segunda-feira, fevereiro 28, 2011

O regime de Angola tem medo, muito medo, porque sabe o que o Povo pensa realmente!

As manifestações do próximo dia 7 contra o presidente de Angola, não eleito e há 32 anos no poder, José Eduardo dos Santos, deverão ter também alguma (espera-se que muita) adesão fora do país.

Assim, os angolanos esperam que também os seus amigos se juntem a eles, a apartir das 13 horas, em Bruxelas (Place Louise), seguindo a manifestação em direcção à Embaixada de Angola junto da União Europeia, onde será entregue uma petição conjunta da Comunidade Angolana da diáspora e do interior de Angola.

Apesar da garantia de que as manifestações serão pacíficas, democráticas e legítimas, inspiradas no Movimento de «Não-Violência» e a favor de paz e estabilidade em Angola, é bem possível (já há, aliás, indícios nesse sentido) que o regime do MPLA procure impedir a sua realização.

Em Angola, por exemplo, tudo quanto é autoridade, casos das Forças Armadas, Polícia, Sinfo, o SIE (entre outras) está mobilizado não para a manifestação mas, isso sim, para tentar impedir que os angolanos se manifestem.

Mas, por muito pacífica que seja – e será certamente – a manifestação, o regime sabe o que o Povo pensa. Sabe que milhões de angolanos têm cada vez menos, enquanto que alguns têm cada vez mais.

O regime sabe que, de jure, os angolanos têm direitos e garantias consagrados quer ao nível da lei nacional quer do Direito internacional. Por sua vez, os angolanos sabem que, de facto, quem pensar de forma diferente dos donos do país é culpado de actos contra a segurança do Estado.

O governo de Angola sabe que os angolanos têm direito a exprimir livremente os seus pensamentos, as suas ideias e opiniões. Por sua vez, os angolanos sabem que esse é um direito que só funciona se for para estar de acordo com o regime.

O regime sabe que os angolanos apostaram livre e conscientemente na paz, na democracia, na justiça social e na seriedade e transparência de governação. Por sua vez, os angolanos sabem que, apesar de nove anos de paz, todos esses objectivos são uma miragem.

O governo do MPLA sabe que os angolanos são um povo pacífico, mas também sabe que eles têm memória. Memória, entre outros acontecimentos, do 27 de Maio de 1977, dos crimes contra os ovimbundos em 1992, contra os bakongos em 22 e 24 de Janeiro de 1993 etc. etc.

O regime sabe que o Povo não quer mais guerras, mais sofrimentos, mais dor. Mas sabe igualmente que esse mesmo Poco continua a ser gerado com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois com fome.

O regime sabe que 68% da população angolana é afectada pela pobreza, que a taxa de mortalidade infantil é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças.

O regime sabe que apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico.

O regime sabe que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade.

O regime sabe que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.

O regime sabe que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino.

O regime sabe que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.

O regime sabe que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.

O regime sabe que 80% do Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda.

O regime sabe que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.

Mas, mais do que tudo isto, o regime angolano sabe que o Povo sebe tudo isto. E o que mais o atormenta é a existência do um Povo que pensa, que sabe o que quer... mesmo tendo a barriga vazia.

Deixem de salivar e aprendam com Portugal

O ministro das Finanças de Portugal, Teixeira dos Santos, afirmou hoje que o esforço que Portugal terá de fazer em termos de contas públicas terá de ser acompanhado pelas decisões certas a nível europeu, caso contrário, poderá ser em vão.

Ora aí está. Ou a Europa percebe de uma vez por todas que deve ter os olhos postos nos mestres dos mestres do reino lusitano, ou então está o caldo (para os que ainda o têm) entornado.

Teixeira dos Santos tem toda a razão. Numa altura em que são cada vez mais os portugueses (700 mil desempregados, 20 por cento de pobres e outros tantos com os pratos vazios) que estão a aprender a viver sem comer, não faz sentido a Europa contrariar estas nobres teses e vir dizer que é preciso comer alguma coisa.

"Os nossos esforços terão de ser acompanhados também pelo esforço europeu. Importantes decisões são esperadas no mês de Março. Espero que a Europa seja também capaz de dar os passos decisivos que se impõem. [...] Se a Europa não der estes passos, receio que todo este esforço seja em vão", afirmou Teixeira dos Santos, na abertura da II Conferência Reuters/TSF, em Lisboa.

Rendo-me à perspicácia e visão estratégica deste ministro das Finanças. Na verdade tem de ser a Europa a dar os passos que Portugal entende necessários. O contrário não faz sentido, por muito que, como diria o ministro Santos Silva, “salivem” os restantes países europeus.

Este ministro há muito que percebeu (embora tema falar do assunto) que o país está em cima de um tapete rolante que anda para trás. Tem-lhe, aliás, sido difícil explicar ao sumo pontífice e dono da verdade do Governo, José Sócrates, que ao limitar-se a andar o país não sairá do sítio.

E como se isso não bastasse, devido à sua formação profissional dominical, José Sócrates entende que o país deve andar no mesmo sentido do tapete rolante...

O governante mostrou-se, no entanto, confiante de que as decisões necessárias serão tomadas, até porque, no seu entender, poderá estar em causa um trabalho com mais de seis décadas, aludindo à sobrevivência da própria União Europeia.

"Não me parece que os líderes europeus queiram deitar por terra este esforço de 60 anos", afirmou Teixeira dos Santos, certamente lembrando-se do exemplo de José Sócrates que em meia dúzia de anos não só deitou por terra o país como lhe descarregou em cima toneladas de inertes.

Para o ministro das Finanças, ultrapassar a crise "só depende de nós" e garante que é nisso que o Governo está empenhado. Estará?

Olhando para o tapete vê-se o país a ir na direcção contrária à que é seguida pela recuperação da confiança e de economia. Mas eles é que são os donos da verdade...

Do cidadão repórter ao cidadão médico

A falta de médicos de clínica geral em Portugal está a preocupar os autarcas de Abrantes e de Sardoal, que consideram a situação "dramática" e afirmam que, em termos de acesso a cuidados médicos de saúde primários, "pior não é possível".

Se calhar, com algumas adaptações, seria possível adoptar a estratégia da comunicação social portuguesa que, num dos seus habituais rasgos de originalidade, criou uma nova “classe profissional”, a do “cidadão repórter”.

Porque é fácil, barato e até dá milhões, os media decidiram assim pôr nas mãos dos cidadãos anónimos a responsabilidade de divulgaram o que deveria ser feito por jornalistas. Compreende-se. Há poucos jornalistas no país, o orçamento das empresas de produção de informação de linha branca é cada vez menor e, por isso, a alternativa é passar a responsabilidade para o cidadão.

Na saúde, se calhar era possível adoptar essa nova estratégia, criando a classe do “cidadão médico”. Não é bem a mesma coisa mas, com a originalidade peculiar aos portugueses, seria com certeza possível apelar à ajuda de quem – como nos media – sabe diferenciar um estetoscópio de um bisturi.

No concelho de Abrantes, com 19 freguesias e perto de 42 mil habitantes, dos 30 médicos de família previstos apenas 11 estão ao serviço. No vizinho concelho de Sardoal, com quatro freguesias e onde habitam cerca de 4.000 pessoas, a população está sem um único dos três médicos de clínica geral que ali deveriam prestar cuidados de saúde.

Estão a ver? A maioria dos portugueses (sobretudo os de segunda) estão calejados de tanto penarem nas idas aos médicos “da caixa” que, certamente, poderiam muito bem ajudar outros doentes que padeçam de males similares.

No caso presente, sem acesso directo a cuidados de saúde primários e com uma população envelhecida, à comunidade de Sardoal resta a alternativa de recorrer ao Centro de Saúde de Abrantes, a cerca de 20 quilómetros, e também ele com problemas na prestação de serviços médicos à sua população.

Se calhar muitos deles até só necessitam de umas pastilhas para as dores, coisa que o “cidadão médico”, que já passou pelo mesmo, poderia receitar, poupando assim muitas dores de cabeça aos responsáveis políticos da saúde que, afinal, têm preocupações mais importantes.

Além disso, ajudariam a diminuir os encargos sociais com esses portugueses (se morressem menos despesa davam), dando um sério contributo para que o défice do sector fosse diminuindo progressivamente.

Desde que vi a Coordenadora do Centro de Saúde de Rebordosa (Paredes) recusar autorização para que fosse concedido transporte pelos Bombeiros para as sessões de fisioterapia, recomendadas pelo médico assistente, a uma velhota de 85 anos que se deslocava agarrada a duas “canadianas”, fiquei convicto de que qualquer um pode ser “cidadão médico”.

Basta ver que a referida Coordenadora, provavelmente com formação telepática, já que não tinha conhecimento empírico e directo do estado da doente, conseguiu discernir razões clínicas que terão escapado ao médico assistente.

Este é, por exemplo, um daqueles casos em que o médico não está lá a fazer nada e que, por isso, poderia ser substituído por um "cidadão médico". Não concordam?

domingo, fevereiro 27, 2011

O que afirmava Kadafi antes de a comunidade internacional o ter passado de bestial a besta

O quase ex-guia supra-supremo da Líbia e, já agora, amigo pessoal do primeiro-ministro português, José Sócrates, Muammar Kadafi, não está nem nunca esteve com meias medidas, o que aliás é uma das suas mais peculiares características.

Para ele o extremismo religioso serve de fundamento moral ao terrorismo. Creio que tem razão. E então quem é o principal culpado? Nada mais nada menos, isto pelo menos em 2009, do que a Suíça porque, diz Muammar Kadafi, representa a fonte de financiamento do fenómeno, cujos actores possuem contas secretas na República helvética.

"A Suíça é uma máfia internacional e não um país. Ela é composta por uma comunidade italiana que deveria estar ligada à Itália, duma comunidade alemã que deve ser restituída à Alemanha e duma terceira constituída por franceses, que deveria pertencer a França", sublinhou Kadafi durante o seu discurso na Cimeira do G-8.

De uma coisa Muammar Kadafi não pode ser culpado. De falta de coragem. No sítio certo, perante alguns dos donos do mundo, disse o que pensava, embora não pensando no que dizia. Nem outra coisa seria de esperar.

Logo a seguir, Muammar Kadafi pensou no que ia dizer e esclareceu que Itália, Alemanha e França são países responsáveis, que respeitam o direito internacional e não albergam contas bancárias secretas nem máfias. Pois!

Kadafi defendeu que a luta contra o terrorismo exige o congelamento destas fontes materiais "com o desmantelamento da entidade suíça", bem como das fontes morais "encarnadas pelas confissões religiosas extremistas".

Muammar Kadafi renovou o seu apelo para a erradicação da política de ingerência que está na origem do terrorismo que, segundo ele e muita mais boa gente, constitui uma reacção à humilhação e à hegemonia internacional.

Falando do levantamento das sanções então tomadas contra o Irão pelo seu urânio enriquecido, o líder líbio renovou o direito de todos os países possuírem energia nuclear e urânio enriquecido para fins pacíficos e apelou à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para vigiar todos os países, sobretudo os que possuem armas nucleares.

O então também presidente da União Africana evocou os actos de pirataria no Corno de África, explicando-os por "uma reacção às pilhagens dos recursos marítimos nas águas das Zonas Económicas Exclusivas (ZEE)".

Muammar Kadafi recordou a decisão tomada pela Cimeira da UA em Julho de 2009, em Sirtes, na Líbia, de criar "um Frontex africano" para proteger as fronteiras externas africanas.

O líder líbio anunciou então que está a trabalhar na redacção dum acordo entre os somalis e o resto do mundo sobre o respeito da ZEE da Somália em troca da suspensão da pirataria pelos somalis para pôr termo a este fenómeno e dos perigos da sua propagação no Mediterrâneo e em outras regiões do mundo.

E enquanto não consegue instituir os Estados Unidos de África (e se não conseguiu até agora, é pouco provável que o consiga), Muammar Kadafi lá vai, no meio de muitas baboseiras, dizendo umas tantas verdades que incomodam todos aqueles que se julgam (e em alguns casos são) donos do mundo.

Viva o petróleo de sangue!

Em entrevista à TSF e ao DN, Luís Amado, o ministro dos Negócios Estrangeiros do reino socialista a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, indicou que se houvesse avaliação com base nas “condições democráticas” de cada país, Portugal “não tería relações com muitos países”.

Tem toda a razão, como aliás é natural em todos aqueles (socialistas, obviamente) que são, entre outras coisas, donos da verdade. Por alguma razão é mais fácil negociar com ditaduras, como é o caso de Angola, do que com regimes democráticos.

Na verdade, com as ditaduras é mais barato corromper sempre os mesmos. Daí a vantagem de a Europa, por exemplo, querer implantar em todo o lado apenas simulacros de democracia.

Luís Amado entende que não se pode desenvolver relações diplomáticas com base nas “condições democráticas de cada país” e lembra que Portugal tomou a mesma posição que outros países no que toca à Líbia.

Ou seja, os ditadores são bestiais enquanto estiverem no poder. Quando forrem derrubados passam a bestas. Há quem chame a isto imoralidade, falta de ética e hipocrisia. Mas esses são uma espécie em vias de extinção.

Relativamente ao desenvolvimento da relação bilateral com o regime de Muammar Kadhafi, Portugal adoptou a mesma posição que “muitos países europeus que hoje têm muitos interesses na Líbia”.

Ou seja, mais do que a democracia, os direitos humanos, o importante é o petróleo, nem que em vez de ouro negro seja mais ouro vermelho... de sangue. Não está mal, não senhor!

“A Líbia é um país rico em petróleo. A Galp compra muito petróleo à Líbia, precisamente porque o petróleo líbio tem uma qualidade que o favorece muito no aproveitamento das nossas siderurgias”, acrescentou o ministro, convicto de que nas relações comerciais vale tudo, até mesmo tirar olhos aos que são explorados para as ditaduras continuarem no poder.

Quando o governo português reconheceu formalmente a independência do Kosovo, Luís Amado, disse que "é do interesse do Estado português proceder ao reconhecimento do Kosovo".

O ministro apontou quatro razões que levaram à tomada de decisão sobre o Kosovo: a primeira das quais é "a situação de facto", uma vez que, depois da independência ter sido reconhecida por um total de 47 países, 21 deles membros da União Europeia e 21 membros da NATO, "é convicção do governo português que a independência do Kosovo se tornou um facto irreversível e não se vislumbra qualquer outro tipo de solução realista".

Deve ter sido o mesmo princípio que, em 1975, levou o Governo de Lisboa a reconhecer o MPLA como legítimo e único governo de Angola, embora tenha assinado acordos com a FNLA e a UNITA. O resultado ficou à vista nos milhares e milhares de mortos da guerra civil.

Como segunda razão, Luís Amado referiu que "o problema é político e não jurídico", afirmando que "o direito não pode por si só resolver uma questão com a densidade histórica e política desta". Amado sublinhou, no entanto, que "não sendo um problema jurídico tem uma dimensão jurídica de enorme complexidade", pelo que "o governo português sempre apoiou a intenção sérvia de apresentar a questão ao Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas".

Vejamos um exemplo da Lusofonia. Cabinda (se é que os governantes portugueses sabem alguma coisa sobre o assunto) também é um problema político e não jurídico, “embora tenha uma dimensão jurídica de enorme complexidade”.

"O reforço da responsabilidade da União Europeia", foi a terceira razão apontada pelo chefe da diplomacia portuguesa. Luís Amado considerou que a situação nos Balcãs "é um problema europeu e a UE tem de assumir um papel muito destacado", referindo igualmente que a assinatura de acordos de associação com a Bósnia, o Montenegro e a Sérvia "acentuou muito nos últimos meses a perspectiva europeia de toda a região".

No caso de Cabinda, a União Europeia nada tem a ver. Tem, no entanto, a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) onde – desculpem se me engano – Portugal desempenha um papel importante.

O ministro português frisou ainda que Portugal, ao contrário dos restantes países da UE que não reconheceram o Kosovo, não tem problemas internos que justificassem as reticências. Pois. Os que tinha (Cabinda é, pelo menos de jure, um problema português) varreu-os para debaixo do tapete.

Como última razão, indicou a "mudança de contexto geopolítico que entretanto se verificou" com o conflito entre a Rússia e a Geórgia e a declaração de independência das regiões georgianas separistas da Abkházia e da Ossétia do Sul que Moscovo reconheceu entretanto.

Isto quer dizer que, segundo Lisboa, no actual contexto geopolítico, Cabinda é Angola. Amanhã, mudando o contexto geopolítico, Portugal pensará de forma diferente. Ou seja, a coerência é feita ao sabor do acaso, dos interesses unilatreiais.

Luís Amado, tal como o Governo e restante companhia parlamentar, entende que são os políticos (seres onde a existência de coluna vertebral é opcional) os donos da verdade.

E quando assim é, a diferença entre ditadura e democracia é muito, mas muito, ténue.

sábado, fevereiro 26, 2011

Dono do PS e do governo também se julga dono do país e faz dos não socialistas seres menores!

O dono do PS e do Governo (e que, aliás, se julga também dono de Portugal) afirmou hoje que qualquer crise política "deitaria por terra" o esforço dos portugueses para defender a economia e acusou a direita de querer impor uma "agenda ideológica contra o Estado".

Por terra não deitariam, por que já lá estão, os 700 mil desempregados, os 20 por cento de pobres e os outros 20 por cento que olham para os pratos... vazios.

José Sócrates esquece-se, como acontece às terças, quintas e sábados (às segundas, quartas e sextas... não se lembra), que apesar de passivos e de barriga vazia, o esforço dos portugueses visa apenas enforcar o responsável por este estado de coisas.

Na apresentação da moção de estratégia ao congresso socialista, José Sócrates centrou parte da intervenção na ideia de "estabilidade", uma coisa que já é habitual em todos aqueles que estão, por força do dono do PS e do Governo (e que, aliás, se julga também dono de Portugal), treindos a viver sem comer.

Estão estáveis, sim senhor! A estabilidade chegou aos que vivem na miséria e aos que para lá caminham. É uma santa estabilidade ver os portugueses dessa casta superior que dá pelo nome de PS terem, pelo menos, três refeições por dia.

Sublinhando que Portugal "só terá sucesso se tiver estabilidade política", José Sócrates voltou a deixar críticas à oposição, insistindo na tese de que "qualquer crise política prejudicaria a economia e o país".

O dono do PS e do Governo (e que, aliás, se julga também dono de Portugal) ainda não quis perceber que, afinal, a sua casta não é uma solução para o problema mas, isso sim, um problema para a solução.

Aliás uma crise política só poderia prejudicar algo que se tem. Se Portugal não tem economia, não se vê como é que ela sairia prejudicada.

Ao longo de mais de 45 minutos, o dono do PS e do Governo (e que, aliás, se julga também dono de Portugal) mostrou que não “come” nem quer sair de cima. Se calhar, admito, isso acontece porque ele não gosta de “comer”, mas gosta de fingir que “come”.

Reeditando o que vai dizendo desde que chegou a dono do PS e do Governo, José Sócrates vira o disco e toca o mesmo, tal como qualquer político que julga também ser dono do seu país.

Também como no passado, um dia destes os portugueses vão vê-lo a defender os pecados de que agora acusa a oposição. Hoje diz que o PS estará mobilizado contra a privatização do Estado, desde logo porque a direita apenas tem na cabeça "o enfraquecimento do Estado, o combate ao Estado e a promoção da privatização, a privatização em particular dos serviços públicos essenciais".

É só esperar. Amanhã, vão vê-lo a defender tudo o que hoje critica. Basta para isso ver que essa é a melhor estratágia para continuar a ser o dono do PS e do Governo, mantendo a esperança de vir também a ser dono de Portugal.

José Sócrates lembrou, e bem, algumas das marcas da governação socialista, fazendo alusão à aprovação da despenalização do aborto (que pena não ter efeitos retroactivos), do casamento homossexual ou à nova lei do divórcio.

É claro que se esqueceu de outras importantes marcas da governação socialista: os 700 mil desempregados, os 20 por cento de pobres e os outros 20 por cento que olham para os pratos.... vazios. Também não se poderia lembrar de tudo, ou não fosse dono do PS e do Governo e aspirante a ser dono do país.

"No passado houve algumas governações que ficaram marcadas pelo investimento em estradas ou investimento em betão, esta governação ficará marcada pelo investimento em educação, em ciência, em tecnologia", frisou José Sócrates.

É com certeza por isso que, com a óbvia excepção do PS, Portugal tem cada vez mais analfabetos funcionais (sabem ler e escrever mas não lêem nem escrevem), tem cada vez mais gente com cursos superiores no desemprego, tem cada vez mais licenciados como motoristas de táxi, como “embrulhadores” de compras numa loja de um qualquer centro comercial ou como autómatos nos call-centers.

Conclusão: O ideal em Portugal é ser do PS mas, sobretudo e ainda por enquanto, da ala de José Sócrates. Continua a ser fácil, é barato e pode dar emprego e até um... tacho.

Está a chegar a hora da mudança tanto para Angola como para a sua colónia de Cabinda!

Gay Talese no livro “The Kingdom and the Power” (“O Reino e o Poder”), publicado em 1971, diz que "o papel da imprensa, numa democracia, é atravessar a fachada dos factos”.

Não existe nas linhas de montagem portuguesas (salvo raras excepções) nenhuma autonomia editorial e, ou, independência. E não existe sobretudo, mas não só, por culpa dos jornalistas que, sob a conveniente (sinónimo de bem remunerada) capa da cobardia se deixa(ra)m transformar em autómatos ao serviço dos mais diferentes protagonistas, sejam políticos, partidários, sindicais ou empresariais.

Basta ver quantos são os supostos jornalistas que, nomeadamente na blogosfera, dizem quem são e mostram a chipala. São muito poucos. A grande maioria prefere o cómodo e barato anonimato. Para que se não saiba que têm as meias rotas nunca se descalçam.

Habituados a viver na selva supostamente civilizada onde, com o patrocínio e cobertura dos poderes instituídos, vale tudo, os chefes de posto das linhas de produção de textos de linha branca entendem que a razão da força, dada por alguns milhares de euros de avenças ou similares, é a única lei. E, digo eu, dos Jornalistas esperar-se-ia que lutassem pela força da razão. Não acontece. Não é de agora, mas agora tem mais força e seguidores.

Força da razão? Claro que não. Até porque em Portugal não existem Jornalistas a tempo inteiro. Na maior parte do tempo útil são cidadãos como quaisquer outros e que, por isso, não precisam de ser sérios nem de o parecer. Nas horas de expediente, sete ou oito por dia, exercem o jornalismo, tal como poderiam exercer o enchimento de latas de salsichas.

Como para mim existe uma substancial diferença entre exercer jornalismo e ser Jornalista, entre ser operário de um órgão de comunicação social e ser Jornalista, tal como exercer medicina e ser médico, continuo a dizer que nesta profissão quem não vive para servir não serve para viver.

E é por isso que Cabinda raramente é notícia em Portugal. Uma bitacaia (insecto que se instala sobretudo debaixo das unhas dos pés) no presidente do MPLA teria com certeza muito maior cobertura do que o facto de em Cabinda imperar o terror.

Como diz Gay Talese, cabe ao jornalista procurar incessantemente a verdade e não se deixar pressionar pelo poder público ou por quem quer que seja. Não interessa se as opiniões são do Secretário-Geral da ONU, da Rainha de Inglaterra, do Presidente da República de Portugal ou do “dono” de Angola, de seu nome José Eduardo dos Santos.

Ou, segundo o jornalista inglês Paul Johnston, o jornalismo sério, objectivo e imparcial sabe "distinguir entre a opinião pública, no seu mais amplo sentido, que cria e molda uma democracia constitucional, e o fenómeno transitório, volátil, da opinião popular".

Falar hoje de Cabinda ou da manifestação popular agendada para 7 de Março em Angola é algo que desagrada aos poderes políticos de Luanda e de Lisboa, bem como ao poder económico nacional ou global.

Mesmo assim, há coisas a que nem todos podem fugir. Antevendo a eventualidade de o poder militar de Angola calar, com a conivência petrolífera da comunidade internacional, todos aqueles que na colónia de Cabinda ou em Angola lutam pelos seus direitos, uma parte da comunicação social portuguesa tem dado sinal de vida.

Há alguns anos, no limiar do novo milénio, o governo belga apresentou ao Povo da República Democrática do Congo desculpas formais e oficiais pelo seu envolvimento no assassinato de Patrice Lumumba, herói da independência daquele país africano e chefe do seu primeiro governo.

Para Cabinda, não é necessário que Portugal chegue a tanto, embora fosse da mais elementar justiça... caso Portugal fosse um Estado de Direito. Os cabindas apenas querem a verdade. Não só não exigem desculpas, como nem as esperam.

Os cabindas são, aliás, o único povo do planeta a quem é negado, sistemática e terminantemente, a compreensão, a amizade e a solidariedade. O único povo cujos mais elementares direitos são espezinhados. O único que, contra o direito e a sua própria vontade, é empurrado para soluções extremas, como se o objectivo fosse arranjar um pretexto para eliminar os cabindas da face da terra.

Porque razão os supostos jornalistas portugueses não falaram, não falam, não recordam o que o padre Jorge Casimiro Congo foi dizer ao Parlamento Europeu (Bruxelas), no dia 26 de Janeiro de 2010, a convite da eurodeputada socialista portuguesa Ana Gomes?

O padre Casimiro Congo disse algo que define sublimemente os cabindas e que os angolanos nunca deverão esquecer: “Diante de Deus, de joelhos; diante dos homens, de pé”.

Um só partido (MPLA), um só povo (MPLA)

Angola continua a ser (re)construída à imagem e semelhança do MPLA, como se fosse um regime de partido único. E, de facto – que não de jure –, é isso mesmo.

Se o MPLA é Angola e Angola é o MPLA, herói nacional há só um, Agostinho Neto e mais nenhum. Quando o MPLA for apenas um dos partidos do país e Angola for um verdadeiro Estado de Direito, então haverá outros heróis.

Até lá, os angolanos continuarão sujeitos à lavagem do cérebro de modo a que julguem que Agostinho Neto foi o único a dar um contributo na luta armada contra o colonialismo português e para a conquista da independência nacional.

O dia 17 de Setembro, instituído feriado nacional em 1980 pela então Assembleia do Povo, um ano após o seu falecimento, em 10 de Setembro de 1979 na antiga União das Republicas Socialistas Soviéticas, deve-se, segundo a cartilha do MPLA, ao reconhecimento do seu empenho na libertação de Angola, em particular, e do continente africano. Com alguma habilidade ainda vamos ver referências ao contributo para a libertação da Europa...

Fruto da entrega de Agostinho Neto à causa libertadora dos povos, o Zimbabwe e a Namíbia ascenderam igualmente à independência, assim como contribuiu para o fim do Apartheid na África do Sul, esclarecem os donos do poder em Angola.

Pelos vistos, desde 1961 e até agora que só existe Agostinho Neto. Se calhar até é verdade. Aliás, bem vistas as coisas, Holden Roberto e Jonas Savimbi, FNLA e UNITA, nunca existiram e são apenas resultado da imaginação de uns tantos lunáticos.

Agostinho Neto foi também, segundo uma cartilha herdada do regime de partido único (hoje em termos práticos assim continua, repita-se), “um esclarecido homem de cultura para quem as manifestações culturais tinham de ser antes de mais a expressão viva das aspirações dos oprimidos, arma para a denúncia dos opressores, instrumentos para a reconstrução da nova vida”.

Cá para mim quem tem razão é José Eduardo Agualusa quando diz que “uma pessoa que ache que o Agostinho Neto, por exemplo, foi um extraordinário poeta é porque não conhece rigorosamente nada de poesia. Agostinho Neto foi um poeta medíocre”.

Continuemos, contudo, a ver a lavagem cerebral – bem visível hoje em todo o país - que o regime do MPLA pretende levar a cabo: “Dotado de um invulgar dinamismo e capacidade de trabalho, Agostinho Neto, até à hora do seu desaparecimento físico, foi incansável na sua participação pessoal para resolução de todos os problemas relacionados com a vida do partido, do povo e do Estado”.

Numa coisa a cartilha do MPLA tem toda a razão e actualidade: “como o marxistas-leninista convicto, Agostinho Neto reafirmou constantemente o papel dirigente do partido, a necessidade da sua estrutura orgânica e o fortalecimento ideológico, garantia segura para a criação e consolidação dos órgãos do poder popular, forma institucional da gestão dos destinos da Nação pelos operários e camponeses”.

Como se vê, os destinos da Nação estão entregues desde 11 de Novembro de 1975 aos operários e camponeses do tipo José Eduardo dos Santos & Sonangol.

Em reconhecimento da figura do (suposto único) fundador da Nação angolana, estão erguidas em vários pontos do país estátuas, que simbolizam os seus feitos e legados, marcado pelas suas máximas “De Cabinda ao Cunene um só povo e uma só nação” e “O mais importante é resolver os problemas do povo”.

Pois! Nem Cabinda é Angola nem os problemas do povo foram resolvidos. Mas as estátuas aí estão para serem vistas por um povo que continua a ser gerado com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois com... fome.

Eu sei que em Angola os militares, tal como o resto da sociedade, só têm liberdade para dizer o que o soba Eduardo dos Santos deixa. Mesmo assim, quando não se pode dizer a verdade, o bom senso aconselha a que se esteja calado.

Recordo, por exemplo, que, no dia 12 de Agosto de 2009, o inspector-geral das Forças Armadas Angolanas, general Rafael Sapilinha “Sambalanga”, considerou na comuna do Icolo e Bengo, Angola como uma “trincheira firme na defesa do continente africano”, pelo percurso árduo nas lutas de libertação nacional, bem como o contributo para a paz na região.

Poderia o general “Sambalanga” ficar-se por aqui e tudo estaria bem. Angola é de facto uma “trincheira firme na defesa do continente africano”.

Rafael Sapilinha que falava durante a visita dos Inspectores de Defesa da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) ao Centro Cultural “António Agostinho Neto”, não se conteve, contudo, em querer agradar ao chefe e vai daí enalteceu o espírito de coragem do fundador da nação MPLA, nas lutas de libertação nacional que culminou com a independência do país.

Para o inspector-geral, António Agostinho Neto teve a capacidade de prever a liberdade e autonomia do povo angolano nos poemas que escrevia. “António Agostinho Neto não é tido apenas como fundador da nação e do MPLA, mas também como um poeta perspicaz”, sublinhou.

Irra! Apre! Chiça! Porque carga de água Agostinho Neto é o único fundador da nação angolana? E então Holden Roberto? E então Jonas Savimbi?

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Regime angolano precisa de mais ajuda
- Para o Povo basta fuba e peixe podre!

Mesmo sabendo que os homens e mulheres ligados ao poder de Eduardo dos Santos vestem Hugo Boss ou Ermenegildo Zegna, compram relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex e gastam 120 mil euros numa pulseira, é preciso que a comunidade internacional continue a ajudar o regime.

Dessa ajuda é sempre possível que algumas migalhas cheguem aos angolanos reais. E esses, cerca de 70% da população, andam de barriga vazia, vivem nos bairros de lata, são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com... fome.

Aliás, Angola precisa de toda a ajuda, apesar de ser um país rico e de ter, como disse a “New Stateman”, um presidente que figura no “top 10” dos maiores ditadores do Mundo. Só está no poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito...

É claro que, tirando uma percentagem que será aplicada – por mero exemplo - na compra de roupa Hugo Boss ou Ermenegildo Zegna, ou em relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex, sempre vão sobrar alguns dólares para comprar uns sacos de fuba e de peixe podre... para os outros angolanos.

Os angolanos deixaram há nove anos de morrer devido às balas. Agora morrem à fome. Mas, convenhamos, é diferente morrer com uma bala (sobretudo da UNITA já que as do MPLA só matavam militares...) do que morrer à fome.

Numa outra fase da estratégia de vender gato por onça, o Governo de Luanda continua a contratar (seja para trabalhar em Angola ou em Portugal, por exemplo) especialistas em propaganda.

Não serão mercenários, mas trabalham para quem paga melhor. E quem tem dinheiro que nunca mais acaba (embora o povo continue a morrer à fome) é o MPLA.

Esta não tão nova quanto isso incursão dos craques brasileiros e portugueses recorda-me o que se passou em 2001 quando, no que a Portugal respeita, resolveram dizer de sua justiça a propósito da morte de um concidadão na região de Benguela, vítima de um ataque das FALA.

Na guerra, infelizmente (ou talvez não), as balas não têm olhos. E mesmo que tivessem, os portugueses que então viviam em Angola eram potenciais alvos. Alvos tanto para os soldados da UNITA como para os do MPLA.

Havendo muito mais portugueses do lado da ditadura de Luanda, é natural que desse lado aparecessem mais vítimas.

Aliás, quando Almeida Santos defendeu o uso da guerra para acabar com a guerra em Angola, nada mais fez, é bom reconhecê-lo, do que apontar as armas dos opositores à ditadura de José Eduardo dos Santos aos portugueses que se encontravam no cenário do conflito.

Os amigos dos nossos adversários... nossos adversários são, terão pensado certamente e com toda a legitimidade os soldados das FALA. Não me admirei, por isso, que os portugueses (neste caso) fossem alvos preferenciais. Também o foram quando, por estarem do lado da UNITA, eram alvejados pelas FAPLA.

Aonde se notou a mão criminosa dos especialistas em propaganda, na altura sobretudo brasileiros, foi nos requintes antropófagos com que instruiram os soldados da ditadura de Luanda.

Para efeitos mediáticos, bem à maneira das mais cruéis ditaduras, todos os cidadãos estrangeiros mortos pela UNITA (como aconteceu com esse português) iriam aparecer mutilados.

A propaganda não olha a meios para justificar os dólares. E há sempre quem vá na cantiga. É algo que vende. É algo que sobe audiências.

Pena é que, mais uma vez, os portugueses (começando pelo Governo e terminando em alguns jornalistas) não tenham na altura, e também agora, conseguido perceber o que era propaganda e o que era a verdade.

E se foi assim em 2001, como será em 2011? Não serão mercenários, mas trabalham para quem paga melhor. E quem tem dinheiro que nunca mais acaba (embora o povo continue a morrer à fome) é o MPLA.

Além disso os brasileiros e cada vez mais os portugueses são uma verdadeira tropa de elite. Matam primeiro e perguntam depois.

Ditadores amigos são mesmo para isso

Dizem os vassalos do regime de Angola que é falso que militares angolanos estejam ao lado de Muammar Kadhafi. Ao que parece, afinal não há na Líbia nenhum tipo de mercenários, sejam africanos ou não. Consta até que nem sequer há líbios...

O mesmo se diz sempre que o regime de José Eduardo dos Santos (na imagem com o seu ex-futuro-actual homólogo da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo), inocente como é hábito, manda os seus homens ajudar ditadores amigos.

Segundo o jornal “The Sunday Times”, um avião de carga Antonov An-22, com matrícula de Angola, transportou toneladas de armas de Harare para Laurent Gbagbo, o presidente derrotado pelo voto popular na Costa do Marfim.

Pelos vistos, a única coisa verdadeira nesta notícia era que a matrícula era falsa e que, claro está, foi colocada no Antonov só para chatear o dono de Angola.

De acordo com o jornal, o transporte do armamento para as forças fiéis ao amigo do presidente angolano terá sido feito durante o Natal e a passagem de ano.

Fontes em Harare disseram ao “The Sunday Times” que o presidente do Zimbabué, e também amigo do regime angolano, Robert Mugabe, autorizou a remessa de armas após um apelo de Gbagbo que oferece petróleo em troca de ajuda militar.

As fontes citam como líder da operação um empresário chinês, identificado apenas como Sam Pa, que terá garantido a Mugabe que não deixaria pontas soltas que pudessem implicar o presidente do Zimbabué.

Algo de semelhante se passa na Líbia. Se o regime se aguentar, Kadhafi vai agradecer a ajuda oficial de Angola e dar, certamente, o nome de Eduardo dos Santos a uma avenida de Tripoli. Se não se aguentar, tudo fará para que não fiquem pontas soltas que possam mostrar ao mundo que por lá andaram africanos, de armas na mão, que falam português.

Mas como não é possível esconder todas as pontas, não tardará muito a saber-se a verdade.

Recorde-se, como muito bem disse o Jornalista Carlos Narciso no seu blogue (http://www.blogda-se.blogspot.com/), em Março de 2007, “foi Angola quem pôs Joseph e Laurent Kabila no poder, no Congo Democrático (que raio de designação para um país daqueles…) e que sustentou esse regime “dinástico” durante a guerra civil”.

“Angola fez o mesmo no outro Congo plus petite, idem para o Zimbabwe. Angola não se inibe de provocar quedas de regimes que não lhe convenham. Foi o que fez com todos os que apoiavam Savimbi, só falhando o golpe de estado que preparou na Zâmbia”, escreveu Carlos Narciso, acrescentando que “nos países onde a pressão da comunidade internacional consegue a realização de um simulacro de democracia, com eleições gerais mais ou menos livres e justas, os “cavalos” angolanos vencem sempre”.

Sim, é possível. Está nas mãos dos angolanos

É verdade. Sou um ingénuo!

O José Filipe Rodrigues é um velho amigo e companheiro dos bancos de escola da então cidade de Nova Lisboa. A propósito do texto "A manifestação em Angola contra o regime - Verdade pode doer, mas só ela pode curar" escreveu-me, o que aliás faz habitualmente, para dizer - com toda a justiça - que sou um ingénuo.

Pergunta ele: "Desde quando é que uma manifestação ou até mesmo uma revolução poderiam preocupar o poder instalado de Angola (ou de Portugal)?"

E acrescenta: "A perda do poder (caso fossem desalojados) seria uma das oportunidades possíveis para gozarem os frutos de uma cleptomania demorada. Talvez fosse um ponto de viragem para finalmente gozarem a vida num paraíso dourado, sem necessitarem de viver nas situações de stress que a usurpação dos bens públicos causa".

É isso mesmo. De facto, reconheço, sou ingénuo. Mas como ele bem sabe, quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita. E, nesta matéria, sempre que tentam endireitar-me sou eu próprio que teimo em continuar torto.

Manifestação em Angola mobiliza a blogosfera

Kadhafi amigo, irmão e líder

A CPLP nos nos media e na blogosfera

O MIL - Movimento Internacional Lusófono é um movimento cultural e cívico, registado notarialmente no dia 15 de Outubro de 2010, que conta já com mais de 5 MIL adesões, de todos os países da CPLP. Entre os seus órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia.

Defende o reforço dos laços entre os países lusófonos – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

A manifestação em Angola contra o regime
- Verdade pode doer, mas só ela pode curar

A anunciada manifestação do próximo dia 7 de Março, em Angola, está a pôr os cabelos em pé não só aos que são donos do poder e do país (o MPLA), como aos que trocaram a mandioca pela lagosta (a UNITA).

Numa aliança não tão estranha quanto isso, dirigentes do MPLA (partido no poder desde 1975) e da UNITA (partido cuja orfandade há nove anos o tornou incapaz de pensar sem ser com a barriga) estão em sintonia quanto ao que dizem ser os perigos da manifestação prevista para dia 7.

De acordo com a Angop (agência oficial do regime), o presidente do Grupo Parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, criticou “todos aqueles que incitam à desordem e ao desrespeito das instituições legítimas do Estado”, chamando-os de “defensores da intriga e da instigação política”.

Ainda a manifestação não saiu do adro e já o regime tem a acusação formulada e a sentença decidida. Ou seja, até prova em contrário todos os que pensam de forma diferente são culpados. De quê? Seja lá do que for, será sempre algo que cabe na saco dos crimes contra a segurança do Estado.

Virgílio de Fontes Pereira, enfatizou, de acordo com a Angop, que “num Estado Democrático não devem ser tolerados comportamentos individuais ou colectivos, praticados por quem quer que seja, que atentam contra a ordem constitucional e ponham em risco a estabilidade do mandato e do funcionamento dos órgãos legitimados para exercer os poderes Legislativo, Judicial e Executivo”.

O presidente do Grupo Parlamentar do MPLA tirou esta afirmação de um qualquer manual referente, não só de facto como de jure, a uma coisa que Angola não é: um Estado de Direito Democrático.

Aliás, é caso para perguntar que legitimidade tem um presidente da República, igualmente chefe do Governo, que está no poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito? Nenhuma. Virgílio de Fontes Pereira sabe isso muito bem mas, se quer continuar vivo, tem de dizer que José Eduardo dos Santos manda.

Por sua vez, o secretário para a Informação da UNITA, Alcides Sakala, condenou qualquer tentativa de desordem que atente contra as leis vigentes em Angola.

Ninguém sabe, nem ele próprio, onde estão as tentativas de desordem contra as leis vigentes. Uma manifestação não é, só por si e ao contrário do que diz Alcides Sakala, um barril de pólvora que pode queimar os donos do país. Ou será que, ao fim de nove anos de convivência, a UNITA já pensa como o MPLA?

“Angola viveu uma guerra civil durante muito tempo e não creio que haja alguém que queira voltar aos tempos difíceis que o país viveu”, declarou Alcides Sakala à Rádio Nacional de Angola. Acreditará o dirigente da UNITA que a manifestação é, ou poderá ser, sinónimo de nova guerra? Ou, pelo contrário, teme que depois de nove anos a comer lagosta possa correr o risco de voltar para a mandioca?

A convocatória para a manifestação convida a população para uma marcha a partir do Largo da Independência, em Luanda, exigindo a saída do Presidente angolano José Eduardo dos Santos e dos seus ministros.

E exigem porquê? Porque “os angolanos estão cansados da pobreza extrema, da cultura de medo e intimidação, da miséria, da autocracia e de outros males», informa a mensagem divulgada pela Internet.

Que Virgílio de Fontes Pereira não veja a pobreza, o medo, a miséria e a autocracia, ainda vá que não vá. Agora que Alcides Sakala também não veja o que se passa com o seu Povo, com os seus meninos do Huambo, essa não.

Não importa a dimensão da ameaça,
o importante é a dignidade do povo

A declaração do Grupo Parlamentar do PRS na Assembleia Nacional de Angola é, só por si, a mais clara e incisiva radiografia a um regime que, de facto, submete o “seu povo às situações desumanas inadmissíveis movidas por um regime ditatorial e corrupto há mais de 30 anos”.

Veja-se: “A crise económica revelada na extrema pobreza dos cidadãos; a arrogância política; os golpes às leis e à constituição para manutenção infinita no cargo de presidente nunca eleito, como epicentro e fonte da promoção da corrupção; desvio de riqueza do país, enriquecimento ilícito da sua família e seus mais próximos; violação das liberdades e direitos fundamentais dos cidadãos, nomeadamente:

Impedimento das manifestações pacificas e prisão dos seus manifestantes em uma clara violação da constituição; prisão dos activistas dos protectorados do Simulambuco (Cabinda) e da Lunda; a falta de emprego; a intolerância política envolvendo os sobas como autoridades tradicionais, traduzindo-se numa autêntica violência e asfixia dos partidos políticos e suas actividades a coberto das autoridades administrativas e judiciais politicamente partidarizadas amua clara destruição dos valores morais e éticos que caracterizam a cultura bantu”.

Mas a análise do Partido de Renovação Social vai mais longe.

“O controlo e partidarização da comunicação social pública e inviabilizando a expansão da comunicação social privada; promoção de fraudes eleitorais; espírito de superioridade sobre outros angolanos; humilhação, intimidação e transtornos dos cidadãos na sua deslocação com um aparato militar pondo em causa a liberdade, a honra, a dignidade dos cidadãos e como não bastasse, a reserva de um troço da estrada para uso exclusivo de pessoas previamente seleccionadas”, diz o PRS.

Apesar das operações de lavagem de imagem do regime, com a conivência da comunidade internacional, a começar na própria CPLP, nem todos os angolanos perderam a capacidade crítica, se bem que ao usarem-na arriscam a vida.

Continua o PRS: “Expropriação de terras e demolições selvática das residências dos pacatos cidadãos; absurdas promessas irrealizáveis; espancamento impiedoso das sofredoras zungueiras e zungueiros e o dos seus bens; discriminação nos locais de serviço e não só por razões partidárias, etc.”

“O auto proclamado Presidente Constitucional de Angola há 32 anos no poder, além da promoção interna das graves situações acima referidas, vai impondo a sua vontade ditatorial, antidemocrática e contra as democracias e decisões soberanas eleitorais em outros países Africanos a exemplo do Hitler e do comunismo Russo”, afirma com todas as letras o PRS.

O partido aconselha uma reflexão “com a máxima responsabilidade e objectividade necessárias para evitarmos conflitos futuros entre povos irmãos”, avisando que “alguns políticos dos regimes confundem-se e desorientadamente ameaçam tomar medidas duras contra o povo que se manifestar, Contrariando assim á Constituição”.

Recordando que “desde o inicio da humanidade, as mudanças das e para as distintas fases da evolução das sociedades, as mudanças de regimes políticos, as conquistas das Independências, das democracias, das liberdades, dos direitos, da paz, foram sempre alcançadas com sacrifícios e coragem de saber assumir o risco pelo povo, injustiçado”, o PRS acrescenta que “não importa a dimensão da ameaça nem o grau do risco, o importante é a honra e dignidade para o povo angolano”.

Militares angolanos ao lado de Kadhafi

Oficiais angolanos, supostamente a pedido oficial do presidente Líbia, Muammar Kadhafi, e, por isso, não enquadráveis na designação de mercenários, estão em Tripoli para tentar manter o regime.

Embora também tenham seguido para a Líbia militares de infantaria, o contingente angolano deverá ter apenas uma missão de coordenação e comando das operações que serão levadas a cabo pelos milhares de mercenários oriundos de váris países africanos, mas não só.

Assim, ao lado de mercenários ucranianos, também pilotos angolanos estão a servir o que resta da Força Aérea da Líbia que, nas últimas horas, tem assistido à deserção de muitos dos seus militares.

Entre outros, os Mirage F1 líbios estão a atacar as zonas hostis da rebelião, tendo ao comando sobretudo estrangeiros para quem o povo não passa de mais um alvo, posição que não foi aceite pelos pilotos líbios.

Apesar de os pilotos angolanos serem especialistas em aviões de combate de outro tipo, caso dos MIG-23, MIG-21 e o Sukkoi 27, parece que não têm dificuldade em pilotar outras aeronaves. Além disso, há sempre a possibilidade de fazer deslocar para a Líbia alguns dos aparelhos angolanos

Fontes angolanas admitem que os militares que já estão na Líbia, bem como outros que vão a caminho, estavam baseados desde há semanas em países vizinhos de Angola, numa estratégia preparada em conjunto por Luanda e Tripoli.

As forças leais a Muammar Kadhafi, com predominância para os mercenários, parecem ter assegurado o controle de Tripoli, esperando-se agora uma forte ofensiva, sobretudo sustentada na força aérea, contra alguns dos bastiões do interior que tinham sido conquistados pela oposição.

No leste da Líbia, onde o poder passou para as mãos da oposição, os revoltosos garantem que se não fosse o apoio dos mercenários, “sobretudo africanos”, Tripoli já estaria em seu poder.

Apesar de as forças que se opõe a Kadhafi controlarem toda a zona costeira oriental do país, região onde se concentra a maior parte da riqueza petrolífera, observadores internacionais temem que ao passar a Força Aéra para as mãos dos mercenários, Kadhafi esta a equacionar uma política de terra queimada que passará pelo bombardeamento das estruturas petrolíferas.

Apesar de ter conscientemente um exército fraco, facto que evitaria um golpe militar, Kadhafi depositava confiança na sua Força Aérea, entendendo-a não só como fiel mas também eficaz no contexto do país.

Perante as deserções, algumas com os próprios aviões, Kadhafi accionou o seu plano B que passa pela compra de um forte contingente paramilitar e pelo recrutamento de mercenário, todos pagos a peso de ouro.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

O Governo português admira tiranos?
- Claro que sim. Mas são tiranos bons!

Como vem sendo hábito no regime socialista português, quando é confrontado com factos, o Governo e o PS usam o argumento típico dos fracos: Não fala da mensagem mas dos defeitos do mensageiro. Hoje voltou a acontecer.

O Bloco de Esquerda acusou o Governo de admirar "tiranos" e de se remeter a "silêncios" em matéria de política externa, tendo o PS recusado lições de um partido "inspirado" em regimes que provocaram o sofrimento de muitas pessoas.

Creio que o BE exagerou um pouco. Dizer que Muammar Kadhafi, Hugo Chávez, Ben Ali ou José Eduardo dos Santos são uns tiranos é pecar por... defeito. E que são, ou foram enquanto estiveram no poder, admirados por José Sócrates e companhia, é uma verdade.

Numa declaração política no plenário da Assembleia da República, o deputado bloquista José Manuel Pureza começou por condenar as "exibições de barbárie" verificadas na Líbia e acusou a Europa de "desertar da luta pelos direitos humanos", referindo-se depois especificamente ao Governo português.

Não teria sido mau, já agora, que o BE também optasse por agir em vez de reagir, trazendo à colação o que previsivelmente irá acontecer a outros amigos de José Sócrates, como é o caso de José Eduardo dos Santos, o dono de Angola.

"Mas que os nossos governantes declarem a sua admiração pelos tiranos, que façam de figurantes nas suas operações de relações públicas, que enviem Forças Armadas para abrilhantarem o cerimonial do regime, que contribuam para ocultar a realidade da pobreza que é imposta a estas populações, isso é totalmente insuportável", afirmou o deputado, lembrando que José Sócrates qualificou o líder da Líbia, Kadafi, como um "líder carismático".

Lá me parece que mais uma vez o primeiro-ministro vai dizer: não basta ser deputado do BE para ser bem educado...

O deputado bloquista chegou mesmo, num acto de clara hostilidade ao sumo pontífice deste PS, a citar a eurodeputada socialista Ana Gomes: "Como disse muito acertadamente a eurodeputada Ana Gomes, 'se há perigo fundamentalista ou terrorista, ele resulta do apoio a Kadafi e à sua ditadura sanguinária'".

Na resposta, o líder parlamentar do PS acusou o BE de aproveitar a Líbia para "mais uma vez" atacar a Europa, o Governo, o PS e o primeiro-ministro "de uma forma totalmente inaceitável".

Sim. Convenhamos. Em Portugal vale tudo menos, é claro, criticar o dono do governo que, ao que parece, também gostava de ser dono do país.

"Há uma coisa que nós não aceitamos, que é receber qualquer valorização dos direitos humanos, de respeito pelos princípios fundamentais da liberdade e da democracia vindos da bancada do Bloco de Esquerda. Por uma razão muito simples: Por respeito pelo nosso passado e por respeito pelo passado de muitos que sofreram por esse planeta fora o resultado de muitas políticas que também inspiraram o Bloco de Esquerda", afirmou Francisco Assis.

E o PS, nesta matéria, fala de cátedra. Como a memória é curta, ou nem existe, Francisco Assis esquece-se de olhar para os seus pares do PS que também militaram em partidos que inspiraram o BE e similares.

O líder da bancada socialista acusou Pureza de fazer uma "verdadeira declamação", "vazia e sem sentido", sem enunciar "um único princípio válido de politica externa aplicável" àquele país ou a qualquer outro."

"O que é que resultaria se dessa declamação resultassem consequências de ordem prática. Com quem manteríamos nós relações diplomáticas. Que tipo de relações diplomáticas manteríamos com a maior parte dos países do mundo, nomeadamente onde subsistem regimes que inspiraram muito tempo os partidos que estiveram na base da constituição do próprio Bloco de Esquerda", reiterou, acusando o deputado bloquista de ir "além da irreal politik".

E já agora, o que se deve fazer com partidos irmãos do PS na Internacional Socialista, caso do MPLA? Ajudá-los, segundo a tese de Francisco Assis, a continuar no poder e a pôr a razão da força acima da força da razão. Isto, é claro, a bem da diplomacia e dos negócios do reino lusitano a norte, embora cada vez mais a sul, da Tunísia.

É mais do que urgente resgatar Angola

Os angolanos, mesmo estando de barriga vazia e na mira das armas do regime, não devem, não podem, ficar calados e continuarem – como lhes é imposto – a venerar um presidente que os não respeita, que só olha para o seu umbigo.

Os angolanos (embora, por enquanto, sem a solidariedade de outros povos, a começar pelo português) devem começar a resgatar o país que está nas mãos de gentalha que apenas o conspurca.

Angola, ao contrário do que pensa o regime e grande parte da comunidade internacional, começando na ONU e acabando na CPLP, não pode continuar a ser uma coutada privada de uma casta supostamente superior que, pela força, amordaça e mata todos aqueles que apenas querem ter direito a uma vida digna num país digno.

O regime angolano, perante a criminosa passividade do mundo, não se rege pelas regras de um Estado de Direito, faz do seu poder uma lei arbitrária que, apesar disso, altera quando lhe é mais conveniente.

A prova inequívoca dessa estratégia do regime é a aprovação da nova Constituição. Com ela, apesar da vassalagem elogiosa dos acéfalos internacionais, morreu a esperança, embora sempre remota, de que um dia haveria Democracia em Angola.

Para existir democracia, não basta haver partidos de oposição (Salazar também os admitiu a certa altura) e não basta haver comunicação social supostamente independente que, contudo, não pode ser lida e entendida pelo Povo.

Para haver Democracia, ao contrário do que se passa em Angola, é preciso que o poder não seja, como tem acontecido há 31 anos com José Eduardo dos Santos, exercido por uma só pessoa. A isso chama-se ditadura.

Para haver Democracia é preciso que o poder judicial seja independente, é preciso que o Povo saiba quem elege ou quem não elege. Ora nada disso é possível em Angola.

Pela nova Constituição de Angola, o Presidente da República é o “cabeça de lista” (ou seja o deputado colocado no primeiro lugar da lista), eleito pelo do circulo nacional nas eleições para a Assembleia Nacional. Não é uma eleição indirecta, feita pelo parlamento (como acontece por exemplo na República da África do Sul).

Não. É o primeiro deputado da lista do partido mais votado, mesmo que esse partido só tenho, por exemplo, 25% dos votos expressos. Nunca será o caso, como se sabe, do MPLA que com toda a facilidade conseguirá - se tal for preciso - mais de 100% dos votos.

Ou seja, e por via das dúvidas, na hipótese de o partido de Eduardo dos Santos não conseguir mais do que uma maioria relativa (o que pode acontecer se não fizer mais uma nova fraude eleitoral), ele será sempre o Presidente do País.

Pela nova Constituição, o Presidente de Angola nomeia o Vice-Presidente, todos os juízes do Tribunal Constitucional, todos os juízes do Supremo Tribunal, todos os juízes do Tribunal de Contas, o Procurador-Geral da Republica, o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, os Chefes do Estado Maior dos diversos ramos destas.

Esta Constituição, importa reconhecê-lo, vem apenas legalizar o que já era a prática de Eduardo dos Santos.

Ao legalizar as ilegalidades, Eduardo dos Santos mereceu os encómios de velhos amigos como José Sócrates, Cavaco Silva e Obama.

Tudo isto são razões, apenas algumas, para dar ao presidente não eleito e que governa Angola há 31 anos, um bilhete só de ida para qualquer um dos paraísos onde, como os seus amigos, tem fortunas roubadas ao povo.

MPLA diz que a montanha da manifestação do próximo dia 7 de Março nem um rato vai parir!

O MPLA, o regime angolano, Eduardo dos Santos (são uma e a mesma coisa) parecem não estar muito preocupados com a anunciada manifestação agendada para o dia 7 de Março. As suas forças no terreno (militares, polícias, serviços secretos e conselheiros estrangeiros) dizem que a montanha nem um rato vai parir.

À comunidade internacional o MPLA assegura que está a fazer tudo para reforçar o Estado Democrático e de Direito e garantir aos angolanos a construção de uma pátria em que cada um se reveja e sinta prazer em viver.

Dizem igualmente os donos do poder desde a independência em 11 de Novembro de 1975, que o processo de reconciliação nacional continua a decorrer de forma sólida o que, na avaliação do regime, permite que os angolanos acreditem no futuro e na sua paulatina melhoria das condições de vida.

Acrescenta igualmente o regime, comandado por um presidente (Eduardo dos Santos) não eleito e há 31 anos no poder, que a paz tem permitido aos angolanos o usufruto do direito a segurança, a estabilidade e a livre circulação em todo o território nacional.

Por outro lado, ainda segundo os vencedores, a paz tem facilitado o processo de reconstrução e de criação de infra-estruturas para o desenvolvimento, o que tem sido constatado de forma entusiasta por todos os clientes, não tanto pelos angolanos (digo eu).

Esta confiança, diz o MPLA, assenta na convicção de que os angolanos serão capazes de reconstruir a Pátria, propiciando a criação de condições que permitam erradicar a pobreza e promover o desenvolvimento e o bem estar dos angolanos.

Há nove anos que o MPLA deixou de ter desculpas. Diz, contudo, que é pouco tempo. Diz também que o facto de estar há 36 anos no poder não conta porque a maior parte desse tempo o país esteve em guerra.

Então, sem guerra e com o petróleo a jorrar por todos os cantos e esquinas, quantos mais anos serão precisos para que, entre outras coisas, a maioria dos angolanos deixe de viver na miséria?

O MPLA não diz quantas mais décadas serão precisas para os angolanos deixarem de viver na miséria. Creio, contudo, que serão precisos muitas e muitas. Se, em nove anos, o MPLA ainda não conseguiu dar os primeiros passos para integrar os angolanos de segunda (todos os kwachas)...

“O nosso coração não pode estar em paz enquanto virmos irmãos sofrerem por falta de alimento, de trabalho, de um tecto ou de outros bens fundamentais", disse o Papa, na cerimónia de despedida no aeroporto de Luanda. Ninguém do MPLA conseguiu perceber o que o Papa disse...

Demore o tempo que demorar, o MPLA terá sempre (ou pelo menos enquanto estiver no poder) a solidariedade de Portugal. Creio, aliás, que o MPLA possui algum tipo da kazumbiri que tolda a inteligência dos políticos portugueses. Ou é apenas uma questão de dólares, de macro-economia, de Sonangol e similares (Eduardo dos Santos & Família SA)?

De facto, como há já alguns anos dizia o Rafael Marques, os portugueses (bem como a cumunidade internacional) só estão mal informados porque querem, ou porque têm interesses eventualmente legítimos mas pouco ortodoxos e muito menos humanitários.

Custa a crer, mas é verdade que os políticos portugueses (há, é claro, excepções) fazem um esforço tremendo (certamente bem remunerado e distante de qualquer operação “face oculta”) para procurar legitimar o que se passa de mais errado com as autoridades angolanas.

É por isso que ninguém recorda a José Sócrates ou Cavaco Silva que 68% da população angolana é afectada pela pobreza, que a taxa de mortalidade infantil é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças.

Ninguém recorda que apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico.

Ninguém recordar que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade.

Ninguém recorda que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.

Ninguém recorda que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Angolanos podem começar a fazer História

Chegou a hora de Angola também mudar

Está convocada, ou pelo menos idealizada, uma manifestação em Angola para o dia 7 de Março. A ideia é mostrar ao dono do país, José Eduardo dos Santos, que mesmo de barriga vazia os angolanos continuam a ter cabeça, continuam a saber pensar.

É claro que não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar. Assim, os angolanos reais vão tentar mostrar ao mundo que é altura de substituir um presidente que está no cargo há 31 anos sem ter sido eleito, que é altura de o regime olhar para os milhões que têm pouco ou nada e não apenas - como acontece desde 11 de Novembro de 1975 – para os poucos que têm milhões.

Se a manifestação se realizar, é mais do que certo que haverá mortes. O regime continua, como sempre tem feito, a usar a razão da força contra a força da razão. Não deixa, contudo, de ser certo que mais dia menos dia o país vai mudar.

Por razões conhecidas, Luanda tem trocado impressões com Lisboa sobre a situação, procurando apalpar terreno sobre o que eventualmente pensará a União Europeia a propósito da estratégia do regime angolano para controlar, evitar, impedir qualquer manifestação que vise pôr em causa a continuação da sua ditadura.

Portugal, tanto quanto é possível saber, vai continuar de cócoras perante o regime de Luanda, se bem que – como acontece em relação a todos os ditadores que foram derrubados – esteja pronto para passar José Eduardo dos Santos de bestial a besta.

Recorde-se, por exemplo, que em Março de 2009, no Palácio de Belém, só dois jornalistas de cada país tiveram direito a colocar perguntas a Cavaco Silva e a Eduardo dos Santos.

Um deles, certamente no cumprimento da sua profissão mas, é claro, à revelia das regras dos donos dos jornalistas e dos donos dos donos dos jornalistas, questionou Cavaco Silva sobre esse eufemismo a que se chama democracia em Angola, e perguntou a Eduardo dos Santos quando haveria eleições presidenciais no seu país.

Cavaco Silva limitou-se a... não responder e Eduardo dos Santos disse que não sentia falta de legitimidade, acrescentando que um dia haveria eleições presidenciais em Angola.

Quando, no dia 3 de Setembro de 2008, o mesmo Cavaco Silva falava na Polónia a propósito das eleições em Angola, disse o óbvio (uma das suas espeicalidades): “Desejo que as eleiçõess ocorram com toda a paz, sem qualquer perturbação, justas e livres como costumam dizer as Nações Unidas nos processos eleitorais".

Nessa altura, como sempre, Cavaco Silva nada disse sobre o facto de quatro órgãos de comunicação social portuguesa - SIC, Expresso, Público e Visão – terem sido impedidos de entrar em Angola para cobrir as eleições que foram tudo menos justas e livres.

Afrinal, hoje, Cavaco Silva, embora mais comedido, continua a pensar da mesma forma que José Sócrates, para quem Angola nunca esteve tão bem, mesmo tendo 68% dos angolanos na miséria.

De facto, como há já alguns anos dizia o Rafael Marques, os portugueses só estão mal informados porque querem, ou porque têm interesses eventualmente legítimos mas pouco ortodoxos e muito menos humanitários.

Custa a crer, mas é verdade que os políticos, os empresários e os (supostos) jornalistas portugueses (há, é claro, excepções) fazem um esforço tremendo (se calhar bem remunerado) para procurar legitimar o que se passa de mais errado com as autoridades angolanas, as tais que estão no poder desde 1975.

Alguém, pergunto eu, ouviu Cavaco Silva recordar que 68% da população angolana é afectada pela pobreza, que a taxa de mortalidade infantil é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças? Não, ninguém pergunta até porque ele não responde.

Alguém o ouviu recordar que apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico?

Alguém o ouviu recordar que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade?

Alguém o ouviu recordar que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos?

Alguém o ouviu recordar que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino?

Alguém alguma vez o ouvirá dizer que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos?

Alguém alguma vez o ouvirá dizer que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos?

Alguém alguma vez o ouvirá dizer que 80% do Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda?

Alguém alguma vez o ouvirá dizer que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder?

Não. O silêncio (ou cobardia) são de ouro para todos aqueles que existem para se servir e não para servir.

E estas são apenas algumas das razões que justificam a necessidade de o Povo sair à rua. É claro que, como é hábito, os militares também vão sair à rua. O Povo estará armado com a força da razão. Já os militares usarão a razão da força, matando primeiro e perguntando depois.

Do Muangai a Tripoli passando por Luanda

A 13 de Março de 1966, um grupo de nacionalistas liderado por Jonas Malheiro Savimbi, começou a escrever uma importante parte da história de Angola.

Foi no Muangai, Província do Moxico. Daí saíram pilares como a luta pela liberdade e independência total da Pátria; Democracia assegurada pelo voto do povo através dos partidos; Soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados primando sempre os interesses dos angolanos.

Resultaram também a defesa da igualdade de todos os angolanos na Pátria do seu nascimento; a busca de soluções económicas, priorização do campo para beneficiar a cidade; a liberdade, a democracia, a justiça social, a solidariedade e a ética na condução da política.

Em Angola, e até mesmo na UNITA, poucos saberão quem disse: ”Eu assumo esta responsabilidade e quando chegar a hora da morte, não sou eu que vou dizer não sabia, estou preparado"?

Alguém se lembra de que, como estão as coisas, nunca será resgatado o compromisso de Muangai firmado em 13 de Março de 1966?

A UNITA mostrou até agora que sabe o que é a democracia e adoptou-a definitivamente. Tê-lo-á feito de forma consciente? Tenho algumas dúvidas, sobretudo depois das manipulações e vigarices eleitorais de que foi vítima, que já não esteja arrependida.

A UNITA, mesmo depois da morte de Jonas Savimbi, faz hoje nove anos, mostrou ao mundo que as democracias ocidentais estão a sustentar um regime corrupto e um partido que quer perpetuar-se no poder.

E se isto é verdade para Angola, não menos verdade é, como se vê, para a Tunísia, Egipto, Líbia, Zimbabué, Guiné-Equatorial entre muitos, muitos, outros.

Depois da hecatombe eleitoral, provocada também pela ingenuidade da UNITA acreditar que Angola caminharia para a democracia, o Galo Negro corre o sério risco de não mais passar de uma recordação.

Embora de vez em quando apareçam alguns bons exemplos, a verdade é que a UNITA não consegue parar de olhar para além do umbigo, do próprio umbigo. Mais do que assimilar a mensagem... assassina o mensageiro.

O mundo ocidental esteve, mais uma vez, de olhos fechados para o enorme exemplo que a UNITA deu. Em 2003, abriu bem os olhos porque esperava o fim do partido. Isso não aconteceu.

Agora estamos a ver que ao Ocidente basta uma UNITA com 10% dos votos para dar um ar democrático à ditadura do MPLA. Aliás, por alguma razão o Ocidente não reagiu às vigarices, às fraudes protagonizadas pelo MPLA. E não reagiu porque não lhe interessa que a democracia funcione em Angola. É sempre mais fácil negociar com as ditaduras.

Se calhar, em função do que se está a passar no norte de África, as perspectivas estão a mudar. Quem sabe se, um dia destes, tambám não vamos ver as ruas de Luanda cheias de gente de barriga vazia a exigir que o dono do país parta de vez.

Hoje, ainda com José Eduardo dos Santos (presidente não eleito e há 31 anos no poder) importa lembrar algumas coisas.

Jonas Malheiro Savimbi dirigiu a Resistência contra o expansionismo russo-cubano e o monopartidarismo. Mas foi uma dura batalha.

Aos 16 de Outubro de 1992, Jonas Savimbi, em nome da UNITA aceitou os resultados das eleições para evitar o impasse e o regresso a guerra. Mas como as maquinações no sentido de voltar a impor o cenário de 1975/76 tinham amadurecido, o MPLA pôs em marcha a sua estratégia de genocídio politico-tribal, massacrando dirigentes e quadros, assaltando e espoliando todo o património da UNITA.

Jonas Malheiro Savimbi tinha uma visão clara e convicta da dinâmica da sociedade e da necessidade de se ajustar a prática política a evolução inevitável da história.

Foi ele o único dirigente nacionalista angolano que circunscreveu nos ideais do seu Movimento, aquando da sua fundação em 1966, a democracia assegurada pelo voto do Povo através de vários partidos políticos. Impregnado deste valor, Jonas Savimbi, lutou com ele contra o colonialismo e o exclusivismo do sistema monopartidário.

Porque hoje é dia 22

Mau grado a vontade, os avisos e as pressões dos quadrúpedes ruminantes, com ou sem gibas sobre o dorso, que em Angola e Portugal nasceram a saber tudo e são donos divinos da verdade, volto a publicar – como, aliás, faço todos os anos desde 2002 – o texto que escrevi na altura em que se confirmou que Jonas Savimbi tinha sido morto em combate.

O Povo Angolano, Angola, África e todos os que pugnam pelos ideais de liberdade e democracia no Mundo, estão de luto. Luto por diversas razões.

O Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente da UNITA, tombou heroicamente em combate! Tombou heroicamente em combate o meu Presidente.

Tão heroicamente que as Forças Armadas de Angola (ou pelo menos parte delas) tiveram necessidade de O humilhar... mesmo depois de morto. Trataram o meu Presidente como um cão raivoso, como um troféu de caça. Até na morte Jonas Savimbi atemorizou os militares de José Eduardo dos Santos.

Os adversários, ou até mesmo os inimigos, merecem respeito. E isso não aconteceu. As FAA não humilharam Jonas Savimbi, humilharam uma grande parte do Povo Angolano.

A África perdeu um dos seus mais insignes filhos, cuja vida e obra O situam na senda dos arautos da História Africana como N'Krumahn, Nasser, Amílcar Cabral, Senghor, Boigny e Hassan II.

O Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente da UNITA, o meu Presidente, tombou em combate ao lado das suas tropas e do Povo mártir, apanágio só concedido aos Grandes da História.

Deixou-nos como maior e derradeiro legado a sua coragem e o consentimento do sacrifício máximo que pode conceder um combatente da liberdade, a sua Vida.

Fiel aos princípios sagrados que nortearam a criação da UNITA, o Dr. Savimbi, rejeitando sempre e categoricamente os vários cenários de exílios dourados, foi o único dos líderes angolanos que sempre viveu e lutou na sua Pátria querida.

A ela tudo deu e nada tirou, ao contrário de outros com contas, palácios e mansões no estrangeiro.

Fisicamente o meu Presidente morreu. Fisicamente o meu Presidente foi humilhado. Mas uma coisa é certa. Não há exército que derrote, mate ou humilhe uma cultura, um povo, uma forma eterna de ser e de estar.

Jonas Savimbi, o meu Presidente, continuará a ter quem defenda essa cultura, esse povo, essa forma eterna de ser e de estar.

«Há coisas que não se definem - sentem-se». Foi isto que em 1975 me disse, no Huambo, Jonas Malheiro Savimbi. É isto que José Eduardo dos Santos nunca compreendeu. A UNITA não se define - sente-se. Jonas Malheiro Savimbi não se define - sente-se. Angola não se define - sente-se.

E porque se sente, e não há maneira de matar o que se sente, é que Jonas Malheiro Savimbi, o meu Presidente, continuará vivo. Vivo no esforço pela paz em Angola, vivo pela dignificação dos angolanos, vivo pela liberdade, vivo pela coerência... vivo porque os heróis não morrem nem são humilhados.

Obrigado Presidente.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Geração à rasca por culpa da geração rasca

Medina Carreira acha, ou achava em Dezembro de 2009, que a juventude portuguesa está cada vez mais rasca. “O que é que se vai fazer com esta cambada, de 14, 16, 20 anos que anda por aí à solta? Nada, nenhum patrão capaz vai querer esta tropa-fandanga”, dizia ele do alto de uma sabedoria parcelar e, por isso, vesga.

Uma visão correcta deveria, digo eu, referir também aqueles patrões, políticos, empresários, gestores, deputados (e não são tão poucos quanto isso) que para contarem até 12 têm de se descalçar.

Ou, ainda, aqueles a quem o Euromilhões do parido bateu à porta e compraram uma rádio para só passar fandango...

Quanto aos jovens, não creio que saiam da escola sem saber ler e escrever. Tenho exemplos perto que me dizem o contrário. Creio, aliás, que se todos soubessem ler e escrever bem, Portugal teria alguma dificuldade em ter deputados, por exemplo.

Os analfabetos funcionais (sabem ler e escrever mas não lêem nem escrevem) não são propriamente a tal cambada de 14, 16 ou 20 anos. São, isso sim, os pais de muitos desses jovens que os educaram num sistema do vale tudo, nem que seja para ter uma coluna vertebral amovível.

São os que hoje pululam na Assembleia da República, nos ministérios, e nas delegações privadas dos partidos do governo, caso das administrações das empresas públicas, dos institutos públicos, das fundações etc.

Mas, dando o benefício da dúvida a Medina Carreira, importa dizer que a muitos dos patrões, como dos políticos, “made in Portugal”, interessa exactamente que os jovens sejam a tal “tropa-fandanga”.

E quando esses jovens não aceitam ser “tropa-fandanga”, lá vão penar (mesmo com um curso superior) como motoristas de táxi, como “embrulhadores” de compras numa loja de um qualquer centro comercial ou como autómatos nos call-centers.

É que, para os donos do poder (económico e ou político), ter como empregado alguém que, ao contrário do patrão, assine documentos sem ter de pôr a impressão digital... é uma chatice.

E como se isso não fosse suficiente, o que muitos desses donos do poder querem não é gente que saiba mais, que faça melhor. Querem autómatos incultos, de coluna vertebral amovível, de formação medíocre que, para além de serem baratos, façam tudo sem questionar seja o que for.