses do PS no próximo círculo político, porque é um líder que também tem uma ideia para o país e um projecto para o PS”.
Cá para mim, que continuo a ter coragem para dizer o que penso (mesmo contra a vontade de muitos socialistas), Renato Sampaio apoia Francisco Assis por uma única razão: está convencido que ele vai ganhar.
Essa de um socialista dizer que “falta coragem” às pessoas para escreverem o que pensam... não lembraria ao Diabo. Mas, é claro, lembrou a um dirigente socialista que sabe bem que, com o seu PS no Governo, dizer o que se pensa (quando isso não coincidia com as ideias do dono do partido) era mais de meio caminho andado, entre outras consequências, para o desemprego.
“Às vezes falta alguma coragem às pessoas para escreverem, porque assim nunca são confrontadas com essas opiniões. É muito fácil, muitas vezes, omitir, ignorar, mas eu não tenho esse tipo de problemas. Acho que nós devemos dizer o que pensamos a cada momento, mesmo que muitas vezes nós próprios evoluamos num sentido ligeiramente diferente”, afirmou.
Que bonito! Falso, mas bonito. Renato Sampaio sabe que o ex-líder do seu partido, tal como ele próprio, preferiu ser assassinados pelo elogio do que salvos pela crítica. Sabe que entre um génio e um néscio com o cartão do partido, o PS nacional como o distrital escolhe o néscio. Sabe que todos os que ao longo dos anos, nomedamente na comunicação social portuguesa, escreverem coisas como estas porque assim pensavam... fazem hoje parte dos 800 mil desempregados que o país tem.
É por isso que para mim é confrangedor o culto ao chefe por parte dos socialistas. Eu sei que a todo o momento (basta o chefe deixar de o ser, como domingo aconteceu a José Sócrates) podem mudar de barricada. Mas, mesmo assim, tenho alguma dificuldade em entender como é que socialistas inteligentes continuam de cócoras e, parafraseando Renato Sampaio, têm “falta coragem para escreverem (ou dizerem) o que pensam”.
Também me custa a aceitar (cada vez menos, é verdade) que Portugal seja uma espécie de país onde os que dizem sempre que sim são bestiais e, é claro, onde os que só dizem que sim quando devem dizer que sim, são umas bestas.
Não é assim? Sócrates deixou o poleiro do governo e do partido e logo se viu que, afinal, havia muitos socialistas que até achavam que o primeiro-ministro tinha, no mínimo, conhecimento de um plano para controlar órgãos de comunicação social.
Embora seja uma prática corrente nas ocidentais praias lusitanas, alguém com alguma sanidade mental duvida que os governos de José Sócrates foram os que mais trabalharam para que os jornalistas fossem formatados, com ou sem chip, consoante os interesses (económicos, políticos e similares) dos donos do Poder?
Recordam-se, por acaso, de quem disse que "Sócrates reduz a política à sua pessoa"? Não. A frase não é minha, embora reflicta a minha opinião. Aliás, de há muito que aqui digo (aqui e onde posso, sendo que não posso em todos os sítios que gostaria por obra e graça de alguns socialistas) que o ex-primeiro-ministro de Portugal tinha todas as características de um – para citar José Lello – foleiro ditador.
Alguns dirão que só quando chegou ao poder é que a enfermidade foi conhecida. Pois é. E o que fizeram para alterar isso? Nada. Limitaram-se a segurar com unhas e dentes os tachos, bajulando o “querido líder” enquanto ele o foi.
Num artigo de opinião do jornal Público há para aí quatro anos, intitulado "Contra o medo", Manuel Alegre criticava "a confusão entre lealdade e subserviência" que, segundo o socialista, se verificavam no Governo de José Sócrates. Recordam-se?
"Há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa História, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE", escreveu Manuel Alegre, acusando o Partido Socialista de "auto-amordaçar-se".
Renato Sampaio diz que apoia Francisco Assis por estar “convencido que é o melhor líder para o PS” e quem “melhor serve os interesses do PS no próximo círculo político, porque é um líder que também tem uma ideia para o país e um projecto para o PS”.
Cá para mim, que continuo a ter coragem para dizer o que penso (mesmo contra a vontade de muitos socialistas), Renato Sampaio apoia Francisco Assis por uma única razão: está convencido que ele vai ganhar.
Francisco Assis? Santos Silva era melhor!
Quem seguiu a trajectória político-partidária de Francisco Assis nos últimos anos não terá, creio, dificuldade em ver que ele está cada vez mais igual (embora para melhor) a José Sócrates.
Francisco Assis está tão igual a Sócrates que, em muitas alturas, até me faz lembrar Mohamed Said Al-Sahaf, o ministro iraquiano da informação que, na mesma altura em que os jornalistas já viam da sala onde falavam com ele os tanques dentro de Bagdade, garantia a pés juntos que as tropas norte-americanas estavam longe da capital e a levar porrada a torto e a direito.
Francisco Assis é (será que ainda se recordam?) o mesmo líder parlamentar que, acompanhado por Sérgio Sousa Pinto, se solidarizou com o seu camarada, igualmente deputado, Ricardo Rodrigues quando este tentou justificar o injustificável. Ou seja, as razões pelas quais “tomou posse” (sinónimo de roubar) dos gravadores dos jornalistas da Sábado.
Francisco Assis continua a ser, penso eu, o mesmo que considerou no dia 12 de Janeiro, em Lisboa, que Cavaco Silva estava a adoptar na sua campanha "uma linha de orientação que não privilegia a manutenção de um clima de estabilidade institucional", acrescentando que "o país não precisa de um Presidente da República transformado num provedor universal de todos os descontentamentos, nem tão pouco de um Presidente da República erigido no papel de contra-peso da acção do Governo legítimo do país".
Cára para mim, Augusto Santos Silva é quem deveria ser o próximo “querido líder” do PS. Como é agradável ver, como fez no dia 10 de Janeiro, este dirigente socialista e educador das massas operárias, mas também ex-ministro, acusar as forças de direita de "salivarem" perante a hipótese de o FMI entrar em Portugal e de colocarem os interesses partidários acima dos nacionais.
Nesse dia, falando de barriga cheia (estava na altura num almoço de apoio a Manuel Alegre), Santos Silva avançou – nunca é demais recordá-lo – com as suas habituais eruditas pérolas, fazendo lembrar o tempo em que tinha a pasta, entre outras, de dono da comunicação social portuguesa.
Talvez por saber disso, de vez em quando ele aparece – mesmo sendo ministro da Defesa - para malhar em todos aqueles que têm a ousadia de pensar de forma diferente da dele que, aliás, é ou era até domingo passado, sempre igual (neste caso) à do sumo pontífice do PS, José Sócrates.
Recordam-se de Augusto Santos Silva ter considerado, ainda não há muito tempo (21 de Julho do ano passado), que o ante-projecto de revisão constitucional do PSD era “um manifesto extremista contra a Constituição”, que revelava “irresponsabilidade” e colocava “radicalmente em causa um equilíbrio de poderes que a democracia portuguesa laboriosamente construiu”?
O então Governo do PS e o então PS do Governo, seguindo a metodologia de Augusto Santos Silva, deve continua a malhar forte e feio nos enteados a quem acusa de "inacção" e de "cegueira ideológica".
Só escapam, esses escapam sempre, os que gravitam em volta deste PS. Se calhar o actual PS até tem razão. Cada povo tem os políticos que merece.
Dizia Augusto Santos Silva, certamente respaldado na cartilha do até agora perito dos peritos, José Sócrates, que a oposição "sucumbe à demagogia". Demagogia que, como todos sabem, é (ou foi até domingo) uma característica atávica de todos os portugueses de segunda, ou seja, de todos aqueles que não são deste PS. Embora possam ser do PS de António Guterres, por exemplo.
"A direita falha em critérios essenciais na resposta à actual crise, começando logo por falhar no requisito da iniciativa", sustentava o maior (a seguir a José Sócrates) perito dos peritos portugueses, considerando que a oposição não assume uma defesa do princípio da "equidade social".
Será com certeza por isso que os poucos que têm milhões mais milhões continuam a ter, e que os milhões que têm pouco ou nada... ainda têm menos, se é que isso é possível.
Quando se vira para a esquerda, este PS também bate forte e feio, ou não fosse o único dono da verdade. Em relação ao PCP atira a matar, tal como fizera quanto ao Bloco de Esquerda, isto – diga-se em abono da verdade - antes de terem selado uma união de facto a três, via Manuel Alegre.
Nessa altura, Santos Silva evitou dizer que o BE pertence "à esquerda extremista" que "propõe o regresso ao paradigma colectivista".
"Estão cegos por preconceitos ideológicos que os impediram de perceber o quanto foi essencial estabilizar o sistema financeiro para responder à crise", disse em tempos, entre outras sábias alusões, Augusto Santos Silva.
Ora aí está. Bons só mesmo os socialistas. Nem todos, mas sobretudo os que, por terem coluna vertebral amovível, veneram o líder... Todos os outros são uma escumalha que não merece sequer ser considerada como portuguesa.
"O PS é portador de uma liderança e de uma plataforma política para mobilizar o conjunto da sociedade", sustentava o PS, mostrando sempre que, na Terra, só Sócrates podia representar Deus como único detentor da verdade. Isto, é claro, até domingo passado.
Francisco Assis é (será que ainda se recordam?) o mesmo líder parlamentar que, acompanhado por Sérgio Sousa Pinto, se solidarizou com o seu camarada, igualmente deputado, Ricardo Rodrigues quando este tentou justificar o injustificável. Ou seja, as razões pelas quais “tomou posse” (sinónimo de roubar) dos gravadores dos jornalistas da Sábado.
Francisco Assis continua a ser, penso eu, o mesmo que considerou no dia 12 de Janeiro, em Lisboa, que Cavaco Silva estava a adoptar na sua campanha "uma linha de orientação que não privilegia a manutenção de um clima de estabilidade institucional", acrescentando que "o país não precisa de um Presidente da República transformado num provedor universal de todos os descontentamentos, nem tão pouco de um Presidente da República erigido no papel de contra-peso da acção do Governo legítimo do país".
Cára para mim, Augusto Santos Silva é quem deveria ser o próximo “querido líder” do PS. Como é agradável ver, como fez no dia 10 de Janeiro, este dirigente socialista e educador das massas operárias, mas também ex-ministro, acusar as forças de direita de "salivarem" perante a hipótese de o FMI entrar em Portugal e de colocarem os interesses partidários acima dos nacionais.
Nesse dia, falando de barriga cheia (estava na altura num almoço de apoio a Manuel Alegre), Santos Silva avançou – nunca é demais recordá-lo – com as suas habituais eruditas pérolas, fazendo lembrar o tempo em que tinha a pasta, entre outras, de dono da comunicação social portuguesa.
Talvez por saber disso, de vez em quando ele aparece – mesmo sendo ministro da Defesa - para malhar em todos aqueles que têm a ousadia de pensar de forma diferente da dele que, aliás, é ou era até domingo passado, sempre igual (neste caso) à do sumo pontífice do PS, José Sócrates.
Recordam-se de Augusto Santos Silva ter considerado, ainda não há muito tempo (21 de Julho do ano passado), que o ante-projecto de revisão constitucional do PSD era “um manifesto extremista contra a Constituição”, que revelava “irresponsabilidade” e colocava “radicalmente em causa um equilíbrio de poderes que a democracia portuguesa laboriosamente construiu”?
O então Governo do PS e o então PS do Governo, seguindo a metodologia de Augusto Santos Silva, deve continua a malhar forte e feio nos enteados a quem acusa de "inacção" e de "cegueira ideológica".
Só escapam, esses escapam sempre, os que gravitam em volta deste PS. Se calhar o actual PS até tem razão. Cada povo tem os políticos que merece.
Dizia Augusto Santos Silva, certamente respaldado na cartilha do até agora perito dos peritos, José Sócrates, que a oposição "sucumbe à demagogia". Demagogia que, como todos sabem, é (ou foi até domingo) uma característica atávica de todos os portugueses de segunda, ou seja, de todos aqueles que não são deste PS. Embora possam ser do PS de António Guterres, por exemplo.
"A direita falha em critérios essenciais na resposta à actual crise, começando logo por falhar no requisito da iniciativa", sustentava o maior (a seguir a José Sócrates) perito dos peritos portugueses, considerando que a oposição não assume uma defesa do princípio da "equidade social".
Será com certeza por isso que os poucos que têm milhões mais milhões continuam a ter, e que os milhões que têm pouco ou nada... ainda têm menos, se é que isso é possível.
Quando se vira para a esquerda, este PS também bate forte e feio, ou não fosse o único dono da verdade. Em relação ao PCP atira a matar, tal como fizera quanto ao Bloco de Esquerda, isto – diga-se em abono da verdade - antes de terem selado uma união de facto a três, via Manuel Alegre.
Nessa altura, Santos Silva evitou dizer que o BE pertence "à esquerda extremista" que "propõe o regresso ao paradigma colectivista".
"Estão cegos por preconceitos ideológicos que os impediram de perceber o quanto foi essencial estabilizar o sistema financeiro para responder à crise", disse em tempos, entre outras sábias alusões, Augusto Santos Silva.
Ora aí está. Bons só mesmo os socialistas. Nem todos, mas sobretudo os que, por terem coluna vertebral amovível, veneram o líder... Todos os outros são uma escumalha que não merece sequer ser considerada como portuguesa.
"O PS é portador de uma liderança e de uma plataforma política para mobilizar o conjunto da sociedade", sustentava o PS, mostrando sempre que, na Terra, só Sócrates podia representar Deus como único detentor da verdade. Isto, é claro, até domingo passado.
Será desta António José Seguro?
Tal como o chefe do posto, os sipaios da ainda vigente direcção do Partido Socialista convivem mal, muito mal, com as opiniões que sejam diferentes da cartilha oficial de que é autor José Sócrates.
O mal não está em que José Sócrates e os seus lacaios prefiram ser assassinados pelo elogio do que salvos pela crítica. O mal está em que, ao imporem essa filosofia ao partido, estão a assassinar igualmente muitos e bons socialistas.
Recordam-se que António José Seguro (o principal e sobretudo tradicional rosto da oposição interna a José Sócrates/Francisco Assis) assumiu em tempos (Maio do ano passado) em entrevista ao Expresso que um dia poderá ser candidato a líder do PS?
Recordam-se que, na altura, José Sócrates soltou imediatamente os seus cães de fila, mostrando a razão pela qual tem tantos sipais eunucos, acéfalos e invertebrados no seu harém político-partidário?
Embora não explicitando o alvo, como é típico a atávico nos vassalos de sua majestade, André Figueiredo, secretário nacional adjunto do PS, e chefe do Gabinete do secretário-geral, insurgiu-se contra o conteúdo das declarações de António José Seguro.
Na sua página no Facebook, André Figueiredo escreveu o que o chefe do posto lhe encomendou: "Numa altura decisiva como a que vivemos, ter alguém a olhar para o seu umbigo e a querer mostrar, apenas, que existe e que ninguém lhe liga é um sinal de incapacidade, de falta de cultura política e de solidão do seu pensamento e acção."
Se o valor político de António José Seguro se medisse pelo nível dos seus adversários internos, André Figueiredo amesquinhava-o totalmente. Mas, o chefe do Gabinete do secretário-geral tem de fazer o que lhe mandam...
"Esses sobrevivem em torno de algo que só os próprios conseguem ver. São pessoas sós que não sabem o que significa interesse nacional e que a sua vaidade os cega completamente do rumo certo e assertivo a seguir. Enfim amigos, perdoem-lhe, pois não sabem o que fazem...", acrescentou André Figueiredo numa clara demonstração da posição oficial deste PS: cócoras.
E porque, ao contrário de André Figueiredo, António José Seguro tem uma posição erecta, é que – por exemplo – no dia 4 de Abril de 2010, numa nota colocada no seu site a propósito das remunerações do presidente da EDP, disse que “em fase de enormes dificuldades e de exigência de sacrifícios aos portugueses, é incompreensível como se atingem estes valores remuneratórios. É uma imoralidade!”.
Depois disso, em declarações à agência Lusa, António José Seguro reiterou esta posição e observou ainda que a EDP é a empresa mais endividada do mercado de capitais português com 14,007 mil milhões de euros (mais 117 milhões do que em 2008).
Recorde-se que, de acordo com informação enviada pela EDP à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), António Mexia recebeu em 2009, 700 mil euros em salários fixos e 600 mil euros em remuneração variável (que varia segundo objectivos atingidos), juntando a estes valores um prémio plurianual de mandato de 1,8 milhões de euros, que entra nas contas de 2009 e que corresponde a 600 mil euros por cada um dos três anos.
Por outras palavras, o presidente executivo da eléctrica portuguesa recebeu nesse ano um total de 3,1 milhões de euros.
E é por estas e por outras que tanto o chefe do posto (José Sócrates) como os seus sipaios (André Figueiredo é só um pequeno exemplo) tudo fizeram para pôr os portugueses a viver sem comer.
Recordam-se que António José Seguro (o principal e sobretudo tradicional rosto da oposição interna a José Sócrates/Francisco Assis) assumiu em tempos (Maio do ano passado) em entrevista ao Expresso que um dia poderá ser candidato a líder do PS?
Recordam-se que, na altura, José Sócrates soltou imediatamente os seus cães de fila, mostrando a razão pela qual tem tantos sipais eunucos, acéfalos e invertebrados no seu harém político-partidário?
Embora não explicitando o alvo, como é típico a atávico nos vassalos de sua majestade, André Figueiredo, secretário nacional adjunto do PS, e chefe do Gabinete do secretário-geral, insurgiu-se contra o conteúdo das declarações de António José Seguro.
Na sua página no Facebook, André Figueiredo escreveu o que o chefe do posto lhe encomendou: "Numa altura decisiva como a que vivemos, ter alguém a olhar para o seu umbigo e a querer mostrar, apenas, que existe e que ninguém lhe liga é um sinal de incapacidade, de falta de cultura política e de solidão do seu pensamento e acção."
Se o valor político de António José Seguro se medisse pelo nível dos seus adversários internos, André Figueiredo amesquinhava-o totalmente. Mas, o chefe do Gabinete do secretário-geral tem de fazer o que lhe mandam...
"Esses sobrevivem em torno de algo que só os próprios conseguem ver. São pessoas sós que não sabem o que significa interesse nacional e que a sua vaidade os cega completamente do rumo certo e assertivo a seguir. Enfim amigos, perdoem-lhe, pois não sabem o que fazem...", acrescentou André Figueiredo numa clara demonstração da posição oficial deste PS: cócoras.
E porque, ao contrário de André Figueiredo, António José Seguro tem uma posição erecta, é que – por exemplo – no dia 4 de Abril de 2010, numa nota colocada no seu site a propósito das remunerações do presidente da EDP, disse que “em fase de enormes dificuldades e de exigência de sacrifícios aos portugueses, é incompreensível como se atingem estes valores remuneratórios. É uma imoralidade!”.
Depois disso, em declarações à agência Lusa, António José Seguro reiterou esta posição e observou ainda que a EDP é a empresa mais endividada do mercado de capitais português com 14,007 mil milhões de euros (mais 117 milhões do que em 2008).
Recorde-se que, de acordo com informação enviada pela EDP à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), António Mexia recebeu em 2009, 700 mil euros em salários fixos e 600 mil euros em remuneração variável (que varia segundo objectivos atingidos), juntando a estes valores um prémio plurianual de mandato de 1,8 milhões de euros, que entra nas contas de 2009 e que corresponde a 600 mil euros por cada um dos três anos.
Por outras palavras, o presidente executivo da eléctrica portuguesa recebeu nesse ano um total de 3,1 milhões de euros.
E é por estas e por outras que tanto o chefe do posto (José Sócrates) como os seus sipaios (André Figueiredo é só um pequeno exemplo) tudo fizeram para pôr os portugueses a viver sem comer.
terça-feira, junho 07, 2011
Ou cadeia ou uma condecoração
Já que os portugueses não têm coragem, capacidade ou tomates para levar o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, a julgamento por gestão danosa do país, ou por negligência grave durante o seu mandato governativo, ao menos poderiam dar-lhe uma condecoração.
Se no dia 10, o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, vai condecorar no Dia de Portugal 35 personalidades e instituições, impõe-se saber porque razão não figura José Sócrates como um dos condecorados.
Em abono dos altos serviços prestados à nação socialista por José Sócrates, cito alguns exemplos que – reconheço – pecam por defeito.
A taxa de pobreza infantil em Portugal é de 16,6 por cento, um valor superior à média dos países da OCDE (12,7 por cento) e a oitava maior do grupo.
Uma em cada quatro crianças (23 por cento) estava, em 2009, inserida em famílias com rendimentos abaixo do limiar de pobreza; 27 por cento viviam uma situação de privação. Em 11,2 por cento dos casos (uma em cada dez crianças) a privação era acumulada com a ausência de rendimentos do seu agregado familiar, abaixo do limiar de pobreza.
Portugal tem mais de 800 mil desempregados, 20% dos cidadãos a viver na miséria e outros tantos que começam a ter saudades de uma... refeição.
Portugal tem hoje a pior dívida pública dos últimos 160 anos (mesmo não incluindo PPPs e empresas públicas), a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (duplicou em 6 anos), a maior dívida externa dos últimos 120 anos, a dívida externa bruta em 1995 era de 40% do PIB e o ano passado era de 230% do PIB.
Mas há mais elementos que abonam, citando Ana Gomes, a idoneidade pessoal e política do até agora sumo pontífice do PS e que, das duas uma, ou justificam que vá para a cadeia ou que seja condecorado pelo presidente da República.
Vamos a isso. A dívida externa líquida em 1995 de 10% do PIB, em 2010 chegou aos 110% do PIB, a dvida pública em 2005 era de 82.000.000.000€ e cinco anos depois chegava aos 170.000.000.000€.
Nos últimos dez anos, seis dos quais sob o comando absoluto de José Sócrates, Portugal foi o terceiro país do mundo com o pior crescimento económico (atrás do Haiti e Itália). Actualmente está no quarto lugar do TOP dos países do mundo em risco de bancarrota. Em 2011 só Portugal, Grécia e Costa do Marfim estarão em recessão no mundo. Em 2012 só Portugal estará em recessão no mundo.
Quantos países com governo socialista restam agora em toda a União Europeia? Depois das recentes eleições na Hungria, no Reino Unido e em Portugal só ficaram dois países: Grécia e Espanha.
Por outras palavras, como dizia Margaret Thatcher, "o socialismo dura até se acabar o dinheiro dos outros".
Em abono dos altos serviços prestados à nação socialista por José Sócrates, cito alguns exemplos que – reconheço – pecam por defeito.
A taxa de pobreza infantil em Portugal é de 16,6 por cento, um valor superior à média dos países da OCDE (12,7 por cento) e a oitava maior do grupo.
Uma em cada quatro crianças (23 por cento) estava, em 2009, inserida em famílias com rendimentos abaixo do limiar de pobreza; 27 por cento viviam uma situação de privação. Em 11,2 por cento dos casos (uma em cada dez crianças) a privação era acumulada com a ausência de rendimentos do seu agregado familiar, abaixo do limiar de pobreza.
Portugal tem mais de 800 mil desempregados, 20% dos cidadãos a viver na miséria e outros tantos que começam a ter saudades de uma... refeição.
Portugal tem hoje a pior dívida pública dos últimos 160 anos (mesmo não incluindo PPPs e empresas públicas), a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (duplicou em 6 anos), a maior dívida externa dos últimos 120 anos, a dívida externa bruta em 1995 era de 40% do PIB e o ano passado era de 230% do PIB.
Mas há mais elementos que abonam, citando Ana Gomes, a idoneidade pessoal e política do até agora sumo pontífice do PS e que, das duas uma, ou justificam que vá para a cadeia ou que seja condecorado pelo presidente da República.
Vamos a isso. A dívida externa líquida em 1995 de 10% do PIB, em 2010 chegou aos 110% do PIB, a dvida pública em 2005 era de 82.000.000.000€ e cinco anos depois chegava aos 170.000.000.000€.
Nos últimos dez anos, seis dos quais sob o comando absoluto de José Sócrates, Portugal foi o terceiro país do mundo com o pior crescimento económico (atrás do Haiti e Itália). Actualmente está no quarto lugar do TOP dos países do mundo em risco de bancarrota. Em 2011 só Portugal, Grécia e Costa do Marfim estarão em recessão no mundo. Em 2012 só Portugal estará em recessão no mundo.
Quantos países com governo socialista restam agora em toda a União Europeia? Depois das recentes eleições na Hungria, no Reino Unido e em Portugal só ficaram dois países: Grécia e Espanha.
Por outras palavras, como dizia Margaret Thatcher, "o socialismo dura até se acabar o dinheiro dos outros".
Um processo judicial por negligência
grave contra o ex-primeiro-ministro!
Um processo judicial contra o ex-primeiro-ministro islandês Geeir Haarde, acusado de negligência grave durante o seu mandato governativo, começa esta terça-feira num tribunal especial.
Em Setembro de 2010, o parlamento islandês decidiu processar por "negligência" o antigo chefe do Governo, que liderava o país na altura em que o sistema financeiro islandês entrou em colapso, em Outubro de 2008.
A caminho dos 800 mil desempregados, com 20% dos cidadãos a viver na miséria e outros tantos que começam a ter saudades de uma... refeição, Portugal poderia adoptar igual procedimento em relação a José Sócrates, o mais sublime exemplo da impunidade reinante.
Desde logo porque, apesar dos resultados, o ainda secretário-geral do PS, e ex-primeiro-ministro, também sumo pontífice dos socialistas, continua a ter na lapela o frase de que “está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu".
Já em 2009, bem ao estilo de quem delira com a sua impunidade, José Sócrates dizia que, "este ano, o défice vai aumentar, mas para o nível médio da União Europeia, o que nos dá algum conforto". E acrescentava que "Portugal paga menos juros à banca do que Inglaterra".
No encontro "Novas Fronteiras", que reuniu, no Porto, duas dezenas de empresários e que se destinava a ouvir propostas, José Sócrates reforçou que "o preço do risco da dívida soberana [de Portugal] é inferior ao da Espanha, Inglaterra, Itália e Grécia", sublinhando que é demonstrativo da forma como "os mercados internacionais vêem a economia portuguesa".
"A acção do Governo é mais apreciada no estrangeiro do que aqui", lançou o então e ainda secretário-geral do PS, renovando a sua exímia capacidade para fazer dos outros burros e, como se não fosse suficiente, passar atestados de menoridade a todos aqueles que se atrevem a pensar pela própria cabeça.
O líder carismático dos socialistas (uma espécie sul europeia de Muammar Kadhafi) sublinhou que o Governo "fez o trabalho de colocar as contas públicas em ordem no momento certo, se não o Estado não poderia estar a ajudar ninguém".
Em jeito de recado, José Sócrates disse "para quem não sabe" que "quando há uma crise económica, as consequências são devastadoras para a economia" e, acrescentou, que Portugal foi o País que "menos ajudou os bancos".
Quem diria? Mas, reconheço, ainda “está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor” do que José Sócrates na arte socialista de dizer às segundas, quartas e sextas uma coisa, e às terças, quintas e sábados outra diametralmente oposta.
No encontro com os empresários, José Sócrates elegeu o apoio à exportação das empresas portuguesas, o reforço do sector das energias renováveis e a cooperação com as empresas como três estratégias essenciais para a competitividade da economia portuguesa.
"O crescimento das exportações é o esforço mais virtuoso", afirmou, defendendo ser viável, com a cooperação das empresas, que as vendas ao estrangeiro representem 40 por cento do PIB.
Em matéria energética, Sócrates anunciou um plano de investimentos que pretende manter Portugal "na linha da frente" e convertê-lo num exportador de tecnologia e até mesmo de energia.
"Queremos criar uma cadeia de valor integral para, em cinco anos, colocar Portugal como exportador de tecnologia e de energia, podendo vender créditos a países que não consigam atingir as metas estabelecidas", explicou João Conceição, que apresentou as linhas do programa socialista em matéria energética.
Na energia eólica, a meta de Sócrates era aumentar em 50 por cento a produção de energia prevista para 2010.
Recordam-se? Não sei a que dia de semana o sumo pontífice deste PS fez todas estas declarações, mas aceito que no dia seguinte – como é hábito – tenha dito o contrário.
Como matéria de facto para um eventual processo judicial contra o ex-primeiro-ministro acrescente-se que não só já nasceu como anda por aí o ex-primeiro-ministro que mais fez para afundar o país, que mais quer fazer (mesmo que sendo militante de base embora com olhos postos em Belém) para continuar a afundar o que resta.
A caminho dos 800 mil desempregados, com 20% dos cidadãos a viver na miséria e outros tantos que começam a ter saudades de uma... refeição, Portugal poderia adoptar igual procedimento em relação a José Sócrates, o mais sublime exemplo da impunidade reinante.
Desde logo porque, apesar dos resultados, o ainda secretário-geral do PS, e ex-primeiro-ministro, também sumo pontífice dos socialistas, continua a ter na lapela o frase de que “está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu".
Já em 2009, bem ao estilo de quem delira com a sua impunidade, José Sócrates dizia que, "este ano, o défice vai aumentar, mas para o nível médio da União Europeia, o que nos dá algum conforto". E acrescentava que "Portugal paga menos juros à banca do que Inglaterra".
No encontro "Novas Fronteiras", que reuniu, no Porto, duas dezenas de empresários e que se destinava a ouvir propostas, José Sócrates reforçou que "o preço do risco da dívida soberana [de Portugal] é inferior ao da Espanha, Inglaterra, Itália e Grécia", sublinhando que é demonstrativo da forma como "os mercados internacionais vêem a economia portuguesa".
"A acção do Governo é mais apreciada no estrangeiro do que aqui", lançou o então e ainda secretário-geral do PS, renovando a sua exímia capacidade para fazer dos outros burros e, como se não fosse suficiente, passar atestados de menoridade a todos aqueles que se atrevem a pensar pela própria cabeça.
O líder carismático dos socialistas (uma espécie sul europeia de Muammar Kadhafi) sublinhou que o Governo "fez o trabalho de colocar as contas públicas em ordem no momento certo, se não o Estado não poderia estar a ajudar ninguém".
Em jeito de recado, José Sócrates disse "para quem não sabe" que "quando há uma crise económica, as consequências são devastadoras para a economia" e, acrescentou, que Portugal foi o País que "menos ajudou os bancos".
Quem diria? Mas, reconheço, ainda “está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor” do que José Sócrates na arte socialista de dizer às segundas, quartas e sextas uma coisa, e às terças, quintas e sábados outra diametralmente oposta.
No encontro com os empresários, José Sócrates elegeu o apoio à exportação das empresas portuguesas, o reforço do sector das energias renováveis e a cooperação com as empresas como três estratégias essenciais para a competitividade da economia portuguesa.
"O crescimento das exportações é o esforço mais virtuoso", afirmou, defendendo ser viável, com a cooperação das empresas, que as vendas ao estrangeiro representem 40 por cento do PIB.
Em matéria energética, Sócrates anunciou um plano de investimentos que pretende manter Portugal "na linha da frente" e convertê-lo num exportador de tecnologia e até mesmo de energia.
"Queremos criar uma cadeia de valor integral para, em cinco anos, colocar Portugal como exportador de tecnologia e de energia, podendo vender créditos a países que não consigam atingir as metas estabelecidas", explicou João Conceição, que apresentou as linhas do programa socialista em matéria energética.
Na energia eólica, a meta de Sócrates era aumentar em 50 por cento a produção de energia prevista para 2010.
Recordam-se? Não sei a que dia de semana o sumo pontífice deste PS fez todas estas declarações, mas aceito que no dia seguinte – como é hábito – tenha dito o contrário.
Como matéria de facto para um eventual processo judicial contra o ex-primeiro-ministro acrescente-se que não só já nasceu como anda por aí o ex-primeiro-ministro que mais fez para afundar o país, que mais quer fazer (mesmo que sendo militante de base embora com olhos postos em Belém) para continuar a afundar o que resta.
segunda-feira, junho 06, 2011
Ainda existem Jornalistas em Angola
Terá Cabinda similitudes com Timor-Leste? E com o Kosovo? E com o Saara Ocidental? Cabinda é um território ocupado por Angola. E, tanto a potência ocupante, como a que o administrou (Portugal), pensaram, ou pensam, em fazer um referendo para saber o que os cabindas querem. Seja como for, o direito de escolha do povo não prescreve, não pode prescrever, mesmo quando o importante é apenas o petróleo.
Do passado para memória futura
A decisão instrutória do processo em que Afonso Dias está acusado do rapto de Rui Pedro, criança que desapareceu no dia 4 de Março de 1998, determinou hoje que o arguido vai a julgamento.
O despacho de juiz de instrução concluiu haver "indícios e sinais objectivos" da prática de um crime de rapto qualificado.
"Se defendemos os direitos humanos, não podemos aceitar que crianças sejam feridas criminosamente nos seus direitos. Tirá-las à força dos seus pais e do seu país para as entregar a acções indignas é de condenar", afirmou em Dezembro de 2007 a presidente da Fundação Pró Dignitate, Maria Barroso.
Estaria na altura Maria Barroso a referir-se ao Rui Pedro, por exemplo? Não. Falava, e bem, das crianças guineenses levadas para o Senegal, alegadamente para estudar o Corão.
Para Maria Barroso, as ONG deviam reunir-se e "fazer chegar um protesto junto dos mais altos representantes: nas Nações Unidas e na sede da Comissão Europeia".
Estaria Maria Barroso a referir-se ao Rui Pedro, por exemplo? Não. Falava, e bem, das crianças guineenses levadas para o Senegal, alegadamente para estudar o Corão.
Em Setembro de 2007, o então ministro da Justiça, Alberto Costa, manifestou em Bruxelas "plena confiança no trabalho da Polícia Judiciária" no âmbito do caso Rui Pedro , considerando que a polícia portuguesa estava a investigar com os meios adequados.
O ministro quebrou ness data o silêncio para reiterar a sua confiança no trabalho da polícia portuguesa, sustentando que a PJ "está a investigar com toda a sua competência e com os recursos que são necessários".
Alberto Costa sublinhou que falava "sob a égide do Ministério Público e, a seguir, será a vez de os Tribunais se pronunciarem". "O que todos desejamos e o que todos precisamos é que este caso seja esclarecido", concluiu.
Era bom, era! Acontece que as palavras do ministro se referiam ao caso Madeleine McCann e não, infelizmente, ao do Rui Pedro.
"Se defendemos os direitos humanos, não podemos aceitar que crianças sejam feridas criminosamente nos seus direitos. Tirá-las à força dos seus pais e do seu país para as entregar a acções indignas é de condenar", afirmou em Dezembro de 2007 a presidente da Fundação Pró Dignitate, Maria Barroso.
Estaria na altura Maria Barroso a referir-se ao Rui Pedro, por exemplo? Não. Falava, e bem, das crianças guineenses levadas para o Senegal, alegadamente para estudar o Corão.
Para Maria Barroso, as ONG deviam reunir-se e "fazer chegar um protesto junto dos mais altos representantes: nas Nações Unidas e na sede da Comissão Europeia".
Estaria Maria Barroso a referir-se ao Rui Pedro, por exemplo? Não. Falava, e bem, das crianças guineenses levadas para o Senegal, alegadamente para estudar o Corão.
Em Setembro de 2007, o então ministro da Justiça, Alberto Costa, manifestou em Bruxelas "plena confiança no trabalho da Polícia Judiciária" no âmbito do caso Rui Pedro , considerando que a polícia portuguesa estava a investigar com os meios adequados.
O ministro quebrou ness data o silêncio para reiterar a sua confiança no trabalho da polícia portuguesa, sustentando que a PJ "está a investigar com toda a sua competência e com os recursos que são necessários".
Alberto Costa sublinhou que falava "sob a égide do Ministério Público e, a seguir, será a vez de os Tribunais se pronunciarem". "O que todos desejamos e o que todos precisamos é que este caso seja esclarecido", concluiu.
Era bom, era! Acontece que as palavras do ministro se referiam ao caso Madeleine McCann e não, infelizmente, ao do Rui Pedro.
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